Deputados
querem retirar trechos de carona em projeto de lei que beneficia
Monte Alto
Trecho que se pretende retirar, foto jornal Folha dos Lagos |
"Duas
emendas ao projeto de lei 1.546/16, que retira o distrito cabista de
Monte Alto dos limites do Parque Estadual da Costa do Sol
(PECS), estão causando polêmica entre os ambientalistas.
Segundo eles, as modificações alteram o texto original do
deputado estadual Janio Mendes (PDT), com o único intuito
de deixar uma grande área disponível para loteamentos e a
construção de empreendimentos imobiliários.
Sem que
haja qualquer ligação com a finalidade original do projeto –
de garantir a moradia às famílias que já viviam em Monte Alto
antes da criação do Parque – as modificações foram propostas
pelos deputados Rosenverg Reis (PMDB) e Marcos Abrahão (PT do
B). Entre as áreas que tiveram a exclusão pedida estão
trechos do Morro do Mico (Cabo Frio), entre o Jacaré e o Porto
do Carro, e trechos que atingem as lagoas da Jacarepiá e Vermelha,
em Saquarema.
Membro do Conselho do PECS e dirigente do
Movimento Ecoar, Roberto Noronha estima que, no total,
seriam desmembrados mais de 16 milhões de metros quadrados de
área de grande relevância ambiental para a região. Ele criticou
duramente a intenção dos parlamentares.
– Está
claro que os deputados Rosenverg Reis e Marcos Abrahão estão
atendendo a interesses dos proprietários das terras. Mas será
que eles conhecem essas áreas? Isso é o mínimo que eles
precisam antes de propor qualquer alteração nos limites de uma
unidade de conservação – argumentou.
Noronha
prossegue, dizendo que o Plano de Manejo do parque, inciado em
2015, ainda não está pronto. Segundo o ambientalista, em
novembro do ano passado, o conselho aprovou que a discussão dos
limites do parque só poderia ser feita após a conclusão do plano.
A diretriz, contudo, não vale para o caso da lei que beneficia
Monte Alto.
– A desafetação da área ocupada de
Monte Alto não atende a essa premissa. E esse projeto de lei acabou
dando brecha para o oportunismo – diz ele, que defende a
inclusão de áreas como as Dunas do Peró e o Mangue de Pedra.
A
opinião do ativista é compartilhada pelo biólogo e consultor
ambiental Mário Flávio Moreira.
– Não há cogitação de
se abrir mão dessas áreas. Em Cabo Frio, ela é um ‘pulmão
verde’ de Mata Atlântica espremida entre a ocupação no Jacaré,
de um lado, e o Monte Alegre, crescendo, do outro. Foi feito um
estudo e em cada município foi feito um levantamento –
explica.
A importância do Morro do Mico é reconhecida há
décadas. A lei municipal 229, de 1984, transformou o local, que
possui uma reserva de pau-brasil, em parque ecológico.
Cumprindo
agenda externa, os deputados não foram localizados pela reportagem
para comentar as acusações dos ambientalistas. Por sua vez, o chefe
do parque, André Cavalcanti, disse que não há prazo para que o
Plano de Manejo seja concluído.
Segunda
votação em até um mês
Autor
do projeto que retira o distrito de Monte Alto dos limites do
Parque Costa do Sol, deputado Janio Mendes (PDT), espera que as
emendas sejam derrubadas antes da segunda votação no
plenário da Alerj, que deve acontecer em até um mês. A exclusão
da área foi aprovada em primeira discussão há uma semana.
Janio
fez questão de enfatizar que a natureza do seu projeto é
diferente das emendas propostas pelos colegas.
– As quatro
emendas incluindo outras áreas não devem ser acatadas. O
processo de Monte Alto envolveu ampla discussão. Foram mais de
20 audiências públicas. Matérias estranhas a esse exercício
devem ser rejeitadas – disse Janio.
O parlamentar estima que
560 famílias serão beneficiadas se a lei ser aprovada e o
risco de demolição dos imóveis for afastado de vez.
– São
560 famílias que vivem a agonia de estar em suas casas com liminar,
que caiu e depois voltou duas vezes – finaliza".
RODRIGO
BRANCO
Fonte: "folhadoslagos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário