Hospital da Mulher, em Cabo Frio, foi alvo de várias denúncias de negligência médica — Foto: Paulo Henrique Cardoso/Inter TV |
Hospital
está sob nova direção após as mortes
de 26 bebês registradas na unidade desde novembro de 2018.
Alerj
e Câmara
Municipal
abriram CPI's e também apuram os casos.
O
promotor de Justiça Rafael Dopico da Silva, do Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ),
abriu nesta terça-feira (9) um inquérito para apurar as mortes de
26 recém-nascidos no Hospital
da Mulher de Cabo Frio.
Duas
comissões parlamentares de inquérito (CPI's), uma
na Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)
e outra na
Câmara
de Vereadores de Cabo Frio,
também apuram os casos registrados desde novembro de 2018 na
unidade.
As investigações resultaram no afastamento da direção do hospital no dia 22 de março.
As investigações resultaram no afastamento da direção do hospital no dia 22 de março.
A CPI
DO HOSPITAL DA MULHER OUVIRIA O SECRETÁRIO DE SAÚDE DE CABO FRIO E A GESTANTE QUE PERDEU O BEBÊ no dia de ontem (9), mas devido às fortes chuvas que caíram na cidade, os depoimentos foram transferidos para a próxima terça-feira (16). Segundo a presidente da CPI, deputada Renata Souza (PSol), a comissão
já está em contato com a família do bebê morreu no Hospital da Mulher no último final de semana. Desde o início do ano, 17 bebês
morreram no local. Na semana passada, logo após serem ouvidos pela
CPI, Lívia Natividade, que ocupava o cargo de diretora, e Paul
Hebert Dreyer, seu marido e ex-diretor geral do hospital, foram
afastados ("ALERJ").
O
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Hospital da
Mulher, vereador Ricardo Martins (SD), recebeu no final da tarde
desta terça-feira (9) o pai e a avó do bebê que nasceu morto e foi
enterrado como indigente sem autorização da família em Cabo Frio.
De
acordo com o presidente da comissão ofícios serão enviados aos
novos diretores da unidade hospitalar, solicitando todos os registros
de atendimento da paciente, que perdeu o bebê no último sábado
(06), e informações sobre quem autorizou o sepultamento da criança
sem a autorização dos pais.
Ainda
de acordo com o presidente da CPI, os responsáveis de plantão –
médicos, assistentes sociais – os responsáveis pela indicação
da funerária, e o coveiro responsável pelo sepultamento da criança
serão convocados para prestar esclarecimentos a Comissão
Parlamentar. ("Câmara de Vereadores de Cabo Frio")
Nesta
terça (9), foi anunciada a nova equipe que vai administrar o
hospital. A ginecologista e obstetra Tânia
Lydia Matosinhos Lowen Pires
é a nova diretora geral; Cristina
do Vale Faria,
também ginecologista e obstetra, ocupa o cargo de diretora técnica,
e a fisioterapeuta Simone
Sant'Anna
atua como a nova diretora administrativa da unidade.
Segundo
a Prefeitura, todas as profissionais têm vasta experiência na
administração pública.
Solicitações
do MP
O
documento expedido nesta terça pelo MP dá cinco dias úteis para
que a Secretaria de Saúde de Cabo Frio informe
o número de óbitos ocorridos no Hospital da Mulher desde novembro
de 2018,
com a indicação
dos nomes e endereços das pacientes envolvidas.
O
MP também pede os nomes
dos médicos que prestaram os atendimentos
que terminaram em mortes. A promotoria quer saber ainda se os
médicos envolvidos nos casos mantém vínculo com o hospital
e quais providências estão sendo tomadas para a apuração
do número de mortes.
O
promotor também solicitou que a Alerj
e a Câmara
de Vereadores de Cabo Frio
enviem relatórios
das CPI's que investigam os casos
para que haja uma cooperação entre os órgãos.
Por
meio de nota, a Prefeitura de Cabo Frio afirmou que vai fornecer
todas as informações que possam ser solicitadas pelos órgãos para
esclarecer todos as dúvidas que possam surgir, não só com relação
a Saúde, mas em todos os setores da administração pública.
Informou também que a
atual gestão preza pela transparência.
O G1 também
entrou em contato com a Câmara de Vereadores e a Alerj e aguarda um
retorno.
Última
denúncia na unidade
A
última morte de bebê registrada na unidade aconteceu no sábado
(6). Arthur
da Silva Barbosa Machado nasceu morto.
A família acusa a equipe médica de negligência. Segundo eles, os
médicos foram acionados, mas decidiram que o
parto deveria esperar.
Daniele
da Silva Machado, mãe de Arthur, também disse ter recebido
tratamento
rude por parte do médico,
que teria falado que a criança
nasceria igual a um pit-bull
porque ela estava "toda nervosinha".
Arthur
ainda foi enterrado
como indigente
e desenterrado para que a família pudesse vesti-lo e fazer um
sepultamento digno.
Fonte:
"G1"