Aparentando
desconforto, governador do Rio prestou depoimento ao juiz federal
Sérgio Moro como testemunha de seu antecessor e padrinho político e
negou ter participado de reunião com o ex-diretor da Petrobrás
Paulo Roberto Costa para discutir propina.
Aparentemente
desconfortável na cadeira de testemunha da Operação Lava Jato, o
governador do Rio, Luiz Fernando de Souza Pezão (PMDB), prestou
depoimento nesta quinta-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro por
meio de videoconferência, como testemunha de defesa de seu
antecessor e padrinho político, o também peemedebista Sérgio
Cabral. De camisa branca e paletó cinza, Pezão permaneceu o tempo
todo de braços cruzados à mesa marrom da Justiça Federal do Rio.
Nesta
ação, o ex-governador Sérgio Cabral é réu por propina de pelo
menos R$
2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez,
entre 2007 e 2011, referente às obras do Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobrás. O ex-chefe do Executivo
fluminense, preso desde 17 de novembro em Bangu 8, é acusado de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele arrolou Pezão como
sua testemunha.
Pezão
começou a responder a Moro de forma monossilábica. A defesa de
Sérgio Cabral fez três perguntas ao governador do Rio. O advogado
quis saber se o antecessor de Pezão havia mencionado cobrança de
vantagem econômica indevida em relação a alguma obra, se o
governador do Rio viu interferência de Sérgio Cabral na escolha de
empresas vencedoras de licitações e de membros da comissão de
licitação de obras.
A
resposta de Pezão foi a mesma. “Nunca.”
O
advogado do réu questionou Pezão sobre uma reunião na qual
supostamente teria havido pedido de propina. Segundo o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, um dos delatores da
Operação Lava Jato, em 2010, antes da campanha ao governo do Rio,
houve um encontro do qual Pezão teria participado e Sérgio Cabral
teria solicitado ‘percentual financeiro a alguns contratados da
estatal para despesas eleitorais’.
Pezão
disse ‘nunca’ ao advogado de seu sucessor.
“Nunca.
Participei de diversas reuniões com o Paulo Roberto como coordenador
de infraestrutura, junto com diversos secretários, onde eu era o
coordenador de infraestrutura, ainda como secretário de obras, de
agilizarmos as licenças, principalmente um problema que tem na
região do Comperj para abastecimento de água. Iria crescer muito
aquela região e não teria água ali. Foram diversas reuniões que
nós participamos juntos, mas com outros diversos secretários da
Pasta de secretária de obras, de meio ambiente, de desenvolvimento
econômico. Tivemos diversas reuniões no Palácio Laranjeiras.
O
depoimento durou cerca de oito minutos.
Após
responder às perguntas da defesa de Sérgio Cabral, Pezão foi alvo
de questionamento do Ministério Público Federal. O procurador
Athayde Ribeiro Costa perguntou ao governador do Rio se ele conhecia
Carlos Miranda, apontado pela Lava Jato como ‘o homem da mala’ de
Sérgio Cabral.
“Conheço”,
respondeu Pezão. “Conheci diversas vezes com a turma do Sérgio
que participou na campanha de 2007 quando eu fui vice-governador,
todos os amigos deles. Depois também em 2010. Sempre em
confraternização, algumas festas que nós participamos juntos.”
Atahyde
perguntou ao governador do Rio se ele tinha ciência se Carlos
Miranda ‘financiava ainda que parcialmente a vida do
ex-governador’.
“Não.
Não sei da vida pessoal do governador, eu não conheço”, afirmou
Pezão.
por Julia
Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Fonte: "blog do fausto macedo"
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