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Protesto de pescadores na RJ-106, em São Pedro da Aldeia — Foto: Paulo Henrique Cardoso/Inter TV |
Um
protesto realizado por pescadores causou pelo menos três quilômetros
de retenção e ainda traz reflexos na RJ-140, na altura da entrada
de São Pedro da Aldeia, na pista sentido Cabo Frio, na Região dos
Lagos, nesta Sexta-Feira da Paixão (19).
O
ato durou cerca de três horas e terminou por volta de 12h45. O grupo
pede
providências sobre a poluição
na Lagoa de Araruama,
que é fonte
de renda
para os pescadores nos seis municípios que banha: Araruama,
Saquarema, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial
do Cabo.
Um
helicóptero da Polícia Militar, além de equipes da corporação e
da Polícia Rodoviária Estadual, acompanharam o protesto, que
complicou ainda mais o trânsito no primeiro dia do "feriadão"
da Páscoa. A previsão é de que 24 mil veículos passem pelo trecho
após a RJ-124, a Via Lagos, somente nesta sexta.
Os
pescadores Francisco Guimarães e Pablo dos Santos participaram do
ato, que tinha o objetivo de pedir
a dragagem da lagoa e
a correção no sistema
de esgoto da concessionária Prolagos
para que não haja despejo nas águas da Lagoa de Araruama.
"Escolhemos
a Paixão de Cristo para mostrar também nossa paixão pela lagoa.
Hoje a situação é crítica e queremos que reconheçam que há uma
situação a ser resolvida com urgência", disse Francisco.
Por
meio de nota, a Prolagos disse que "mantém todas as estações
elevatórias e de tratamento de esgoto funcionando de
acordo com as licenças de operação".
A
concessionária acrescenta que a Lagoa de Araruama sofre alterações
por características próprias e por influência externa, e que "o
cuidado com este patrimônio natural exige a participação de
todos".
De
acordo com a Prefeitura, foram identificados nove
pontos da cidade com o lançamento de esgoto in
natura de
forma contínua na Lagoa de Araruama
sem a ocorrência de chuvas, o que justificaria a abertura das
comportas da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), como prevê o
modelo de Coleta em Tempo Seco.
Nota
da Prolagos na íntegra:
A
Prolagos reafirma que sempre esteve e estará ao lado de todos os
interessados na recuperação da qualidade ambiental da Lagoa de
Araruama. A empresa mantém todas as estações elevatórias e de
tratamento de esgoto funcionando de acordo com as licenças de
operação e apresenta projetos para a evolução contínua dos
sistemas de esgoto, tanto no modelo atual, coleta em tempo seco,
quanto rede separadora absoluta.
A
Lagoa de Araruama é um ecossistema que sofre alterações, seja por
características próprias, como a baixa
renovação da água,
evaporação
intensa
e pouca
profundidade,
ou externas como o despejo
de esgoto in natura durante anos,
antes do início da concessão; o descarte
incorreto de lixo,
resíduos
industriais;
assoreamento
em diversos pontos;
entre outros.
O
cuidado com este patrimônio natural exige a participação de todos.
A concessionária vem contribuindo de forma significativa para a
preservação ambiental da Lagoa de Araruama, mantendo suas unidades
operando regularmente, apresentando
projetos de melhoria contínua como a implantação da rede
separadora absoluta de esgoto,
em complemento ao sistema atual, já
em posse das prefeituras;
e viabilizando estudos técnicos para propor as medidas mais efetivas
que levem à plena recuperação da Lagoa de Araruama, como estudo de
hidrodinâmica que está sendo desenvolvido pela Coppe/UFRJ.
Meu
comentário:
A
Prolagos parece aqueles políticos corruptos pegos com a boca na
botija que sempre dizem: todo dinheiro recebido para a campanha foi
legal, declarado e aprovado pelo TRE. A empresa sempre diz
que está cumprindo rigorosamente o contrato. E está mesmo! O
problema é que o contrato assinado em 1999 por prefeitos
irresponsáveis, que queriam se livrar do problema do esgoto, é
tremendamente danoso para o meio ambiente da região, principalmente para suas parais e lagoas. A concessionária opera com o modelo de Coleta em tempo Seco desde 2004, com a autorização do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), do qual participam todas as prefeituras da área de concessão.
E
ela deixa bem claro a responsabilidade das prefeituras ao aceitarem o
sistema mais barato de coleta tempo seco. Se querem mudar o sistema, a Prolagos tem projetos “de
melhoria contínua como a implantação da rede separadora absoluta
de esgoto”. Projetos
que já estão
“em posse das prefeituras”. O
que precisa então? Simplesmente que as prefeituras invistam recursos
próprios na instalação das redes separadoras. Mas para isso, os prefeitos precisam abandonar o modelo de gestão clientelista e patrimonialista que adotam. Terão que acabar com seus currais eleitorais e o superfaturamento dos contratos terceirizados. São por esses ralos que somem os recursos para o saneamento das cidades da região dos lagos.
Obviamente
que o dinheiro público investido no saneamento necessariamente seria
compensado pela Prolagos com a redução das tarifas.