Megacondomínio. Foto: Folha dos Lagos |
O
QUE DIZEM OS AMBIENTALISTAS
– Os
empreendedores pretendem entrar com a água do mar nesta laguna, que
armazena as águas pluviais da maior bacia de drenagem da cidade, e
nas proximidades existe um reduto de quilombolas, que temem a
salinização de seus poços artesianos utilizados para manter a
agricultura de subsistência que praticam. Estamos buscando pesquisas
sobre as águas do subsolo para saber onde começa a água doce (Anna
Roberta Mehdi, ambientalista).
– A
nossa região é tão bonita, tem uma paisagem tão espetacular. Por
que tem que imitar uma Dubai na Região dos Lagos? Eles inventam isso
lá porque não tem paisagem. Imitar uma paisagem fake é nonsense.
Querer transformar a natureza espetacular numa coisa falsa não
existe. É uma coisa inventada (Kátia
Mansur, geóloga).
– Não
houve discussão nenhuma. Fomos sistematicamente colocados de lado.
Acionamos o Ministério Público, que disse que não tinha nada
errado. Não foi apresentado o projeto completo para ninguém. Não
houve audiência pública, apenas algumas reuniõezinhas. No primeiro
projeto [feito por outra empresa] houve uma audiência pública. Esse
novo projeto não houve audiência, nem apresentação dentro do
Conselho de Meio Ambiente e de Urbanismo (Mônica
Casarin, ex-conselheira do
Conselho Municipal de Meio Ambiente de Búzios).
Os
depoimentos foram prestados ao repórter Rodrigo Branco da Folha dos
Lagos (ver matéria completa em ("folhadoslagos").
O
CONDOMÍNIO
O
megacondomínio tem mais de um milhão de metros quadrados. Trata-se
do condomínio Búzios
Golf Resort I e II, do
Grupo Opportunity. O projeto atual é uma segunda versão do projeto
original da Klabin Segall.
Segundo
a reportagem, serão construídas em torno de mil casas de alto
padrão na área, que terá canais e ilhas artificiais compondo o
paisagismo.
O
QUE DIZ O MPF
– O
MPF tratou do possível prejuízo a aves
ameaçadas de extinção que
se reproduziriam no local, que é uma questão federal. Estudos
foram exigidos para continuação das obras. Tratamos também do
prejuízo às fontes
de água da comunidade em
razão das obras e alteração dos modos de viver, fazer e criar dos
quilombolas pela mudança das características daquela localidade.
Foi exigido o estudo sobre a questão das águas, também sob pena da
obra não poder continuar. São devidas compensações pelo
empreendedor. Um primeiro acordo já foi feito em relação
à construção
de estruturas para a comunidade.
Agora está em andamento a discussão em relação à quantidade
de terras a serem asseguradas,
o que esperamos que se conclua logo, para que não tenhamos que tomar
as medidas cabíveis"
(Leandro Mitidieri, Procurador da República).
O
QUE DIZ O GRUPO OPPORTUNITY
O
projeto foi “detalhadamente
discutido com todos os órgãos licenciadores e com a população,
por meio de audiência
pública ocorrida, em 2012,
com centenas de participantes das comunidades locais. De lá para cá,
ocorreram diversas outras apresentações para acompanhamento do
projeto tanto pelos órgãos públicos quanto pelos integrantes da
sociedade civil”. Afirmam
ainda os empreendedores que, “quanto
ao alagamento da
região de Cem Braças e arredores,
o projeto irá corrigir e melhorar todo o sistema de drenagem da
cidade formando um caminho para que as águas pluviais corram para o
mar, que hoje está totalmente obstruído”.
O grupo conclui afirmando que haverá “doação
de áreas acima do limite legal”.
(Grupo Opportunity).
O que mais surpreende neste mega projeto foi a falta de respeito com as APPs(áreas de preservação permanente), deixando claro como a política de preservação ambiental e exclusora, por exemplo, se fosse um pobre intervindo de maneira muito menos evasivas em locais de mesma categoria de proteção, certamente teria sua obra embargada e ou desfeita de acordo com as leis vigentes (código florestal), porém como é um empreendimento de megaempresários isso não aconteceu, esfregando na cara da população que mais uma vez quem tem dinheiro pode tudo, enquanto para o pobre o que sobra é o rigor das leis ambientais, só lembrando que a pouco tempo comerciantes de praia tiveram seus quiosques demolidos e ou retirados com base em impactos causados ao meio ambiente, o que nós vemos claramente é que, no meio ambiente há dois pesos e duas medidas, isso vai depender diretamente de quem vai estar fazendo a intervenção na natureza.
ResponderExcluirLeonardo Sandre
Presidente da Associação de Guarda Parques do Rio de Janeiro
Presidente do (CECNA) Centro de Estudo e Conservação da Natureza