Mostrando postagens com marcador crise econômica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise econômica. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Contatado por e-mail, o comércio de Búzios não mostrou interesse em vender cestas básicas para a prefeitura, diz André Granado

Logo do blog ipbuzios



Na sessão legislativa de hoje (16), a presidente da Câmara de Vereadores de Búzios Joice Costa leu a resposta do prefeito ao seu requerimento, no qual pedia esclarecimentos sobre a compra de 19 mil cestas básicas em Saquarema. Acreditem se quiser (parece que a Joice acreditou), o prefeito na maior cara limpa disse que nenhum comércio de Búzios se mostrou interessado em vender as cestas, após serem contatadas por e-mail.

O prefeito quer que a gente acredite que os donos de mercados de Búzios, na pindaíba que estão vivendo em consequência da crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus, não mostraram interesse em fornecer as cestas básicas à prefeitura de Búzios.

Outra afirmação do prefeito também não é crível. Ele disse que fez três orçamentos, quando não precisava fazê-lo, já que houve dispensa de licitação: um orçamento da empresa vencedora de Saquarema e outros dois de empresas de Rio Bonito e São Gonçalo. Só falta estes dois orçamentos serem de R$ 3.705.001,00 e R$ 3.705.002,00. Brincadeira!


Como não somos otários como o prefeito deve acreditar que somos, só nos resta pedir que a vereadora Joice mostre os tais e-mails e os três orçamentos! Cadê os e-mails vereadora Joice?
Cadê os outros dois orçamentos das empresas de Rio Bonito e São Gonçalo.  




Observação: você pode ajudar o blog clicando nas propagandas.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Os prefeitos da Região dos Lagos precisam fazer algo para enfrentar a crise social gerada pela pandemia do coronavírus

Logo do blog ipbuzios


Já passou da hora dos prefeitos dos municípios da Região dos Lagos começarem a atentar para a área social. A crise provocada pelo coronavírus tem duas faces, a da saúde e a social. Corretamente se isolou grande parte da população pra enfrentar a crise na saúde. O que faltou mesmo até agora foi olhar para a outra face da pandemia. Mesmo que se saiba que a solução de grande parte da crise econômica depende fundamentalmente de medidas tomadas pelo governo federal e estadual, a nível municipal ações podem e devem ser tomadas para minorar o sofrimento do povo pobre impossibilitado de trabalhar em consequência da pandemia.

Sabemos muito bem o que as Secretarias de Saúde dos municípios da região andam fazendo,  mas nada sabemos a respeito das ações das respectivas Secretarias de Assistência Social. Aparentemente nada. 

Em Búzios, o Fórum de Entidades Civis de Búzios (FECAB), diante da omissão da Secretaria de Assistência Social do município, propôs a elaboração, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, de um Plano de Emergência de Assistência Social; o remanejamento de verbas para o setor de Assistência Social; a contratação de profissionais da Assistência Social para reforçar o trabalho e trazer mais agilidade aos equipamentos da área, como o CREAS e os CRAS; a aquisição urgente de cestas básicas, com alimentos e itens de higiene pessoal e limpeza para famílias em situação de vulnerabilidade social; e o amparo, acolhimento e assistência a moradores de rua.

Nenhum prefeito da região até agora tomou alguma medida na área da assistência social. O único que pensou em algo foi o prefeito Renatinho Viana de Arraial do Cabo. Mesmo assim, em vez de o próprio município adquirir cestas básicas, Renatinho falou no dia 22 em organizar uma campanha para arrecadar alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e de higiene pessoal como forma de ajudar pessoas em isolamento domiciliar e em situação de vulnerabilidade social. Muito pouco, diante do que pode fazer a rica Arraial do Cabo.

Em Niterói, por exemplo, o prefeito Rodrigo Neves sancionou lei aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores na terça-feira (24) que prevê a concessão de auxílio financeiro de R$ 500,00 reais mensais por três meses aos Microempreendedores Individuais cadastrados no município. E prometeu investir R$ 150 milhões em medidas que tem como foco as micro e pequenas empresas e que visam  minimizar os impactos econômicos na cidade da crise provocada pelo coronavírus.



Observação: Você pode ajudar o blog clicando nas propagandas.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PREFEITO DE BÚZIOS NÃO DESISTE; AGORA QUER QUE A CÂMARA O AUTORIZE A CONTRAIR EMPRÉSTIMO DE R$ 25.000.000,00 (25 MILHÕES DE REAIS)

Dr. André enviou mensagem (nº 53/2017) à Câmara pedindo autorização para “contratar operação de crédito junto a instituições financeiras e agentes financeiros” até o valor de R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais). Os recursos seriam usados para cobrir o rombo financeiro e atuarial do município. Como garantia o prefeito oferece as receitas dos royalties e participações especiais futuras.

Será que a turma do amém vai aprovar este pedido de um prefeito que ainda nos desgoverna apenas com base em liminar e que recentemente recebeu parecer prévio contrário à aprovação de suas contas de 2016 pelo TCE-RJ? Como aprovar pedido de um prefeito que não sabe arrecadar tributos e não faz uso responsável dos recursos dos royalties, como assinalado pelos conselheiros da Corte de Contas?

Entre algumas divergências contábeis, o relator Rodrigo Melo do Nascimento chamou atenção para a "existência de sistema de tributação deficiente, que prejudica a efetiva arrecadação dos tributos instituídos pelo município". A conselheira substituta Andrea Siqueira Martins, que também destacou problemas no sistema de arrecadação, recomendou que o município faça "uso consciente e responsável dos recursos dos royalties, priorizando a alocação dessas receitas na aplicação de programas e ações voltadas para o desenvolvimento sustentável da economia local".

O prefeito pede também que a Casa Legislativa aprecie o seu pedido em regime de urgência. Se a turma do amém aprovar também este pedido, a autorização para o empréstimo pode ser concedida na sessão de amanhã (28).

Você cidadão buziano, contribuinte e eleitor, o verdadeiro dono dos recursos municipais, autoriza o prefeito a contrair este empréstimo? Se não, compareça amanhã à Câmara para pressionar os vereadores a não cometer este desatino com a cidade. Todo mundo zelando pelas combalidas finanças de Búzios! 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Restaurante Satyricon e mais onze lojas fecham as portas em Búzios

Restaurante Satyricon, foto jornal de sábado

"Restaurante estava há 36 anos na Orla Bardot

Búzios também anda abalada pela crise, e um bom termômetro é a quantidade de lojas fechadas na Orla Bardot. Há 12 imóveis com placa de “passo o ponto” nos 1.300 metros de extensão da via mais turística do balneário, junto com a vizinha Rua das Pedras. Dá quase uma loja fechada a cada cem metros — restaurantes funcionavam na grande maioria delas.

Aliás e a propósito

Uma da vítimas é o Satyricon, inaugurado há 36 anos na Orla Bardot. Especializado em frutos do mar, era um dos mais sofisticados (e caros) restaurantes da cidade. Fechou".

CLEO GUIMARÃES

Fonte: "jornaldesabado"

Comentários no Facebook: 
Josias Cruz Acabou o "recheio" das carnes.
Artur Gurgel O restaurante satiricon fechou no rio tambem a familia de miro resouveu fecha mesmo


Ricardo Guterres Triste realidade.....

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Buzinildo 11: A crise é muito séria



Observação: essa não é de autoria do Buzinildo. Ele a ouviu no programa do Boechat com José Simão, agora à tarde na Band.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Três mil cargos de confiança, Alair?

Alair Correa anunciou cortes e medidas
administrativas (Foto: Gustavo Garcia / G1)
Sempre quis saber quantos cargos de confiança detinha o Prefeito Alair Corrêa. Infelizmente, só mesmo uma crise econômica pra gente ficar sabendo. E olha que é obrigatório expor esta informação no site da prefeitura. É Lei. Mas Alair não a cumpre. 

É cargo demais, não acha Alair? É muito poder dado a um alcaide de cidade do interior: decidir o destino de três mil famílias. Considerando que cada uma delas tenha 4 membros em média, serão 12 mil pessoas que indiretamente dependerão da vontade do Prefeito para sobreviver. E o senhor, Alair,  não gasta um tostão de seu bolso pra isso. Tudo pago com dinheiro público, claro. Imagina se todos eles votassem na sua reeleição em 2016. Ficaria muito desigual a campanha eleitoral. Ou não? O Prefeito já entraria na disputa com 12 mil votos de vantagem. No mínimo, porque estes comissionados lutariam com todas as forças para conseguir mais uns votinhos aqui e outro ali, pois precisam reeleger o Prefeito para garantir o emprego por mais quatro anos. Imagina se cada um conseguisse dois votos. Seriam 24 mil votos que viriam a ser somados aos 12 mil, o que daria 36 mil votos. Reeleição quase garantida, não é Prefeito? Um verdadeiro exército eleitoral de reserva sustentado com dinheiro público. Mamão com açúcar!

Eu sempre quis conhecer estes números porque eles ajudam muito a entender a crise econômico-financeira atual. Não dá para jogar a culpa da crise municipal na crise econômica nacional e mundial, na redução dos royalties de petróleo ou no Plano de Cargos e Salários do funcionalismo. Ao meu modo de ver, a folha de pagamento inchada é uma das principais responsáveis pela crise econômico-financeira atual do município. Some-se a ela as terceirizações desnecessárias e caras.

Segundo informações colhidas recentemente nas mídias impressas, a Prefeitura de Cabo Frio estaria empregando aproximadamente 14.000 funcionários. Dentre estes, 3.000 comissionados e um outro grupo de 11.000 concursados-contratados. Mil destes últimos, seriam demitidos e não seriam recontratados. Resultado, a folha de pagamento do governo municipal estaria pagando a 10.000 funcionários. Com a previsão de readmitir 1.000 comissionados, resultaria uma folha com 11.000 funcionários. 

Este número é igual ao número de funcionários que Cabo Frio tinha em 2012. Mais precisamente, 11.400 funcionários. A informação está nos "Estudos Socioeconômicos Do TCE" para  quem quiser ver. Destes, 5.231 eram concursados e 5.314 comissionados-contratados. Mais 855 da antiga SECAF, sendo 666 concursados e 189 comissionados-contratados.

Ou seja, Alair irresponsavelmente entupiu a já entupida Prefeitura de Cabo Frio com mais três mil funcionários. É óbvio que isto é muito bom para os que conseguem emprego desta forma. Mas tem um preço: sobra muito pouco para investimento em obras e políticas públicas novas para melhorar a qualidade de vida do povo cabofriense. Parentes, amigos, cabos eleitorais, toda sorte de gente incompetente, com raríssimas exceções, gente que não tem nenhuma capacidade para passar em qualquer concurso público que a Prefeitura organize, são favorecidos em detrimento do atendimento das necessidades fundamentais da população de Cabo Frio. Alguns, que não conseguem ganhar 800 reais no mercado de trabalho, ganham entre 4 e 5 mil reais como comissionado na Prefeitura.    

Com essa "política" de pessoal, Alair Corrêa passou do razoável com as despesas de pessoal. No último ano de seu governo, 2012, Marquinho Mendes gastou 368,685 milhões de reais com a folha de pagamento. O que correspondia a 45,45% do orçamento desse ano, que foi de 737,388 milhões de reais. Mesmo com uma dotação orçamentária menor em 2013, de 712 milhões de reais, Alair Corrêa, irresponsavelmente, torrou 415,959 milhões de reais com a folha. Um acréscimo anual de mais de 47 milhões de reais em relação ao gasto com a folha no ano anterior. Qual o nome que se dá a isso? Mesmo sabendo que as receitas totais diminuíram, o Prefeito Alair Corrêa aumentou as despesas com a folha em quase 50 milhões de reais! Gasto que representou 53,01% de suas receitas totais líquidas, quase ultrapassando o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 54%, e bem acima do limite prudencial de 51,30%  

Historicamente, os governos de Cabo Frio, diferentemente de alguns outros gestores de municípios da Região dos Lagos, nunca gastaram tanto com "despesas de pessoal". Em 2005, gastou 46%; 44,00% em 2006, 41,41% em 2007; e 47,28% em 2008. Alair inaugurou um novo ciclo em 2013, com o clientelismo levado ao extremo. Antes dele, o município investia em média 15% de suas receitas totais em políticas públicas (obras novas e serviços). Com o novo Alair, eleito em 2012, gastando o que está gastando com a folha de pessoal, sobrou quase nada para investimentos em 2013 e 2014. 

Observação 1: por que estabelecer 1.000 cargos comissionados? Ao meu modo de ver, a Prefeitura funcionaria muito bem com 300 cargos de chefia, direção e assessoramento. Escolhendo-se os mais capazes entre os aliados políticos, recursos seriam economizados para investir no funcionalismo concursado, garantindo-se a oferta de serviços públicos de primeira qualidade. E ainda sobraria um bom dinheiro para investir na Cidade.

Observação 2: na última "Rapidinhas do Blog", o companheiro Claudio Leitão do PSOL fala da necessidade de mudança do modelo de gestão de Cabo Frio. Ver: http://cidadaniaesocialismo.blogspot.com.br/

 

"Ô Alair, pede pra sair"

Funcionários da Comsercaf protestam em Cabo Frio (Foto: Gustavo Garcia / G1)
Funcionários invadem prefeitura de Cabo Frio, RJ, após fim da Comsercaf

Grupo teme que benefícios sejam cortados e reclama de falta de diálogo.

Extinção foi anunciada pelo prefeito por conta da crise dos royalties.

Gustavo Garcia e Fernanda Soares


Funcionários da antiga Comsercaf, autarquia que era responsável pela limpeza pública em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, invadiram a sede da prefeitura na manhã desta quarta-feira (1º) por conta do anúncio feito nesta terça (31) pelo prefeito Alair Correa sobre o fim da companhia. Segundo a Guarda Municipal, cerca de 100 pessoas participam do protesto, enquanto a liderança do ato afirma que 200 estão reunidos. Os funcionários são concursados, e, portanto, têm o emprego garantido. Eles temem a perda de benefícios e a redução de salários com o retorno ao funcionalismo público direto.

Os manifestantes percorreram a Avenida Teixeira e Souza, no Centro, com tambores e gritos como "ô Alair, pede para sair". Segundo o coletor Wagner César Almeida Pereira, de 32 anos, "a prefeitura quer nos descartar como se fôssemos lixo. Ninguém deu uma explicação de como ficarão as coisas a partir de agora", reclamou ele, que atua na função há 11 anos. O prefeito garantiu que nenhum deles vai perder o emprego, o que é garantido por lei. Os coletores querem esclarecimentos e exigem serem recebidos por Alair.

Cortes no funcionalismo público são anunciados em Cabo Frio

Segundo o grupo, o salário médio atual é de R$ 2.400 e poderá ser reduzido pela metade, passando para R$ 1.200. Atualmente os coletores recebem adicional de insalubridade, produtividade e penosidade, o que pode ser cortado. "Nós trabalhamos com lixo, mas não somos lixo. Somos trabalhadores e temos família", afirmam os manifestantes

Rodrigo de Santos Macedo, de 35 anos e há 15 na função de coletor, afirma que as famílias não podem ficar sem os direitos já conquistados. "Não podemos perder o plano de salário. Os companheiros que já passaram por esta transição, na época da Secaf, tiveram redução de salário", lembrou ele.

Os manifestantes receberam uma carta enviada pela prefeitura com o agendamento de uma reunião às 15h no Ministério Público nesta quarta-feira com representantes do movimento, da Comsercaf, do município e uma promotora de Justiça. A Guarda Municipal e a Polícia Militar acompanham o protesto sem a necessidade de intenvenção.

Entenda o caso

O prefeito Alair Correa anunciou, em entrevista coletiva concedida na manhã desta terça-feira (31), um pacote de medidas administrativas necessárias, segundo ele, por conta da queda na arrecação dos royalties do petróleo. Dentre as mudanças está a extinção da Comsercaf, que teve o contrato suspenso no mesmo dia do anúncio. Além do fim da autarquia, o prefeito informou que aproximadamente quatro mil funcionários públicos serão demitidos. O pacote inclui ainda redução de salários, reajuste da passagem pelo Cartão Dignidade e aumento do valor da diária no estacionamento rotativo para veículos com placas de fora da cidade.

Segundo Alair, no mesmo período do ano passado o município arrecadava aproximadamente R$ 17 milhões mensais com os royalties. Atualmente, Cabo Frio está arrecadando em torno de R$ 7 milhões, uma queda de mais de 50%.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Entregando os anéis para não perder os dedos

Os prefeitos dos municípios da Região dos Lagos entraram em pânico ao saber que vão perder em torno de 40 por cento dos repasses dos royalties de petróleo por causa do baixo preço internacional do produto. Armação dos Buzios e Cabo Frio, e mais alguns outros municípios produtores da Região Norte, tais como Macaé e Campos,  reunidos em Buzios no início do mês, resolveram criar o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) com o objetivo de:
1)- traçar políticas públicas para a diversificação da economia , reorganizando os arranjos produtivos locais para estimular as vocações de cada cidade e, assim, reduzir a dependência da indústria petrolífera. 
2) - Criação de agenda com os governos estadual e federal, bem como com a nova diretoria da Petrobrás.
3)- buscar junto às autoridades estaduais e federais, obras e investimentos.
4)-buscar outras medidas junto ao governo federal no sentido de modificar a atual política de petróleo.

Na verdade, medidas inócuas. Depois de passarem 15 anos derramando royalties onde não deviam, contratando desnecessariamente mão de obra temporária como definitiva, torrando fortunas em terceirizações desnecessária, em eventos e publicidade governamental, não vai ser agora que vão descobrir uma nova matriz econômica para seus municípios. Da agenda com os governos federal  e estadual não deve sair nada de positivo, pois os dois entes federativos também passam por uma grave crise econômica. O governo federal às voltas com a solução do problema do superávit primário e a esperada retração econômica do país neste ano deve agravar o quadro das finanças municipais, principalmente quanto ao repasse de ICMS por parte do governo estadual. Muito menos deve sair alguma coisa da nova diretoria da Petrobràs. Tudo indica que a empresa vai sangrar ao longo do ano enquanto durar a CPI do Petrolão.

Portanto, não é de bom alvitre buscar junto aos governos federal e estadual obras e investimentos. A única forma de resolver verdadeiramente a crise é criar um novo modelo de desenvolvimento econômico que rompa com o modelo atual baseado no tripé royalties-turismo predatório-construção civil. E para tanto,  precisa-se de cérebros capazes de elaborar projetos e algum capital de investimento para colocá-los em pratica.

É aí que a porca torce o rabo. Para se ter capital de investimento tem-se que reduzir drasticamente as despesas de custeio. Ou se sustenta o curral eleitoral ou se investe na cidade. Ou se loteia a cidade para os financiadores de campanha ou se constrói um novo modelo de desenvolvimento econômico. E lamentavelmente, nenhum dos prefeitos criadores do NDR estão interessados em promover um grande enxugamento no quadro de funcionários da prefeitura e tampouco deixar de remunerar os financiadores de campanha com terceirizações caras e desnecessárias. Nem poderiam, porque se o fizessem nunca mais se elegeriam.

Enredados no dilema "Se correr o bicho pega; Se ficar, o bicho come", para não parecerem imobilizados, anunciam medidas paliativas, que não vão ter a menor influência na solução da crise. Cortar 20% dos salários dos prefeitos, do vice e dos comissionados pode servir de bom exemplo, mas não resolve nada. Reduzir em 20% os valores dos contratos dos serviços terceirizados é subterfúgio para não acabar com muitas destas terceirizações, desnecessárias  ou  com sobrepreços. Em muitos casos uma reestatização sairia pela metade do preço. 

O que fica claro é que os prefeitos estão fazendo de tudo para manter intactos seus currais eleitorais. Logo após a criação da NDR, o prefeito de Buzios 
Dr. André declarou que demissão em massa (de seu curral eleitoral) seria uma tragédia. 

"Precisamos de ações imediatas para não ter comprometimento na qualidade do serviço oferecido à população, como por exemplo, saúde, educação, demissão em massa (sic), porque isso vai ser uma tragédia na qualidade do serviço (Jornal de Sábado, 14/02/2015).

E Alair Corrêa:
"Eu preciso da colaboração de todos que moram e vivem em Cabo Frio, dois pontos que pretendo atingir: levantar a receita- sem aumentar os impostos- e diminuir a folha de pagamento - sem demitir ninguém". Para conseguir o milagre São Alair vai "cobrar a quem deve o imposto" e "implantar o ponto biométrico" (Jornal de Sábado, 07/02/2015).. Sem querer,  Alair confessa que tem muita gente na prefeitura de Cabo Frio que não trabalha. E que sendo forçadas a trabalhar, talvez acabassem pedindo demissão. Temos gestor público em Cabo Frio?


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Contribuição à Crítica da Economia Política dos Royalties de Petróleo - parte 2 (Final)

Foto do blog dinheirodigital

Costumo dizer que os prefeitos dos municípios da Região dos Lagos (RL) só não privatizam suas almas políticas porque o Diabo não quer, pois tudo o que se possa imaginar em obras e serviços destas prefeituras estão terceirizados. Quase todas as suas atividades fins estão sendo realizadas por terceiros. Se pudessem, passavam também para mãos privadas a gestão da Educação e Saúde. Bem que estão tentando com as Organizações Sociais (OS) da Saúde.

Diferentemente dos empresários que só terceirizam serviços quando é compensador financeiramente fazê-lo, nossos prefeitos os terceirizam por um preço bem maior do que aquele que dispenderiam se a própria Prefeitura realizasse o serviço ou obra. Afinal de contas o dinheiro não é deles. É da Viúva! Em alguns casos, paga-se até mesmo o dobro do valor do serviço no mercado. Duvido que a limpeza pública de AB saísse por mais de 7 milhões de reais por ano se um gestor público responsável se encarregasse da tarefa. Terceirizada, custa mais de 14 milhões aos cofres públicos. Nos outros principados os preços também são equivalentes. E todos sabemos o porquê!

Como os números não mentem jamais, algumas continhas simples revelam o descalabro administrativo a que estamos submetidos pelos gestores públicos dos municípios da RL. Se você compromete mais de 50% de suas receitas totais com a folha de pagamento e se o gasto com o custeio (folha mais manutenção da máquina pública) gira em torno de 90%, conclui-se que a despesa com as terceirizações alcançam algo próximo de 40% das receitas totais. Em Armação dos Búzios (AB), em 2012, de uma receita de 192 milhões de reais, o gasto com a manutenção da máquina pública alcançou o montante de 76 milhões de reais, quase o valor total recebido de royalties. Ou seja, economizando-se 40% do que é gasto com as terceirizações- na maioria das vezes, superfaturadas e desnecessárias- o rombo nos repasses dos royalties do petróleo seria facilmente coberto. Com os outros municípios da RL acontece a mesma coisa.

Cabo Frio (CF), por exemplo. Em 2012, gastou 607 milhões de reais com o custeio: 368 com a folha e 239 milhões de reais com a manutenção. Considerando os dados desse ano, uma perda de 40% nos repasses dos royalties equivaleria a 130 milhões de reais. Ora, se conseguisse reduzir o gasto com as terceirizações caras e desnecessária à metade de seu valor economizaria 120 milhões de reais, muito próximo do suficiente para cobrir o rombo dos repasses. Elementar meu caro Watson.

Mas tem o outro lado. Sempre tem o outro lado. O lado das receitas. Nadando em dinheiro dos repasses dos royalties, os prefeitos dos principados da RL não moveram uma palha para aumentar as suas receitas próprias. Indolentes, e cúmplices dos grandes sonegadores de IPTU e ISS, viram a divida ativa municipal alcançar cifras milionárias. E nada fizeram. Só se mexeram quando foram cutucados pelo MPE-RJ. Em 2012, o estoque da dívida ativa de Cabo Frio era de 267,774 milhões de reais. Já dava para pagar dois anos do rombo atual do repasse dos royalties, sem considerar que a cada ano são inscritos na dívida ativa algo em torno de 41 milhões de reais, metade do que CF teve de receita tributária própria no ano em estudo. Com a cutucada do MP-RJ, o município passou, já há alguns anos, a recuperar mais ou menos míseros 7,7 milhões por ano desse estoque. Até mesmo os municípios pobres da RL se dão ao luxo de estocar dívidas ativas: AR, 115,332; SP, 55,999; e IG, 20,661 milhões de reais. Parece que a coisa é contagiante.

Falamos no post anterior da grande dependência dos repasses dos royalties do petróleo por parte dos municípios considerados principados, mas se considerarmos todas as transferências constitucionais do Estado, da União, e de royalties, a dependência é quase total e abarca todos os municípios da RL. Em 2012, em CF, estas transferências mais repasses de royalties representaram mais de 81% de suas receitas totais. É importante que se atente bem para estes números porque os outros dois entes federativos-  Estado e União- estão imersos em uma enorme crise econômico-financeira que ocasionará, inevitavelmente, uma diminuição do valor no aporte desses recursos. Tem gente que acredita que pior do que está não pode ficar. Mas pode sim.

As receitas tributárias próprias de CF, de 82,298 milhões de reais,  representaram apenas 11,2% de suas receitas totais em 2012. Foi o município mais dependente de recursos de terceiros entre os municípios da RL nesse ano. Em segundo lugar, temos um outro principado, RO, com 89,179 milhões de reais, representando apenas 12,2% das suas receitas totais. O menos dependente foi AB com 36,338 milhões de reais, significando 18,9% das suas receitas.

Todos os municípios da RL, pobres ou principados, não possuem autonomia financeira pois suas receitas tributárias próprias não dão para cobrir nem mesmo 20% das suas despesas de custeio. Enquanto o comprometimento das receitas totais com estas despesas cresceram de 2000 para 2012, as receitas tributárias próprias tiveram diminuída suas participações no total das receitas realizadas. Cabo Frio comprometia 72% de suas receitas com o custeio de sua máquina pública em 2000. Doze anos depois, em 2012, aumentou este comprometimento em 10%, passando a 82% o comprometimento, enquanto a participação da receita tributária na receita total diminuía de 19%, em 2000, para 11,2%, em 2012. Da mesma forma AB, passou de 73% para 90% o comprometimento, enquanto as receitas tributárias próprias diminuíam de 20% para 18,9%. Os dois únicos municípios em que estas receitas cresceram nesse período foram RO e AC. RO, que comprometia apenas 45% em 2000, passou a comprometer 75% de suas receitas com custeio em 2012, enquanto as receitas tributárias próprias passaram de 4,5%, em 2000, para 12% das receitas totais em 2012. Ou seja, os gestores dos municípios da RL, a exceção de AC, em vez de diminuírem a dependência financeira dos outros entes da Federação e dos royalties de petróleo, a aumentaram. Além de gastarem mal, também arrecadaram mal. A chamada maldição petróleo os tornaram preguiçosos, malemolentes e perdulários. Ou melhor, Moloides, como diz Alair Corrêa.

Rio das Ostras conseguiu, em 12 anos, passar suas receitas tributárias próprias de 3,868 para 89,179 milhões de reais, em 2012, porque fez o seu dever de casa criando a Zona Especial de Negócios (ZEN) como alternativa ao modelo de desenvolvimento econômico baseado no tripé royalties-construção civil-turismo predatório. Antes da criação da ZEN, RO gerava 6,223 milhões de reais de ICMS em 2006. No ano seguinte, já gerava o dobro, 12,863. Nos dias de hoje, gera 120,696 milhões de reais (2011). Para efeito de comparação, CF, que não criou sua Zona Industrial, gerou 18,171 milhões de reais de ICMS em 2006. Em 2011, apenas 39,662 milhões de reais. 

Nossos gestores públicos gastam mal e arrecadam mal. Esse modelo de gestão, que privilegia gastos com o curral eleitoral do Prefeito e empreiteiros amigos, não permite que se façam investimentos na melhoria das condições de vida das populações dos municípios da RL, investimentos que tragam benefícios diretos e indiretos para a maioria da população. RO vem sendo há anos um dos municípios do Estado do Rio de Janeiro que menos compromete seus recursos financeiros com o custeio. Gastando pouco, pode investir 31% de suas receitas em melhoria da qualidade de vida de seus moradores. Em 2012 foi o município que apresentou o maior grau de investimento do Estado. Entre os municípios da RL, CF investiu 11,89% em 2012, mas, ao que tudo indica, na atual gestão de Alair Corrêa vem investindo menos. Todos os outros municípios, ricos ou pobres, investiram menos de 10% de suas receitas: SP 9,741 milhões de reais, 7%; AB 12,382, AC 6,654, AR 11,760, 6%; e IG 2,753 milhões de reais, 4%. Para se ter uma ideia da ordem de grandeza do que estou falando, cito como exemplo o investimento feito por RO, de 31% de suas receitas de 733 milhões de reais, equivalentes a 224,760 milhões de reais em obras novas e melhorias para o povo do município. São mais de 224 milhões de reais de dinheiro limpinho para investir no NOVO! Este valor é superior ao orçamento total de AB (192,69), de AC (116,940), de AR (211,499), de IG (66,625) e de SP (138,41).

Os 224,760 milhões de reais de investimentos feito pela Prefeitura de Rio das Ostras em 2012 significam que cada habitante da cidade recebeu da Administração Pública, na forma de investimentos, o equivalente a R$ 1.935,35. Se considerarmos que cada cidadão rioostrense contribuiu para os cofres municipais com R$ 837,57 de carga tributária per capita em 2012, a quantia de R$ 1.935,35 representaria praticamente que 231% dos tributos pagos retornaram como investimentos públicos. Ou seja, o morador de RO recebeu como investimento mais do que o dobro do que gastou em tributos. Em todos os outros municípios da RL, os moradores receberam menos em investimentos do que o que gastaram em tributos. O que prova que sustentar curral eleitoral e remunerar empreiteiros financiadores de campanha sai caro, muito caro. E quem paga a conta é o povo trabalhador desses municípios. Vejam a seguir de quanto foi o "preju" em cada município.

Cada cidadão cabofriense pagou R$ 461,22 em tributos e recebeu de volta R$ 449,15 (97%) em investimentos. AC, R$ 590,67 de tributo e R$ 235,18 (40%) de investimento. AB, R$ 1.375,49 e R$ 427,39 (31%). AR, R$ 360,67 e R$ 101,02 (28%). IG, R$ 422,25 e R$ 114,00 (27%).           

Acredito que os gestores atuais dos municípios da RL, sem exceção, não conseguirão resolver a crise econômico-financeira atual. Seria  a morte política deles cortar cabeças de seus currais eleitorais, demitindo mais da metade dos funcionários comissionados e contratados. Da mesma forma nunca mais se elegeriam se reduzissem drasticamente os custos das terceirizações e o número delas, re-estatizando alguns serviços hoje terceirizados. Os empreiteiros, financiadores de caras campanhas eleitorais como as nossas, os abandonariam. Atrasados politicamente, acabarão por jogar nas costas do povo pobre e trabalhador os ônus da crise, com aumento impostos e rebaixamento da qualidade dos serviços públicos prestados, que já não é grande coisa. Antevejo que os problemas estruturais de nossas cidades se agravarão em todas as áreas mais sensíveis: na Educação, na Saúde, no Trabalho, na Renda, na Regularização Fundiária, no Meio Ambiente,  na Mobilidade Urbana e a na Segurança. Dias muito difíceis virão, a não que o povo trabalhador saia às ruas e tome na mãos o destino das suas cidades!

Fonte: TCE-RJ

Observação: Gostaria de ter utilizado dados mais recentes. Tive dificuldade de encontrar dados de 2014, ou mesmo de 2013, de todos os municípios da Região dos Lagos. Encontrava de alguns e não de outros, o que não servia para fazer comparações. Os portais da transparência destes municípios são uma porcaria. Em quase nenhum deles você encontra os RGFs ou RREOs cujas publicações são obrigatórias. Nem mesmo no site do Tesouro Nacional eles são encontrados. Os municípios não os enviaram. Utilizei os Estudos Socieconômicos de 2013 de cada município da Região dos Lagos pois este foi o último estudo publicado. Com os dados de 2012.              

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Contribuição à Crítica da Economia Política dos Royalties de Petróleo - parte 1

Arte do blog dinheirodigital.sapo

Todos os municípios da Região dos Lagos (RL) recebem repasses de royalties de petróleo do governo Federal. Uns mais, outros menos. Quanto a este fator, podemos dividi-los em dois grandes grupos: o grupo dos municípios que recebem pouco e o grupo dos municípios- verdadeiros "principados"- que recebem uma fortuna de repasses. No primeiro grupo, dos pobres, temos os municípios de Iguaba Grande (IG) que, em relação às suas receitas totais, recebeu, em 2012, 12% de repasses de royalties; São Pedro da Aldeia (SP), 8%; e Araruama (AR), 6%. No grupo dos "principados" temos Cabo Frio (CF), que recebeu, em 2012, 44%; Armação dos Búzios (AB), 43%; e Arraial do Cabo (AC), 43%. Para efeito deste estudo acrescentarei ao grupo dos principados o município de Rio das Ostras (RO), por sua proximidade à nossa Região e, principalmente, pelo modelo de gestão adotado , que apresenta algumas diferenças fundamentais em relação aos municípios da Região dos Lagos.     

Como afirmamos acima, 44% das receitas totais de CF do ano de 2012 foram provenientes dos repasses dos royalties, o que significa dizer astronômicos 325,47 milhões de reais em um orçamento cuja receita total foi de R$ 737.410.057,00. O principado de CF é o 4º município que mais recebe royalties de petróleo entre os 91 municípios do Estado do Rio de Janeiro, excluindo-se a capital. Campos é o primeiro, com 1,364 bilhões de reais, seguido de Macaé com 565,35 milhões de reais. Em terceiro, temos RO com 356,48 milhões de reais. Entre os municípios considerados principados da Região, AB recebeu 83,16 e AC, 45,48 milhões de reais. Entre os municípios pobres da RL, AR recebeu 12,8, SP 11,20 e IG 8,12 milhões de reais. 

Mal acostumados durante 15 anos, quando gestores incompetentes e/ou corruptos viam cair mensalmente em seus colos uma fortuna em repasses de royalties, sem que precisassem mover uma palha para tanto, e sem que houvesse qualquer controle popular da aplicação desses recursos, nenhuma administração municipal da RL construiu um modelo alternativo ao modelo baseado no tripé royalties-construção civil- turismo predatório. Preguiçosos, sem funcionários preparados em cargos de chefia e liderança, ocupados, em geral, por membros desqualificados dos seus currais eleitorais, os prefeitos da RL gastaram mal, muito mal, e à vontade, como se não houvesse o amanhã, quando, inevitavelmente, a riqueza proveniente do petróleo pudesse acabar ou a economia baseada nos royalties pudesse passar por uma crise como a atual.

Para se ter uma ideia da ordem de grandeza do que foi dito acima, em 2012 caía todo mês no colo do Prefeito Marquinhos Mendes R$ 27.122.500,00. Ele poderia ir à praia que de qualquer maneira esta grana era depositada na conta da Prefeitura que ele tinha o privilegio de administrar. Com o Prefeito atual, Alair Corrêa, aconteceu o mesmo, nestes dois anos de mandato, em valores ainda maiores.   

Do lado da despesa, todos os municípios da RL absurdamente comprometeram suas receitas quase que totalmente com despesas de custeio. Estas despesas são aquelas que "destinam-se à manutenção dos serviços prestados à população, inclusive despesas de pessoal, mais aquelas destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens móveis, necessárias à operacionalização dos órgãos públicos" (Estudos Socieconômicos do TCE-RJ). Simplificando, são despesas com pessoal e manutenção. 

AC, um principado recente, em 2012, comprometeu 94% de suas receitas com estas despesas. No mesmo ano, AB, comprometeu 89%. CF que havia comprometido 82% apenas, também em 2012, nos anos seguintes, na gestão Alair Corrêa, desandou a gastar exageradamente com o custeio. E a gastança não se resumiu apenas aos principados. Como que por contágio, os pobres também gastaram mal em 2012, e continuam gastando mal, muito mal: AR comprometeu 91%; IG, 90%; e SP, 89%.

Como todos os prefeito da RL não foram eleitos com base em um programa ou ideologia política, eles precisam contar com um imenso curral eleitoral de reserva, devidamente sustentado com dinheiro público, e lotear praticamente quase todas as obras e serviços para as empreiteiras financiadoras de suas campanhas eleitorais que, por sinal, são muito caras. Consequentemente, a maior parte destas despesas com custeio destina-se à folha de pagamento, com quase todos os Prefeitos da RL encontrando-se atualmente no limite da irresponsabilidade fiscal por comprometerem mais de 50% de suas receitas com o pagamento de pessoal.

Em 2012, AB gastou irresponsavelmente 49,60% (94,234 milhões de reais) de suas receitas totais com folha de pagamento. Em 2013, mais ainda, 54,86%, ultrapassando o limite de 54% estabelecido pela LRF. CF comprometeu 45,45% (368,685 milhões de reais) com a folha, em 2012. No ano seguinte, com o gastador Alair Corrêa, comprometeu 53,01% (415.959.407,60).

É óbvio que para resolver a crise atual, os prefeitos da RL precisam reduzir drasticamente os gastos com a folha de pagamento. Como os funcionários concursados não podem por Lei ser demitidos, a não ser por justa causa, não resta outra saída para eles do que rifar muitas cabeças de gado de seus currais eleitorais. AC tinha, em 2012, 3.718 funcionários, o que dá absurdos 131 funcionários por cada 1.000 habitantes, a terceira maior proporção entre os municípios do Estado do Rio de Janeiro. Destes funcionários, apenas 914 eram concursados. Relacionados pelo TCE-RJ na categoria "outros" encontramos o curral eleitoral do Prefeito Andinho constituído de 2.562 funcionários, entre comissionados e contratados, quase o triplo do número dos concursados, que muito deve tê-lo ajudado a conseguir a reeleição em 2012. Claro que é aceitável a existência, na estrutura administrativa de qualquer prefeitura, de um certo número de funcionários contratados temporariamente. Mas, com certeza eles estão ali como exército eleitoral de reserva para serem usados no dia da eleição. Daí seu número excessivo.

Nos outros municípios da RL, principados ou não, a situação não é muito diferente. AB terminou o ano de 2012 com 3.149 funcionários, o que dá uma razão de 109/1.000 habitantes, a 7ª maior do Estado. Destes, apenas 1.003 eram concursados. CF, 11.400, 58   por 1.000 habitantes, com apenas 5.897 concursados. SP, 3.979, 43 por 1.000, com 1.934 concursados. AR, 7.752, 66 por 1.000, com 3.042 concursados. IG, 1.861, com 843 estatutários. 

Como a folha de pagamento dos municípios da RL consomem mais de 50% das suas receitas totais e como o número de funcionários do curral eleitoral é superior ao número de concursados, cada Prefeito de cada principado pode muito bem economizar, a grosso modo, 25% de suas receitas, demitindo a metade do número de funcionários dos quadros da Prefeitura. Ainda restará um número suficiente de funcionários comissionados para cargos de chefia e direção e de funcionários contratados verdadeiramente como funcionários temporários. Do ponto de vista administrativo quase nenhuma mudança será sentida, porque quase todos os membros dos currais eleitorais não trabalham mesmo, por serem incompetentes ou fantasmas.  

Apenas esta corajosa medida- enxugamento radical da máquina pública- já solucionaria, de imediato, o problema da possível perda de 40% dos repasses dos royalties de petróleo como se noticia. Tomando como exemplo o município de Cabo Frio: se Alair Corrêa demitir metade dos funcionários da Prefeitura, a grosso modo economizará 184,342 milhões de reais (a metade da folha de 2012 de 368,685 milhões de reais). Todos os empregos dos funcionários concursados serão preservados e ainda restarão empregados um bom número de membros do curral eleitoral. Alair terá a chance de preservar os mais capazes, ou os menos moloides, usando seu linguajar. Havendo realmente o corte de 40% dos repasses, Alair perderia 130,188 milhões de reais. Os 184 milhões de reais economizado com o corte de cabeças de gado do curral eleitoral cobriria o déficit e ainda sobraria uma "merrecona" de 54 milhões de reais para investir em Educação e Saúde de qualidade.   

E olha que não falamos ainda dos gastos com a manutenção da Prefeitura. Como é um grande ralo de perda de recursos públicos, pois quase todas as obras e serviços terceirizados estão com sobrepreços para remunerar financiadores de campanha, facilmente se conseguirá uma redução de 20 a 30% dos valores pagos. 

Observação 1: No próximo post continuarei o texto ainda falando das terceirizações e analisando o outro lado da moeda, o lado das receitas dos municípios da RL.

Observação 2: os dados utilizados foram extraídos dos "Estudos Socioeconômicos´" dos Municípios da Região dos Lagos, de 2013, que contém informações referentes ao ano de 2012. Estes "Estudos" podem ser encontrados no site do TCE-RJ.

Comentários no Facebook: 


  • Nilo Cruz Nenhum prefeito gosta de funcionários concursados pois eles não são manipulados e votam em quem quiserem. Os prefeitos preferem os ASPONEs (Assessor de P... Nenhuma) e os ASMENEs (Assessor de M ... Nenhuma).


    • Jose Figueiredo Sena Sena Luiz Carlos Gomes pelo o andar da carruagem e com a mudança da Presidência na Petrobrás o negocio vai ficar muito pior do que estão pintando, é claro que vão colocar em vigor algumas cláusulas que na quebra da produção em primeiro lugar a Petrobrás e depois se ajeita no resto , agora é só esperar o tempo vai dizer . ( Obs: se tirar os " Royalties " depois pra voltar vai ficar um pouco difícil né .)

    quinta-feira, 15 de agosto de 2013

    Aconteceu na Islândia



    Professor de Ciências Sociais na Universidade de Bifröst e membro do Conselho Constitucional da Islândia, Eiríkur Bergmann, acredita que apoio do povo é indispensável para que governo aceite iniciativas como a islandesa.

    Em Porto Alegre para o Conexões Globais, evento sobre mobilização popular via internet, Bergmann, afirmou que tecnologias já existiam mas população não estava pronta.

    Para o especialista em política, penetração de 95% de internet na Islândia foi determinante para a participação massiva observada na criação da constituição colaborativa

    Bergmann acredita que a ação da Islândia não é modelo, e que outras iniciativas devem adaptar a ideia a seus respectivos contextos.

    Professor conta que cidadãos participaram a sério e que maioria dos comentários foram responsáveis, uma vez que as pessoas sabiam que estavam realmente sendo lidas.

    Professor de Ciências Sociais na Universidade de Bifröst e membro do Conselho Constitucional da Islândia, Eiríkur Bergmann,  acredita que apoio do povo é indispensável para que governo aceite iniciativas como a islandesa.

    O Facebook e o Twitter foram as ferramentas que os cidadãos islandeses usaram para opinar sobre a nova constituição do país. Pelas redes sociais e pelo site oficial do conselho criado para fazer a redação do documento, as pessoas sugeriram itens, opinaram sobre mudanças e participaram da primeira legislação colaborativa. Um dos membros do órgão, Eiríkur Bergmann esteve em Porto Alegre na quinta-feira e contou detalhes da iniciativa, o que deu certo e errado, e como a experiência pode ser replicada no Brasil.

    Bergmann é especialista em política e professor da Escola de Ciências Sociais da Bifröst University. Mas ele também é membro do Conselho Constitucional da Islândia, de quem partiu a iniciativa de abrir ao crowdsource a redação de uma nova constituição - a atual é de 1944, quando o país ficou independente da Dinamarca.

    Em Porto Alegre para o Conexões Globais - evento da Secretaria de Inclusão Digital sobre mobilização popular na internet -, o professor disse que a web é uma nova ferramenta para a participação cidadã nos governos democratas. Bergmann acredita não em um novo modelo de democracia, mas em um desenvolvimento dela, para que se alcance um nível mais avançado do sistema política. E a participação, para o professor, é o caminho para chegar lá.

    Internet é ferramenta para avançar democracia e Brasil pode usá-la.
    "Estivemos esperando muito tempo, enquanto a tecnologia já existia, mas agora é a primeira vez que ela está desenvolvida e expandida o bastante para que realmente se possa usá-la (para a política)", avalia. "A população não estava pronta", continua.

    Mais do que as pessoas, para Bergmann, seria preciso que os governos estivessem prontos. Ele menciona a falta de vontade dos políticos tradicionais de "dividir o poder" com os cidadãos. "Os políticos em geral não têm pressa, os cidadãos devem pressioná-los", incentiva.

    A origem da ideia

    A Islândia estava em um contexto favorável, destaca o professor, por ter penetração de quase 95% de internet, um povo desiludido com a política e no limite por causa da crise de 2008. Foi nesse ano que houve a "Revolução das Panelas e Frigideiras" - pacífica -, quando os utensílios de cozinha viraram batuques e a população foi exigir, em frente ao parlamento, uma postura diante do colapso econômico.

    Os políticos criaram então a Comissão Constitucional, atendendo demanda da população. "Poderíamos ter entrado, desligado nossos smartphones e só saído de lá quando terminássemos. Mas resolvemos fazer exatamente o oposto", conta Bergmann, um dos 25 eleitos entre 500 candidatos da sociedade civil.

    A equipe técnica criou Facebook, Twitter, site "e todas essas coisas" para apoiar a ideia de uma constituição colaborativa. "Além de ler os comentários nas redes sociais, publicávamos tudo o que escrevíamos, mesmo se não estivesse completo ainda. As pessoas opinavam e conseguíamos revisar e melhorar", explica.

    Embora o contexto brasileiro seja diferente, em especial em relação à quantidade de cidadãos com acesso à internet, a participação poderia se tornar realidade. "O Brasil tem uma herança muito, muito interessante de participação (do povo). Temos o exemplo de 1989, que se espalhou em todos os lugares (do País), e as audiências públicas. Me parece que há ao menos uma parte da população brasileira que participou em exercícios democráticos desse tipo", exemplifica.

    Mas nem tudo foram flores no processo da Islândia, pondera o professor sobre os erros do caminho. "Ficamos meio divididos, como se fosse o conselho e o povo de um lado e os políticos tradicionais do outro, o que gerou uma animosidade. Não devíamos ter feito essa divisão", avalia. Para ele, uma maior cooperação entre as pessoas e os legisladores teria funcionado bem melhor.

    Bergmann reforça que, em qualquer lugar, vai ser com a força do povo que iniciativas como a da constituições com crowdsource vão surgir. "Muitas dessas experiências fracassam porque os políticos não querem dividir o poder", reforça.

    Para o professor, a tentativa funcionou na Islândia porque o descontentamento do povo era muito grande. Para ele, os cidadãos que estavam céticos em relação aos políticos tiveram "um senso de pertencimento e importância" ao participar da redação da nova constituição de seu país.

    O membro do Conselho Constitucional conta que a participação foi levada a sério, ao contrário do que normalmente se vê na Islândia em debates políticos, onde reclamações e xingamentos dão o tom dos comentários sobre o tema. "A grande maioria das participações não tinham esse tom negativo", relata. Para ele, a diferença foi a responsabilidade que aflorou nos usuários uma vez que perceberam que estavam, sim, sendo ouvidos. "Em geral o que eles dizem (em posts de blogs ou notícias de sites) não têm importância, então eles não se responsabilizam. Mas quando você dá o poder às pessoas, quando elas sabem que suas vozes estão sendo ouvidas, elas agem com muito mais responsabilidade", avalia.

    "Ainda estamos em um estágio muito novo de uso da tecnologia para a participação política", afirma Bergmann. Para ele, outras experiências assim vão surgir em diferentes países - como já surgiram no Canadá, na Bélgica e na Irlanda, por exemplo - e que o próximo passo será sistematizar a participação da população nas decisões políticas. O professor reforça que a ideia da Islândia abre possibilidades, muito mais do que criar um modelo de participação. "As necessidades de cada povo são diferentes, é preciso fazer adaptações", diz.

    Na Islândia, as principais sugestões recebidas se relacionavam a direitos humanos, ao sistema de energia e à manutenção dos recursos naturais como propriedade do estado. Mas como seriedade não implica em falta de bom humor, Bergmann conta que algumas sugestões também sugeriam que a nova constituição permitisse "fazer coisas malvadas aos banqueiros", ri o professor, usando eufemismos.

    A proposta de constituição preparada com a ajuda dos cidadãos pela internet ficou pronta no final de 2012, e foi aprovada em média por dois terços da população que participou do referendo sobre o tema. Mas, chegando no parlamento, o texto não passou. Agora há outra legislação e a indefinição continua. "Mas esse governo não vai ficar aí para sempre", conclui Bergmann, indicando que a vontade do povo manifestada no documento pode, no futuro, vir a ser adotada pelos legisladores.