Depois que li postagens de alguns ativistas dos movimentos sociais de Búzios defendendo o voto nulo nas próximas eleições resolvi escrever esta artigo. Militante de esquerda como eles, confesso que compreendi suas razões emocionais, pois é muito difícil participar de uma eleição sem ter um candidato com alguma afinidade política e ideológica contigo. Dos 12 candidatos que se apresentaram para disputar o cargo de prefeito, todos podem ser incluídos, de uma forma ou outra, no espectro de centro-direita a extrema-direita. Uns mais à direita, de extrema direita, outros menos, de centro-direita. Mas não consigo me convencer, de forma alguma, de que votar nulo é a melhor opção que se apresenta politicamente neste momento em Búzios. Do ponto de vista emocional eu entendo perfeitamente a opção deles. E respeito. Mas não estamos tratando de emoções. Estamos tratando de Política. Não existe espaço vazio em política. Desse ponto de vista, a opção pelo voto nulo é um desastre. Senão vejamos.
Em primeiro lugar, todos sabem que era uma grande mentira que 50% de votos nulos mais um anula a eleição. Levando o raciocínio ao extremo, mesmo que todos os eleitores buzianos menos 1, se isso acontecesse de fato, votassem nulo, seria declarado prefeito de Búzios aquele que tivesse esse único voto. Ou seja, uma campanha política pelo voto nulo não impediria que um desses 12 candidatos a prefeito fosse eleito. E eu, mesmo votando nulo, teria que aturar esse prefeito de direita, talvez até de extrema-direita, por longuíssimos 4 anos.
Em segundo lugar, não temos candidatos de esquerda por causa de nossos próprios erros. A esquerda nunca teve votos em Búzios. Sempre falamos para nós mesmos. Nunca conseguimos mobilizar para nada, os mais de sete mil trabalhadores do setor de serviços de Búzios e os mais de 2 mil comerciários. Nada fizemos para ajudá-los a destituir os pelegos que há anos dominam seus sindicatos. Nunca conseguimos que o 5º destino turístico internacional do Brasil construísse um simples Hotel Escola para qualificar esses trabalhadores. E que fossem construídas creches suficientes para que eles tivessem onde deixar seus filhos para poderem trabalhar. As vagas nas creches são limitadas, obtidas por sorteio. Uma vergonha!
Com certeza, enquanto alguns defendem voto nulo, ou mesmo abstenção, a maioria dos quase 10 mil trabalhadores do comércio e hotelaria de Búzios vão sair de casa para votar nos candidatos da direita. Nenhum deles vota em partido. Votam nas pessoas. E muitos, por necessidade, provavelmente, vão aproveitar a ocasião para negociar seus votos.
Em vez de votar nulo é muito mais razoável politicamente analisar concretamente o momento histórico-social em que a eleição ocorre, para determinar qual ou quais dos candidatos seria mais prejudicial aos interesses da maioria da população da cidade. Como já disse um grande líder revolucionário marxista, na luta política precisamos sempre distinguir o adversário principal do adversário secundário. Se não se faz essa distinção, podemos cair no imobilismo político do voto nulo.
No caso de Búzios não tenho dúvida de que são dois os adversários principais: o prefeito André Granado e Alexandre Martins.
Quanto ao prefeito basta verificar o índice de rejeição dele, o que demonstra que o povo buziano quer vê-lo pelas costas. Portanto, todo aquele que representa a continuidade de seu governo é um dos adversários políticos a ser derrotado. Nessa condição não se poderia deixar de colocar os vereadores que deram base de sustentação política ao pior desgoverno que Búzios já teve. Refiro-me aos vereadores Joice Costa e Miguel Pereira. E finalmente Alexandre Martins, que além do vice que escolheu, é o representante político da pequena especulação imobiliária de Búzios. O meio ambiente de Búzios correria grande perigo se o autor da Lei 17 (Lei dos Pombais) fosse eleito prefeito de Búzios.
Portanto, excluindo os citados, defendo a união de todos os demais: Leandro, Henrique, Tolentino, Tom, Pedro, Morel, Serafim e Vicente. Como em Búzios não temos segundo turno, o ideal seria que a unidade fosse obtida antes das convenções. Como isso não ocorreu, que decorridos 15 dias de campanha, com base em pesquisas eleitorais, se escolha um para disputar com um dos adversários principais. Ou seja, que os que estiverem atrás nas pesquisas se comprometam a desistir de suas campanhas fechando apoio ao primeiro colocado.
Como programa mínimo de governo proponho:
- gasto de 30% no máximo com folha de pagamento (fim do clientelismo)
- fim de todas as terceirizações desnecessárias
- orçamento participativo de pelo menos 7% do orçamento municipal
- plano de cargos e salários dos servidores municipais
- construção de um Hotel Escola, Entreposto Pesqueiro e Mercado Municipal do Produtor Rural
- ensino publico em horário integral
- creches para todos as crianças de Búzios
- Parque Municipal do Mangue de Pedra.
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