Ex-governador Beto Richa e empresários paranaenses na piscina do luxuoso Hotel Delano em Miami, EUA |
Delação
de Fanini mostra festas de Beto Richa
O
jornal O
Globo teve
acesso ao conteúdo da delação
premiada que Maurício Fanini
– o ex-diretor da Educação pivô da Operação Quadro Negro –
prestou ao Ministério Público Estadual em novembro e homologada mês
passado pelo juiz Fernando Bardelli Fischer, da 9.ª Vara Criminal. A
delação faz relato do envolvimento do ex-governador Beto Richa no
desvio de verbas para construção de escolas e descreve
viagens luxuosas a Miami feitas em companhia de empresários
paranaenses.
Fotos foram anexadas e lembram um episódio que ficou famoso – a
“farra dos guardanapos”, protagonizada em Paris por Sergio
Cabral,
o ex-governador do Rio de Janeiro já condenado a mais de um século
de prisão.
Veja a íntegra da matéria do Globo,
assinada pelo repórter Daniel
Gullino:
Uma
das imagens mais marcantes dos últimos anos da política nacional é
do episódio que ficou conhecido como “farra
dos guardanapos”:
a festa em Paris – uma possível comemoração antecipada da
escolha do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016 – da qual o então
governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral participou ao lado de
secretários e empresários. Nos anos seguintes, boa parte dos
presentes foi acusada de integrar esquemas de corrupção. Agora,
outro ex-governador que, assim como Cabral, já teve altos índices
de popularidade mas caiu em desgraça por denúncias de desvios, é
personagem de um episódio semelhante investigado pela Justiça: Beto
Richa,
que comandou o Paraná entre 2011 e 2018.
Um
ex-funcionário de Richa, que fechou delação premiada com o
Ministério Público do Paraná — acordo já homologado pela
Justiça paranaense —, apresentou fotos que mostram o político, ao
lado de empresários que tinham contratos com a sua gestão, na
piscina do hotel Delano, de Miami, onde as diárias variam
entre R$ 2 mil e R$ 14 mil. O registro da festa, regada a
espumante e morangos, foi entregue por Maurício Fanini,
ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná, preso desde 2017
no âmbito da Operação Quadro Negro, que investiga o desvio de R$
20 milhões da verba para construção e reforma de escolas.
Os
investigadores apuram se a confraternização aquática em Miami
seria uma forma de o grupo gastar as sobras do caixa clandestino que
a gestão do tucano mantinha a partir da propina que recebia dos
empresários e que financiou, entre outras coisas, a própria
campanha de Richa. Amigo pessoal do tucano desde os anos 80, quando
os dois estudaram juntos, Fanini relatou em sua delação que o
ex-governador determinou que ele deveria arrecadar dinheiro com
empresários que tinham contrato com o governo. O dinheiro seria
repartido entre os dois.
A
foto foi apresentada durante uma negociação de acordo com a
Procuradoria-Geral da República (PGR), iniciada ainda em 2017. Após
o Supremo Tribunal Federal (STF) restringir o foro privilegiado no
ano passado, contudo, a negociação foi repassada para o Ministério
Público do Paraná, que fechou a delação em novembro do ano
passado. O Tribunal de Justiça homologou o acordo no início de
fevereiro.
A
viagem, que também incluiu passagens pelo Caribe e por Aruba,
foi feita em novembro de 2014, logo após Richa ter
sido reeleito governador, em primeira turno. Participaram também o
então executivo de uma concessionária de pedágios do estado
Guilherme Michaelis, os empresários Carlos Gusso e
Eron Cunha, além de um amigo de Richa, Fabricio
Macedo, sobre quem não constam acusações. Outro delator, o
dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza,
afirmou que deu US$ 20 mil para Fanini utilizar na viagem que,
segundo Souza, foi para comemorar a vitória na eleição.
Carlos
Gusso é dono da Risotolândia, empresa que fornece
marmitas para escolas e presídios no Paraná. Eron Cunha, por sua
vez, é dono da Empo Engenharia. Gusso e Cunha foram citados na
delação de Fanini, mas os detalhes ainda não são conhecidos.
Beto
Richa foi preso duas vezes nos últimos meses, pela suspeita de
corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, mas foi
solto por decisões do STF e do Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Ele é réu em quatro processos, na Justiça estadual
e federal do Paraná.
O
advogado de Richa, Walter Bittar, afirmou que o ex-governador já
explicou o caso, que a viagem não foi organizada por ele e que
estavam lá “um grupo grande de amigos” para “descansar”.
Sobre a delação do ex-assessor, Richa admitiu que já foi próximo
de Fanini, mas se disse decepcionado com ele, a quem chamou de
“criminoso” que apresentou “informações levianas” para
“fugir das garras da Justiça”.
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