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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Professor Marcelo pediu exoneração do cargo de Diretor do Colégio Estadual João de Oliveira Botas

Professor Marcelo, diretor do Colégio Estadual João de Oliveira Botas, pediu exoneração do cargo no dia 8 último. Como os demais membros de sua equipe o acompanharam, o Conselho Escolar se reuniu com a comunidade escolar na quinta-feira (10) para escolher uma diretoria interina para gerir a escola até a realização de novas eleições. Segundo informações da página do Facebook da Professora Denize Alvarenga a nova direção está assim constituída: Marisa (diretora-geral), Sérgio e Aldamir, diretores adjuntos.  
O Diretor Marcelo foi muito questionado pela comunidade escolar durante o movimento contra o fechamento do Paulo Freire. Ele se alinhou ao prefeito de Búzios que pretendia gradualmente transferir todos os alunos do ensino médio de Búzios (Paulo Freire e INEFI) para o colégio estadual, sob o argumento de que o ensino médio não é de sua responsabilidade, mas do Estado.  
     
Colégio Estadual João de Oliveira Botas

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Que país (estado e município) é esse?

Em nenhum país civilizado do mundo seria tolerado que um presidente denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) pela segunda vez, acusado dos crimes de integrar organização criminosa e de obstrução à Justiça, continuasse governando, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.  

Em nenhum estado de um país civilizado do mundo seria tolerado que um governador acusado de ter recebido propina da Odebrecht e que faliu o estado, continuasse governando, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. 

Em nenhum município de um estado de um país civilizado do mundo seria tolerado que um prefeito acusado de ser ficha suja, continuasse governando, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. 



terça-feira, 4 de abril de 2017

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Segredos de Nelma

Foi a pessoa mais influente no governo do Rio nos últimos anos. No Palácio Guanabara nunca houve uma mulher clandestina e poderosa como ela

Atendia no 21-9972-33315. Raríssimos sabiam quem era. Atravessou a última década no circuito Leblon-Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Criou uma rotina de clandestinidade no Palácio Guanabara e uma rota de fuga para o Galeão, que usava para escapadas privadas a Paris, na companhia de amigos-patrocinadores.

Nelma, Nelma de Sá Saraca — era a identidade por trás daquele número telefônico. Foi a pessoa mais influente no Rio nos últimos anos, com poder real sobre as decisões do governo estadual. Usou e abusou da capacidade de influir na política e nos negócios, desde janeiro de 2007, quando o governador Sérgio Cabral assinou seus primeiros decretos.

No fim de tarde de uma quarta-feira excepcionalmente seca da primavera de 2007, por exemplo, recebeu no Guanabara os executivos Rogério Nora e Alberto Quintaes, da construtura Andrade Gutierrez.

Era quarta-feira, 4 de outubro. Estava em jogo um bilionário pacote de obras. Acertaram “compromissos” — expressão usada na reunião para definir dinheiro, propina, gratificação pelo favorecimento à empresa nas contratações.

O executivo Nora designou o adjunto Quintaes para “operacionalizar” os pagamentos. Nelma, com o poder da intimidade com o governador, indicou Wilson Carlos Carvalho, secretário de governo, como representante de Cabral. Mais tarde, ele introduziu o subsecretário de Obras, Hudson Braga, que exigiu adicional de 1% a mais, sua “taxa de oxigênio”.

Os negócios fluíram. O secretário Carvalho transferiu a cobrança a Carlos Emanuel Miranda, dono de sólidos laços com o governador: era seu mais antigo sócio, contador dele e da família, e casado com uma prima de Cabral. Em sete anos de governo, amealhou pequena fortuna, R$ 13 milhões, na coleta de propina em apenas duas empreiteiras, Andrade e Carioca.

No começo deste ano, quando aprofundaram a análise da súbita e suspeita riqueza do ex-governador, procuradores acionaram o Sistema de Investigação de Registros Telefônicos e Telemáticos, instalado na procuradoria-geral, em Brasília. Conhecido como Sittel, esse mecanismo permite aos investigadores receber, processar e cruzar registros telefônicos e telemáticos extraídos, via WebService, diretamente dos computadores das empresas de telecomunicações de todo o país.

Logo perceberam o mistério do telefone 21-9972-33315. Em amostragem, identificaram 507 chamadas dos secretários, do coletor de propinas e de executivos das duas empreiteiras para aquele número. Notaram, também, intenso fluxo de mensagens eletrônicas criptografadas por programas (Telegram, Wickr, Confide e Wire) que permitem a destruição programada do conteúdo.

O enigma começou a ser desvendado numa consulta à concessionária. O telefone estava cadastrado em nome de Nelma de Sá Saraca. Porém, os diálogos gravados liquidaram as dúvidas: a linha era usada exclusivamente pelo governador. Foi a forma que ele escolheu para ocultar a identidade nas comunicações sobre pagamentos dos “compromissos”. Nelma, na vida real, era Cabral na clandestinidade. Nunca houve no Palácio Guanabara uma mulher clandestina e poderosa como Nelma. Estão morando juntos em Bangu 8.



quinta-feira, 19 de maio de 2016

Ocupação de escolas e o exercício do duplo poder



“Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”
Milton Nascimento


 Ocupa Botas, foto 1


O duplo poder se manifesta num estado particular de crise social e foi característica básica das revoluções do século XX. A unidade de poder, condição central para a estabilidade de um regime, existe enquanto os dominantes conseguem impor a toda a sociedade as suas formas econômicas e política, como as únicas possíveis. Mas as formas dos dominantes não são nem nunca serão as únicas.


 Ocupa Botas, foto 2


O espaço das transformações é sempre um campo de disputas que, de tempos em tempos, explodem. “As placas tectónicas da vida econômica e social estão ocultas sob o edifício de uma ordem política que parece estável, mas movem-se”, dizem amigos historiadores.[1] E como movem-se.

Há tempos escrevo e reescrevo no Jornal O Peru Molhado que a escola era como uma panela de pressão, prestes a explodir. O fato é que ela explodiu.

 Ocupa Botas, foto 3


O ambiente escolar se tornou um espaço de penitencia onde todos os agentes que deveriam construí-lo, ao contrário, queriam fugir dele. Torciam para acabar a luz, ansiavam pelo feriado, as férias, que o tempo passasse rápido. São professores deprimidos, gestores atolados em burocracia, inspetores estressados, serventes desmotivados e os estudantes... Como poderiam se salvar?

 Ocupa Botas, foto 4


A resposta tem se dado em Armação dos Búzios, no Colégio Estadual João de Oliveira Botas e em todo o Brasil, na chamada “primavera secundarista”. São dezenas de escolas ocupadas pelos estudantes que se revezam na limpeza e manutenção do cotidiano da escola. No Botas, meditação, saraus de poesia, clubes de leitura, aula de comida saudável, preparação da horta, pintura da quadra, conserto do encanamento, cineclube sobre saneamento, pais cozinhando feijão, discussão sobre sexo e drogas e até mesmo aula. É comum ouvir os estudantes dizerem que nunca aprenderam tanto na escola. De fato como mostra uma pesquisa realizada em São Paulo pelo Instituto Data Popular, a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) quase a metade dos alunos da rede estadual de ensino do estado paulista (46%) admitiam já ter passado de ano sem ter aprendido a matéria.

 Ocupa Botas, foto 5


Uma pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa evidenciou que entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita no Brasil. Saem do ensino médio sem cumprir essa etapa fundamental da educação. A UNESCO, em pesquisa divulgada em março de 2014, também indicou que ao menos 175 milhões de jovens de países de média e baixa renda não sabem ler. Deste total, 61% são mulheres.

Será essa a escola que queremos? Os estudantes dizem não. Esta geração que ocupa escolas é o que pode dar fé na educação e na vida em sociedade, pois com eles a política será radicalmente transformada.

Como diz o imortal buziano Milton Nascimento, que nossa cidade seja sempre ensolarada, com os meninos e o povo no poder.

 Luisa Barbosa 


*Luisa é doutora em sociologia (UFRJ), professora de sociologia e filosofia na rede pública de ensino. Autora de Navegar é Preciso (Multifoco, 2015) e Justa Causa pro Patrão(Multifoco, 2013)

BOX - Desfazendo três mitos:

1- A ocupação está atrasando o ano letivo: Atenção: o Estado do Rio de Janeiro tem grande parte dos seus professores em greve, falta porteiro, servente, luz, alimentação. Não é a ocupação que impede o curso do ano letivo. Ele já está comprometido.

2- Os alunos estão sem aula: que nada. Toda semana acontecem aulões preparatórios para o Enem. Além de aulas efetivas sobre cidadania, alimentação saudável, orçamento participativo, vida em sociedade.

3- Os estudantes vão perder o ano sem aprender nada: Esta é a maior lorota de todas. É só conversar com qualquer estudante ocupado para ouvir os relatos do quanto têm aprendido neste momento de ocupação. E não só eles: professores, pais, alunos e comunidade aprendem todos os dias valores de fraternidade, coletivismo e o verdadeiro significado da educação.





[1] Raquel Varela, Valerio Arcary e Felipe Demier. O que é uma Revolução? Colibri, Lisboa, 2015.

domingo, 17 de maio de 2015

Mapa da Violência 2015: Cabo Frio é a cidade mais violenta do Rio de Janeiro

Capa do estudo MAPA da VIOLÊNCIA 2015


“E foi morrida essa morte,
 irmãos das almas,
  essa foi morte morrida ou foi matada? 
Até que não foi morrida, 
 irmão das almas,
esta foi morte matada, 
numa emboscada.”
(Morte e Vida Severina João Cabral de Melo Neto)


Saiu na quinta-feira passada (14) a edição 2015 do Mapa de Violência do Brasil contendo dados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) do DATASUS referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012. Neste último ano, 42.416 pessoas morreram vítimas de armas de fogo, o que representa 116 mortes a cada dia do ano.

Os realizadores do estudo ressaltam que vivemos uma epidemia de violência:
-"Número bem maior do que é noticiado em nossa imprensa sobre grandes chacinas acontecidas no país ou sobre os terríveis atentados nos frequentes enfrentamentos existentes na Palestina ou no Iraque. Esse número de mortes é, por exemplo, ainda maior que o massacre de Carandiru de 22 de outubro de 1992, fato de grande repercussão nacional e internacional. Com as mortes por arma de fogo temos pouco mais de um Carandiru por dia, sem todo esse impacto emocional, seja nacional, seja internacional. Pelo contrário, discute-se hoje se ampliar ainda mais a posse e circulação das armas de fogo".

E prosseguem:
-"O Brasil, sem conflitos religiosos ou étnicos, de cor ou de raça, sem disputas territoriais ou de fronteiras, sem guerra civil ou enfrentamentos políticos levados ao plano das armas, consegue vitimar mais cidadãos via armas de fogo do que muitos dos conflitos contemporâneos, como a guerra da Chechênia, a do Golfo, as várias Intifadas, as guerrilhas colombianas ou a guerra de liberação de Angola e Moçambique, ou ainda uma longa série de conflitos armados acontecidos já no presente século e que tivemos oportunidade de expor em mapas anteriores".

Considerando a estimativa da população brasileira desse ano feita pelo IBGE obtém-se a taxa de 21,9 óbitos por 100 habitantes. Desses 42.416 óbitos, 24.882 (59%) foram de jovens entre 15 e 29 anos. O que resulta em uma taxa de mortalidade mais do que o dobro da taxa geral nacional: 47,6 por 100 mil habitantes. Também é necessário que se diga que os mortos têm cor: 28.946 deles são da cor negra. Apenas 10.632 são brancos.

A respeito da vitimização dos jovens, os autores do estudo registram:
-"Considerando que no ano de 2012 aconteceram 75.553 óbitos de jovens ao todo e por todas as causas e que 24.882 dessas mortes foram por arma de fogo, temos que, nesse ano, 33% dos óbitos juvenis tiveram sua origem nas balas. Colocado de outra forma: uma em cada três mortes juvenis deve ser creditada na conta das armas de fogo. As armas de fogo constituem, de longe, a principal causa de mortalidade da juventude brasileira, bem distante da segunda causa: os acidentes de transporte, que representam 20,3% da mortalidade juvenil. O vírus da imunodeficiência humana HIV, responsável pela AIDS, matou, em 2012, 12.073 pessoas de todas as idades. São números e situações compreensivelmente preocupantes, que já deram origem a grandes campanhas, programas, estruturas".

Utilizando-se de dados do Sistema de Informações da OMS (Organização Mundial de Saúde) os autores do Mapa analisaram 90 países. Com a taxa atual de 21,9 mortes por arma de fogo, o Brasil ficou em 11º lugar. Em primeiro temos a Venezuela com taxa de 55,4. Países como Hong Kong, Japão, Marrocos e Coreia tem taxa inferior a 1,0. Em 2011, ocorreram apenas 11 homicídios no Japão com uso de arma de fogo.  

O estado mais violento do Brasil é Alagoas com 55 óbitos/100 mil hab. E o menos violento Roraima com taxa 7,5. Nosso estado, o Rio de Janeiro, tem taxa um pouco superior à do Brasil: 22,1.

Entre as capitais a mais violenta é Maceió com taxa 79,9. Boa Vista, a menor, com 7,1. O município do Rio de Janeiro tem taxa inferior à do estado: 16,7%.

Quanto aos municípios os autores do estudo ressalvam que :
-"Quando se desagregam os dados para os municípios do país, os indicadores podem apresentar fortes oscilações de um ano para outro, principalmente nos municípios de menor porte. Para dar estabilidade a nosso indicador municipal, optou-se por trabalhar com a média de óbitos por AF dos últimos três anos disponíveis: 2010, 2011 e 2012. Dessa forma, a taxa foi calculada relacionando a média de óbitos por AF, 2010-2012, com a média das estimativas de população do município para esses mesmos anos".

-"Tal como aconteceu quando analisamos homicídios em mapas anteriores, a desagregação por município evidencia a existência de diferentes e/ou novas configurações de focos de violência, além dos já tradicionais, centrados nas capitais e regiões metropolitanas". São apontados como focos de violência: Novos Polos de Crescimento no Interior dos Estados,  Municípios de Fronteira, Municípios do Arco do Desmatamento Amazônico,  Municípios de Violência Tradicional e aquele que nos diz respeito, os Municípios de Turismo Predatório. Aqueles que estão "localizados, principalmente, na orla marítima que atrai um turismo flutuante de finais de semana altamente predatório".

O município mais violento do Brasil é Simões Filho (BA) com taxa de 130,1 óbitos por 100 mil habitantes. E o município mais violento do estado do Rio de Janeiro no Mapa da Violência 2015 é Cabo Frio com taxa 46,4, mais do que o dobro da taxa estadual. No ranking nacional ficou na 88ª colocação. Foram 82 homicídios por arma de fogo em 2010, 83 em 2011 e 105 em 2012. E 99 em 2013, segundo os últimos dados do SIM do DATASUS, ainda não usados no MAPA. O que significa dizer que o município deve permanecer nas primeiras colocações no próximo ano.

No estado, Cabo Frio é seguido por Paraty (taxa: 43,9). E em terceiro, Nova Iguaçu (43,1).

Na Região dos Lagos, Armação dos Búzios aparece no MAPA como a segunda cidade mais violenta. Homicídios em Búzios: 11 em 2010; 10 em 2011; e 14 em 2012. Com taxa de 40,3, é a quarta do estado e a 134ª do Brasil. Mas no ano que vem deve deixar as primeira colocações porque o número de homicídios que foi de 14 em 2012, caiu para 8 em 2013.  Em terceiro, São Pedro da Aldeia, com 21, 33 e 30 homicídios respectivamente em 2010, 2011 e 2012, resultando em uma taxa de 31,3. Em quarto, Araruama, com taxa 30,4. Em quinto, Rio das ostras, 26,1. Em sexto, Iguaba Grande, 19,4. Em último lugar, o município menos violento da Região dos Lagos: Arraial do Cabo, taxa 13,0, bem abaixo da taxa nacional e estadual.

Fonte: http://mapadaviolencia.org.br/