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Manifestação das mulheres de Búzios, Orla Bardot, 8 de março, foto prensadebabel |
"Por
um feminismo para os 99% e uma greve internacional militante em 8 de
março! Este foi o tom da manifestação de mulheres, em Búzios,
alinhado ao manifesto lançado por Angela Davis e Nancy Fraser,
ativistas norte-americanas, e das mulheres de 40 países que aderiram
à greve por um dia de luta e reflexão, sem serviços domésticos,
sem trabalho e sem sexo.
O
coletivo Mulheres pela Segurança de Búzios responsável pela
organização da greve, às 5 da manhã, já estava nas ruas colando
cartazes e fazendo intervenções pela cidade. Às 12h30, empunhando
faixas, cartazes e com batom vermelho na boca, em forma de cruz,
prestou uma homenagem às mulheres ainda silenciadas pela violência.
Sob o forte sol, saíram do Colégio Estadual João de Oliveira
Botas, em direção à Estrada da Usina, passaram nas Secretarias de
Segurança Pública e Educação, Prefeitura, Colégio Municipal
Paulo Freire, 127ª Delegacia de Polícia e Biblioteca Municipal.
Seguiram elas em direção à Praça Santos Dumont, onde, em
meio a discursos e manifestações, poesia e boa música, com a
temática feminina, foram colhidos depoimentos de mulheres que já
sofreram algum tipo de abuso e violência.
Não
menos importante, foi o lançamento, com recursos do próprio
coletivo e em tempo recorde, de uma cartilha intitulada “Greve
Internacional de Mulheres”, distribuída ao longo da passeata e na
Praça Santos Dumont. Registre-se que a cartilha foi muito bem
recebida, inclusive, por homens que, surpreendentemente, abordaram as
feministas e mostraram-se bastante interessados no material e no
movimento.
Mas
o que seria um feminismo para os 99%? Está diretamente relacionado à
distribuição de renda, no Brasil, e mundo afora, em que uma
população de 1% detém 50% das riquezas mundiais e 99% da população
fica com a outra metade. É injustiça que não acaba mais.
Com
isso, anuncia-se um novo feminismo internacional, com agenda
expandida, em que a luta heterogênea pelos direitos da mulher lança
luz às lutas da mulher trabalhadora, da desempregada, de diferenças
salariais, somando-se, desta forma, aos direitos dos excluídospor
modelos econômicos neoliberais e imperialistas que impõem a
mulheres e homens os prejuízos da alta concentração da renda.
Violência
sexual, estupro, lesão corporal por violência doméstica, pauta
clássica do movimento feminista, são problemas que fazem de Búzios
uma das cidades mais violentas do Estado. Os protestos contra o
feminicídio, a misoginia; a defesa dos direitos reprodutivos e
seguros e o posicionamento por uma sociedade anti-rracista,
anti-imperialista, anti-heterossexista não ficaram de fora.
As
“Mulheres pela Segurança de Búzios” nunca falaram tão sério.
Já têm uma pauta de atuação permanente com o objetivo de
colaborar com a prevenção e a conscientização de todos sobre a
importância de construirmos uma sociedade livre da opressão, da
violência e fundada no respeito, na solidariedade e amorosidade
entre todos".
Por Cristina Pimentel e Luisa Barbosa