Ex diretor citou em delação 28 políticos beneficiários de
esquema na Petrobrás
Paulo Roberto Costa relata em 80 depoimentos relação que
inclui ministro e ex-ministros da gestão Dilma Rousseff, governador,
ex-governadores e parlamentares; são, ao todo, 10 nomes do PP, 8 do PT, 8 do
PMDB, 1 do PSB e 1 do PSDB.
Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento
da Petrobrás Paulo Roberto Costa citou em 80 depoimentos que se estenderam por
duas semanas, entre agosto e setembro, uma lista de 28 políticos – que inclui
ministro e ex-ministros do governo Dilma Rousseff (PT), deputados, senadores,
governador e ex-governadores.
O Estado obteve a lista completa dos citados. A relação
inclui ainda parlamentares que integram a base aliada do Palácio do Planalto no
Congresso como supostos beneficiários do esquema de corrupção e caixa 2 que se
instalou na petrolífera entre 2004 e 2012.
Há nomes que até aqui ainda não haviam sido revelados, como
o governador do Acre, Tião Viana (PT), reeleito em 2014, além dos deputados
Vander Luiz dos Santos Loubet (PT-MS), Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ),
Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS). Entre os
congressistas, ao todo foram mencionados sete senadores e onze deputados
federais.
O perfil da lista reflete o consórcio partidário que
mantinha Costa no cargo e contratos bilionários da estatal sob sua tutela – são
8 políticos do PMDB, 10 do PP, 8 do PT, 1 do PSB e 1 do PSDB. Alguns, segundo o
ex-diretor de Abastecimento, recebiam repasses com frequência ou valores que
chegaram a superar R$ 1 milhão – dinheiro que teria sido usado em campanhas
eleitorais. Outros receberam esporadicamente – caso, segundo ele, do ex-senador
Sérgio Guerra, que foi presidente nacional do PSDB e em 2009 teria pedido R$ 10
milhões para arquivar uma CPI da Petrobrás no Senado.
Sobre vários políticos, o ex-diretor da estatal apenas
mencionou o nome. Não revelou valores que teriam sido distribuídos a eles ou a
suas agremiações.
Foram citados os ex-governadores do Rio Sérgio Cabral
(PMDB), do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e de Pernambuco Eduardo Campos (PSB)
– que morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto, durante campanha
presidencial.
Primeiro escalão. A lista inclui também o ex-ministro
Antonio Palocci (PT), que ocupou a Esplanada nos governos Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma; os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o atual ministro de Minas e Energia,
Edson Lobão, e ex-ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte
(Cidades).
Os 28 nomes são exclusivamente de políticos que teriam sido
beneficiários dos negócios da diretoria de Costa. A Polícia Federal e a
Procuradoria da República trabalham com outros nomes de políticos que se
relacionavam com os ex-diretores da estatal Renato Duque (Serviços) e
Internacional (Nestor Cerveró).
As revelações foram feitas em depoimentos prestados por
Costa à força tarefa da Lava Jato e fazem parte do acordo de delação premiada
firmado pelo ex-diretor com o Ministério Público Federal em troca de redução da
pena. Desde que sua delação foi aceita pelo Supremo Tribunal Federal, ele
cumpre prisão em regime domiciliar, no Rio.
Alguns nomes dessa lista também aparecem na relação
fornecida pelo doleiro Alberto Youssef, que firmou acordo semelhante – ainda
não homologado pelo ministro Teori Zavascki, do STF. O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, deve denunciar os envolvidos no esquema de desvios da
estatal em fevereiro, quando tem início a nova legislatura (mais informações no
texto abaixo).
Foro. Na troca da composição do Congresso, alguns dos
citados perdem foro privilegiado e passam a ser julgados pela Justiça de
primeira instância. Por decisão do ministro Teori Zavascki, as investigações
permanecem divididas entre a Suprema Corte e a Justiça Federal no Paraná, onde
serão investigados os acusados que não têm mandato.
A lista de 28 nomes foi revelada por Costa exclusivamente no
âmbito da delação premiada. Como são citados políticos com foro privilegiado, o
caso foi parar no STF. Em depoimentos à primeira instância da Justiça Federal,
o ex-diretor da Petrobrás não falou de políticos, mas citou que o PP, o PMDB e
o PT recebiam de 1% a 3% sobre o valor dos contratos da estatal para abastecer
caixa de campanha.
A investigação desvendou uma trama de repasses a políticos
na estatal. A Lava Jato foi desencadeada em março e identificou a parceria de
Costa com o doleiro Youssef. Na última fase da operação, deflagrada em 14 de
novembro, foram presos os principais executivos e dirigentes das maiores
empreiteiras do País, todos réus em ações penais por corrupção ativa, lavagem
de dinheiro, crimes de cartel e fraudes a licitações.
FAUSTO MACEDO, RICARDO
BRANDT, JULIA AFFONSO e FÁBIO FABRINI
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