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Nenhum aluno a menos |
A tresloucada e covarde
decisão do prefeito André Granado de terminar com turmas e turnos
do ensino médio municipal em janeiro, em pleno recesso escolar,
gerou uma tremenda bagunça na vida dos estudantes de Búzios. Todos
estavam tranquilos curtindo as férias, acreditando na renovação
automática de suas matriculas, quando tomaram ciência de que não
poderiam mais estudar à noite no Colégio Paulo Freire e INEFI, e em
algumas outras turmas do turno diurno. A única alternativa local
seria o sucateado Colégio Estadual João de Oliveira Botas, de
qualidade inferior, administrado por um estado falido economicamente.
Ou estudar fora de Búzios, em alguma outra escola pública.
Segundo o Censo Escolar
de 2017, tínhamos 894 alunos cursando o ensino médio nas duas
escolas municipais públicas, e 554 no Botas, perfazendo um total de
1.448 alunos. A ser verdadeira a informação da representante da
secretaria Estadual de Educação presente na Audiência Pública do
dia 5 último de que o Botas atualmente tem 1.200 alunos
matriculados, então terão que ser remanejados 646 alunos (1.200 –
554) do Botas para as duas escolas municipais, para que a decisão do
Juiz de Búzios seja cumprida (retorno às condições de 2017). Isso sem considerar um enorme
contingente de evadidos que já tínhamos, antes da confusão generalizada causada
pelas autoridades municipais, que supõe-se deva beirar a 700 jovens. Aqueles que, em sua maioria, fazem parte da juventude “nem, nem”,
aquela que nem estuda, nem trabalha.
Com certeza, a
tresloucada e covarde decisão do Prefeito vai contribuir para o
aumento da já alta taxa de evasão escolar no ensino médio
municipal- a maior entre os municípios da nossa Região dos Lagos.
Também, com certeza, sabemos que essa juventude “nem, nem” vai
engrossar o exército de reserva da criminalidade em Búzios. E quem
é que vai pagar por isso, quando um desses jovens passar a fazer
parte das estatísticas de homicídios levantados pelo Instituto
Sangari no Mapa da Violência de Búzios, onde jovens de 16 a 29 anos
figuram nas duas pontas como “matador” e “matado”? São em
média 15 mortes por arma de fogo por ano. Parece pouco, mas na
proporção de mortes por 100 mil habitantes dá uma taxa altíssima,
maior do que a do estado e do país. Para se ter uma ideia do nível
de violência do paraíso buziano. a nossa taxa média de mortes por 100
mil é de 45 (a 5ª maior do estado em 2016) e a do Japão é igual a 1. Ou seja, enquanto no Japão
morre 1 pessoa por “morte matada” (homicídio por arma de fogo)
em cada 100 mil habitantes, em Búzios morreriam 45.
Mesmo que apenas um
desses jovens morra. Um único jovem, entre aqueles que acreditavam
na renovação automática de sua matrícula no Paulo Freire e no
Botas. Quem vai se responsabilizar por essa morte? Quem vai se
responsabilizar pela outra ponta, a do assassino, provavelmente também formada por
jovens evadidos da escola?
O Prefeito de Búzios
precisa ser responsabilizado por isso. E não só ele. O Diretor do
Botas também. Sua participação oportunista, sem consultar seus
colegas professores e a comunidade escolar do Paulo Freire e Inefi,
foi fundamental para a realização do tresloucado e covarde projeto
do Prefeito de Búzios de por fim ao ensino médio municipal em
Búzios, de uma hora para outra, sem consultar ninguém.
A Secretária de
Educação de Búzios também deve ser responsabilizada. Sua recusa
em receber os dirigentes do sindicato dos professores e servidores de
Búzios (SEPE LAGOS e SERVBÚZIOS), a falta de diálogo com os
estudantes e sua representação (UMEAB), a omissão durante a
ocupação de uma escola municipal, contribuiu sobremaneira para
infernizar a vida dos estudantes e de suas famílias. A
insensibilidade é tanta que durante a ocupação a secretária
Deisemar vendia tranquilamente HINODE. A internacional Búzios não
merece uma secretária dessas!
Os vereadores também
precisam ser responsabilizados. Nem todos, mas aqueles que se
omitiram. E não foram poucos. Aqueles que não deram uma palavra de conforto aos
estudantes da ocupação, que não doaram um pedaço de pão ou de
solidariedade. Aqueles que se acovardaram diante da tresloucada e
covarde decisão do prefeito. Aqueles vereadores servis (nem todos,
claro) que fazem parte da base de apoio do governo municipal, mas que, desprezados pelo prefeito, não participam das principais decisões de governo. Aqueles vereadores que durante a última campanha eleitoral ele chamou de “canibais,
carnívoros e achacadores”.
O Prefeito, a
Secretária de Educação e os vereadores que se omitiram, têm a
obrigação moral de fazer busca ativa, de casa em casa, por cada aluno do Paulo
Freire e do INEFI que não se matricularam em escola alguma até os dias de hoje (7 de março) durante
todo esse processo. E orientar todos os estudantes do
Paulo Freire e INEFI que se matricularam no Botas para que cancelem
suas matrículas nesta escola e se matriculem na escola de origem. NENHUM ALUNO A MENOS.