José Dirceu chegou à PF, em Curitiba, na noite de sexta-feira (17), para cumprir pena pela segunda condenação na Lava Jato — Foto: Ramon Pereira/RPC |
A
4ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) julgou
no dia 16 os embargos de declaração em embargos infringentes do
ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu de Oliveira e Silva nos
autos da Operação Lava Jato, negando provimento. Dessa forma, a
condenação dele, pela prática dos crimes de corrupção passiva e
de lavagem de dinheiro a 8 anos, 10 meses e 28 dias de reclusão foi
mantida e o tribunal determinou a execução provisória da pena. A
decisão foi unânime. A 4ª Seção do tribunal é formada pelas 7ª
e 8ª Turmas, especializadas em Direito Criminal.
O
processo envolve o recebimento de propina em contrato
superfaturado da Petrobras com a empresa Apolo Tubulars, fornecedora
de tubos para a estatal, entre 2009 e 2012. Parte dos
valores, que chegaram a R$
7.147.425,70, foram repassados a Renato Duque,
ex-diretor de Serviços da Petrobras, e parte a Dirceu.
Para
disfarçar o caminho do dinheiro, Dirceu e seu irmão teriam usado
a empresa construtora Credencial para receber
valor de cerca de R$ 700 mil, tendo
o restante sido usado em despesas
com o uso de aeronaves em mais de 100 vôos feitos pelo ex-ministro.
Histórico
do processo
Em 8
de março de 2017, o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba
sentenciou Dirceu e o irmão pela prática dos crimes de corrupção
passiva e de lavagem de dinheiro a 11 anos e 3 meses o
primeiro e 10 anos o segundo. Duque foi condenado por
corrupção passiva a 6 anos e 8 meses de reclusão, e os sócios da
Credencial, Meira e Macedo, por lavagem de dinheiro e associação
criminosa, a 8 anos e 9 meses. Os executivos da Apolo Tubulars,
Carlos Eduardo de Sá Baptista e Paulo Cesar Peixoto de Castro
Palhares, foram absolvidos das acusações por falta de provas
suficientes para a condenação criminal.
Os
réus apelaram ao TRF4 e, em 26 de setembro do ano
passado, tiveram as condenações confirmadas pela 8ª Turma,
mas com recálculo da dosimetria das penas, que foram diminuídas,
com exceção de Renato Duque, cuja condenação foi mantida. Dirceu
teve a pena restabelecida em 8 anos, 10 meses e 28 dias de
reclusão, Luiz Eduardo em 8 anos e 9 meses, Meira e Macedo
em 8 anos e 2 meses. Os executivos da Apolo Tubulars tiveram a
absolvição mantida.
Essa
foi a segunda ação criminal contra José Dirceu na Operação Lava
Jato. Na primeira, envolvendo o núcleo da Engevix,
ele foi condenado a 30 anos, 9 meses e 10 dias de
reclusão, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
pertinência a organização criminosa. Atualmente, Dirceu
encontra-se em liberdade por decisão da 2ª Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) (com votos dos ministros Gilmar
Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli).
A
execução provisória da pena determinada hoje (16/5) pelo TRF4 fica
a cargo do juízo de primeiro grau na Justiça Federal de Curitiba.
Bens
e serviços adquiridos por José Dirceu com o dinheiro da propina
José
Dirceu de Oliveira e Silva teria recebido, no esquema criminoso da
Petrobrás, pelo menos R$
11.884.205,50, considerando apenas a
Engevix Engenharia.
Contrato
celebrado em 15/04/2011 entre a Jamp
Engenheiros Associados, empresa de Milton Pascowitch, e a JD
Assessoria e Consultoria Ltda., controlada por José Dirceu.
O contrato deu causa a emissão de treze notas fiscais e repasses,
entre 20/04/2011 a 27/12/2011, no total de R$
1.006.235,00 da Jamp para a JD. Os valores
seriam propina, sendo o contrato
simulado.
Além
dos repasses, outra parte da denúncia diz
respeito à aquisição de bens ou serviços por José
Dirceu com recursos decorrentes do esquema criminoso da
Petrobrás e a ocultação de que ele seria o titular ou
beneficiário dos mesmos (bens ou serviços).
José
Dirceu teria destinado cerca de R$
1.071.193,00 para aquisição de 1/3
de uma aeronave Cessna Aircraft. A aeronave foi
adquirida, em 07/07/2011, por Milton Pascowitch e José Adolfo
Pascowitch de Julio Camargo, tendo sido ocultado que José Dirceu
tinha parte da aeronave, bem como a natureza dos recursos empregados.
Em seguida, porém, em agosto de 2011, o negócio foi cancelado em
razão de matéria jornalística envolvendo a aeronave, sendo o
numerário devolvido a José Dirceu de Oliveira e Silva.
Pagamento
de parte do preço do imóvel em que está localizada a sede da JD
Assessoria. R$
387.000,00 foram transferidos pela Jamp
Engenheiros Associados, em 27/12/2011, com esta finalidade, para
a conta bancária do escritório de advocacia Leite & Rossetti.
Pagamentos
à empresa Halembeck Engenharia Ltda. por serviços de
reforma efetuados no imóvel de José Dirceu localizado em São
Paulo. R$
388.366,00 foram pagos entre 14/08/2009 a
06/05/2010 em espécie e também por transferências bancárias
pela Jamp Engenharia e pelo próprio Milton Pascowitch à
referida empresa. O referido imóvel encontra-se em nome de Luiz
Eduardo, irmão de José Dirceu, mas pertencia de fato a
José Dirceu.
Pagamentos
à arquiteta Daniela Leopoldo e Silva Facchini por serviços
de reforma efetuados na chácara que José Dirceu tem em Vinhedo/SP..
O imóvel pertence formalmente à TGS Consultoria e Assessoria em
Administração Ltda., mas de fato é de José Dirceu. Os
pagamentos, de R$
1.508.391,91, foram efetuados por Milton
Pascowitch e pela Jamp Engenharia para a referida arquiteta. Para
justificar o repasse, Milton e José Adolfo Pascowitch simularam
que os valores teriam sido doados.
Aquisição,
por parte de Milton Pascowitch do
imóvel de Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha
de José Dirceu, por R$
500.000,00. Como a matrícula está gravada com
cláusula de inalienabilidade, até hoje o imóvel consta como sendo
propriedade de Camila Ramos. Segundo o MPF, isso indicaria que a
aquisição foi em realidade meio para repasse de
propina. Ainda segundo o MPF, o imóvel estaria
sobreavaliado em 15%.
Fonte: "trf4"
Meu comentário:
Zé Dirceu, considerado ainda por alguns petistas como "herói do povo brasileiro, desmente a tese do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel de que era possível roubar para o partido sem meter alguma propina no bolso. Celso defendia a necessidade de se roubar dinheiro público para o partido porque todos os partidos assim procediam. Se o PT não roubasse, não conseguiria ganhar as eleições, pois a competição eleitoral ficaria muito desigual.
Mas, como ninguém é de ferro, mesmo os "heróis do povo brasileiro", Zé Dirceu deu um jeitinho de comprar parte de um avião, arrumar um troco para filha simulando a venda de seu imóvel, dar uma bela ajeitada em sua chácara em Vinhedo.