Capa da revista Crusoé |
Dia
11/04/
Exclusivo:
o codinome de Toffoli, segundo Marcelo Odebrecht
Os
repórteres Rodrigo Rangel e Mateus Coutinho, da Crusoé,
tiverem acesso exclusivo a uma informação que chegou às mãos da
Lava Jato. Marcelo Odebrecht revelou aos investigadores o
codinome que usava para se referir ao ministro José Dias Toffoli,
presidente do STF, na empreiteira. PGR recebeu informação de
Toffoli em fevereiro
O
Antagonista apurou
que Raquel Dodge recebeu
em fevereiro a informação da Lava Jato
sobre a troca de emails de Marcelo Odebrecht mencionando o “amigo
do amigo do meu pai”,
como revelou a Crusoé.
A PGR nega ter sido informada.
12/04/
“Vocês
fecharam com o amigo do amigo do meu pai?”
Na
última terça-feira, diz a Crusoé,
um documento
explosivo
enviado pelo empreiteiro-delator Marcelo Odebrecht foi juntado a um
dos processos da Lava Jato que tramitam na Justiça Federal de
Curitiba. As nove páginas trazem esclarecimentos
que a PF havia pedido a ele,
a partir de uma série de mensagens eletrônicas entregues no curso
de sua delação premiada. A primeira dessas mensagens foi enviada
pelo empreiteiro em 13
de julho de 2007
a dois altos executivos da Odebrecht, Irineu Berardi Meireles e
Adriano Sá de Seixas Maia. Marcelo Odebrecht pergunta aos dois:
“Afinal
vocês fecharam com o amigo do amigo do meu pai?”.
Ministros
chocados e pasmados com Dias Toffoli
Um
ministro do STJ disse a Josias de Souza que ficou “chocado”
com Dias Toffoli. E um ministro do STF disse que ficou “pasmado”.
Não, eles não se referiam ao fato de que Dias Toffoli era tratado
por Marcelo Odebrecht como “amigo
do amigo do meu pai”,
como revelou a reportagem da Crusoé.
Eles ficaram “chocados” e “pasmados” porque Dias Toffoli
aceitou participar de um encontro
do Conselho de Ministros Evangélicos, no Rio de Janeiro.
Odebrecht:
“‘Amigo do amigo de meu pai’ se refere a José Antonio Dias
Toffoli”
A Crusoé conta
que a Lava Jato pediu esclarecimentos a Marcelo Odebrecht sobre a
identidade do “amigo do amigo do meu pai” citado num de seus
e-mails. Ele respondeu:
“(A
mensagem) Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU
sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio Madeira. ‘Amigo
do amigo de meu pai’ se refere a José Antonio Dias Toffoli”.
AGU é a Advocacia-Geral da União. Dias
Toffoli era o advogado-geral em 2007.
Amigo
julga Amigo
O
“amigo do amigo” pode julgar o “amigo”? Em outras palavras:
Dias
Toffoli pode julgar Lula no STF, sobretudo em casos envolvendo a
Odebrecht?
“Lula
prometeu compensar Odebrecht em dobro”
A Crusoé informa
que, ao explicar suas mensagens para a Lava Jato, Marcelo Odebrecht
não envolveu apenas Dias Toffoli, o
“amigo do amigo” de seu pai.Ele
envolveu também Lula, o
“amigo” de seu pai.
Ao se referir à decisão da empresa de abrir
mão de um contrato de exclusividade com seus fornecedores no
processo de licitação da usina de Santo Antônio,
Marcelo afirma que a medida foi adotada a partir de uma conversa
privada entre Lula e Emílio Odebrecht. Diz ele: “Esta
negociação foi feita entre Emílio Odebrecht e o presidente Lula
(‘amigo
de meu pai’)
que prometeu compensar a Odebrecht em dobro (de alguma forma que só
Emílio Odebrecht pode explicar)”.
“É
mais um fato grave que exige apuração rigorosa”
O
senador Alessandro Vieira disse a O
Antagonista que
a revelação do codinome de Dias Toffoli por Marcelo Odebrecht é
mais uma prova de que a CPI
da Lava Toga precisaria ser instalada. “É
mais um fato grave que exige apuração rigorosa.”
Na
última quarta-feira, a
CCJ arquivou o requerimento de criação da CPI,
o que tende a ser
confirmado no plenário.
O próprio autor do pedido reconheceu que será muito difícil
reverter o resultado do colegiado, mas antecipou que poderá colher
assinaturas para uma terceira
tentativa de instalar a comissão.
Amigos
dos amigos dos amigos
O
caso revelado pela Crusoé é
explosivo, porque envolve o
presidente do STF,
a
maior empreiteira do Brasil,
um contrato
para uma usina hidrelétrica
e um presidente
da República
preso por recebimento de propina. Até agora, porém, a
imprensa está calada,
assim
como a PGR,
embora Dias Toffoli, o
“amigo do amigo”,
possa julgar
seu amigo Lula
e o empreiteiro
amigo de seu amigo, Emilio Odebrecht.
O Brasil já explodiu.
Codinome
com contrassobrenome
Se
a Crusoé é
uma ilha no jornalismo, José Nêumanne é uma ilha no colunismo. Ele
escreveu: “Marcelo Odebrecht, em prisão domiciliar no Morumbi,
contou à Polícia Federal que o “amigo
do amigo do meu pai”,
uma espécie de codinome com contrassobrenome, tem identidade e
endereço reais e bem conhecidos da Polícia Federal: é José
Antônio Dias Toffoli,
presidente do STF.
Ao
fazê-lo, conforme revelou Crusoé de O
Antagonista,
o empreiteiro/corrupteiro esclareceu
e-mail que passou para dois executivos sobre tratativas para liberar
hidrelétricas no Rio Madeira em 2007,
época em que o nobre ministro era advogado-geral da União no
primeiro governo Lula.”
Carvalhosa
pedirá impeachment de Toffoli com base em reportagem da Crusoé
É
o que informa Diego Amorim. Modesto Carvalhosa vai apresentar ao
Senado um
novo pedido de impeachment do ministro Dias Toffoli,
com base na reportagem da Crusoé. Para o jurista, o atual presidente
do STF “não
tem condições de se manter no cargo diante dessas informações
gravíssimas”.
Amigo
do amigo não responde
Nesta
quinta-feira, a Crusoé perguntou
a Dias Toffoli que
tipo de relacionamento ele manteve com os executivos da Odebrecht no
período em que chefiava a AGU
e, em especial, quando a empreiteira tentava vencer o leilão para a
construção das usinas hidrelétricas no rio Madeira. Até agora,
ele não respondeu.
Amigo
do Amigo
“Amigo
do amigo” é o assunto
mais comentado do Twitter. Só
Dias Toffoli não comenta. E os colegas de Dias Toffoli no STF. E o
resto da imprensa. E quase todos os políticos.
O
STF vai reagir
Nos
corredores do Senado, há uma certeza depois da reportagem de hoje
da Crusoé:
o STF vai intensificar seus movimentos nos bastidores para barrar
pedidos de impeachment de ministros e qualquer possibilidade de a CPI
da Lava Toga vingar.
Alexandre
de Moraes
evita comentar reportagem da Crusoé sobre Dias Toffoli
A
revista Exame publica que o ministro Alexandre de Moraes evitou
comentar a reportagem da Crusoé sobre
o codinome usado por Marcelo Odebrecht para referir-se a Dias
Toffoli, quando o atual presidente do STF era AGU no governo Lula —
“o amigo do amigo de meu pai”. “Não
tive conhecimento da revista, destas reportagens”, disse o
ministro.
O
Antagonista mantém informação negada pela PGR sobre Toffoli
A
PGR acaba de divulgar em seu site a seguinte nota: “Ao
contrário do que afirma o site O
Antagonista,
a Procuradoria-Geral da República (PGR) não
recebeu nem da Força-Tarefa Lava Jato no Paraná
e nem
do delegado que preside o inquérito 1365/2015
qualquer informação que teria sido entregue pelo colaborador
Marcelo Odebrecht em que ele afirma que a descrição
‘amigo do amigo de meu pai’
refere-se ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias
Toffoli.”
O
Antagonista mantém
a informação.
“Mais
uma razão para instalar a CPI da Lava Toga”
Lasier
Martins, que assinou os dois requerimentos para instalação da CPI
da Lava Toga — ambos sem êxito, até aqui –, disse a O
Antagonista que
a reportagem da Crusoé sobre
o “amigo
do amigo de meu pai” é
mais uma razão para que a comissão saia do papel.