"Você
ainda acha que existe outro carnaval melhor no mundo? Depois de tudo
que eu fiz por você?
Eu
fiz purpurina virar a sua segunda pele, às vezes até a primeira. E
te fiz chegar no trabalho hoje sem vergonha de perceber que não era
o único. Te ensinei na marra que o nome é quaresma porque são 40
dias até sair todo o glitter.
Eu
fiz você perguntar se a água na garrafa era pura mesmo. Uma vez,
duas vezes, todas as vezes. Fiz você achar que nunca mais ia dormir.
Invadi
Santos Dumont, MAM, Praça Paris, colori o centro da cidade. Fiz todo
mundo lembrar que a cidade é nossa e andar por ela inteira pra
provar. Fiz você desafiar os limites do seu corpo e lembrar que dá
pra descer Santa Teresa a pé sim. Mesmo que o seu almoço tenha sido
salsichão pelos últimos 4 dias.
Eu
fiz oca indígena virar ponto de encontro. Fiz você achar que todo
dia ia ter Amigos da Onça surpresa de novo. Fiz bloco secreto não
ser mais segredo pra ninguém e bloco sem nome roubar a cena. Mas ó,
não espalha hein!
Fiz
você dar a mão pra estranhos pra proteger músicos que nem conhece
mas já considera pacas. E nunca esquecer de pagar bebida pra eles.
Fiz jardineiro de purpurina ser idolatrado, pernas de pau serem
reverenciadas e tiazinhas fofinhas na janela serem aplaudidas.
Te
fiz acreditar da onipresença do sacolé do Barão, perguntar como o
bloco das trepadeiras tá sempre na frente da banda e até questionar
sua sanidade mental ao ver os mesmos músicos em seis blocos
seguidos.
Fiz
grupo de whatsapp quebrar o recorde de mensagens por dia. Eu fiz você
discutir apropriação cultural, letra de marchinha e esfregar que
“não é não” na cara de quem ainda precisa aprender.
Às
vezes, fiz você esquecer do Crivella, do Pezão, do Temer.
Outras,
fiz você lembrar e cantar ainda mais forte por isso.
Te
lembrei que minha alma é marchinha mas que ela também ama axé,
funk, techno e até Carinhoso e What Wonderful World sentadinho no
chão. Enalteci músicos veteranos, batizei entrantes e renovei nossa
festa por mais um bom tempo.
E
pra não perder o costume: recebi quem é de fora como se fosse
daqui. Voltem sempre. E lembre-se, o melhor jeito de ir embora do Rio
é de Boi Tolo. Ah, e de nada por você não ter que usar abadá. Eu
até caprichei no tempo nublado esse ano. Acostuma não.
No
mais, fiz tudo que eu pude pra lembrar porque a cidade é
maravilhosa, cheia de encantos mil e eu sou um deles.
É
claro que você ia sobreviver. Eu não te mato, te faço mais forte.
Eu
sou o carnaval de rua carioca. E ai de quem me trocou por Olinda!
Salvador? Pfff. O Nordeste que me desculpe, mas o carnaval do Rio é
fundamental.
Parem
de decretar a minha morte porque você não gostou de um bloco ou
outro. Eu não vou piorar, eu não vou acabar, eu sou imortal.
E
de uma vez por todas, esqueçam a música do Los Hermanos, carnaval
não tem fim. Quem me ama sabe onde me encontrar o ano inteiro porque
tem certeza absoluta que essa fantasia é sim eterna."
De autor desconhecido
Recebido pelo Whatsapp
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