sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O que falta em Búzios é planejamento

Um texto de Bentinho, de 2005, mas muito atual. 

"Em Búzios nunca houve planejamento ... Na minha opinião os prefeitos aqui deixaram muito a desejar, podiam ser melhores. Mais bem preparados ... Funcionários em excesso, serviços de menos, enfim, não é o ideal que todos nós queremos. Falta muita coisa ... Faltou até agora um pulso forte para segurar o meio ambiente ...

Um problema que aqui sempre existiu e é sério, por ser um problema de gerência, é que Búzios nunca teve uma secretaria de Planejamento ... Planejamento é você saber o que a cidade precisa, quais são as prioridades e gastar de acordo com o que se tem para receber ... Isso nunca houve em Búzios. 

O orçamento sempre foi feito no oba-oba, no palpite e ainda se manda para a Câmara um orçamento qualquer. Os secretários de Fazenda que tivemos até hoje foram burocratas ligados a saber a receita e assinar cheques. Não há planejamento para isso. 

O planejamento como um 'staff', deveria estar ligado diretamente ao prefeito para fornecer as prioridades necessárias, para daí o prefeito passar as determinações para as demais secretarias. Isso é imprescindível para a cidade. Uma pessoa que tenha noção do que seja planejamento, conheça o assunto e pense a cidade. Faça pesquisas, reuniões. Ouça grupos. Ouça a comunidade. Isso já está mais ou menos estudado no mundo inteiro: a quantidade de informações que você precisa para montar um plano para a cidade. Sem isso, você fica a esmo, e é o que tem acontecido com Búzios até hoje

(Joaquim Bento Ribeiro Dantas, o "Bentinho", Jornal Primeira Hora, 22/11/2005).               

Ser vereador em Búzios

Ex-vereador Adilson da Rasa, foto do facebook

"Assim que o cara se elege vereador em Búzios, ele, de imediato, faz três coisas:

  1. compra um carrão a prestação.
  2. começa a construir  uma mansão
  3. arranja amantes". 


(Ex-vereador Adilson da Rasa)

 Observação: o salário atual de vereador em Búzios é de R$ 7.429,90

Comentários no Facebook: 
Denise Moreira Que vergonha!!

Se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega

Construção irregular em topo de morro, foto do facebook de primotour

Os sucessivos governos de Búzios, desde a emancipação, sempre foram dominados por uma fração da especulação imobiliária. Nos dois primeiros governos de Mirinho (1997-2004), a pequena especulação imobiliária dominava. Basta dar uma passadinha no canto direito de Geribá pra ver o estrago que ela fez na área. 

No governo Toninho (2005-2008). a grande especulação imobiliária deitou e rolou. Seu representante maior- Otavinho- chegou a acumular as secretarias de Planejamento e Meio Ambiente. Pintou e bordou tanto, que teve que ser afastado do cargo pela Justiça de Búzios. 

Mirinho, que teve seu terceiro mandato  viabilizado pela pequena especulação imobiliária, foi obrigado a permitir que se espalhasse casas geminadas (pombais) pela Península toda. Como presente lhe foi oferecida a principal secretaria do seu governo- a Chefia do Gabinete de Planejamento Orçamento e Gestão.    

No primeiro governo André (2013-2016), a grande especulação retorna ao poder. Mesmo derrotado nas eleições- era candidato a vice na chapa de Evandro- Otavinho  conseguiu emplacar seus pupilos nas pastas de Urbanismo e Planejamento. Neste novo governo André (2017-2020),  a grande especulação- maior doadora de sua campanha- volta com todas as suas forças para ocupar topos de morros e costões rochosos remanescentes.

Quando será que teremos um gestor preocupado com a preservação do meio ambiente de Búzios, que não dê guarida à especulação imobiliária. Ou, quando será que teremos, pelo menos, um vereador ambientalista que lute pra preservar o pouco que nos restou.

Comentários no Facebook:
Ricardo Guterres Essa licença custou exatos R$ 1,800,000,00.......
Andreia Buzios Estão destruindo Búzios 
  
Laci Coutinho Pelo andar da carruagem, quando esse aparecer não teremos mais nada a preservar! Só acho!
Orlando Joaquim Cadê a secretaria do meio ambiente Estadual??? Cadê o MP???????? Isso tem que sair no JN ou no Fantástico, crime super ambiental!!!!


Saquarema tem o maior número de desemprego na Região dos Lagos em 2016

Saquarema perdeu 1.461 empregos formais no ano passado. Em segundo lugar, vem Araruama com 1.185 empregos a menos. Cabo Frio, em terceiro, perdeu 711. São Pedro da Aldeia, apesar de ter sido o único município da Região dos Lagos que iniciou o ano de 2016 com mais empregos formais que em 2015, perdeu 450 vagas ao longo do ano. Arraial do Cabo perdeu 171. Armação dos Búzios, 111. E Iguaba Grande, 3. Rio das Ostras, nossa vizinha, perdeu 2.085 empregos formais em 2016. 

A crise é séria. Muito séria mesmo. Ainda pior com gestores incompetentes.

Fonte: MTE    

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

É ilegal a cobrança de estacionamento em Búzios?

Cobradores de estacionamento,  foto buzios site s2way

Para entender o quiproquó da cobrança do estacionamento em Búzios relacionei um histórico em ordem cronológica das inúmeras ações judiciais tomadas pela Prefeitura de Búzios para mantê-la de pé. 

4 de dezembro 2014
Roberto Cavalcante dos Santos ingressa com Ação Popular em face do Município de Armação dos Búzios com pedido de liminar para suspender a cobrança de estacionamento pela empresa JG Estacionamento Ltda ME.
9 de dezembro 2014
Juíz da 2ª Vara da Comarca de Búzios concede liminar paralisando imediatamente a cobrança de estacionamento.
17 de dezembro de 2014

Decisão monocrática da Desembargadora Relatora Mônica Maria Costa da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro concede efeito suspensivo ao Agravo de Instrumento Interposto pela Municipalidade. ( Agravo de instrumento nº: 0066706-72.2014.8.19.0000) até o julgamento do mérito recursal.
26 de maio de 2015
A Oitava Câmara do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, julga o mérito doo Agravo de Instrumento nº: 0066706-72.2014.8.19.0000, cuja relatora era a Desembargadora Mônica Maria Costa, e, por unanimidade, nega provimento ao recurso do Município de Armação dos Búzios.
25 de junho de 2015
Prefeitura ingressa com Recurso Especial (0066706-72.2014.8.19.0000)
3ª vice-presidencia
19 de outubro 2015
Recurso especial não é admitido nos termos das Súmulas 7 do STJ e 284 e 735 do STF. Publique-se. Rio de Janeiro, 19 de outubro de 2015. Desembargador CELSO FERREIRA FILHO
 Terceiro Vice-Presidente
18  de dezembro de 2015
Plantão judiciário de 2ª Instância, concede liminar no dia 18.12.2015, às 22:10h

07 de janeiro de 2016
Autuado AGRAVO DE INSTRUMENTO - CÍVEL (Processo No: 0075480-57.2015.8.19.0000)

25 de Abril de 2016
Prefeitura desiste do recurso interposto. DECLARO EXTINTO O PROCEDIMENTO R
ECURSAL. Rio de Janeiro, 20 de abril de 2016. 
AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR 
Desembargador Relator
5 de março de 2016
Prefeitura perde AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 854.781 - RJ (2016/0025119-1)
RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DO STJ
"NÃO CONHEÇO do agravo. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 05 de março de 2016. MINISTRO FRANCISCO FALCÃO Presidente

06 de maio de 2016
Justiça de Búzios designa audiência para o dia 22/06/2016, às 14 horas. 

22 de junho de 2016
Justiça de Búzios (Juiz Dr. MARCELO ALBERTO CHAVES VILLAS),realiza audiência 
 DECISÃO: ´Anote-se a informação acima onde couber. Sobreste-se o feito pelo prazo de 30 dias, para que a empresa nesse período encaminhe ao Ministério Público uma proposta a partir da qual será realizada uma reunião com o autor da ação popular e posteriormente sendo levada ao Juízo os elementos para se viabilizar uma solução.
22 de junho de 2016
Justiça de Búzios: Sobrestamento/suspensão do processo
2 de agosto de 2016
Processo No: 0075682-34.2015.8.19.0000
RELATOR: DES. AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR
DECISÃO MONOCRÁTICA
Cassa o efeito suspensivo deferido pela Desembargadora de Plantão. Rio de Janeiro, 02 de agosto de 2016.
O presente agravo de instrumento foi interposto no plantão judiciário de 2ª Instância, no dia 18.12.2015, às 22:10h, sendo que a intimação da empresa agravante do teor da decisão agravada ocorreu em 10.12.2014, consoante mandado de intimação que acostou por cópia a esses autos, às fls.41/42 (doc.02). Como o recurso foi interposto somente quase após um ano de sua efetiva intimação, e não tendo a empresa recorrente deduzido qualquer justificativa para a referida demora, resta demonstrada a intempestividade.  ,  AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR Desembargador Relator

Em sua página no facebook Guilherme Novaes Moraes afirma "que há um ano e meio a taxa de estacionamento não pode ser cobrada". Existe algum recurso no TJ-RJ ou no STJ? Ele tem razão? Veja seu post:

"Em 25 de maio de 2015, a Oitava Câmara do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por unanimidade, negou provimento ao recurso do Município de Armação dos Búzios que pedia a suspensão da liminar proferida 09/12/2014 pelo juízo da 2ª Vara de Armação dos Búzios, e que havia suspendido o contrato 063/2014 celebrado entre a Municipalidade e a empresa JG Estacionamento LTDA (Búzios Summer Parking).

Isto significa dizer que há um ano e meio a taxa de estacionamento não pode ser cobrada. Esta informação pode ser confirmada por qualquer um que acesse o site www.tjrj.jus.br e consulte os processos do caso, a ação popular 005465-57.2014.8.19.0078 e o agravo de instrumento 0066706-72.2014.8.19.0000.

A Ação Popular continua tramitando na 2ª Vara de Búzios e nunca houve qualquer decisão que permitisse a retomada do contrato 063/2014 que permanece suspenso. A dificuldade de realização de buscas de novos contratos no site da prefeitura, não permite saber se houve novo contrato desde então, mas é certo que se houvesse seria de conhecimento geral.

O Município tenta ainda uma última cartada recorrendo para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o último movimento diz que o recurso foi negado pelo Relator. A pergunta que não quer calar é: Por que continuam cobrando pelo estacionamento?

A resposta é a seguinte: A empresa Búzios Summer Parking conseguiu fora do prazo uma liminar no plantão judiciário no dia 18/12/2015 no

agravo de instrumento nº 0075682-34.2015.8.19.0000,

em que concederam efeito suspensivo contra a liminar de suspensão do seu contrato de estacionamento proferida pelo juízo da 2ª Vara de Búzios. A Búzios Summer Parking tentou ganhar um recurso no “tapetão”, protocolando-o um ano após ser intimada da decisão, sendo que o prazo legal para recorrer é de 15 dias; fico surpreso como conseguiu alguma coisa no Plantão do Judiciário em dezembro de 2015.

A questão é que e em 02/08/2016 este agravo da Búzios Summer Parking foi julgado intempestivo pela

8ª Câmara Cível que, por sua vez, cassou a decisão do Plantão do Judiciário; desde então, o estacionamento em Búzios não pode ser cobrado e, digo mais, como houve a cassação da liminar do Plantão, por tratar-se de recurso protocolado fora do prazo, toda a cobrança de estacionamento desde

25/05/2015 é indevida (data do julgamento do 1º agravo proposto pela Prefeitura). Por isso, há a possibilidade de que os usuários ajuízem ações de cobrança contra a Prefeitura e a Búzios Summer Parking a fim de se ressarcirem".  

Curiosidades descobertas no processo:
1) O contrato em voga pelo prazo de dez anos envolve valor global de mais de quarenta milhões de reais e a caução prestada pelo concessionário é de pouco mais de quatrocentos mil reais, através de fiança bancária. 
2) Houve um único licitante habilitado e outro que foi inabilitado, portanto, uma única proposta julgada pela qual a municipalidade ficaria com apenas 15,1%, aparentemente, do valor arrecadado pela concessionária. 
3) O concessionário é uma microempresa com capital social bem inferior ao valor global do contrato
4) A empresa concessionária do serviço gera a partir da avença em tela, cento e vinte e sete empregos diretos na cidade de Armação dos Búzios. 

Comentários no Facebook:
Satyro Edmilson que safados ... agora tomara que o Juizes deem um grande agravo de valores sobres estes extelionatarios. e nao valores de hum mil reias ...... pois os prejuizos tem que ser pezados nos bolsos destes .


terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Acreditem: temos serviço de poda de árvores em Búzios!!!

Serviço de poda realizado na minha rua, ontem (23)

Ontem (23) minha rua foi agraciada com o serviço de poda de árvore da prefeitura de Búzios. Data pra ser lembrada e comemorada, pois moro em Búzios há 16 anos e nunca vi nenhuma poda ser feita em árvores situadas na minha rua ou ruas próximas. A ser mantido esse ritmo deverão voltar em 2033. Aguardo.

Eram quatro funcionários, incluindo o motorista do caminhão. Chegaram sem dizer nada. Cada um deles escolheu aleatoriamente uns galinhos secos de arvores para cortar. Cortaram até galhos de uma árvore próxima ao meu muro que eu preservava pra ter sombra pra guardar meu carro. Fiquei p da vida. Como chegaram, foram embora. Sem dizer nada.

Nestes 16 anos que moro em Búzios, as árvores da minha rua foram podadas apenas três vezes. Todas elas pela AMPLA, sempre que seus galhos encostavam na fiação da empresa.

Não consigo entender porque o serviço de poda de árvores é terceirizado em Búzios. Em 1º de Outubro de 2009, o site Comunica Búzios  da Prefeitura de Búzios informa que a Secretaria de Serviços Públicos e a concessionária de energia elétrica através de uma parceria estava realizando a poda de árvores em Búzios.

– Frente à necessidade que tínhamos de podar as árvores, principalmente do Centro, conversamos com a Ampla que gentilmente se prontificou a realizar esta tarefa com equipe especializada. Nós da Prefeitura participamos recolhendo os galhos com caminhão – diz o secretário de Serviços Públicos Henrique Gomes. ("comunicabuzios")
Assim como em Búzios, em Cabo Frio, o serviço também era feito pela Prefeitura. Uma autarquia municipal- a Comsercaf- era responsável pelo serviço. 
Qual não foi a minha surpresa ao me deparar no ano seguinte com o extrato do contrato feito com a empresa ANEMAG SERVIÇOS DE CONSERVAÇÃO LTDA para "serviços de poda de árvores nas redes baixas e próximos aos braços de iluminação em todo o município" no valor de R$ 78.514,50 pelo prazo de 5 meses. Custo mensal R$ 15.702,90
Poda Mirinho, BO de 30/12/2010 

Mais ainda, qual não foi meu espanto ao me deparar com o comentário à minha postagem feito no Facebook por Carlos Alberto Guidini, mais conhecido como Gaúcho: 
Carlos Alberto Guidini OPS!!!, TEM ALGO DE PODRE NO REINO DA DINAMARCA, FUI COORDENADOR DE PARQUES E JARDINS NO GOVERNO PASSADO E NUNCA SOUBE DA EXISTÊNCIA DE UMA EMPRESA CONTRATADA PARA SERVIÇOS DE PODA. QUEM SE ARREBENTAVA ERA EU, O CINEI E O ANJINHO...
Em qualquer município sério minha postagem teria provocado um escândalo de enorme dimensões. Mas nada, tudo ficou por isso mesmo. 

No post questiono: não sairia mais barato a própria prefeitura fazer a phoda?

E o espanto prossegue. Em 2011, publiquei o post "É Phoda 1" onde relatava que "a Prefeitura de Búzios, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca, fará realizar Concorrência Pública, "do tipo menor preço global", no dia 14 de  Dezembro de 2011, às 14:00 hs, com o objetivo de "contratação de empresa a fim de executar os serviços de phoda de árvores em todo o Município de Armação dos Búzios".  Ficou estabelecido como valor máximo da licitação o absurdo valor de R1.214.400,00 (hum milhão e duzentos e quatorze mil e quatrocentos reais). O que dá o estratosférico R$ 101.200,00 por mês. Vai faltar árvore para tanto dinheiro! 

Felizmente a saudosa ONG Ativa Búzios conseguiu parar o escândalo, ou melhor, a licitação. A presidente da ONG Mônica Werkhauser chegou a postar comentário a esse respeito no Facebook do blog ("ipbuzios").

Entretanto o espanto tornou-se pânico quando encontro no Portal da Transparência, já no governo André, no dia 14 de junho de 2013, empenhos no valor de R$ 638.206,58 em favor da empresa M.M.R CONSTRUÇÕES, SERVIÇOS e EVENTOS LTDA, contratada por 8 meses para realizar o "serviço de poda em árvores de pequeno e grande porte". Ou seja, uma empresa estava abocanhando R$ 79.775,82 por mês por um serviço que poderia ser feito pela própria prefeitura, e que no governo Mirinho se pagava R$ 15.702,90 por mês, desnecessariamente.

Poda André,  Portal da transparência da Prefeitura de Búzios, junho de 2013

A coisa é tão grave que nem mesmo encontrei nos Boletins Oficiais o extrato anterior do contrato 047/2013 do processo administrativo originado do pregão presencial 019/2013. Não encontrei, só fui descobrir depois, porque esta era uma das 20 licitações para as quais não foram publicados os respectivos AVISOS DE LICITAÇÃO, conforme apurado pela CPI do BO. Era licitação dirigida para amigos do Prefeito. Caso para MP, TCE e Justiça.

Além de tudo o que foi dito, para concluir, no BO 668, de 27/11/2014, o governo municipal (Dr. André) não teve o mínimo pudor em publicar: 

um aditamento de prazo e valor ao contrato 047/2013 (processo administrativo: 6598/2013). Aos estratosféricos R$ 638.206,58 que a afortunada empresa MMR Construções Serviços e Eventos Ltda ME já recebia, foram acrescidos R$ 157.635,93, totalizando R$ 795.842,51, por mais 8 meses de prorrogação do contrato. Isso dá R$ 99.480,31 por mês por um "serviço" que no governo Mirinho Braga saía por R$ 15.702,82. 

Boletim Oficial 668, 27/11/2014

Os senhores (e senhoras) vereadores do G-5 bem que poderiam acabar com a farra, ou melhor com a phoda em Búzios. Basta que convoquem uma CPI das Licitações para investigar a MMR e as outras empresas já identificadas pela CPI do BBO. Que tal?    

Hoje, mesmo com a redução do valor do contrato, resultado da crise econômica-financeira do município, estamos pagando quase 80 mil mensais por um serviço que a própria prefeitura poderia fazer. Veja o empenho de agosto do ano passado extraído do site da transparência da Prefeitura.

Data: 25/08/2016
Processo: 000/06598/13
Empenho: 000636
Credor: M.M.R CONSTRUCOES, SERVICOS E EVENTOS LT - 9094
Valor: R$ 78.908,68
CONTRATO N.º 47/2013 DOS SERVIÇOS DE PODA EM ÁRVORES DE PEQUENO E GRANDE PORTE NOS LOGRADOUROS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO, RELATIVO A 01 MÊS NO EXERCÍCIO DE 2016.

Observação: me responda leitor, quantas vezes fizeram poda em árvores nas imediações de sua casa? 

Ver postagens:


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O jornalismo em Búzios, assim como a política, também é pornografia pura

Tito Rosemberg já disse que a política em Búzios é pornográfica. E ele tem razão. Mas não é só a política. Tudo o que está relacionada a ela também o é. E nada mais relacionado à política do que o jornalismo feito no município. E, como tal, também é pornográfico. Lembrei-me recentemente de um fato antigo que confirma o dito. Relato.

Um jornalista- se é que se pode chamar de jornalista uma pessoa que tome uma atitude dessas- convida um político da cidade para bater um papo em sua casa. O político ocupava na ocasião um cargo comissionado na secretaria de um amigo seu. Por sinal, uma das mais importantes secretarias do governo de então. A conversa rola com o anfitrião fazendo uma série de perguntas sobre o prefeito. Sem desconfiar de que a conversa pudesse estar direcionada, acreditando estar participando de um papo privado, entre duas pessoas apenas, o convidado solta a sua alma e fala o que verdadeiramente acha do prefeito como político e pessoa. Até porque se ele devia gratidão a alguém, devia ao secretário e não ao prefeito, pois foi o primeiro que o convidou para o cargo. Por sinal, não se sabia quem mandava na prefeitura de fato, se o secretário ou o prefeito oficial. 

Concluída a conversa, o político retorna ao seu local de trabalho. Imediatamente é chamado à sala do secretário todo-poderoso que exibe para ele a gravação de toda a conversa que havia tido com o "jornalista". Qual não foi seu espanto ao saber que seu prosa fluíra por um celular propositadamente deixado ligado em linha direta com o prefeito, que teve apenas o trabalho de apertar o botão REC de seu gravador.  

Diante do fato, apesar de todo-poderoso, o secretário disse que não pode fazer nada por ele, que a demissão era inevitável. O que foi feito imediatamente pelo prefeito. Meu amigo passou maus bocados por um bom tempo por causa disso.

O "jornalista" ainda está em Búzios. Encontro com ele poucas vezes. O meu amigo demitido, acertadamente, o chama de verme. Como tal, sua presença me provoca nojo.  

Articulações políticas em curso

Fontes seguras me garantem que o G-5 estaria articulando-se com setores econômicos ligados à pequena especulação imobiliária da península (construtora de casas geminadas, pombais) para tirar o prefeito André do cargo. A aproximação do grupo com os especuladores teria sido feita pelo ex-vereador Leandro, representante político de longa data do setor e irmão do vereador do G-5 Josué. Lembrem-se que Alexandre Martins, representante político da pequena especulação buziana, tem dois vereadores eleitos por sua coligação no Grupo dos 5. 

O suporte fornecido pelos especuladores imobiliários permitiria que o G-5 criasse uma base firme e sólida  para uma longa luta de desgaste do governo. Uma das primeiras  iniciativas do grupo seria a instalação da CPI das Licitações, desdobramento natural da CPI do BO, que teria identificado vinte licitações fraudadas pelo atual governo. 

Instalada a CPI para investigar os malfeitos do governo passado de Dr. André, seria feita uma intensa fiscalização das ações do seu governo atual, com visitas a órgãos públicos, tais como hospital, postos de saúde, escolas, etc, com  o objetivo de desgastá-lo politicamente, minando sua base de apoio social. 

Dessa forma, acreditam os vereadores do G-5 que nesse quadro de isolamento político e social do governo, não seria impossível obter o apoio de mais um vereador da Casa Legislativa para a cassação do prefeito, alcançando os 6 votos necessários, e tampouco a adesão do atual vice-prefeito ao projeto. 

A ideia de uma Câmara de Vereadores atuante e fiscalizadora merece de nós todo apoio. A instalação de uma CPI para investigar as 20 licitações fraudadas descobertas pela CPI do BO é defendida pelo blog desde que esta encerrou seus trabalhos com a apresentação de seu relatório final. Mas apoiar o retorno ao Poder da pequena especulação imobiliária construtora de pombais é outra conversa. Não sei qual dos dois governos faria mais mal à cidade, se o atual, apoiado pela grande especulação imobiliária (recorde-se que Otavinho foi seu maior doador),  ou se o resultante dessa articulação do G-5? Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come! Coitada de ti Búzios!

Meu comentário:

É preciso ficar claro que em nenhum momento eu disse que já há acerto com algum vereador da base parlamentar do governo André. Muito menos acerto com o vice-prefeito Henrique Gomes. Eu disse que os vereadores do G-5 "acreditam (ou devem acreditar) que não seria difícil obter o apoio" ... Como dizia Garrincha, falta combinar com os russos. Mas é óbvio que para derrubar o prefeito precisa-se do voto de mais um vereador, e este se encontra do lado da situação. Mais óbvio ainda é o fato de que não se pretende derrubar o prefeito pra colocar no seu lugar o vice.  Alguém terá, em algum momento, que ser cooptado. Se vai ser ou não, é outra conversa.    

Comentários no Facebook:
Rosana Alves Vieira Seria Búzios como algumas mulheres.... Muito bonitas mas ...


Milton Da Silva Pinheiro Filho Situação tensa Luiz.Ou a população da cidade acorda para as realidades,ou realmente não haverá cidade para abrigar quem pensa.Espero sinceramente que nosso entoar Republicano possa em algum momento ser ouvido.Búzios falece na insensatez dos interesses obscuros,insanos e pessoais.Lamentável.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Mulheres marcham contra Trump pelo mundo

Mulheres marcham contra Trump pelo mundo, foto jornal O Globo
Em Washington, manifestantes lotam National Mall para protesto feminista contra Donald Trump  foto JONATHAN ERNST,  REUTERS
Foto CNN, 1
Foto CNN, 2
foto CNN, 3

Quem morreu lá fomos nós

A “barbárie” é o serviço sujo que atende ao desprezo que a alma deste país escravocrata tem pela “ralé”

"A pane geral dos presídios brasileiros foi noticiada com palavras fortes: chacina, morticínio, barbárie, selvageria, matança, carnificina, massacre, horror, facínoras, bestialidade. É compreensível, pois é justo. Num país onde vigora a injustiça institucionalizada, ao menos as palavras do noticiário foram justas. A explosão (palavra forte) de violência (outra palavra forte) nos cárceres do Amazonas e de Roraima, com pilhas de cadáveres decapitados e desmembrados, num número total de 91 mortos, sem contar os sepultamentos clandestinos que vêm sendo encontrados dentro das prisões, não poderia ser descrita em termos amenos e átonos. No sistema penal do Brasil, nada do que nos torna humanos permanece de pé. Nas celas deste país, não há mais diferença moral entre ratos e homens (para fechar o parágrafo com outra imagem forte).
O problema dessas palavras, dessas imagens por demais abrutalhadas, hiperbólicas e contundentes é que elas atordoam o pensamento, mais ou menos como um terremoto impede os gestos milimétricos de um artista que desenha uma orquídea com traços a nanquim. A linguagem tonitruante, como a dinamite, pode ser ouvida de longe, mas destrói os fios que tecem a lógica e as antenas que dão vida à sensibilidade. O vocabulário flamejante queima os ouvidos e dói na pele, sem dúvida expressa um grito de indignação legítima, mas não raciocina, não convida à reflexão. Traduz com intensidade dramática o que nos ultraja, mas não nos leva a entender por que o que nos ultraja aconteceu, segue acontecendo e ainda acontecerá tantas vezes.
As palavras fortes causam um efeito imediato, sensacional, retumbante – mas não vão além. Se quisermos – e precisamos querer – ir além, se quisermos compreender o incompreensível, temos de ter a coragem de encarar ideias menos óbvias, menos fáceis. Temos de olhar menos para “eles” – sejam “eles” os mortos ou seus algozes – e temos de olhar mais para nós. Se fizermos esse esforço, veremos algo que nos assusta e nos envergonha. Veremos que quem morreu agora nessas prisões do Norte – e no Carandiru, em 1992, e na Casa de Custódia de Benfica, em 2004, e no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em 2010 – não foram “eles”, mas fomos nós. Não foram meramente aqueles de quem se diz “não são santos”. Foi uma parte de nós. É a nossa própria humanidade, a minha e a sua, que morreu ali. É a nossa sociedade, uma dimensão dela. É o nosso futuro.
Pelas mesmas razões, os assassinos daqueles homens trancafiados pelo Estado também não foram outros “eles”, os tais “facínoras” das facções criminosas organizadas, mas fomos nós, também. As cadeias concentram a mentalidade e os valores (ou a falta de valores) da sociedade que delas se serve. É mais do que hora de admitirmos: somos nós que matamos e morremos nos cárceres do Brasil.
Um secretário da Presidência da República (secretário nacional da “juventude”, imagine só) foi flagrado em vilipêndio contra os assassinados, dizendo que muitos mais deveriam ter a mesma sina. Perdeu o posto, é verdade, mas não por pensar como pensa, e sim por ter dito o que pensa em lugar inadequado. O que ele pensa, nós sabemos muito bem, é o senso comum continental. É possível que você tenha recebido mensagens nas redes sociais, de gente que você conhece e até gosta, proclamando que bandido tem mais é que morrer. Aí está a face da pulsão de morte que se realiza nas penitenciárias.
Os “massacres”, as “carnificinas” são a realização desse desejo. É triste, é muito triste dizer isso, assim, a seco, mas a “barbárie”, a “selvageria”, o “horror” são o serviço sujo que atende ao desprezo que a alma deste país escravocrata tem pela “ralé”, pela senzala, pela “escória”. As prisões do Brasil são o pelourinho gradeado, são a antecipação do inferno, porque nós as fizemos assim. Sempre foram medievais, embora isso só tenha incomodado as autoridades mais recentemente, quando foi ficando claro que algumas delas poderiam fixar residência, ainda que temporária, dentro delas.
Quanto a nós, sejamos ou não autoridades, sejamos ou não políticos suspeitos, sejamos ou não indiciados, saibamos que aqueles presos esquartejados, sem rosto, sem história, sem visibilidade, todos “eles” somos nós, assim como somos, também, uma fibra do braço que os assassinou. Os cárceres no Brasil não ficaram assim porque o Brasil se descuidou deles. Ficaram assim porque o Brasil os desejou visceralmente – e construiu cada um deles, um por um, para negar o que somos, para extirpar o que somos, para sumir com o corpo que somos nós".
EUGÊNIO BUCCI