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sábado, 30 de maio de 2020

Medidas restritivas sanitárias estabelecidas em âmbito estadual e federal não permitem que prefeito de Búzios readmita a realização de cultos presenciais no município

Templo religioso do rio de janeiro. Foto: Tomas Silva/ Agencia Brasil



Foi com base nessa argumentação que o juiz Bruno Bodart suspendeu a eficácia do decreto municipal nº 47.461/2020 do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que se contrapôs às medidas restritivas sanitárias estabelecidas em âmbito estadual ao garantir o funcionamento de tempos religiosos para a realização de cultos. A decisão favorável foi obtida pelo MPRJ na sexta-feira (29/05) em ação civil pública com pedido de tutela de urgência ajuizada no dia anterior (28/05) contra o município do Rio para suspender os efeitos do decreto que readmite a realização de atividades religiosas presenciais na cidade.

O juiz determinou ainda que o município do Rio se abstenha de editar atos administrativos relacionado ao enfrentamento da pandemia em desacordo com a legislação federal e estadual de regência, notadamente quanto ao funcionamento de cultos religiosoas presenciais; e fiscalize de forma efetiva o cumprimento das medidas de isolamento social, em especial no que se refere a esses cultos religiosos, por meio dos órgãos municipais com poder de polícia para vigilância, fiscalização e controle, aplicando as sanções administrativas previstas em Lei. No caso do descumprimento de qualquer das determinações, será aplicada multa de R$ 50 mil ao prefeito Marcelo Crivella.

Na ACP, o parquet fluminense alertou para o risco de que a realização de diversas cerimônias religiosas com aglomerações de pessoas em milhares de templos espalhados pelo território da capital fluminense deveria incrementar o risco de disseminação do vírus, ainda que respeitado o distanciamento utópico previsto no ato, o qual, sabemos, é de difícil implementação e fiscalização, principalmente considerando-se que muitas vezes os espaços destinados aos cultos são pequenos se comparados ao grande número de fiéis das igrejas.

O MPRJ ressaltou ainda, na mesma ação, que o direito ao culto em nenhum momento foi suprimido, uma vez que é viável a sua realização por meio remoto, como vêm procedendo diversas organizações religiosas, de forma a garantir a segurança de seus fiéis. E que a medida de flexibilização adotada pelo município, e agora derrubada pela Justiça, viola diversos princípios constitucionais, como a razoabilidade, precaução e prevenção na saúde, podendo, ainda, ser considerada, no mínimo, erro grosseiro, uma vez que é contrária a estudos técnicos epidemiológicos.

A ACP teve por base diversos estudos científicos e notas técnicas de instituições como a Fiocruz, UFRJ, UERJ, Conselho Nacional de Saúde e Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro. A Fiocruz, atendendo a pedido do MPRJ, remeteu no último dia 7 de maio um primeiro estudo técnico sobre o isolamento social. Diante da possibilidade de alteração no quadro fático, o MPRJ avaliou ser prudente solicitar nesta semana à fundação a atualização do estudo. Assim, na última quinta-feira (28/05), a Fiocruz enviou ao MPRJ a complementação por meio de novo relatório científico, prova fundamental para obtenção da decisão judicial favorável.


Fonte: "MPRJ"

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domingo, 1 de setembro de 2019

Preso por chefiar milícia, Jerominho quer ser prefeito do Rio

Jerominho. Foto: Jornal O Dia 


Ex-vereador, que ficou preso por 11 anos, se filiou ao PMB. Sua filha, Carminha, será candidata a vereadora

CÁSSIO BRUNO da coluna “Informe do Dia” ( "odia" ) do jornal O Dia publicou que o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, tem a intenção de disputar a sucessão do prefeito Marcelo Crivella (PRB) nas eleições de 2020.

Jerominho se filiou ao PMB (Partido da Mulher Brasileira). Ele tem conversado com empresários e advogados para viabilizar uma possível candidatura.

O ex-vereador ficou preso por 11 anos acusado de comandar a maior milícia da Zona Oeste. O colunista afirma que, “juridicamente, (ele) não está com os direitos políticos suspensos”. Não sei se a afirmação é verdadeira, pois se ele foi condenado em segunda instância, deve estar inelegível por oito anos a partir da data da condenação em colegiado. Como ele ficou preso 11 anos, é possível que o período de inelegibilidade já tenha vencido.   

A filha, Carminha, será candidata a vereadora.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

MPRJ ajuíza ação contra Crivella por violar o estado laico

Crivella recebeu 250 pastores e líderes de igrejas no Palácio da Cidade. Foto:Bruno Abud, O Globo


O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital, ajuizou ação civil pública (ACP) por improbidade administrativa contra o prefeito Marcelo Crivella. De acordo com a ação, em reiterados atos, o gestor municipal feriu o princípio do estado laico.  Expresso no artigo 19 da Constituição da República, o laicismo determina a separação entre estado e religião e garante a liberdade religiosa.

Reunião do prefeito com pastores e líderes de igrejas evangélicas no Palácio da Cidade, realizada no dia 4 de julho, foi o fato decisivo para o ajuizamento da ação. Em áudio gravado na ocasião, Crivella oferece apoio a fiéis das igrejas representadas no ato para realizar cirurgias de catarata pelo sistema público da saúde e para resolver ‘problemas’ com o IPTU.

A controvérsia, por óbvio, não se cinge na religião professada pelo Prefeito Municipal, mas, sim, na interferência do poder público na vida privada das pessoas e na utilização da máquina pública para benefício de determinado segmento religioso, e em eventual discriminação contra os outros diferentes segmentos religiosos e culturais, o que não pode e nem deve ser admitido”, diz a ação distribuída para a 7ª Vara de Fazenda Pública.

Marcelo Crivella é investigado pelo MPRJ desde agosto de 2017. “O Parquet Fluminense vem recebendo, desde a posse do demandado como Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, diversas notícias de irregularidades envolvendo a liberdade religiosa e a laicidade do Estado”, diz a petição inicial, que traz um rol de condutas do prefeito que dão suporte à ACP.

Além do encontro com pastores, a ação aponta o episódio que ficou conhecido com “censo religioso na Guarda Municipal”, no qual os servidores da guarda foram orientados a preencher um questionário que incluía perguntas sobre sua orientação religiosa. São investigadas ainda demissões de servidores comissionados de órgãos municipais para contratação de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus.

A ACP faz um pequeno histórico de outras políticas municipais que teriam violado a laicidade do estado: o censo religioso nas academias “Rio Ar Livre”; o Festival de Cinema Cristão na Cidade das Artes; o corte de patrocínio de eventos religiosos de matrizes afro-brasileiras; o controle de eventos com poder de veto diretamente pelo gabinete do prefeito; e a realização de eventos pela Igreja Universal do Reino de Deus em escolas públicas.

A ação destaca que o estado laico deve ser oficialmente neutro em relação a questões religiosas, não apoiando nem restringindo qualquer religião. “Deve ele garantir e proteger a liberdade religiosa de cada cidadão, independente de sua crença, evitando que alguma religião exerça controle ou interfira em questões políticas”, pontua a ACP.

Quanto às promessas do prefeito feitas na reunião com pastores, o MPRJ observa que privilegiar fiéis para realização de cirurgias ofertadas pela municipalidade, vai totalmente de encontro à política do SISREG (Sistema de Regulação) e às diretrizes do Sistema Único de Saúde, que prega igualdade e universalidade no atendimento à população. Para o MPRJ, o encontro também caracterizou propaganda eleitoral extemporânea.

Ficou constatado no convite para a reunião no Palácio da Cidade que o evento contaria com a presença dos pré-candidatos do partido do Prefeito, Rubens Teixeira e Raphael Leandro. Mais que isso. A leitura da mensagem circulada na rede social na véspera do evento mostra a clara intenção de realização de propaganda eleitoral extemporânea em favor dos pré-candidatos, já que incluía a promessa de que ambos seriam levados para visita nas igrejas integradas pelos convidados”, afirma a inicial.

Entre outros pedidos, o MPRJ requer que a Justiça determine, por meio de decisão liminar, que Marcelo Crivella cumpra 12 determinações sob pena de afastamento do cargo, entre elas, que deixe de utilizar a máquina pública municipal para a defesa de interesses pessoais ou de seu grupo religioso; se abstenha de determinar que servidores públicos municipais privilegiem determinada categoria para acesso ao serviço público de qualquer natureza; deixe de favorecer a Igreja Universal do Reino de Deus,  se abstenha de manter qualquer relação de aliança ou dependência com entidade religiosa que vise à concessão de privilégio; e não adote qualquer atitude discriminatória contra entidades ou pessoas que não professam sua fé. 

Também é requerida sua condenação pela prática de improbidade administrativa determinando o ressarcimento integral do dano, a suspensão e de direitos políticos, o pagamento de multa civil e a proibição de contratar com o Poder Público.
Processo número nº 0162110-11.2018.8.19.0001
Fonte: "mprj"


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O Estado é laico

Advogado entra com ação popular pelo fim do "culto na prefeitura" do Rio.

Foto do blog do Lauro Jardim

O “culto na prefeitura” do Rio de Janeiro, discreto até a gestão de Marcelo Crivella, foi parar na Justiça.

Valendo-se do princípio do Estado laico, o advogado Victor Travancas entrou ontem com uma ação popular contra a Prefeitura, em que exige a proibição da cerimônia.

Argumenta que qualquer ato religioso, seja qual for a crença, está impedido pelo artigo 19 da Constituição de ser realizado em prédios do município.

Por esse motivo, e pela utilização da luz, ar-condicionado e do espaço público para fins privados, o documento pede o ressarcimento de R$ 100 mil aos cofres públicos pelos réus.



quinta-feira, 17 de março de 2016

Prefeito bobão puxa-saco de Lula e se dá mal

Prefeito Eduardo Paes, foto Levy Ribeiro O Dia
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, conversou por telefone com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na noite de quarta-feira 16), a Operação Lava Jato divulgou áudios obtidos após a quebra de sigilo telefônico de Lula. 

Na conversa, Paes cita Lula como proprietário do sítio em Atibaia. Lula limita-se a dar risadas.

Leia a íntegra da conversa

Abaixo, a íntegra da conversa entre Eduardo Paes e Lula:
Lula: Alô!
Eduardo Paes: Meu amigo!
Lula: Querido prefeito, tudo bem?
Eduardo Paes: "Cê" não precisa de solidariedade, mas tô ligando pra te dar um abraço. Dizer que tô contigo nesse absurdo aí que fizeram com o senhor na sexta-feira. É um escândalo. É uma vergonha.
Lula: Obrigado, querido.
Eduardo Paes: Tem que ter muita carcaça. Seu posicionamento foi excepcional. Tem que parar com essa palhaçada no Brasil. Tá demais mesmo. Passou de todos os limites, Presidente.
Lula: Todos os limites! Isso é verdade. Passou dos limites.
Eduardo Paes: Esse negócio do Delcídio então. Eu falo até pelo meu caso aqui que eu vi na suposta delação premiada dele. Esse negócio de acordo na CPI né.
Lula: O Delcídio foi uma vergonha!
Eduardo Paes: É livro de memória que o cara fica...Vira delação premiada é ficar fazendo livro de memória entendeu?
Lula: É isso.
Eduardo Paes: Ah, porque teve uma conversa. E assim, a conversa (ininteligível). Eu e o..... Como é o nome do relator, sei lá, a porra do deputado do PMDB, fica tentando convencer o ACM Neto que não tinha prova nenhuma contra o "seu" filho. Que tinha que tirar o nome do relatório senão não votava aquele negócio, entendeu? Como é que ia fazer um negócio sem prova nenhuma. Eu me lembro direitinho desse negócio. E o cara conta como se fosse um escândalo, entendeu? Uma coisa que eu mesmo já falei quinhentas vezes pra imprensa.
Lula: Um bando de filha da puta, Eduardo. Eu vou contar uma coisa pra vc.
Eduardo Paes: Foda.
Lula: Olha, deixa eu lhe falar uma coisa. Esses meninos da Polícia Federal e esses meninos do Ministério Público, eles se sentem enviado de Deus.
Eduardo Paes: É, mas eles são todos crentes. Os caras do Ministério Público são crentes né.
Lula: É uma coisa absurda. Uma hora nos vamos conversar um pouco porque eu acho que eu sou a chance que esse país tem de brigar com eles pra tentar colocá-lo no seu devido lugar. Ou seja, nós criamos instituições sérias, mas tem que ter limites, tem que ter regras.
Eduardo Paes: É. Não. Passou de todos os limites mesmo. A gente fica com medo de conversar com as pessoas agora.
Lula: Lógica porra!
Eduardo Paes: Eu tô cheio de obra aqui. Odebrecht da vida, OAS, de todas essas empreiteiras. Eu fico com medo. O cara pede pra eu receber, eu fico com medo de receber.
Lula: É lógico. Porque agora toda obra. Esses caras têm quinhentas obras nesse país. Todas elas estão criminalizadas. Ah, vai tomar no cú porra.
Eduardo Paes: É foda. Não. "Cê" vê, o próprio Delcídio. O cara era presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, eu fui conversar com ele lá um dia, aí ele vai fazer lá o negócio dele lá com o tal do Cerveró, com o filho do Cerveró, depois de conversar comigo. Daqui a pouco eu tô no meio daquela história. É um negócio de doido.
Lula: (risos) É isso, querido.
Eduardo Paes: Eu vou me trancar em casa porra. Eu não converso mais com ninguém.
Lula: É isso, querido.
Eduardo Paes: Mas óh, meu amigo, falando sério eu tô aqui do teu lado.
Lula: Obrigado.
Eduardo Paes: Conta comigo aqui. O senhor sabe da minha gratidão, da minha admiração.
Lula: Obrigado, querido.
Eduardo Paes: Aqui o senhor tem um soldado. Tô aqui administrando as minhas crises também. Segurando (ininteligível). Eu sempre tenho que falar uma coisa pro senhor: a minha vida começou com Lula e Cabral. Terminou com Dilma e Pezão. Puta que me pariu!
Lula: (Risos)
Eduardo Paes: O senhor não faz ideia de como eu tô sofrendo. É uma foda!
Lula: Mas você com todo o problema, querido, você ainda tá, é abençoado por Deus por causa dessa Olimpíadas, viu, Porque os outros...
Eduardo Paes: É verdade! Verdade.
Lula: Os outros prefeitos que eu converso "tão fudido"...
Eduardo Paes: Verdade. Verdade. Mas, presidente, se tiver Olimpíadas com Vossa Excelência e com Sergio Cabral é uma coisa. Segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão sabe...
Lula: Não é fácil, querido.
Eduardo Paes: Sabe aquele personagem que tinha...
Lula: Mas o teu bom humor e a tua competência superam isso, querido.
Eduardo Paes: Foda. Mas "tamo junto" aí, Presidente.
Lula: Tá bom. Obrigado, querido.
Eduardo Paes: (Ininteligível) ... meu carinho aí, "tamo junto". Minha solidariedade, vamos em frente nessa história. Agora, da próxima vez o senhor me para com essa vida de pobre, com essa tua alma de pobre comprando "esses barco de merda", "sitiozinho vagabundo", puta que me pariu!
Lula: (Risadas)
Eduardo Paes: O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em Maricá. É uma merda de lugar porra!
Lula: (Risos)
Eduardo Paes: Esse barquinho dele é em São Pedro da Aldeia, Araruama. Não é em Búzios nem Angra porra!
Lula: (risos) Puta que o pariu!
Eduardo Paes: É um cafona. O senhor não perdeu essa sua alma de pobre. Isso que é a maior desgraça que eu tô vendo nesse processo todo porra. (risos)
Lula: É isso. É isso. Mas eu já sabia disso. Tá bom, querido. Obrigado, Eduardo.
Eduardo Paes: Qualquer coisa me liga aí, Presidente. Um forte abraço.
Lula: Muito obrigado, meu querido.
Eduardo Paes: Valeu. Tchau, tchau.
Fonte: Veja / Estadão.