sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Búzios é o município que apresenta a maior taxa de evasão escolar na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro

Infográfico G1




Fonte do Vídeo: G1


Região dos Lagos sofre com baixa oferta de educação e alta evasão

Em Búzios e Arraial do Cabo, um a cada cinco alunos vai largar a escola.

Evasão escolar não necessariamente quer dizer falta de vontade de estudar. Ficam na Região dos Lagos os municípios com as maiores taxas de desistência do Estado do Rio. Búzios, com 24,5%, e Arraial do Cabo, com 18%, refletem em números a dificuldade imposta a jovens que só querem se formar. Nas duas cidades, apenas 17 formandos prestaram o Enem em 2017.

Paulo Araújo, 23 anos, é uma das “vítimas da evasão”. Ele estudava no segundo ano do Ensino Médio quando teve que abandonar a escola. “Eu tenho 23 anos, não posso estar mais no regular”, explica Paulo, obrigado pela direção a se transferir para o turno da noite. Mas, no mesmo horário, ele batia ponto numa lanchonete. “Eu queria ir até o fim. Só que infelizmente não tem como, não tem como deixar meus filhos de lado e ficar sem trabalho”, diz Paulo. 

Não é por acaso que o Colégio Estadual João de Oliveira Botas, onde Paulo estudava, registra 50,5% de reprovação – ou seja, nem a metade passa de ano. Muitos ficam pelo caminho.

As pessoas abandonam porque a escola não é um lugar dinâmico, a escola não é o lugar onde a pessoa quer estar”, afirma Nathalya Guedes, 19 anos. A pessoa vem por obrigação. Eu vou para a escola porque preciso do meu diploma. Mas se a escola fosse mais receptiva, participativa, abrangente, talvez os índices mudariam, sabe?”


Pessimização’


As salas lotadas do Colégio João de Oliveira Botas podem dar uma boa impressão. Mas alunos dizem que chega a faltar lugar para sentar. A unidade recebeu novos estudantes depois que a Prefeitura de Búzios decidiu fechar algumas turmas de Ensino Médio.


Quando você percebe diversos mecanismos, seja da esfera estadual, seja da esfera municipal, no sentido de limitar o acesso à Educação, de limitar o número de escolas, você consegue entender o porquê da evasão”, explica a professora Luisa Barbosa, de Búzios. “Vivemos numa cidade turística. Uma cidade em que o apelo ao imediatismo, o apelo ao trabalho temporário é muito grande”, continua. “A evasão vem sendo tratada como uma solução para o equilíbrio de contas”, afirma Luisa. Daí vêm as salas superlotadas, segundo Luisa. “Se uma turma tem poucos alunos, a Secretaria Estadual de Educação determina uma otimização. Veja que palavra capciosa. ‘Otimização’, a gente associa como ótimo. Mas não, a otimização é péssima”, diz.


Luana Guerra, professora de Arraial do Cabo, preocupa-se com o desinteresse dos alunos. “Eles não veem a faculdade como algo que vai modificar a vida deles”, destaca. “Esse aluno precisa ajudar em casa, ele precisa trabalhar. Chega uma hora que a escola não é interessante para ele”, emenda. “Vai ser interessante daqui a alguns anos, quando o mercado de trabalho exigir a diplomação, tirando isso não vai”, frisa Luana.

Fonte: "g1"

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