Fonte: "odia"
DEPOIMENTO DE SUSANA NEVES CABRAL:
“...
Ele (Cabral) me dava um dinheiro mensal, que variava entre vinte, vinte e
cinco, já chegou a quarenta por mês, quarenta mil reais. E num
determinado momento, é o que é a denúncia, ele falou que tinha
feito um negócio, enfim, que por um determinado tempo dinheiro seria
depositado na conta da Araras. Eu como confiava nele 100% e o que eu
queria era receber a pensão... Acho que de 2011 a 2013 esse
dinheiro entrou na conta da Araras. Era um dinheiro até um pouco
maior do que ele mandava e ele falou ‘olha vai ser um pouco maior
mesmo, mas fica para você pagar viagem para os meninos, usa da
melhor forma para os meninos’. Eu falei tá bom tudo certo e
aconteceu isso. Depois acabou esse negócio com a Araras voltou a
ser entregue como era antes. O Bezerra levava em dinheiro. Não, não,
o Sérgio pagava assim, o plano de saúde dos meninos, ele pagava
porque era junto do dele. Não, eu nunca dei conta pessoal nenhuma
para eles pagarem não... Às vezes os meninos compravam alguma coisa
no meu cartão, assim um valor mais alto, um terno, uma coisa e o
Sérgio mandava o dinheiro... Não sei. Eu sei que o Bezerra me
entregava, agora eu não sei se a mando do Carlos se a mando direto
do Sérgio. Não é verdade, não é verdade. Nunca recebi
R$100.000,00 do Sérgio, nunca recebi. Ele mandava o dinheiro para
mim para custear as despesas da casa, enfim, colégio, esporte e
tal... Variava, tinha meses que vinha trinta, não era uma coisa
certinha não. Não tenho a menor ideia, não tenho a menor ideia.
Nunca soube nem quem era a Survey, fiquei sabendo pelo jornal, nunca
soube de nada disso. Ele só falou que tinha feito um negócio e que
iria entrar na minha conta um dinheiro durante um tempo e tal, e para
mim acabou. Nunca soube de nada disso. Nunca emiti uma nota, nunca
fiz meu imposto de renda. Deve ser o Carlos, porque ele que fazia o
meu imposto. O Carlos, o Carlos fazia meu imposto da Araras também,
fazia o meu pessoa física e pessoa jurídica. Ele sempre que fez.
Usava, eventualmente sim, muito pouco...” (interrogatório
de Susana Neves Cabral 0:00 - 8:50)
“...
Juiz: E ele já conversou com a Sra. sobre esses repasses? Acusada:
Jamais, nunca... Juiz: O Sr Flávio pagou uma reforma de uma casa da
Sra. em Araras? Acusada: ... Na segunda-feira, o Sérgio me ligou
falando assim ‘quero conversar com você e tal’... Ele falou ‘Eu
quero ajudar, quero pagar a obra da casa e tal... Porque eu quero que
os meninos tenham uma coisa confortável... Eu quero que seja feito
tudo que for preciso, quero dar conforto para os meninos eles adoram
ir para lá... Deixa comigo que eu vou pagar tudo, vou resolver tudo,
vou botar o Flávio... O Flávio tem uma empresa de engenharia, ele é
uma pessoa da minha inteira confiança, eu quero que ele toque a
obra e seja o elo de ligação entre a gente’... O Sérgio me disse
que ele pagaria, que o Flávio faria e que ele pagaria. Juiz: E houve
também uma obra do imóvel de Minas? Pois é isso foi outra coisa...
Mesma situação, os meninos foram para lá... Falaram com o Sérgio
novamente... ‘Susana, a mesma situação de Araras, o Flávio vai
tomar conta, vai cuidar de tudo’ e assim foi feito... Eu aceitei tá
bom. Ele sabe que os meus únicos herdeiros são os filhos dele, que
eu não tenho outros filhos, que tudo vai ficar mesmo para os
meninos. Juiz: O Sr Flávio mencionou uma obra de uma cobertura na
Lagoa. Acusada: Para mim não, ele não fez obra em apartamento na
zona sul. Na Lagoa? Na Borges de Medeiros? Não. Olha cobertura? Eu
tenho uma cobertura onde meu filho está morando e foi feita uma obra
lá, mas eu não tomei nenhum conhecimento. O João tratou isso
direto com o Sérgio, até porque eu não queria que ele fosse para
esse apartamento. Não, a obra existiu... Que eu saiba foi um amigo
do João que chamava Ricardo, que tinha uma empresa de engenharia,
foi o que ele comentou comigo, mas eu não tomei nenhum conhecimento,
até porque eu não queria que ele mudasse para esse apartamento, que
esse apartamento era um apartamento que eu alugava e que me dava uma
renda boa... Ele resolveu tudo com o Sérgio não foi comigo... Juiz:
Essa empresa Survey a senhora conhece? Alberto Conde? Acusada: Nunca.
Nunca ouvi falar...” (interrogatório de Susana Neves Cabral
8:50 - 16:10)
“...
A Araras não tinha nada... Como tinha os apartamentos no nome da
Araras eu mantive a empresa, porque eu recebia os alugueis. Os
alugueis eram depositados na conta da Araras... Esses valores desse
período que você está falando? Era para a despesa da casa, era
como se fosse a pensão... Na verdade o que interessava para mim era
receber a pensão, se entrava na conta ou se me entregavam, para mim
não fazia nenhuma diferença. Não, eu recebi sempre em espécie, só
durante esse período é que entrou na conta da Araras que eu recebi em
nome da Araras, que foi entre 2011 e 2013, eu acho... Eu sou bacharel
em direito, eu me formei em 86... Eu trabalho, eu trabalho na ALERJ,
eu sou funcionária pública... Não, mas eu não tinha motivo nenhum
de desconfiar do Sérgio, sabe um governador muito super bem
avaliado, pai dos meus filhos, ué eu nunca desconfiei dele... Eu
tinha ideia, mas ele tinha muito boa pública... viagens, os filhos
estudando em escola bilíngue, Adriana com um escritório superforte,
era um casal bem-sucedido... Vinte e um anos é muito tempo de
separação, entendeu... Como é que eu ia saber, eu não tinha
motivo nenhum para desconfiar dele... Não, antes de ele assumir eram
vinte, já foi quinze, não tinha um dinheiro fechado. Mas, antes era
quinze, vinte, mas ele sempre teve uma vida muito boa, eu não tinha
motivo para desconfiar. Eu não tenho ideia, não tenho ideia... Eu
escolhia tudo e falava para ele. Eu escolhia, é o que o Sérgio
falou, o Flávio vai resolver tudo da casa... Eu não sabia que era
uma construtora grande e não sabia de contrato de estado, nunca me
meti nisso, nunca soube disso... Ele falou procura o meu amigo Flávio
Werneck é diferente. Eu sei, mas eu não sabia que o Flávio
prestava serviço para o Estado... Eu sempre tive uma vida muito
confortável. Uma família muito boa, meu pai, sabe, super protetor,
cuidava muito de mim, da minha mãe, da minha irmã. E ele era um
cara bem-sucedido. Deixou imóveis para mim, deixou minha mãe bem
também. Era uma vida muito boa. Ele era muito ligado lá em São
João del-Rei. Ele gostava muito que eu tivesse esse apego as raízes
dele e tudo. E é isso, me ajudou sempre e muito. Nunca, nunca na
minha vida fiz imposto de renda. Meu pai fazia, depois o Carlos
Miranda começou a fazer... Eu gastava, é para fins pessoais...” (interrogatório de Susana Neves Cabral 16:10 - 26:20)
Observação: grifos meus.