"Nós estamos tendo uma eleição atípica. Existe uma guerra entre milicianos, traficantes, católicos e evangélicos. Isso é uma certeza. Estamos em uma cidade sitiada. E nós estamos tentando evitar que a eleição seja impugnada", comentou Laudelino (coordenador da Comissão Eleitoral do CMDCA).
O
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)
recebeu mais de 300 denúncias de irregularidade na eleição dos
conselheiros tutelares do RJ. As acusações vão de compra
de votos
a ameaças
e, se comprovadas, podem causar a impugnação da votação.
Somente
a reportagem do G1 recebeu
diretamente 35
denúncias,
a maioria de pessoas
que não conseguiam votar porque seus nomes não estavam nas listas
em nenhuma seção próxima do domicílio eleitoral.
Laudelino
contou que as denúncias recebidas incluem candidatos realizando
churrasco em troca de votos, festa open bar, boca de urna e
intimidação.
"Eu
tenho mais 300 denúncias com foto. Nesse momento vamos notificar os
candidatos. Eles vão ter 48 horas para responderem e montarem sua
defesa. Muitos candidatos vão ser impugnados", disse.
Entre
os casos relatados, destacam-se:
Boca
de urna
Compra
de voto
Mudanças
de última hora nos locais de votação
Caravanas
de eleitores patrocinadas por movimentos religiosos
Eleitores
tendo que fotografar seu voto
Eleitores
sem poder votar
Eleitores
ameaçados
Eleitores
que não foram orientados a assinar o caderno de votação
Falta
de informação nos locais de votação
Mesários
desorientados
O
Ministério Público informou que sete candidatos foram impugnados
devido a irregularidades verificadas nos locais de votação.
Ao
todo, 468 candidatos concorreram a 190 vagas, sendo 95 titulares e 95
suplentes, em 19 conselhos tutelares espalhados pela cidade.
Metade
das candidaturas eliminadas
No
total, 1.022 pessoas tentaram se candidatar. Segundo Laudelino, o
trabalho do CMDCA reduziu esse número para 468 candidatos, depois de
um pente fino que encontrou, entre outros problemas, pessoas que
apresentaram documentos falsos ou tinham antecedentes criminais.
"Nós
tivemos um critério bastante eficaz e preocupado, principalmente
porque ano que vem tem eleição. 40% dos candidatos estão
interessados no dinheiro e na política partidária. Eles não estão
preocupados com a política pública e com o trabalho em defesa das
crianças e adolescentes", disse Laudelino.
Pedido
de retratação de vereador
Na
última sexta-feira, o presidente da Comissão dos Direitos da
Criança e Adolescente da Câmara de Vereadores do Rio, Leonel
Brizola Neto (PSOL), afirmou que o Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA), órgão responsável pela
eleição, fazia
vista grossa para os problemas relacionados a essa eleição.
"O
que eu vejo que está acontecendo é um aparelhamento dos conselhos
pela Prefeitura. Eu vejo uma mão forte atuando para eleger pastores
da Igreja Universal. Não há transparência (na eleição). A
obscuridade faz com que a milícia e as igrejas influenciem na
disputa. Estão querendo trocar o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) pela bíblia", comentou Brizola
Carlos
Roberto Laudelino admitiu que existe realmente uma guerra
"político-religiosa" para a ocupação dos Conselhos
Tutelares no Rio. Contudo, o coordenador acusou o vereador de nunca
participar dos debates sobre o processo eleitoral. Laudelino pediu
que Brizola se retratasse.
"O
trabalho começou em dezembro de 2018 e em nenhum momento tivemos a
honra da presença dele (Brizola) durante o processo. Ele atacou o
órgão de forma indelicada, como se a gente fosse uma quadrilha
interessada em defender a, b ou c. Vamos pedir uma retratação. Cabe
ao autor o ônus da prova", disse.
Fonte: "g1"
Conselheiros
eleitos em Búzios:
▪Adriana
Ribeiro de Oliveira: 314 votos;
▪Claudeir Borges Rangel Júnior:
308 votos;
▪Eliane de Almeida Ferreira: 289 votos;
▪Thamires
Afonso Carvalho: 258 votos;
▪José Carlos Portela de Souza: 242
votos.
Em Búzios, vereadores- muitos deles evangélicos, alguns católicos- participaram ativamente da eleição, para eleger seus "irmãos" -candidatos afinados com seus credos religiosos- e futuros cabos eleitorais - candidatos de olho em boquinhas no governo e na câmara. Afinal de contas, as eleições de 2020 estão aí.
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