Professora Luísa na passeata dos estudantes |
- Não foge quem
se retira, respondeu D. Quixote. - Porque hás-de saber, Sancho, que
a valentia que se não baseia na prudência chama-se temeridade.
A
reflexão de um dos maiores personagens literários da história ao
seu fiel escudeiro, Sancho Pança, balizou a decisão de estudantes
que ocuparam por treze dias o C.M. Paulo Freire para que a Prefeitura
de Armação dos Búzios cumprisse a decisão judicial de reabrir as
turmas e turnos fechados nesta escola e em outra, o INEFI, localizado
em região popular. A desocupação, dada em 12 de março, foi
realizada após promessa e documento jurídico garantindo a imediata
reabertura das matrículas. Mas eis que o inesperado se dá diante de
nossos olhos. A Prefeitura, não conformada com a derrota política e
jurídica na sua intenção de fechar os colégios de ensino médio
mantidos pelo Município, inicia uma batalha burocrática:
“Matrículas só serão abertas quando turmas forem formadas”
informam as Secretarias Escolares nos dias seguintes à desocupação.
Mas como ter turmas formadas se as matrículas não estão abertas?
Responda, Sancho: moinhos ou gigantes? Indignante.
Temos
enfatizado o quanto a evasão escolar vem se tornando um problema de
saúde e de segurança pública para o Brasil e, principalmente em
Búzios, uma das cidades mais ricas do Estado. Dados apresentados
pelo Ministério Público em 2016, em ação movida contra o
Município, mostram que cerca de 61% dos alunos em idade escolar para
cursar o Ensino Médio, estão fora da escola. Numa sala de aula, ao
perguntar se alguém conhece um colega em idade escolar para cursar o
Ensino Médio e que desistiu de estudar, o alcance é de 100%.
Impossível não se indignar.
Ganhamos no campo jurídico, no
campo político e também venceremos no campo burocrático, mas sem a
alegria de vitória. Porque estamos perdendo a batalha e insistimos
em continuar derrotados. A resposta à evasão escolar é o
fechamento de escolas. É desejar que os que desistiram de estudar,
não voltem para a escola. É desistir daqueles que ainda insistem em
estudar, apesar do descaso. Indignados. Até quando?
Perdem os
professores. Perdem, ainda mais, os estudantes. Perde toda uma
cidade. Perde muito a geração de jovens do ano de 2018. Mas, cedo
ou tarde, venceremos a batalha final.
O mar da história é
agitado.
Indignemo-nos.
Professora Luísa
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