CPI do Hospital da Mulher em Cabo Frio. Foto: Rafael Wallace |
Lizandra
Rodrigues Gonçalves, de 27 anos, foi uma das 20 mães que perderam
seus bebês no primeiro semestre deste ano no Hospital da Mulher, em
Cabo Frio. Ela foi vítima de violência obstétrica com 41 semanas
de gestação e contou a sua história nesta terça-feira (17/09)
para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio (Alerj) que investiga mortes de
recém-nascidos no hospital da Região dos Lagos.
De
acordo com o pré-natal que realizou na rede particular, Lizandra
estava com o parto previsto para o dia 18 de fevereiro. Ela sentiu
dores dois dias antes e foi até o Hospital da Mulher. "Quando
dei entrada no dia 16, o médico fez o atendimento e me mandou de
volta para casa. Retornei no dia 18 com fortes dores e mandaram para
casa novamente. No dia 24 foi a mesma coisa. No dia 26 queriam que
voltasse de novo para casa mas eu insisti e disse que não tinha
sentido o meu bebê mexer desde a manhã. Fui internada e avisada de
que não havia mais batimento cardíaco no meu filho, e a cesariana
aconteceu dez horas depois', lamentou Lizandra, que é mãe de uma
menina de 8 anos. Além do descaso da unidade de saúde, ela reclama
ainda de não ter tido acesso ao prontuário médico. "Sem o
prontuário não conseguimos saber nem mesmo a causa da morte ",
contou
Presidente
da CPI, deputada Renata Souza (PSol), comentou que esses relatos
ajudam a comissão a identificar onde estão as falhas nesse processo
e a apresentar recomendações no relatório final da comissão.
"Precisamos urgentemente de mudanças e são esses depoimentos é
que podem qualificar ainda mais o documento que apresentaremos",
disse a parlamentar.
A
CPI também ouviu vítimas de outros hospitais. A relatora da CPI,
deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), disse que é preciso pensar
políticas públicas que protejam as mulheres. "Essa audiência
foi muito importante para ampliarmos esse debate", disse.
Fonte: "alerj"