sexta-feira, 3 de abril de 2020

Crueldade e covardia: Prefeito de Búzios demite 400 professores em pleno período de pandemia

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A prefeitura de Búzios informou hoje (3) em seu site (ver em "prefeitura de buzios") que “cancelou os contratos temporários de mais de 400 professores, devido à paralisação das aulas”. Segundo a prefeitura, “a medida faz parte de um conjunto de ações que visam adequar os gastos públicos com pessoal, neste período de arrecadação própria comprometida, e será revista tão logo as aulas retornarem”.

Só mesmo um prefeito muito desumano, pode-se até dizer cruel, para tomar uma medida dessas durante a pior crise econômica que a cidade e o país atravessam. Demitidos, sem a mínima possibilidade de se conseguir atualmente um emprego alternativo, o prefeito de Búzios prejudica seriamente a vida de pelo menos 1.200 pessoas, incluindo crianças, filhos e filhas desses professores/professoras. Muita maldade e covardia juntas.    

Mas o prefeito não precisava prejudicar dessa forma essas 400 famílias. Neste período de arrecadação comprometida, para adequar os gastos públicos à realidade econômica, bastava reduzir em 20% o valor dos contratos mais vultosos. Mas, para o prefeito, mexer nesses contratos dos amigos e financiadores de suas campanhas eleitorais é impensável. Como tem pouco apreço pela Educação- basta lembrar a tentativa de fechar o Paulo Freire- demite de uma vez só 400 professores!

A redução de 20% de apenas um contrato- o contrato nº 54/2019 com a Ônix Ltda pelo serviço de capina e varrição no valor de R$ 11.483.350,80-, se conseguiria muito mais do que com a demissão dos 400 professores. Considerando um salário médio com os encargos de um professor demitido sendo de 4 mil reais, se gastaria R$ 1.600.000,00 por mês com esses 400 professores. Com a redução em 20% do contrato com a Ônix se obteria R$ 2.296.670,00. Apenas esse corte daria para bancar um mês de salário e encargos desses professores, e ainda sobrariam quase 700 mil reais.

A crueldade adquire uma dimensão maior pois se sabe que na atual conjuntura de paralisação econômica tem serviços que não estão sendo realizados, bens que não estão sendo utilizados ou produtos que não se fazem necessários no momento adquiri-los. Um prefeito sensível e humano, que valorizasse a Educação, com certeza pouparia os professores.

Além do mais é uma covardia, porque o prefeito toma essa decisão quando o município está em situação de isolamento social, o que impede que a categoria como um todo proteste publicamente em defesa dos empregos dos professores demitidos.  

Vejam abaixo a relação de outros contratos que poderiam facilmente ter seu valor reduzido em 20% durante o período de confinamento da população:
- Coleta de lixo – Sellix Ambiental – Contrato nº 4/2019. Valor: R$ 6.230.000,00
- Destinação do lixo – Dois Arcos – Valor: R$ 2.771.478,00
- Iluminação Pública – Valor: R$ 5.969.595,56
- Aquisição de lâmpadas de LED – Valor: R$ 6.500.000,00
-Locação de caminhões e equipamentos pesados – Contrato nº 3/2018 – Valor: R$ 4.144.999,92
-Serviços bancários – Banco Itaú – contrato nº 9/2019 – Valor: R$ 3.400.000,00
-Serviço de recuperação de Dívida Ativa – RTL Assessoria e Consultoria – Valor: R$ 2.651.000,00
-Implantação do marco geodésico da cidade – contrato nº 3/2018 – Valor: R$ 2.648.313,50
-Locação de veículos – contrato nº 18/2019 – Valor: R$ 1.203.600,00
- Agencia de publicidade – contrato nº 81/2017 – SMA propaganda, marketing e projetos – Valor: R$ 1.441.635.84
- Serviço de créditos de royalties – Contrato nº 17/2017 – Associação Núcleo Universidade de Pesquisa e Estatística NUPEC – Valor: R$ 1.135.088,00


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