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quarta-feira, 15 de novembro de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
ELES VÃO JULGAR LULA
Desembargadores Paulsen, Laus e Gebran, foto TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO |
Quem
são os desembargadores responsáveis pelo futuro do ex-presidente
condenado na Lava Jato
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pela primeira vez no âmbito
da Operação Lava Jato. Nesta quarta-feira, o juiz federal Sérgio
Moro sentenciou Lula a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes
de corrupção e lavagem de dinheiro no caso
do tríplex do Guarujá.
Agora, todas as atenções da defesa do ex-presidente se voltam para
o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, onde são julgados os
recursos dos réus de Curitiba. No dia 27 de junho, o TRF4 derrubou
uma sentença de Moro. A decisão livrou de uma pena de prisão de
quinze anos e quatro meses o ex-tesoureiro do Partido dos
Trabalhadores João Vaccari Neto, acusado de corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e associação criminosa. A sentença favorável
a Vaccari é o fio de esperança ao qual se agarra o ex-presidente.
Lula
percorrerá o mesmo caminho de Vaccari: tentar sensibilizar o
Tribunal a proferir sentença semelhante àquela dada ao
ex-tesoureiro petista, inocentado por conta de provas “insuficientes”
e “baseadas apenas em delações premiadas”, como descrito na
sentença. Como se diz popularmente no Rio Grande do Sul – o TRF4 é
sediado em Porto Alegre –, no entanto, a decisão de livrar Vaccari
da cadeia foi uma das poucas “moscas brancas”, e portanto raras,
paridas pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro
Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus.
Desde
o começo da Lava Jato, a turma vem derrubando recursos em sequência
e confirmando a maioria das decisões condenatórios vindas da
primeira instância, assinadas por Moro em Curitiba. Em alguns casos,
as penas são até mesmo aumentadas. No mesmo julgamento do
ex-tesoureiro do PT, a corte de segunda instância incrementou a pena
do ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, que era de
vinte anos e oito meses, para quase 44 anos.
A
caneta pesada dos magistrados gaúchos espera por Lula também como
ingrediente de um caldo eleitoral. Caso a sentença seja confirmada
no TRF4, ele ficará inelegível por conta da lei da Ficha Limpa, e
será impedido de disputar as eleições de 2018.
Os
advogados do ex-presidente preferem não tocar no assunto, mas já se
preparam para o pior desfecho diante do histórico da corte, com
prognóstico até mesmo de aumento de pena. Até o final de abril
deste ano, a 8ª Turma já havia analisado 365 pedidos de habeas
corpus relacionados à Lava Jato, feitos com o objetivo de
permitir que os réus respondam aos processos em liberdade. Apenas
quatro foram concedidos. A mesma tendência se verifica nos pedidos
de absolvição – vinte e três foram analisadas no mesmo período,
e somente cinco, incluindo a de Vaccari, foram favoráveis aos réus.
Em pelo menos 16 casos, em vez de absolver, os desembargadores
aumentaram as penas, a exemplo do caso de Renato Duque. O resultado
representa o fim da linha para os réus da Lava Jato. Desde o ano
passado, o Supremo Tribunal Federal prevê que a condenação em
segunda instância já é suficiente para colocá-los na prisão,
mesmo quando ainda existe possibilidade de recursos.
Um
mês antes do julgamento que absolveu Vaccari, numa tarde gelada e
chuvosa de quarta-feira, uma sessão no TRF4 mostrou-se emblemática
sobre o que espera a defesa de Lula nos próximos meses. Naquele dia,
o Tribunal apreciou o recurso do ex-deputado André Vargas (sem
partido desde 2014), cassado pelo envolvimento com o doleiro Alberto
Youssef, paciente zero da Lava Jato. À época, Vargas era filiado ao
PT e ocupava o cargo de vice-presidente da Câmara dos Deputados.
Preso em Curitiba e condenado a catorze anos e quatro meses de
reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro,
ele pleiteava, naquela tarde, sua absolvição.
O
julgamento obedeceu ao padrão pasmaceiro da 8ª Turma. Durante as
arguições daquela tarde, os três desembargadores não esboçaram
reação que desse esperança a Vargas. Passaram a maior parte do
tempo imóveis, entrincheirados atrás de monitores de computador,
submersos nos autos digitais. Da plateia, notava-se apenas o
movimento de suas mãos sobre a mesa, com os dedos fuxicando os
botões do mouse. A sessão, assim como as demais desde o começo da
Lava Jato, seguiu seu curso de modo muito menos midiático do que as
cenas comuns da operação.
Às
18h15, diante de rostos sonolentos – até mesmo dos antes animados
estudantes de direito que se dispunham na sala –, o desembargador
João Pedro Gebran Neto perguntou se os advogados queriam fazer um
“intervalinho” após as quase três horas de monótonas leituras
ininterruptas. Natural de Curitiba, o magistrado de 52 anos tem
cabelos acinzentados, com um corte que dispensa maiores cuidados. Sua
voz tem uma rouquidão residual que acentua o sotaque tipicamente
paranaense – com os erres acaipirados e os tês e dês bem
marcados. Refere-se aos advogados como “adevogado”.
“Se
for para absolver meu cliente, a gente concorda com o intervalo”,
brincou o advogado de Vargas, Juliano José Breda. As risadas,
discretas, quebraram um pouco o clima enfadonho. Como ninguém se
animou com a ideia, Gebran leu o seu voto em tom monótono e
protocolar: “Ainda que não tenha sido a primeira colocada nas
licitações da Caixa Econômica Federal, a agência de publicidade
Borghi Lowe recebeu uma grande fatia dos contratos. Depois, ainda
teve os aditivos, que mais do que dobraram o valor inicial
contratado”, disse, sobre as minúcias do caso em que Vargas usava
sua influência no governo para favorecer a agência de propaganda
Borghi Lowe. O desembargador divagou, ainda, sobre a natureza da
atividade parlamentar e o poder e prestígio que ela proporciona a
deputados como Vargas. “As vantagens indevidas recebidas por André
Vargas eram pagas por sua influência política”, conclui Gebran.
Não houve surpresa quando ele encerrou seu voto proferindo
”condenação mantida”. O advogado de Vargas limitou-se a
balançar a cabeça, resignado.
Entre
ex-colegas de universidade, advogados e amigos, Gebran é descrito
como um magistrado acima da média em termos de capacidade técnica.
Foi um estudante aplicado, militou em movimentos estudantis,
ingressou cedo na magistratura e ainda encontrou tempo para escrever
três livros – todos valorizados entre seus pares. Nos últimos
anos, vem se projetando também como uma referência nos debates
sobre a judicialização do Sistema Único de Saúde. Nas horas
vagas, gosta de pedalar e de acompanhar as partidas do Coritiba.
Sua
trajetória reconhecida não o poupou de polêmicas, sobretudo por um
detalhe pessoal nada irrelevante entre os réus condenados na Lava
Jato: Gebran é amigo de Sérgio Moro, de quem foi colega de mestrado
na Universidade Federal do Paraná, no início dos anos 2000. Os dois
foram orientados pelo mesmo professor, o renomado constitucionalista
Clèmerson Merlin Clève. Ele lembra dos pupilos como “alunos
singulares”, dedicados e participativos. “Eles dominam o direito
positivo, leram a melhor literatura jurídica, inclusive estrangeira,
e conhecem o Direito Constitucional como poucos”, me disse Clève,
que vive em Curitiba.
Na
seção de agradecimentos do livro A Aplicação Imediata dos
Direitos e Garantias Individuais, com base na sua tese de
mestrado, Gebran descreve Moro como um “homem culto e perspicaz”.
“Nossa afinidade e amizade só fizeram crescer nesse período,
sendo certo que [Moro] colaborou decisivamente com sugestões
e críticas para o resultado deste trabalho”, escreveu Gebran.
Fundamentados nesse texto e em relatos de testemunhas, os advogados
de Lula criaram a tese de que Gebran mantém “estreitos e profundos
laços de amizade com o juiz Sérgio Moro”.
Um
dos membros da defesa do ex-presidente me disse que a relação entre
eles seria, inclusive, de compadrio. Quando procurei a assessoria de
imprensa do TRF4 para esclarecer se Moro e Gebran têm alguma relação
cartorial, os assessores afirmaram que o desembargador “não é
padrinho de qualquer um dos filhos do juiz Sérgio Moro e tampouco
este é padrinho de qualquer um de seus filhos, sendo a informação
fruto de especulação”. Ouvido novamente, o advogado de Lula se
sobressaltou com a resposta. “Nunca dissemos que um era padrinho do
filho do outro!”, ressaltou, para então emendar: “Teria Gebran
dado com a língua nos dentes?”
Dias
depois, sem a confirmação da ligação de compadrio entre os
magistrados, o mesmo advogado fez questão de retificar a informação:
“Na verdade, houve um momento em que dissemos, sim, que essa
relação envolveria os filhos, e isso foi negado pelo Gebran. Mas a
tese se mantém. As informações que temos mostram que existe uma
relação entre ele e Moro. Talvez, sejam padrinhos de casamento. Mas
sabemos que eles são muito próximos e se frequentam.”
A
lei não impede que os juízes sejam amigos. Mas a defesa de Lula
tenta transformar a questão em uma discussão mais ampla, de ordem
ética: em um julgamento espetaculoso como o do ex-presidente, com os
juízes sendo apupados pela opinião pública, como podem dois amigos
revisar as sentenças um do outro? Pelo sim ou pelo não, em outubro
de 2016, os advogados de Lula, liderados pelo defensor Cristiano
Zanin, ingressaram com um pedido no TRF4 para que o desembargador
fosse substituído.
O
próprio Gebran julgou (e rejeitou em caráter liminar) o pedido,
alegando que a amizade entre juízes de primeiro e segundo grau é
normal e não afeta a imparcialidade dos respectivos julgamentos.
Recitou a letra da lei: a suspeição só ocorre quando o juiz tem
vínculo com uma das partes do processo – o réu ou o autor da
ação. Ou, ainda, quando o juiz tem ligações formais com o mérito
que está sendo julgado. “Se sou ou não sou amigo do juiz Sérgio
Moro, isso é uma questão juridicamente irrelevante”, declarou
Gebran, em abril, a uma emissora de tevê do Paraná. Eu tentei
inúmeras vezes conversar com o magistrado para esta reportagem, mas
os pedidos de entrevista foram negados.
Em
dezembro, o mérito da suspeição foi analisado de modo definitivo
pelo TRF4, e negado por unanimidade. “O juiz é um terceiro,
estranho no processo, que não partilha do interesse das partes
litigantes”, afirmou a relatora da 4ª Seção, Cláudia Cristina
Cristofani.
Nos
julgamentos de segunda instância que abarcam os casos da Lava Jato
em Porto Alegre, as decisões nunca são individuais, diferentemente
de Curitiba, onde Moro despacha sozinho. As sentenças são dadas de
forma colegiada, sempre a partir dos votos dos três desembargadores.
Como relator, João Pedro Gebran Neto foi o responsável (por
prerrogativa do cargo) por apresentar o primeiro voto da 8ª Turma
contra o ex-deputado André Vargas, condenando o réu. Ainda restavam
dois votos.
O
relator Leandro Paulsen costuma ser muito econômico no palavrório
das votações. Quando assumiu o microfone naquele julgamento, no
entanto, o gaúcho de olhos claros, barba rala e cabelo estiloso –
com um undercut minuciosamente desgrenhado – fez
um arrazoado maior do que seu costume: falou por dez minutos.
“Estamos efetivamente no décimo julgamento de apelações dessa
fase da operação Lava Jato”, disse. “Muito embora o caso já
tenha sido relatado minudentemente por Vossa Excelência [Gebran],
vou retomar sumariamente para que possa encaminhar o meu voto.”
Aos
47 anos, Paulsen é o desembargador mais novo da 8ª Turma, e um
prodígio do direito. Iniciou a carreira como juiz federal aos 23
anos. Aos 30, já era diretor do Foro da Seção Judiciária do Rio
Grande do Sul. Com 37, tornou-se juiz auxiliar da ministra Ellen
Gracie, tendo atuado também no STF. Aos 42, obteve o doutorado (com
nota máxima) na renomada Universidad de Salamanca, na Espanha. Em
2014, aos 44 anos, foi incluído pela Associação dos Juízes
Federais do Brasil (Ajufe) na lista tríplice de magistrados aptos a
ocupar a vaga do ministro Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal
Federal. Por coincidência, a lista enviada à então presidente
Dilma Rousseff continha também o nome de Sérgio Moro. Mas, ao cabo
de nove meses, Dilma acabou escolhendo outro gaúcho – o advogado
Luiz Edson Fachin, hoje relator do caso JBS no Supremo.
A
carreira de Paulsen na área penal, no entanto, é recente. Até
2013, quando foi empossado no TRF4, o magistrado atuava basicamente
na área de Direito Tributário. Tem onze livros publicados sobre o
tema (como autor ou coautor) e costuma dar palestras e ministrar
cursos a respeito. Na PUCRS, é um admirado professor de Direito
Constitucional e Direito Tributário. Um aluno o define como um
grande professor e “doutrinador” – isto é, alguém cujo saber
jurídico é utilizado como referência em trabalhos acadêmicos e em
sentenças judiciais.
Muitos
ficaram surpresos com sua guinada para o Direito Penal. Indiferente
ao buxixo, Paulsen tratou logo de mostrar a que veio: em maio deste
ano, lançou Crimes Federais, um livro de 400 páginas
sobre contrabando, corrupção, peculato, estelionato e outros tipos
de transgressões. “Normalmente, a transição de uma área para
outra não acontece sem algum tipo de dificuldade. Mas ele conseguiu
fazê-la com bastante desenvoltura”, disse o advogado Arthur
Ferreira, amigo de longa data e parceiro de Paulsen no futebolzinho
dos domingos – o desembargador, ao que consta, é “um zagueiro de
destaque”.
Paulsen
fez questão de mostrar seus dotes de doutrinador durante o
julgamento de André Vargas. O desembargador descreveu, uma a uma, as
engrenagens do esquema, como se quisesse elucidar o próprio
raciocínio. “A simples análise desse mecanismo denota a
imoralidade do [uso deste] instrumento.” E passou a
dissertar, então, sobre uma questão que tem sido cara aos
defensores de Lula, Palocci e outros petistas alvos da Lava Jato: uma
alegada inconsistência das provas. Para Paulsen, a simples intenção
de corromper já basta para sustentar uma condenação; para os
advogados, um ato imoral é insuficiente para condenar alguém
perante a Justiça.
Mais
cedo, a defesa de Vargas fizera um duro questionamento quanto à
consistência das provas arroladas no processo. “A Procuradoria não
indica uma única prova de que André Vargas atuou na contratação
da Borghi Lowe”, argumentou enfaticamente Juliano Breda, que evita
usar a palavra “propina” – prefere usar o termo juridicamente
correto, “vantagens indevidas”. O advogado lembrou que as contas
de publicidade da Caixa Econômica Federal passaram por uma auditoria
independente e que nenhuma irregularidade havia sido encontrada
envolvendo o ex-deputado. Insistira, ainda, que os pagamentos
identificados durante a investigação não configurariam um crime.
“O que o recebimento desses valores [pela empresa de Vargas]
demonstra? Nada, a não ser que a empresa recebeu dinheiro da Borghi
Lowe!”
Paulsen
contrapôs a versão a seu estilo professoral. Mostrou-se satisfeito
com a materialidade das provas testemunhais e documentais e se deteve
rapidamente em um dos e-mails coletados pela investigação. Na
mensagem, o publicitário Ricardo Hoffmann, da Borghi Lowe,
solicitava um pagamento a ser depositado na conta de uma das empresas
que participavam do esquema. Só isso, disse Paulsen, já seria o
bastante para que o Tribunal chegasse a uma conclusão –
independentemente de o pagamento ter sido feito ou não. “A mera
solicitação de vantagens indevidas já permite a condenação dos
entes envolvidos”, declarou o desembargador. Paulsen já deixava
claro que a condenação de Vargas seria mantida.
Apesar
de previsivelmente pró-Curitiba, as decisões da 8ª Turma nem
sempre são unânimes. Mesmo ciente de que levaria uma derrota para
casa naquele dia, Juliano Breda, advogado de André Vargas, esperava
amealhar ao menos um voto a favor de seu cliente – o que poderia
dar força aos argumentos da defesa perante apelação à instância
superior. Ele tinha motivos para acreditar.
Criminalista
respeitado em Curitiba, Breda traz no currículo um feito invejável:
foi o primeiro defensor a convencer aquela mesma Turma a absolver um
réu condenado por Sérgio Moro na Lava Jato. Em novembro de 2016,
ele atuou na defesa de Mateus Coutinho de Sá Oliveira, um dos
diretores da OAS. No julgamento de primeira instância, Moro
sentenciara Coutinho a onze anos de prisão por participar na
distribuição de propinas em contratos firmados entre a construtora
e a Petrobras. Na segunda instância, porém, a Turma de Porto Alegre
concluiu que havia “dúvidas razoáveis” quanto à participação
do executivo no esquema, e optou por soltá-lo, junto com outro
diretor da OAS, Fernando Augusto Stremel Andrade. O jornal Folha
de S.Paulo classificou a decisão como “uma rara derrota
para Moro”.
Breda
brilhou os olhos quando o desembargador Victor dos Santos Laus, 54
anos, abriu o microfone para seu voto final. Com o rosto lisamente
barbeado, óculos de aros finos e cabelo cuidadosamente penteado para
a esquerda, Laus é o mais silencioso dos julgadores – ele desfruta
de admiração entre colegas de Tribunal sobretudo por sua linhagem
familiar destacada. Seu pai, Linésio Laus, foi um advogado
reconhecido em Balneário Camboriú e, até 1964, atuava como
Superintendente Federal da Fronteira Sudoeste, uma função de
confiança do então presidente João Goulart. Seu bisavô materno, o
desembargador Domingos Pacheco d’Ávila, foi um dos cofundadores do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina.
No
TRF4, Victor Laus vive um momento alvoroçado. Além das apelações
da Lava Jato, ele também é responsável por julgar os processos
ligados à Operação Carne Fraca, que enredou os maiores
frigoríficos do Brasil em suspeitas de adulteração de produtos.
Entre eles, a
JBS, que implica na Lava Jato boa parte dos políticos de peso do
país.
Laus
raramente se exalta no Tribunal. Por isso mesmo, sua postura causou
certo desconforto a alguns observadores durante a contenda jurídica
entre seu colega Gebran e a defesa do ex-presidente Lula sobre a
amizade do desembargador com o juiz Sérgio Moro. E se estendeu
naquele dia da votação sobre o processo de Vargas. Um observador –
que pediu para não ser identificado – notou que Laus fazia questão
de reiterar durante o julgamento o seu respeito por Moro. “Ele
falava como se o Moro fosse infalível, ou como se não admitisse que
pudesse haver erros nas decisões do primeiro grau”, disse.
As
expectativas de Breda de um voto favorável a seu cliente viraram pó
quando Laus proferiu sua decisão: a condenação assinada por Moro
estava mantida, e Vargas permaneceria preso. O recurso havia sido
derrotado por unanimidade. Como pequeno alívio, uma redução quase
simbólica da pena: condenado em primeira instância a quatorze anos
e quatro meses de reclusão, o ex-deputado teve a punição reduzida
em seis meses. O publicitário Hoffmann, dono da agência de
publicidade que segundo o julgamento fora favorecida por Vargas, ao
contrário, teve a pena aumentada para treze anos, dez meses e vinte
e quatro dias – um ano a mais do que a decisão de primeira
instância. Antes de encerrar, Victor Laus fez questão de destacar:
“A manutenção das condenações não é qualquer homenagem ao
juízo condenatório”, desta vez, sem citar nominalmente o titular
da 13ª Vara Federal de Curitiba.
ANDREAS MÜLLER
Fonte: "Revista Piauí"
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Entenda tudo o que ainda pesa contra Lula na Justiça
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foto Leonardo Benassatto/Reuters |
O
ex-presidente Lula foi condenado a 9 anos e seis meses de prisão
pelo juiz federal Sérgio Moro. Ele ainda é réu em outras quatro
ações penais. Pode vir a responder a cinco, caso uma outra denúncia
do MPF seja aceita por Moro.
Luiz
Inácio Lula da Silva (PT)
se tornou nesta quarta-feira (12) o primeiro
ex-presidente da República condenado por corrupção na
história do Brasil. Lula foi considerado culpado dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro atribuídos a ele
pelo Ministério
Público Federal (MPF) no
caso envolvendo o tríplex
no Guarujá,
reservado ao petista pela OAS e
reformado pela empreiteira ao custo de 2,4 milhões de reais (ver sentença na íntegra em "estadao")
Processos
em que Lula é réu:
1)
Terreno e cobertura bancados pela Odebrecht (Lula réu)
Em
outro processo sob a responsabilidade de Sergio Moro na Justiça
Federal do Paraná, Lula é acusado pelo MPF dos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido propinas
de 13 milhões de reais da Odebrecht.
Parte
do dinheiro, 12,4 milhões de reais, sustentam os procuradores, teria
sido gasta na compra de um terreno para abrigar a sede do Instituto
Lula em São Paulo – o instituto acabou sendo construído em outro
endereço. Outros 504.000 reais teriam sido usados na compra da
cobertura contígua à de Lula no edifício Hill House, em São
Bernardo do Campo (SP). As duas compras teriam sido feitas por meio
de laranjas: no caso do terreno, o empresário Demerval Gusmão; no
caso da cobertura, Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Serão
julgados nessa ação penal Lula, Gusmão, Costamarques, o
empreiteiro Marcelo Odebrecht, o ex-ministro Antonio Palocci e seu
ex-assessor Branislav Kontic, e o advogado de Lula, Roberto Teixeira.
2) A compra do silêncio de Nestor Cerveró (Lula réu)
O
ex-presidente Lula também é réu em três ações penais na Justiça
Federal do Distrito Federal. A primeira delas foi aberta em julho de
2016 pelo juiz federal Ricardo Soares Leite, que aceitou denúncia do
Ministério Público Federal contra o petista pelo crime de obstrução
de Justiça por supostamente ter orquestrado as ações que tentaram
comprar o silêncio do ex-diretor da área Internacional da Petrobras
Nestor Cerveró.
Segundo
o MPF, Lula impeliu o ex-senador Delcídio do Amaral a adotar medidas
para evitar que Cerveró fechasse um acordo de delação premiada,
que comprometeria tanto Lula quanto José Carlos Bumlai. De acordo
com os investigadores, há indícios de que “Lula atuou diretamente
com o objetivo de interferir no trabalho do Poder Judiciário, do
Ministério Público e do Ministério da Justiça, seja no âmbito da
Justiça de São Paulo, seja do Supremo Tribunal Federal ou mesmo da
Procuradoria-Geral da República”.
Além
do ex-presidente, serão julgados nesse processo Bumlai e seu filho
Maurício Bumlai, Delcidio e seu assessor Diogo Ferreira, o advogado
Edson Ribeiro e o banqueiro André Esteves.
3)
Favorecimento à Odebrecht no BNDES (Lula réu)
Em
ação penal que corre na Justiça Federal do Distrito Federal a
partir da Operação Janus, o juiz federal Vallisney de Souza
Oliveira julgará Lula pela suposta prática dos crimes de corrupção
passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tráfico de
influência.
O
petista é acusado pelo Ministério Público Federal de atuar como
lobista dos interesses da Odebrecht em países da América Latina e
da África, onde a empresa tem projetos bilionários financiados pelo
BNDES. Formalmente, a empreiteira contratava o ex-presidente para dar
palestras nesses países, pelas quais Lula recebeu 7,6 milhões de
reais da Odebrecht por meio de sua empresa, a L.I.L.S., e em doações
ao Instituto Lula. Outro pagamento ilícito da empreiteira em
benefício do ex-presidente teria sido de 7 milhões de reais na
contratação da Exergia Brasil, de Taiguara Rodrigues, sobrinho de
Lula, para atuar em uma obra em Angola.
São
réus nesse processo, além de Lula e Taiguara, o empreiteiro Marcelo
Odebrecht, José Emmanuel de Deus Camano Ramos, Pedro Henrique de
Paula Pinto Schettino, Maurizio Ponde Bastianelli, Javier Chuman
Rojas, Marcus Fábio Souza Azevedo, Eduardo Alexandre de Athayde
Badin, Gustavo Teixeira Belitardo e José Mário de Madureira
Correia.
4)
Caças suecos e venda de Medida provisória (Lula réu)
Além
de Lava Jato e Janus, Lula é réu em uma ação penal da Operação
Zelotes. Vallisney Oliveira aceitou denúncia do Ministério Público
Federal contra o petista pelos crimes de tráfico de influência,
lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os
investigadores apuraram que Lula, seu filho Luís Cláudio Lula da
Silva e os consultores Mauro Marcondes e Cristina Mautoni
participaram de negociações irregulares no contrato de compra de 36
caças Gripen, da empresa sueca Saab, e em uma medida provisória
para prorrogação de incentivos fiscais para montadoras de veículos.
Segundo o MPF, Luís Cláudio recebeu 2,5 milhões de reais da
empresa dos consultores por uma consultoria que, afirma o MPF, é
fictícia.
5) Sítio em Atibaia reformado por empreiteiras (Lula denunciado)
Em
maio, Lula
foi denunciado pela força-tarefa da Operação Lava Jato em
Curitiba pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no
caso envolvendo obras no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP),
frequentado pelo petista e reformado pelas empreiteiras Odebrecht,
Schahin e OAS, além do pecuarista José Carlos Bumlai.
De
acordo com os procuradores, o ex-presidente foi beneficiado
ilicitamente com cerca de 1 milhão de reais nas reformas, que
incluíram a construção de anexos e benfeitorias no sítio, como a
instalação de uma cozinha de alto padrão. Odebrecht e OAS teriam
arcado com 870.000 reais das obras e a Schahin, por meio de Bumlai,
teria pago 150.500 reais. O pecuarista foi denunciado pelo crime de
lavagem de dinheiro.
Moro
ainda não decidiu se aceita ou não a denúncia, que pode colocar
Lula no banco dos réus pela sexta vez.
Meu
Comentário:
É,
infelizmente não estamos diante de um Pepe Mujica. A esquerda vai
pagar um preço muito alto pelos erros cometidos por Lula e sua
turma. A direita vai deitar e rolar por muitos e muitos anos.
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sábado, 27 de maio de 2017
TRAMA MACABRA
O Estadão noticiou que está em curso um acórdão político para a
realização de eleição presidencial indireta. A trama
estaria sendo articulada por um grupo suprapartidário de senadores,
todos implicados na Lava Jato. Para esses senadores, o Congresso seria colocado como contraponto à Lava Jato e ao Ministério
Público que, segundo eles, vem atuando para “destruir o mundo
político”, não se importando em jogar sujo como teria acontecido
com a gravação feita por Joesley Batista de uma conversa com Temer.
O
candidato escolhido teria que ser alguém com coragem suficiente para
enfrentar a opinião pública e frear os procuradores e o juiz
federal Sérgio Moro. Para esse grupo do Senado Federal, apenas dois
nomes entre os colocados até agora como pré-candidatos têm peso e
tamanho para a missão: Nelson Jobim e Gilmar Mendes.
O
novo presidente, oriundo do acordão, convocaria uma nova
Constituinte e aprovaria uma reforma mínima da Previdência, para
acalmar os mercados e o setor produtivo. A Constituinte instituiria
eleições e mandatos a promotores e procuradores, a exemplo do que
ocorre nos Estados Unidos.
Para
convencer Temer a renunciar, o acordo garantiria a ele um indulto (a
imunidade penal a ser dada pelo futuro presidente) e a votação da
PEC que manteria o foro privilegiado a ex-presidentes, evitando que o
caso dele chegue até Moro. Essa PEC beneficiaria diretamente Lula,
Sarney, Collor, Dilma e Michel Temer, todos alvo de investigações.
Também livraria Lula das garras do juiz federal, parte que mais
interessa ao PT.
O grande problema do ACORDÃO é que falta combinar com os russos (O POVO).
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sábado, 13 de maio de 2017
O Jornal Nacional não disse o que Lula disse ao Moro sobre o Jornal Nacional
"A Globo está de costas para o precipício"
A Globo desistiu de ser a Globo. Desistiu do negócio de televisão.
Está à venda!
Publicado em 12 de mai de 2017
A Globo desistiu de ser a Globo. Desistiu do negócio de televisão.
Está à venda!
Publicado em 12 de mai de 2017
Vídeo: https://youtu.be/aAN_aei8XJg
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segunda-feira, 24 de abril de 2017
Lula feriu de golpe a esquerda no Brasil
Lula,
por outro lado, mais do que os crimes a que responde, feriu de golpe
a esquerda no Brasil. Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas
bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que
há de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder.
Arvorou-se da defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr
solto e deixou-se cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres,
mas tinha seu bilionário de estimação. Nada contra essa amizade.
Mas com que moral vai falar com seus eleitores?
por Carla
Jiménez, do
jornal espanhol El
Pais (17/04/2017):
Fonte: "diarioconquistense"
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operação lava jato
sábado, 15 de abril de 2017
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Lula está certíssimo: ‘Estão criminalizando o PT’
Foto do blog do josiasdesouza |
Discursando
para intelectuais, no Rio de Janeiro, Lula declarou:
''Estão criminalizando o
PT e já vimos isso no Brasil…” De fato, há uma quadrilha
conspirando pela criminalização do PT. Coisa já vista, em menor
escala, no escândalo do mensalão.
Encabeçam
o complô petistas patriotas. Descobriam um método revolucionário
de limpeza. Denunciam a corrupção cometendo-a. Num desprezo pelos
mecanismos clássicos de ocultamento, deixam espantosas pistas. Se
pudesse, Lula entregaria o chefão do esquema. Mas a lei assegura aos
réus o direito de não se autoincriminar. Daí o lero-lero.
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sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Revista ISTO É acusa Lula de ter recebido propina em dinheiro vivo
Lula, foto revista istoe |
Em
delação premiada, Marcelo Odebrecht diz que fez pagamentos ao
ex-presidente Lula em espécie. Recursos faziam parte do montante
de aproximadamente R$ 8 milhões destinados ao petista pela
empreiteira
Nos
últimos meses, o ex-presidente Lula foi emparedado pela Lava Jato.
Virou réu três vezes por práticas nada republicanas: obstrução
de Justiça, ocultação de patrimônio — ao omitir um
tríplex no Guarujá —, lavagem de dinheiro, corrupção
passiva, organização criminosa e tráfico de
influência no BNDES, em razão do esquema envolvendo a
contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos. Ou seja,
já há uma fartura de provas contra o petista, ao contrário do que
costuma alardear sua defesa. Nada, no entanto, pode ser mais
categórico e definitivo como conceito de corrupção, na acepção
da palavra, do que o recebimento de pagamentos de propina em dinheiro
vivo. Por isso, o que ISTOÉ revela agora acrescenta um ingrediente
potencialmente devastador para o ex-presidente.
Eles
também acusam lula:
Ricardo
Pessoa:
O
empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, disse em delação
premiada que o consórcio Quip, do qual a sua empresa fazia parte,
deu R$ 2,4 milhões de caixa dois para a campanha da reeleição
de Lula em 2006. O empresário disse que se encontrou sete vezes
com Lula durante o pleito
Emílio
Odebrecht:
O
presidente do conselho de administração da Odebrecht, Emílio
Odebrecht afirmou em delação premiada que o estádio do
Corinthians, o Itaquerão, foi construído como uma espécie de
presente ao ex-presidente Lula, torcedor fanático do clube
paulista.
Recursos
repassados a lula teriam vindo do setor de operações estruturadas
da odebrecht, o chamado departamento da propina
Num
dos 300 anexos da delação da Odebrecht, considerada a mais robusta
colaboração premiada do mundo, o herdeiro e ex-presidente da
empresa, Marcelo Odebrecht, diz ter entregue a Lula dinheiro em
espécie. Nunca uma figura pública que chegou a ocupar a
presidência da República demonstrou tanta intimidade com a
corrupção. Os repasses foram efetuados, em sua maioria, quando Lula
não mais ocupava o Palácio do Planalto. O maior fluxo ocorreu entre
2012 e 2013. Foram milhões de reais originários do setor de
Operações Estruturadas da Odebrecht – o já conhecido
departamento da propina da empresa. Segundo já revelado pela Polícia
Federal, aproximadamente R$ 8 milhões foram transferidos ao
petista. Conforme apurou ISTOÉ junto a fontes que tiveram acesso
à delação, o dinheiro repassado a Lula em espécie derivou desse
montante.
Os
pagamentos em dinheiro vivo fazem parte do que investigadores
costumam classificar de “método clássico” da prática
corrupta. Em geral, é uma maneira de evitar registros de
entrada, para quem recebe, e de saída, para quem paga, de dinheiro
ilegal. E Lula, como se nota, nunca se recusou a participar dessas
operações nada ortodoxas. O depoimento agora revelado por ISTOÉ é
a prova de que, sim, o petista não só esteve presente durante as
negociatas envolvendo dinheiro sujo como aceitou receber em espécie,
talvez acreditando piamente na impunidade. Se os repasses
representavam meras contrapartidas a “palestras”, como a defesa
do ex- presidente costuma repetir como ladainha em procissão, e se
havia lastro e sustentação legal, por que os pagamentos em dinheiro
vivo?
Na
Odebrecht, as entregas de recursos a Lula sempre foram tratadas sob o
mais absoluto sigilo. Não por acaso, segundo apurou ISTOÉ, logo que
Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015, a empreiteira presidida
por ele, naquele momento vulnerável a buscas e apreensões da
Polícia Federal, acionou um esquema interno de emergência chamado
de Operação Panamá. Consistia em promover uma varredura nos
computadores, identificar os arquivos mais sensíveis e enviá-los
para a filial da empresa no país caribenho. O objetivo não era
outro, senão desaparecer com digitais e quaisquer informações
capazes de comprovar transferências de recursos financeiros da
Odebrecht ao ex-presidente Lula. Àquela altura, a empreiteira ainda
resistia a entregar o petista, topo da hierarquia do esquema do
Petrolão. Mudou de planos premida pelo instinto de sobrevivência.
A
maior delação do mundo
R$
6 bilhões é o valor total previsto de multa no acordo de
leniência negociado pela empresa com o Brasil, Estados Unidos e
a Suíça
50
executivos fazem delação e mais 32 são incluídos como
colaboradores
300
anexos envolvendo políticos dos mais diversos partidos
50
advogados negociam os últimos detalhes para a assinatura, ainda
neste mês, dos acordos de colaboração, que depois serão enviados
ao Supremo Tribunal Federal para homologação
Alexandrino
Alencar:
Em
seu depoimento, o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar revelou
que a empresa participou da reforma do sítio em Atibaia, no
interior de São Paulo, que pertenceria ao ex-presidente Lula. Ele
contou também detalhes das viagens que fez com Lula a bordo de
jatinhos da empreiteira.
O
ex-presidente recebeu a maior parte do dinheiro entre 2012 e 2013.
Nada mais definitivo como conceito de corrupção do que o
recebimento de pagamentos em espécie
Investigadores
da Lava Jato vão querer saber, num próximo momento da investigação,
se os repasses em dinheiro vivo ao ex-presidente guardam conexão com
a operação desencadeada na última semana pela PF, sob o epíteto
de Dragão. Na quinta-feira 10, foram presos os operadores
Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, cujo papel era justamente
oferecer dinheiro em espécie para o sistema de corrupção. Pelo
esquema, as empreiteiras contratavam serviços jamais prestados,
efetuavam o pagamento a Duran e, ato contínuo, recebiam o dinheiro
para pagar agentes públicos. A trama só foi desbaratado graças à
colaboração de um delator da Odebrecht: Vinícius Veiga Borin. Ele
contou à PF e procuradores como funcionava a engrenagem da lavagem
de dinheiro criada pelas empreiteiras: as contas no exterior sob a
batuta de Marcos Grillo, outro executivo da Odebrecht,
alimentavam o Departamento de Propina da empreiteira. Quando
havia necessidade de entregar valores em espécie no Brasil, eles
recorriam a offshores, controladas por Duran. A Lava Jato suspeita
que o dinheiro repassado a Lula possa ter integrado esse esquema.
Além
de Marcelo Odebrecht, no corpo da delação da empreiteira Lula é
citado por Emílio Odebrecht, Alexandrino Alencar, ex-executivo da
empresa, e o diretor de América Latina e Angola, Luiz Antônio
Mameri. Faz parte do pacote de depoimentos relatos sobre uma troca de
mensagens eletrônicas entre Mameri e Marcelo Odebrecht. Nessas
conversas fica clara a participação de Lula para a aprovação
de projetos da empreiteira no BNDES. Em seu depoimento, o diretor
confirmou as mensagens e disse que as influências de Lula e do
ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, hoje preso, foram
decisivas para a aprovação de projetos definidos exatamente como
foram concebidos nas salas da Odebrecht.
100
parlamentares deverão ser delatados pelo esquema de propinas na
Petrobras
20
governadores e ex-governadores deverão ser denunciados a
partir das revelações dos executivos da Odebrecht sem que fossem
submetidos a nenhum tipo de checagem. Mameri citou obras em Angola
e Cuba.
Nos
últimos dias, a Procuradoria-Geral da República iniciou o estágio
da validação dos depoimentos, em que os 50 delatores e 32
colaboradores lenientes da Odebrecht passaram a ler e confirmar o
que já escreveram. Tudo será gravado. A checagem de informações
pode durar até o final deste mês, uma vez que nem todos os
executivos foram informados sobre a data do encontro com os
procuradores.
O
alcance da delação
No
total, a empreiteira vai reconhecer que pagou algo em torno de R$
7 bilhões em propinas no Brasil e no exterior. Marcelo
Odebrecht, presidente da maior construtora do País, com 200 mil
funcionários e um faturamento anual de R$ 135 bilhões,
só decidiu fazer delação premiada depois de março desde ano, após
ter sido condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos e 4 meses de
prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação
criminosa. Aos 48 anos, Marcelo se deu conta de que poderia
envelhecer na cadeia. Como o empreiteiro ainda é réu em várias
outras ações, seus advogados calcularam que ele poderia ser
condenado a no mínimo 50 anos. Com o acordo, suas penas reduzirão a
dez anos de reclusão. Como já cumpriu 1 ano e cinco meses, ficará
detido até dezembro do ano que vem. Depois, passará mais dois
anos e meio em prisão domiciliar e outros cinco anos em
regime semi-aberto. As outras condenações que vierem estarão
englobadas no acerto.
As
negociações se arrastaram por seis longos meses. A
Procuradoria-Geral da República só concordou com a delação para
efeito de abatimento de pena com a condição de que ele e os 80
executivos da empresa relatassem crimes os quais a Justiça ainda
não tinha comprovado. Além da resistência inicial em implicar
Lula, os executivos impuseram outro dificultador: não
admitiam que os repasses eram pagamentos de propina. Queriam
limitar tudo a caixa dois, mesmo diante de provas inequívocas.
A questão, no entanto, foi vencida depois que...
as
reuniões e as negociatas de dilma
Já
afastada do poder por irregularidades na condução da economia e
suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato, a
ex-presidente Dilma Rousseff vai ser envolvida diretamente em
negociações ilícitas na delação dos executivos da Odebrecht.
Fontes com acesso às investigações afirmam que a ex-presidente é
apontada como intermediária de recursos desviados da petrobras. Ela
é citada 18 vezes na delação da odebrecht
Ela
foi citada como intermediária direta de dinheiro oriundo de caixa 2
em ao menos 18 vezes, por vários diretores da companhia. Os
depoimentos mais comprometedores seriam do próprio Marcelo
Odebrecht.
Marcelo
detalhou três encontros pessoais com Dilma, todos no Palácio da
Alvorada e sem registro na agenda oficial. Um deles teria sido logo
depois da sua posse, em 2011. Outros dois, em 2014, ano da campanha à
reeleição. É justamente em uma dessas ocasiões que Marcelo fala
de forma mais comprometedora sobre a ex-presidente. O empreiteiro
conta que ela negociou pessoalmente pagamentos via caixa dois para a
campanha.
A
Lava Jato já investiga a suspeita de que recursos de caixa dois da
Odebrecht abasteceram a campanha presidencial petista em 2014 depois
de encontrar uma planilha da empresa que indicaria repasses ao
marqueteiro João Santana entre 24 de outubro e 7 de novembro de 2014
no valor de R$ 4 milhões. Santana foi o responsável pela propaganda
da campanha petista naquele ano e também negocia um acordo de
colaboração premiada.
Marcelo
contou que, em um dos encontros, pediu a intervenção de Dilma na
liberação de repasses do BNDES para a construção do porto de
Mariel, em Cuba, feito pela Odebrecht com financiamento de
mais de US$ 600 milhões do banco de fomento brasileiro. Dilma
teria lhe prometido resolver o assunto em 24 horas. O porto já é
alvo de investigações, como da Procuradoria do Distrito Federal,
sob a suspeita de que Lula teria também atuado por meio de tráfico
de influência junto ao BNDES para liberar os recursos.
Além
desse caso, Dilma já é investigada no Supremo Tribunal Federal sob
suspeita de tentar obstruir a Lava Jato por meio da nomeação
do ministro do Superior Tribunal de Justiça Marcelo Navarro.
O caso tem como base a delação premiada do ex-senador Delcídio do
Amaral (ex-PT-MS), que afirmou que o real motivo pela indicação de
Navarro era um compromisso em soltar os presos da Lava Jato,
principalmente os empreiteiros.
Por
último, há ainda um caso na Procuradoria do DF que investiga se
Dilma cometeu ato de improbidade administrativa nas pedaladas
fiscais.
Enquanto
responde a essas acusações, Dilma tenta retomar sua vida longe da
Presidência, com a ajuda dos correligionários petistas, os únicos
que têm coragem de lhe dar emprego atualmente. Na última semana, o
partido aprovou sua indicação para a presidência do conselho da
Fundação Perseu Abramo, ligada à sigla. O convite partiu do
atual presidente do PT, Rui Falcão, que procurava algum cargo para
amparar a correligionária. Nesse, pelo menos, ela não deve
interferir nas finanças e há pouca margem para a Fundação Perseu
Abramo partir também para as pedaladas fiscais.
As
denúncias:
|
Obstrução
da lava Jato
Lula
é réu na Justiça Federal do DF sob acusação de comandar a
compra do silêncio do ex-diretor Nestor cerveró, para evitar
sua delação premiada. Primeiras audiências do caso já
ocorrem este mês.
Tríplex
no Guarujá
Em
Curitiba, Lula se tornou réu sob acusação de corrupção em
duas benesses ofertadas pela OAS: a reforma de um tríplex
reservado ao ex-presidente e o pagamento da armazenagem de seu
acervo.
Angola
A
última denúncia contra o petista o acusa de organização
criminosa, corrupção passiva e tráfico de influência. A
Procuradoria do DF diz que Lula atuou para o BNDES liberar
recursos para uma obra da Odebrecht em Angola, obtendo em
troca a contratação de uma empresa de seu sobrinho.
|
Frentes
de investigação:
|
Atibaia
Força-tarefa
da Lava Jato em Curitiba ainda conduz inquérito sobre os
benefícios dados a Lula por empreiteiras no sítio de Atibaia
(SP)
exterior
Além
do caso de Angola, os procuradores do DF investigam se Lula
também cometeu tráfico de influência para levar obras de
empreiteiras brasileiras a outros quatro países: Cuba,
Equador, Panamá e Venezuela. A suspeita é que a propina
teria sido paga por meio da contratação de Lula, por essas
empreiteiras, para dar palestras.
casa
civil
Supremo
investiga o petista e a ex-presidente Dilma em uma trama para
obstruir a Lava Jato que incluiria a nomeação de Lula para o
cargo de ministro da Casa Civil, com o objetivo de ganhar foro
privilegiado e escapar do juiz Sérgio Moro.
Marcos
valério
Nova
frente de investigação na Justiça Federal do DF é para
investigar se Lula atuou para comprar o silêncio do
publicitário Marcos valério, condenado no mensalão
|
OPERAÇÃO
DRAGÃO
Esquema
de lavagem de dinheiro foi desbaratado graças à delação de
executivo da Odebrecht
procuradores
e agentes federais endureceram o jogo. Sem as confissões de propina
o acordo voltaria à estaca zero, advertiram. Foi o suficiente para
imprimir velocidade às tratativas.
Todas
as pessoas envolvidas no acordo ouvidas por ISTOÉ são unânimes em
afirmar que Lula é a estrela principal da delação.
Recentemente, a Polícia Federal associou os codi- nomes “amigo”,
“amigo de meu pai” e “amigo de EO” (Emílio Odebrecht) –
que aparecem em planilhas de pagamentos ilícitos apreendidas durante
a Operação Lava Jato – ao ex- presidente. Foi assim que a PF
conseguiu rastrear o repasse de aproximadamente R$ 8 milhões a Lula.
Os pagamentos foram coordenados por Marcelo Odebrecht e por Antonio
Palocci. De acordo com o delegado Filipe Pace, o dinheiro saía de
uma conta corrente mantida pela Odebrecht para pagamento de vantagens
indevidas. O que Pace não sabia, e a delação de Odebrecht
conseguiu elucidar, era sobre os pagamentos em espécie ao
petista. Dinheiro era remetido às empreiteiras pelos operadores
para, em seguida, ser distribuído para os agentes públicos
Evidentemente
que os depoimentos dos executivos da empreiteira não vão abarcar
apenas os crimes praticados pelo ex-presidente Lula. Envolverá
também Dilma Rousseff (leia mais na pág. 36), integrantes do
governo do presidente Michel Temer, mais de 100 parlamentares e 20
governadores e ex- governadores. Os principais partidos atingidos
pelas delações da Odebrecht serão o PT e PMDB. É certo, no
entanto, que integrantes do PSDB também serão implicados
pelos executivos da empreiteira.
Para
viabilizar os depoimentos, a Odebrecht utilizou serviços de 50
escritórios de advocacia de Brasília, São Paulo, Rio e
Salvador, onde depôs o empreiteiro Emílio Odebrecht, pai de
Marcelo. Ao todo 400 advogados acompanharam os depoimentos.
Como envolve políticos com foro privilegiado, o acordo será
assinado pelo ministro do STF, Teori Zavascki. A expectativa é de
que a homologação saia até o dia 21. Paralelamente às delações
premiadas, a Odebrecht fará um acordo de leniência com a
Controladoria-Geral da União (CGU), que deverá ser o maior do
mundo. O campeão até aqui era o da Siemens, celebrado com
autoridades dos Estados Unidos e vários países europeus em 2008. A
empresa alemã pagou US$ 1,6 bilhão em multas. Já no acordo de
leniência da Odebrecht com o governo brasileiro, a empreiteira
poderá pagar uma multa de R$ 6 bilhões. Com isso, a
empreiteira poderá voltar a realizar obras para o governo federal,
hoje proibidas.
Por: Débora Bergamasco, Sérgio Pardellas e Mário Simas Filho
Mais nomes na delação da Odebrecht
Segundo
a reportagem da Isto é, além de Lula, os depoimentos de Marcelo
Odebrecht devem envolver ainda Dilma Rousseff (PT), integrantes do
governo de Michel Temer (PMDB), mais de 100 parlamentares e 20
governadores e ex-governadores. Os principais partidos citados serão
PT, PMDB e PSDB.
Michel
Temer foi citado ainda na delação premiada do ex-presidente
da Transpetro, Sérgio Machado,
que revelou uma suposta operação de captação de recursos
ilícitos, envolvendo Temer e o senador Valdir Raupp (PMDB-RR), para
abastecer, em 2012, a campanha do então candidato Gabriel Chalita
(PMDB) para a Prefeitura de São Paulo. Machado cita em sua delação
mais de 20 políticos, entre eles José
Sarney (PMDB), Renan
Calheiros (PMDB)
e Aécio
Neves(PSDB).
Além
da investigação sobre seu quadro de funcionários, a Odebrecht
deverá selar um acordo de leniência com a CGU (Controladoria-Geral
da União) e pagar uma multa recorde de R$ 6 bilhões — até hoje,
a maior do mundo foi paga pela Siemens em 2008, quando a alemã
desembolsou R$ 1,8 bilhão. Se esse acordo sair, a empreiteira poderá
voltar a executar obras públicas do governo federal.
R7
A DEFESA DE LULA
LULA
VAI À JUSTIÇA CONTRA DELCÍDIO E ISTOÉ
A
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta
sexta-feira, 11, ação de danos morais contra o senador cassado
Delcídio do Amaral, por ele ter dito, em delação, que Lula teria
agido para obstruir a justiça; advogados Cristiano Zanin
Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins também representaram a
revista IstoÉ, por reportagem em que acusa Lula de supostamente
receber propina da Odebrecht; "À medida que caem por terra
pilares antes fincados por membros da força tarefa da Operação
Lava Jato para incriminar Lula, não surpreende que a revista IstoÉ
antecipe de forma sensacionalista sua edição semanal, para promover
uma nova denúncia frívola e sem prova contra o ex-Presidente",
diz a defesa de Lula em nota; "Os responsáveis pela reportagem
serão acionados na Justiça, para que respondam pelos ilícitos
civis e criminais cometidos em decorrência dessa publicação"
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