Plenário da CPI da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investiga mortes de nascituros no Hospital da Mulher de Cabo Frio |
O
hospital da mulher de Cabo Frio, na Região dos Lagos, registrou 20
óbitos de nascituros e recém-nascidos entre janeiro e maio de 2019.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (31/05) durante a CPI
da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que
investiga esses tipos de mortes na unidade. A diretora do hospital,
Tânia Lydia Matosinhos, afirmou durante a reunião que os óbitos
estão acontecendo por razões diversas como doenças nas gestações,
infecções urinárias de repetição, gravidez prolongada,
prematuridade extrema, entre outros casos.
Diretora do hospital da Mulher de Cabo Frio Tânia Lydia Matosinhos depõe na CPI |
“Nós
somos um hospital para atendimento de baixo risco. Não temos
estrutura para tantos atendimentos. Houve muita dificuldade ainda de
transferir pacientes graves para um hospital de grande porte,
acarretando as mortes”, justificou a diretora. Ela afirmou ainda
que o pré-natal realizado de forma incorreta e o grande número de
pacientes com sífilis na região também é outro agravante que
estaria causando o grande número de óbitos no hospital. “Tivemos
cerca de 600 partos este ano, com 20 mortes de nascituros e
recém-nascidos. Mas no último mês foram registrados óbitos por
causas inevitáveis, duas por descolamento de placenta e uma por
prematuridade”, relatou Tânia.
No
entanto, quando questionada sobre o atendimento inadequado na
unidade, a diretora assumiu que houve negligência no caso de uma
paciente com 40 semanas de gestação que, no mês de fevereiro deste
ano, procurou atendimento por quatro vezes em dias diferentes na
unidade. A mulher disse que, em uma das rápidas consultas se
queixando de dores abdominais, foi diagnosticada com infecção
urinária, sem nenhuma verificação laboratorial e apenas com exame
de toque. Segundo a paciente, o médico apenas receitou um remédio e
a mandou para casa. Dias depois, a mulher retornou à unidade e disse
não estar mais sentindo o bebê. Só então, após o relato, o
profissional que a atendia verificou que a criança não apresentava
mais batimentos cardíacos e estava morta.
Hospital
tem 90 dias para se adequar ao TAC
Tânia
afirmou ainda que enfrenta muitas dificuldades desde que assumiu a
direção do hospital, no último mês de abril, após o pedido de
afastamento dos antigos diretores, Paul Hebert Dreyer e Lívia
Natividade. “Nós queremos saber agora o porquê de tantas mortes e
atacar as causas. Então ter um olhar mais atento diante das
gestantes, esse é o nosso grande interesse. Temos 90 dias para nos
adequarmos ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) imposto pelo
Ministério Público. Isso já está em andamento, mas a parte mais
difícil é a contratação de profissionais como neonatologistas,
que é uma especialidade difícil de encontrar porque estamos no
interior do estado”.
Deputada Renata Souza (Psol), presidente da CPI |
A
presidente da CPI, deputada Renata Souza (Psol), mencionou durante a
reunião a falta de um relatório sobre as mortes e a diretora
garantiu que o documento será finalizado pela comissão de óbito da
unidade até o mês de junho. A parlamentar solicitou que o relatório
final seja encaminhado à CPI, assim como os prontuários de
internação das gestantes que perderam seus bebês.
“Gostaria
de ter da Dra. Tânia, que hoje é diretora do hospital, um relatório
mais conclusivo porque ela foi presidente da comissão de óbitos do
hospital, então tem informações que são muito relevantes para que
possa chegar ao conhecimento público o que causou esses óbitos. A
CPI quer a apresentação de novos documentos e também a presença
do doutor Paul, que foi gestor da unidade e também médico. Ele
realizou atendimentos de algumas pacientes que já tiveram os
prontuários avaliados pela CPI. Precisamos de conclusões que
determinem as causas das mortes desses bebês”, enfatizou a
deputada.
Fonte: "alerj"
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