Turma do amém reunida com o secretário de saúde, foto do facebook do Niltinho de Beloca |
Com a publicação de uma nota no Facebook pelo presidente da Câmara de Vereadores Cacalho informando que o Hospital Municipal Rodolpho Perissé seria reaberto, os três vereadores da base de apoio ao prefeito André correram para a rede social tentando capitalizar politicamente o fato. O vereador Niltinho postou foto (ver acima) de uma reunião dos vereadores situacionistas com o secretário de saúde Dr. Waknin, onde eles estariam supostamente "buscando meios para a reabertura da urgência do hospital". Ao mesmo tempo que "buscavam" tais meios com o secretário, Niltinho diz que vão solicitar também ao prefeito "a reabertura da nossa urgência, pois a população tem nos (sic) solicitado".
O site governista "prensa de dedé" noticiou que durante a inauguração da praça da Vila São José, o prefeito André Granado anunciou que iria reabrir o hospital no dia 1º de agosto. Muito provavelmente os três vereadores estiveram no evento de inauguração da praça ou, se não estiveram, com certeza souberam do anúncio do prefeito. Logo, Niltinho, e os outros dois vereadores da base, não poderiam solicitar ao prefeito no dia seguinte o que ele prometera no dia anterior. Puro jogo de cena, como quando o vereador faz uma indicação legislativa de uma obra já sabendo que o prefeito vai realizá-la. Oportunismo político descarado.
Na verdade, o prefeito em nenhum momento consultou os "seus" vereadores para fechar o hospital. Assim como não o fez para reabri-lo. Turma do amém é pra isso mesmo: dizer sim senhor pra tudo que o mestre mandar. Para isso ganha cargos no governo e outras benesses. Pode fazer jogo de cena pra plateia, votando contra isso ou aquilo, requerer informações para não fazer nada com elas, mas não pode votar contra em questões essenciais para o governo. Caso contrário, perde os cargos e as benesses. Tanto isso é verdade que, apesar das pesadas críticas feitas pelos vereadores do G-6, em nenhum momento a turma do amém defendeu, como deveria (se concordava), o fechamento do hospital. As gravações das sessões da câmara, desde outubro do ano passado, quando o hospital foi fechado, estão aí para comprovar.
Os dados do DATASUS demonstram que o prefeito fechou o hospital porque em setembro ocorreram 10 óbitos na unidade de saúde, mais do que dobrando o número de 4 óbitos do mês anterior, agosto. Vai reabri-lo agora, não pelo motivo alegado da existência de uma suposta regularização dos atendimentos nos municípios vizinhos, mas devido ao grande desgaste político causado pelo aumento da taxa de mortalidade hospitalar, mesmo com o hospital fechado. Não estão disponíveis ainda os dados de janeiro a julho de 2017, mas já sabemos que, em novembro de 2016 (com o hospital fechado), dos 92 pacientes internados, 12 vieram a óbito, o que significa uma altíssima taxa de mortalidade de 13,04. Em agosto/2016, a taxa foi de 4,71. Em julho/2016, 3,53.
Os vereadores da turma do amém sabem muito bem que um aumento no número de mortes em um hospital de qualquer município traz um desgaste incomensurável ao gestor público. E, por tabela, para os vereadores da base. Imaginem o desgaste em uma cidade governada por um médico. Nesses momentos de dor, com a perda de entes queridos, de forma alguma se vai solicitar socorro a vereadores que dão sustentação política ao prefeito que foi, ao modo de ver dos parentes dos que faleceram, o responsável pelo óbito. A raiva, o ódio, o inconformismo, os levam aos braços dos vereadores de oposição suplicando ajuda, justamente os que estão ao seu lado contra o fechamento do hospital. Foi preciso então que os vereadores da turma do amém passassem a ideia para a população de que sempre estiveram contra o fechamento do hospital, apesar da omissão a respeito do assunto durante quase um ano. Em geral, o malabarismo oportunista de última hora dá resultado oposto ao que se pretendia, por ser vergonhoso.
Na verdade nunca tivemos vereadores dignos desse nome em Búzios. Vereador, vereador mesmo, defende ideias, programas, projetos pra cidade. Para isso, precisa ter ideologia. Faz leis e fiscaliza o prefeito com um objetivo, um rumo. Nunca tivemos um vereador ambientalista, ou representante dos trabalhadores (comerciários, funcionários públicos, etc), ou até mesmo representante dos patrões, hoteleiros. O que temos são vereadores não ideológicos, dignos representantes de "famílias". Eleitos, vão defender os interesses dessas "famílias", arrumando empregos para os pais/filhos, vaga nas creches/escolas para os filhos/netos, furando fila nas unidades de saúde para os pais/avós, usando a máquina pública aqui e acolá, e instrumentalizando politicamente as suas religiões.
A falta de formação política e ideológica é que leva a comportamentos políticos oportunistas como os de agora. E sem vergonha de mostrar a cara. Postam até fotos no Facebook.
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