Cabeça de porco, foto gazetadopovo |
"Utilização
de cabeças de porco e de carne podre na fabricação de embutidos
estão entre as primeiras barbaridades investigadas pela Polícia
Federal.
Ainda
não se sabe o tamanho do problema.
Alguns
frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca forneciam para
várias marcas e a trajetória das carnes adulteradas precisa ser
descoberta.
A
Polícia Federal não divulgou marcas nem lotes específicos que
teriam sofrido adulteração – detalhes assim devem ser passados em
breve para as autoridades sanitárias, que vão definir como
proceder. Há a possibilidade, por exemplo, de se fazer recall dos
produtos adulterados.
As
investigações devem descobrir detalhes do esquema – e coisas
difíceis de engolir serão divulgadas nos próximos dias –, mas já
existem fatos horríveis que vieram à tona.
Quais são as marcas das empresas diretamente envolvidas na Operação Carne Fraca:
BRF - Marcas: Sadia, Perdigão e Chester
JBS - Marcas: Friboi, Seara, Big Frango, Swift e Maturatta
Além
das duas gigantes, o Grupo Peccin e o Frigorífico Souza Ramos também
citados diretamente nos despachos da ação.*
1. Mortadela ruim reprocessada
O
gerente de relações institucionais e governamentais da BRF (dona
das marcas Sadia e Perdigão), Roney Nogueira dos Santos, teria
mandado reprocessar cerca de 700 quilos de mortadela considerados
ruins para consumo.
Por
“reprocessar”, entenda recolocar a carne inapropriada na cadeia
de produção e vender ao público.
2. Carne liberada sem fiscalização
Fiscais
do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa), do
Ministério da Agricultura (MAPA), teriam assinado certificados para
liberação de cargas para exportação sem qualquer procedimento
prévio de fiscalização, em troca de produtos.
3. Carne com salmonela
Um
dos casos mais graves descritos pelo delegado Maurício Moscardi
Grillo, o responsável pelo caso, envolve sete contêineres de carnes
contaminadas com salmonela, do Grupo BRF, que estavam a caminho da
Europa, mas acabaram sendo barrados nos países de chegada.
4. Reaproveitamento de carnes podres, vencidas, doentes e mal estocadas
Citando
os problemas da empresa Peccin, de Colombo (PR), o despacho cita
conversas entre os proprietários da empresa sobre “diversas
falcatruas perpetradas para não desperdiçar alimentos podres,
vencidos, doentes e mal estocados”.
O
frigorífico extrapolava os valores máximos permitidos para analito
amido e nitrito/nitrato, além de usar aditivos não previstos pela
legislação e não declarados nos rótulos dos produtos.
5. Restos de carcaças de animais
A
sigla para “carne mecanicamente separada” aparece várias vezes
no documento da Polícia Federal.
Um
diálogo entre Idair Antônio Piccin e Normélio Peccin Filho,
transcrito no despacho, mostra os dois conversando sobre a fórmula
para fazer mortadela – usando 70% de CMS e “pouca coisa de carne
de boi e miúdo de frango”.
CMS,
observa o documento, “significa carne mecanicamente separada que,
na prática, são restos de carcaças de animais”.
As
adulterações das carnes eram feitas à noite, quando não havia
fiscalização.
Em
uma gravação, a PF destaca a normalidade com que Idair conversa com
um funcionário sobre “a total ausência de refrigeração de uma
carreta de CMS que estava no pátio e sobre a mistura suspeita de
carnes para compor um toucinho”.
6. Cabeça de porco
Também
envolvendo o frigorífico Peccin, é citado o uso de carne de cabeça
de porco na composição de embutidos, algo proibido por lei.
Outra
denúncia se refere a uso de presunto “mais ou menos” podre, mas
que não tinha “cheiro de azedo, nada, nada, nada”.
7. Irregularidades em merenda escolar
Daniel
Gouvêia Teixeira, fiscal do Ministério da Agricultura, apurou
irregularidades no frigorífico Souza Ramos, que forneceu merendas
escolares no Paraná.
A
empresa teria processado salsicha contendo carne de frango quando
deveria ser composta por carne de peru.
8. Carnes vencidas
O
Frigorífico Larissa aparece nos despachos com várias acusações,
as mais graves falam de venda de produtos vencidos com etiquetas de
validade adulteradas e de carnes vencidas há mais de três meses
usadas na produção de outros alimentos.*
9. Extorsão com o Madero
A
extorsão sofrida pela rede de restaurantes Madero foi um dos fatos
que mais repercutiram no noticiário sobre a Carne Fraca.
Os
fiscais exigiam propina para não embaraçar o funcionamento da
empresa e chegaram a pedir picanha, mignon e hambúrguer como
pagamentos – eles carregavam os porta-malas dos carros com a carne.
Representantes
do Madero fizeram a denúncia à PF".
Fonte: "gazetadopovo"
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