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Augusto Rosa |
Desde
o ano passado, o Sepe Lagos (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, Núcleo Lagos) tem tentado negociar
condições mínimas para um retorno às aulas em segurança.
Os
educadores são vítimas de uma guerra de narrativa: governos e
partidos patronais buscam jogar a população contra os trabalhadores
das escolas, os responsabilizando pelo retumbante fracasso da
administração pública em responder à crise sanitária. Fazem isso
para esconder que colocam os interesses econômicos de grandes
empresários à frente da preservação das vidas da maioria da
população.
Para
que você entenda a realidade dos fatos, reunimos neste artigo 5
razões pelas quais defendemos que não há segurança para aulas
presenciais na rede pública.
1
– A pandemia continua descontrolada
Temos
menos de 19% dos brasileiros totalmente imunizados; Houve leve queda
nos óbitos, mas a transmissão do vírus continua altíssima. Na
última quarta-feira (28), superou-se 550 mil óbitos por COVID-19 e
se mantém uma média de mais de mil mortes diárias.
A
não implementação de medidas eficientes para conter os contágios,
como os “lockdowns”, a vacinação e a testagem em massa, fez do
Brasil uma usina para o surgimento e difusão de variantes do vírus.
Tudo
isso piora com a chegada da mais preocupante das cepas do vírus,
denominada “Delta”, que já ceifa vidas em mais de 111 países,
incluído o Brasil, e é 50% mais contagiosa.
2
– Profissionais da educação não estão imunizados
Os
trabalhadores da educação, até o momento, só receberam a primeira
dose da vacina. Os imunizantes só são eficazes após a aplicação
das duas doses. E é preciso aguardar um prazo mínimo de 14 dias
para que o organismo vacinado produza anticorpos para combater o
vírus.
A
maioria da comunidade escolar, incluindo alunos e familiares, não
foi vacinada. Isso significa que as salas de aula se tornarão
incubadoras de contágios.
3
– Não houve adaptações das escolas
Mesmo
após 1 ano e meio em pandemia, os governos municipais e estadual não
investiram em obras de adaptação das escolas. Sequer foram
levantadas quais intervenções serão necessárias nas unidades de
ensino. A maioria delas não têm condições adequadas de ventilação
e em muitas falta estrutura até para lavar as mãos.
4
– Não há protocolos rígidos e alinhados à ciência
Apesar
de os governos alegarem que estão “cumpridos os protocolos” para
o retorno, a realidade é que estes sequer existem! Até hoje o
Governo Estadual e as prefeituras de Búzios, Arraial do Cabo e Cabo
Frio utilizam recomendações genéricas que, em maioria, só faziam
sentido no início da pandemia, quando se acreditava que a principal
forma de contágio era o contato com superfícies infectadas e ainda
não existiam variantes mais contagiosas do vírus.
Hoje,
sabe-se que a doença se propaga, principalmente, pelo ar, em
partículas microscópicas que soltamos enquanto respiramos ou
conversamos, chamadas aerossóis. Por isso, são necessárias medidas
de proteção respiratória, como máscaras PFF2 e a correta
ventilação dos ambientes.
5
– Governos não fornecem os EPIs (Equipamentos de Proteção
Individual) apropriados
Apesar
de o Sepe Lagos reivindicar isso há cerca de 1 ano, os governos se
recusam a fornecer os EPIs apropriados aos trabalhadores. Os
profissionais são forçados a trabalhar presencialmente com máscaras
artesanais, fora dos parâmetros recomendados pelos cientistas. Não
houve praticamente nenhum treinamento para a prevenção de contágios
e utilização dos EPIs.
Por
tudo isso, o Sepe Lagos afirma que não há condições de segurança
para que o retorno às aulas presenciais ocorra sem aumento dos
contágios e mortes pela COVID-19. Alertamos às mães, pais e
responsáveis por alunos que esta medida colocará suas vidas e de
suas crianças e adolescentes em grave risco. Reafirmamos que
continuaremos a lutar em defesa da saúde da comunidade.
Retorno
presencial, sim! Mas com segurança para alunos, profissionais e toda
a comunidade.
Augusto
Rosa
Coordenador-geral
do SEPE Lagos
Fonte: 5
razões pelas quais não há segurança para aulas presenciais na
rede pública - Augusto Rosa - Folha dos Lagos