Fachada da sede da construtora Odebrecht, foto Folha de São Paulo |
"Já
houve antes, em 2005, uma conspiração para proteger os corruptos
daquele momento, semelhante à que agora promovem PSDB, PMDB, PT e
vários outros —prova cristalina de que são todos farinha do mesmo
saco.
Torturam
os fatos e a mais elementar lógica para tentar demonstrar que caixa
2 é uma atividade, digamos assim, natural, corriqueira até.
Que
é corriqueira, prova-o definitivamente a afirmação
de Emílio Odebrecht,
patriarca afastado da notória empreiteira, segundo quem trata-se do
"modelo reinante" na política desde sempre.
Esse
desde sempre abrange, pelo tempo de vida da Odebrecht, também o
período do regime militar, o que deveria servir para que os que
ainda têm cérebro mas, mesmo assim, querem a volta dos militares,
percebam que corrupção não distingue farda de terno.
Naquele
já remoto 2005, no entanto, surgiu a voz de um notável advogado,
Márcio Thomaz Bastos (morto em 2014), para produzir uma frase
impiedosa mas perfeita: "Caixa 2 é coisa de bandido".
Ajuda-memória:
Márcio era ministro da Justiça do governo do PT, o partido que,
naquela época, era o mais afetado pelo escândalo (o do mensalão) e
o que mais se batia pela tese de que tudo não passava de um inocente
caixa 2.
Agora,
não há uma voz tão respeitável e potente para evitar que prospere
o fato alternativo de que caixa 2 não é coisa de bandido.
Vem,
por exemplo, Fernando Henrique Cardoso para tentar separar o que é
crime (corrupção) do que é "erro" (caixa 2). Falso.
Caixa 2, se é coisa de bandido, como de fato é, não passa de coisa
de bandido.
Se
vai para o bolso dos beneficiados ou para o caixa de campanha, tanto
faz, é uma vantagem indevidamente concedida a quem recebe o
dinheiro.
Vem
também Aécio Neves, o presidente do PSDB, para reclamar que a
"criminalização" da política vai acabar provocando o
surgimento de um "salvador da pátria".
Um
caso cínico de confundir causa e consequência: o que pode provocar
o nascimento de um "salvador da pátria" é o fato de que
os políticos, com exceções raras, estão eles próprios
criminalizando a política e ainda tentando blindar quem pratica os
crimes.
Se
a própria Odebrecht, a rainha do caixa 2 e da propina, confessa, em
nota oficial, ter participado "de práticas impróprias em sua
atividade empresarial", como é que alguém que se beneficiou de
tais práticas pretende sair limpo?
Se
Márcio Thomaz Bastos fosse vivo, diria que "práticas
impróprias" é coisa de bandido. E tudo estaria dito".
Clovis
Rossi
Fonte: "clovisrossi"
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