A
PRISÃO
O
empresário Otto Maciokas foi preso pela Polícia Federal (PF), ontem
(28), às 6 horas da manhã. A prisão ocorreu em um flat, no Leblon,
no Rio de Janeiro. A
PF chegou até o empresário, após monitorar os passos de sua esposa
durante todo o fim de semana. O
delegado da Polícia Federal de Macaé, Felício Laterça, foi o
responsável pela prisão. Otto foi levado para a Superintendência
da Polícia Federal no Rio (folhadoslagos).
O
delegado da Polícia Federal de Macaé, Felício Laterça, comentou
para o jornal Folha dos Lagos os bastidores da prisão do
empresário. Segundo ele, Otto, que
estava em um flat no Leblon, Zona Sul do Rio, mostrou-se surpreso e
em choque com a prisão. Condenado a 43 anos e quatro meses em regime
fechado, Otto estava foragido desde 2015.
– Ele
não esperava (a prisão). Foi surpreendido e ficou em choque. Depois
começou a conversar naturalmente, mas não demonstrou interesse em
revelar como fazia a lavagem de dinheiro e a ocultação dos bens –
comentou o delegado.
Ainda
segundo Felício Laterça, Otto não prestou depoimento e já foi
encaminhado para o sistema prisional. Ele foi levado para a Cadeia
Pública José Frederico Marques, em Benfica, no Rio, de onde
será encaminhado para outra unidade pela Secretaria Estadual de
Administração Penitenciária.
No
entanto, o delegado afirmou que, caso seja do interesse de Otto e
seus advogados, ele poderá colaborar com a Justiça por meio de
delação a fim de conseguir benefícios. Felício disse que a prisão
do empresário pode trazer desdobramentos.
– Essa
investigação (que resultou na Operação Dominação) está
encerrada. Pode haver uma investigação específica sobre a lavagem
de dinheiro e a ocultação de bens. Essa prisão significa também a
prisão do último foragido dessa operação. Fechamos com chave de
ouro – disse o delegado.
Mulher
não será indiciada
O
delegado da Polícia Federal de Macaé esclareceu ainda que a mulher
de Otto não será indiciada, mesmo tendo escondido o paradeiro do
marido, foragido da Justiça.
De
acordo com Felício Laterça, parentes próximos (pais, esposa e
filhos) estão excluídos desse crime, tipificado no artigo 348
do Código Penal como favorecimento pessoal.
Operação
Dominação II
A
Operação Dominação II foi deflagrada pela Polícia Federal, em 3
de dezembro de 2015, em ação conjunta com o Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério
Público do Rio de Janeiro e a Receita Federal. O objetivo da ação
foi desarticular uma organização criminosa que atuava na Região
dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro, lavando dinheiro proveniente
do desvio
de recursos públicos e
do tráfico
armas e drogas. Cerca
de 110 policiais federais cumpriram, naquele dia, 14
mandados de prisão, 4 mandados de condução coercitiva e 20
mandados de busca e apreensão nos municípios de Arraial do Cabo,
Cabo Frio e na capital fluminense. Foram
feitas buscas em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e em
casas, empresas e na Prefeitura de Arraial do Cabo. Os policiais
entraram nas salas de várias secretarias. Houve
também o sequestro de mais de R$ 20 milhões em bens do grupo,
incluindo prédios, terrenos, dezenas de veículos e dinheiro em
espécie ("pf").
A
operação também cumpriu mandados de busca e apreensão em outras
13 empresas que teriam relação com o esquema de tráfico de drogas
do grupo: Rocha e Vignoli Empreiteira Ltda.; C Vignoli Restaurante e
Pizzaria; Locabotur Ltda.; T. Vignoli Comércio; Gordo Pizzas; D. G.
Vignoli Confecções; RCJ Comercio Atacadista de Material de
Laboratório Ltda; Douglas Pereira Rocha; Rui Pralon Meireles; B &
B Cabo Frio Comércio e Representação e Serviços Ltda.; Bragança
e Barboza Ltda; José Vignoli; e Soft Rio Confecção Ltda.
Foram
presas 11 pessoas, outras dez já haviam sido detidas anteriormente,
entre as quais, Chico da Ecatur, pai de Cadu Playboy.
Os
investigadores identificaram que enquanto o pai desviava dinheiro da
Prefeitura de Arraial do Cabo, o filho comandava o tráfico de
drogas em favelas do Rio. O dinheiro que eles conseguiam era usado
para comprar carros e imóveis. A partir dessas prisões, a
Polícia Federal e os promotores encontraram uma ligação do tráfico
de drogas com desvio de dinheiro público. Segundo os investigadores,
Cadu Playboy repassava o dinheiro do tráfico para o pai. Já o
pai se apropriava do dinheiro público conseguido com a contratação
de funcionários fantasmas e de fraudes em licitações. Os policiais
disseram que Chico da Ecatur tinha a ajuda de políticos e
empresários para lavar o dinheiro das fraudes e do tráfico de
drogas. E que o dinheiro era usado para comprar, principalmente,
imóveis e carros.
A
quadrilha também praticou crimes eleitorais no primeiro turno das
eleições de outubro de 2014. O líder da quadrilha, Cadu Playboy,
arregimentou moradores de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia para a
compra de votos e boca de urna em favor de candidatos a deputado
estadual e federal. O grupo chegou a praticar atos de violência para
afastar cabos eleitorais adversários. O objetivo era lançar a
candidatura de pessoas da comunidade ligadas ao tráfico ao cargo de
vereador nas eleições de 2016. (cliquediario).
Condenação
O
juiz titular da 2ª Vara de São Pedro da Aldeia, Márcio da Costa
Dantas, condenou, em julho do ano passado, todas as pessoas que foram
denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(MPRJ). A decisão é em primeira instância e cabe recurso. De
acordo com o juízo, as ações criminosas foram perniciosas no
sentido de fundir o poder político com o poder do narcotráfico e de
manter desvios de recursos públicos. A ação teve origem em
investigação da Polícia Federal durante a Operação Dominação
2.
“Houve
indicação clara de que as condutas de lavagem de dinheiro se davam
para encobrir os crimes de tráfico de drogas, apurados na Operação
Dominação 1, e os peculatos descobertos no curso da Operação
Dominação 2”, afirma a decisão. “Toda a rede criminosa
exteriorizada pelos Delegados da Polícia Federal e pelo Ministério
Público só veio à tona após o árduo trabalho investigativo que
transcorreu por meses”, ressalta o juízo.
A
maior pena, 134 anos de prisão, foi para Francisco Eduardo Freire
Barbosa, conhecido como Chico da Ecatur, apontado pelo MPRJ como o
chefe de um esquema de desvio de verba na Empresa Cabista de
Desenvolvimento Urbano e Turismo (Ecatur) de Arraial do Cabo. Ele foi
condenado por crimes como peculato, lavagem de dinheiro, crime contra
administração pública e organização criminosa.
O
filho de Chico, Carlos Eduardo Freire Barbosa, conhecido como Cadu
Playboy, que já tinha sido condenado a 57 anos de prisão por
tráfico de drogas, foi condenado a mais oito anos. Tanto Chico
quanto Cadu já estão presos e cumprem pena em penitenciárias
federais por outros crimes. Chico
foi para Presídio Federal de Campo Grande, Mato Grosso, e Cadu
Playboy para Catanduvas, oeste do Paraná. Ambos estão submetidos
ao Regime Disciplinar Diferenciado, o RDD, o regime que expõe o
preso ao maior grau de isolamento e restrições de contato com o
mundo exterior. O RDD é a espécie mais drástica de sanção
disciplinar e restringe como nenhuma outra a liberdade de locomoção
do preso e alguns dos seus direitos ("folhadoslagos").
Entre
os condenados, também estão o empresário Peter Maciokas e o filho
dele, Otto
Maciokas,
sentenciados a 33 e 43 anos de prisão respectivamente. A
Justiça determinou também a indisponibilidade de bens de todos
condenados, quem somam mais de R$ 4 milhões. (jornaldesabado).
Os
empresários Otto Maciokas e Peter Maciokas, emprestaram o nome da
sociedade empresária OLM para ocultar e dissimular a origem e a
propriedade de bens e valores provenientes, direta ou indiretamente,
dos delitos de tráfico ilícito de entorpecentes e dos peculatos
praticados em prejuízo do Município de Arraial do Cabo e da ECATUR,
pela ORCRIM liderada por Chico da Ecatur. Otto Maciokas é sócio das
empresas OLM, Limac, Limola, Pescatore e Ocean Green. Otto e
Peter foram condenados a, respectivamente, 43 e 33 anos. Na Ocean
Green Empreendimentos
Imobiliarios Ltda, empresa aberta
em 21/8/2012, CNPJ: 16.736.494/0001-07, Endereço: Av
Teixeira E Souza Esquina Com Rua Euvira Sherman, 01, Sala 01/A, Sao
Cristovao, Cabo Frio, RJ, CEP 28900-000, Brasil, Telefone: (22)
2644-3543, Atividade
econômica principal (CNAE): Loteamento
de imóveis próprios (6810203), Natureza
jurídica: Sociedade
Empresária Limitada (2062), com Capital
social de R$
20.650.000,00 (Vinte milhões, seiscentos e cinquenta mil reais), tem
cinco sócios, entre eles Salomao
Barbosa Rodrigues Junior, muito conhecido em Búzios como Júnior
Gordo.
Além
de Chico da Ecatur, Cadu Playboy e dos Maciokas, foram condenados no
processo Victor Pimentel Canela, Arivaldo Cavalcanti Filho,
João Gomes da Silva Júnior, Agnaldo Silvio Luiz, Pierre
de Aguiar Cardoso, Sérgio Evaristo Plácido de Aguiar, Cláudio
Sérgio de Mello Correa, Jane Mello Barboza, Marcelo Adriano Santos
de Oliveira, Raynna Ferreira Ribeiro e Camila Vignoli
("folhadoslagos").
OPERAÇÃO
DOMINAÇÃO I
No
ano de 2014, a Polícia Federal deflagrou, na Região dos Lagos,
investigação complexa para desbaratar organização criminosa
voltada para o tráfico de drogas, comercialização de armas de fogo
e munições e lavagem de dinheiro. A Polícia Judiciária denominou
a investigação de Operação Dominação.
Durante
as investigações, que tiveram início em setembro de 2014, foram
apreendidos três fuzis, 18 pistolas, 2.821 munições de fuzil,
1.190 munições de pistola, 173 quilos de cocaína, meia tonelada de
maconha, comprimidos de ecstasy, 12 carros, um caminhão, embarcações
e R$ 727 mil em dinheiro. Segundo a contabilidade
apreendida, o núcleo de Playboy movimentava cerca de R$ 1,8 milhão
por mês.
De
acordo com a denúncia, a quadrilha era integrada à facção
criminosa Comando Vermelho e liderada por Carlos Eduardo Rocha Freire
Barboza, conhecido como “Cadu Playboy”. O bando atuava no
comércio de drogas em pontos de venda implantados e mantidos em
localidades da Região dos Lagos. Playboy também adquiria e recebia
de fornecedores e associados armas de fogo e munições de diversos
calibres, distribuídos ao resto da quadrilha, além de receber
auxílio do também denunciado João Paulo Firmiano Mendes da Silva,
vulgo “Russão” ou “Monstro”. Espécie de chefe ativo, João
Paulo era integrante da mesma facção criminosa e chefe da
Comunidade da Mangueira, no Rio.
No
curso da operação, foram realizadas buscas e apreensões em imóveis
dos então investigados e, com os documentos encontrados, apurou-se
suspeitas sobre o envolvimento de mais pessoas na organização
criminosa, outros atos de lavagem de dinheiro e ainda prática de
crimes contra a Administração Pública da Prefeitura de Arraial do
Cabo.
A
Polícia Federal, então, instaurou nova investigação que culminou
com a deflagração da Operação Dominação 2.
“O
grau de organização do réu Francisco Eduardo no controle
financeiro e político da ORCRIM acabou facilitando o trabalho dos
Agentes e Delegados da Polícia Federal, porquanto os documentos
encontrados em sua casa consubstanciavam uma verdadeira contabilidade
do crime, demonstrando uma movimentação financeira vultosa, na casa
dos milhões de reais, altamente suspeita para quem ganhava apenas R$
5.000,00 (cinco mil reais) mensais como Presidente da ECATUR,
Sociedade de Economia Mista do Município de Arraial do Cabo”,
destaca a sentença.