Alerj vai votar se deputados presos devem ser soltos. Foto: Montagem sobre fotos da Alerj Divulgação |
A
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) foi notificada no fim da tarde
desta quinta-feira (17) sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) para o parlamento estadual votar se três deputados
presos devem
ser soltos ou não. Os
presos são os deputados Luiz Martins (PDT) , André Correa (DEM) e
Marcus Vinicius Neskau (PTB). A determinação foi da ministra do STF
Carmen Lúcia, na quarta (16).
Os
três foram presos em novembro do ano passado em desdobramento da
Lava Jato, a
Operação Furna da Onça. Eles
foram para a cadeia poucos dias após terem sido reeleitos e não
chegaram a assumir o mandato da atual legislatura.
Próximos
passos, segundo a Alerj:
Convocação
da Comissão de Constituição e Justiça, publicada na sexta (18)
Comissão
dará parecer e redigirá um projeto de resolução
Projeto
é levado ao plenário em sessão extraordinária
Decisão
será por maioria absoluta dos membros da Alerj: 36 votos ou mais
Previsão
é que votação ocorra na terça-feira (22)
Na
decisão, Carmem Lúcia explicou que o plenário do STF decidiu por
maioria "ser extensível aos deputados estaduais as imunidades
formais previstas no artigo 53 da Constituição da República,
devendo a prisão, que venha a ser decretada pelo Poder Judiciário
de qualquer deles, ser submetida ao exame do Poder Legislativo
estadual".
A
decisão do Supremo foi tomada em maio deste ano. Depois, portanto,
da prisão preventiva dos parlamentares. Porém, a ministra entendeu
que a continuidade da prisão, sem consultar a Alerj, contraria a
interpretação do próprio STF.
'Furna
da Onça'
Além
dos três, outros dois deputados presos também foram reeleitos:
Marcos Abrahão (Avante) e Chiquinho da Mangueira (PSC). No entanto,
eles
não pediram ao STF para que o caso deles seja votado.
Os
parlamentares chegaram a tomar posse dos mandatos, simbolicamente, em
março — sem, de fato, assumir. Depois, o Tribunal
de Justiça do Estado suspendeu a posse dos deputados.
Eles foram substituídos pelos suplentes.
Esquemas
de pagamento de propinas na Alerj
Os
três fazem parte de um grupo de 22 pessoas presas — entre eles,
dez deputados — em novembro de 2018 sob a suspeita de participação
em um esquema de pagamento de propina comandado pelo
ex-governador Sérgio
Cabral .
Cinco dos parlamentares foram reeleitos, em 2018, para um novo
mandato na Alerj. Além dos três deputados citados na
determinação do STF, foram reeleitos Marcos
Abrahão (Avante) e Chiquinho da Mangueira (PSC).
Os
parlamentares são acusados de receber dinheiro em troca de votos
para projetos de interesse do governo na Assembleia Legislativa
(Alerj). O esquema, que teria começado no início do primeiro
governo Cabral, em 2007, e perduraria até hoje, pagava valores
mensais aos deputados que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil.
Os
cinco deputados reeleitos pediram autorização para assumir os
cargos, mas foram
impedidos pela Justiça.
Chiquinho é o único
em prisão domiciliar.
Os outros quatro que fizeram o pedido ao TRF2 estão presos. Os
pedidos abrangiam ainda a revogação
da prisão preventiva decretada em novembro de 2018.
O Desembargador Abel, do TRF2, negou, dizendo que não houve
alteração de cenário entre o dia do pedido e o momento da
declaração da prisão. ("oglobo")
e ("g1")
O
despacho do TRF-2 explica que cabe
à Casa ao qual pertecem os alvos decidir se estes devem continuar
presos,
ou poderão
assumir os cargos para os quais foram eleitos.
Tudo
relacionado aos mandatos eletivos em si retrataria matéria interna
corporis a ser solucionada pela própria ALERJ.
(...) A respeito da concessão
de posse aos Deputados, mesmo presos, e sem possibilidade de entrarem
plenamente na investidura do cargo, com o exercício efetivo das
funções, trata-se de assunto que cabe à ALERJ decidir, e não ao
TRF2."
Segundo
o jornal Extra, os advogados dos
deputados presos antes de tomarem posse, na operação Furna da Onça,
passaram o dia de hoje (17) na Assembleia Legislativa conversando com
os deputados e tentando negociar uma saída. Para formar a maioria
absoluta — com 36 votos — está na mesa uma proposta
alternativa,
em que os deputados
afastados seriam soltos mas não pediriam os mandatos, mantendo os
suplentes na ativa ("extra")
O
que vai acontecer? Como votarão os
deputados do PSL (12), PSOL (cinco), PSB (dois), Novo (dois), Luiz
Paulo (PSDB) e Martha Rocha (PDT)? Só aí são 23 votos dos 70
parlamentares.
Segundo
um experiente deputado estadual, relata o jornal Extra, deputados
“vão se esconder embaixo da cama, não vão aparecer em plenário,
vão fazer qualquer coisa, mas não vão encarar o desgaste, que é
muito grande".
A
decisão
de libertar os deputados presos na Operação Cadeia Velha foi
tomada pela Assembleia logo depois da prisão de Jorge Picciani,
Paulo Melo e Edson Albertassi ainda na legislatura passada. Acabou
revogada pela Justiça.
Aos deputados que votaram, restou a desaprovação da opinião
pública e a mais profunda renovação pela qual a Casa já passou.
O
presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT), diz que vai
votar a favor da soltura dos colegas presos na Operação Furna da
Onça.
Resta saber se ele vai convencer seus pares a seguirem o seu
argumento ("extra")