Domingos Brazão. Foto: TCE-RJ |
Relatório
da Polícia Federal aponta relação de conselheiro de Contas com o
escritório do crime, formado por matadores de aluguel
Um
relatório da Polícia
Federal aponta
o conselheiro do Tribunal
de Contas do Rio de
Janeiro Domingos Brazão como o ‘principal suspeito de ser autor
intelectual’ dos assassinatos da vereadora Marielle
Franco (PSOL)
e do motorista Anderson Gomes. O teor do documento foi revelado pela
Procuradoria-Geral da República, nesta terça, 17, e aponta ligações
com o Escritório
do Crime
e ‘graduados integrantes da Polícia Civil’.
Brazão
foi denunciado nesta terça, 17, por no curso das investigações com
o objetivo de que os verdadeiros culpados pelos assassinatos não
fossem identificados, e que o miliciano Orlando Oliveira Araújo e o
vereador Marcelo Moraes Siciliano fossem responsabilizados pelos
crimes, respectivamente, como executor e mentor.
De
acordo com a Procuradoria-Geral da República, ‘a estratégia do
conselheiro afastado do TCE/RJ a fim de direcionar as investigações
para outro rumo foi a de plantar
notícias falsas
que chegassem até a Polícia Civil do Rio, por meio de articulado
esquema, passando, inclusive, pela Polícia Federal’. “Brazão se
cercava de pessoas influentes que o ajudavam na concretização do
plano de afastar a linha investigativa que poderia identificá-lo
como o autor intelectual dos crimes”.
“Por
cerca de um ano, a estratégia – que envolveu policiais militares,
advogados e assessores do conselheiro no TCE/RJ – funcionou, com a
cooptação de pessoas para prestar depoimentos falsos e desviar o
foco das investigações, que chegaram a Marcelo Siciliano como autor
intelectual dos crimes”, afirma.
“Com
base nos relatos preliminares de Siciliano e do próprio Orlando, não
há como desconsiderar que este cenário fosse de interesse de
Domingos Brazão que, após seus percalços policiais e judiciais
desde a Operação Quinto do Ouro – que o levou à prisão e o
afastou de sua funções como conselheiro e vice-presidente do TCE/RJ
em 29/03/2017 – vinha perdendo terreno em importantes redutos
eleitorais para a vereadora”, diz trecho da denúncia.
Em
depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), Orlando alegou que
sofreu pressão da Polícia Civil do Rio para que assumisse a autoria
do assassinato da vereadora e de seu motorista e que, diante da
negativa, passou a sofrer represálias, entre elas, a transferência
da Penitenciária de Bangu para a Penitenciária Federal de Mossoró
e a atribuição de outros crimes a ele. Ao MPF, Orlando também
acusou o conselheiro afastado do TCE/RJ e seu irmão, Chiquinho
Brazão, de serem os mandantes do duplo homicídio.
A
procuradora-geral pediu também a abertura de um inquérito para
investigar Brazão pela suposta autoria dos assassinatos. O relatório
da Polícia Federal aponta, com base em depoimentos, interceptações,
busca e apreensões e análise de conversas via WhatsApp, que Brazão
é o principal
suspeito de ser o autor intelectual dos assassinatos de Marielle e
Anderson.
A PF cita, ainda, interceptações telefônicas que conectam Domingos
Brazão a milicianos do denominado Escritório do Crime – formado
por matadores de aluguel –, e que as mortes da vereadora e do
motorista poderiam ter sido executadas por seus integrantes. Mas as
investigações estariam sendo dificultadas devido às ligações do
grupo com “graduados integrantes da Polícia Civil”.
Na
denúncia, a PGR destaca, ainda, que a deflagração da Operação
Quinto do Ouro, em março de 2017, que provocou o afastamento de
Brazão do TCE/RJ, “confirmou o upgrade em sua trajetória
criminosa, sendo de conhecimento público que sua ascensão política
se desenvolveu nas últimas décadas em franca sinergia com o
crescimento das milícias e sua projeção nesses territórios do
crime”. A PGR requer a condenação de todos os denunciados pelos
crimes de falsidade ideológica, favorecimento pessoal e de obstrução
da Justiça.
Fonte: "estadao"
O
site do "mpf"
informa que a PGR denunciou um delegado federal, uma advogada, um
policial militar e um policial federal aposentado, que era assessor
de Brazão no Tribunal de Contas do Rio.
Pessoas
denunciadas:
Domingos
Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio
de Janeiro
Gilberto
Ribeiro da Costa, policial federal aposentado
Rodrigo
Jorge Ferreira, policial militar
Camila
Moreira Lima Nogueira, advogada
Hélio
Khristian Cunha de Almeida, delegado federal
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