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É justa a
indignação dos eleitores com os partidos e políticos que
governaram Armação dos Búzios até agora. Eles representam uma
forma de fazer política ultrapassada, que é presa a uma proposta de
carreirismo: ou seja, de fazer da política, uma profissão para a
vida toda. Em regra são uns burocratas, que só querem privilégios
pessoais, no máximo para um pequeno grupo de apaniguados. Candidatos
que eram a esperança de uma geração que construiu a cidade e
nasceram contra essa perspectiva, logo aderiram a ela, ao se tornarem
administradores totalmente inseridos no sistema.
Este tipo de
comportamento foi se desenvolvendo de forma progressiva e acabou se
cristalizando na certeza de que o campo político é deles e que a
organização da sociedade é absolutamente desnecessária. É
preciso partir desse ponto, para se entender como se pode consolidar
uma nova forma de se fazer política aqui, com uma ampla mobilização
social e a organização dos jovens, moradores e trabalhadores de
todos os bairros e comunidades de Búzios.
É preciso mostrar a
todos o que realmente pode diferenciar um programa de governo com
novas propostas oferecidas para a sociedade. Se hoje, a política
local vai de mal à pior, ela é fruto do que foi e do que não foi
feito, por quem está e esteve no poder ao longo desses vinte anos de
emancipação. Quais foram os governantes que até aqui não aderiram
ao padrão de governar, basicamente, para beneficiar parentes, amigos
e empresários? O quinhão do povo ficou sempre sendo as sobras.
Apenas uma nova
geração poderá fazer uma opção política distinta e se
identificar com um novo programa de mudanças transformadoras, que
possa modificar o destino da Cidade. Essa é a única forma de
mudança, a partir da qual será possível se construir um governo
efetivo e representativo de todos os segmentos da população de
Búzios, e não as discussões requentadas e obsoletas de velhas e
arcaicas lideranças.
Esse sentimento
apartidário e mesmo anti-partidário, é muito comum hoje em dia
entre os jovens. Ele é motivado pela experiência negativa que a
juventude tem com os partidos políticos, que ‘dão ordem’ e com
as antigas orientações de direções partidárias, que hoje
governam em aliança com todo tipo de políticos corruptos e
desacreditados. Esse é o caso dos partidos e políticos, com seus
acordos e contratos negociados com os representantes da velha
política.
O coro dos “sem
partido” é progressivo e ele pode significar uma recusa à
participação política, à luta política. Mas, isso é um perigo
real, que é preciso ser combatido e, o melhor caminho para atrair
esses jovens à política partidária, é demonstrar que há partidos
que podem ser diferentes, se eles mesmos agirem de acordo com
programas de governo que forem discutidos e elaborados por eles.
O melhor caminho
para isso, é provar aos jovens que se interessam por política, que
os partidos não servem para acumular cargos nas instituições, mas
sim para organizar as manifestações, para lutar pelos direitos e as
necessidades reais de mudanças que beneficiem os moradores da cidade
e que possam trazer uma nova proposta de desenvolvimento econômico
para o município.
É preciso integrar
a política com a tecnologia. É muito importante, inclusive, mudar a
linguagem da política. Os partidos precisam pensar numa nova maneira
de formular sua didática para lidar com a juventude e minimizar essa
tendência da linguagem do jovem não ser compreendida pelos
partidos. Pois, manter na direção dos partidos uns dinossauros, que
não largam o osso nunca, faz com que seja impossível esses
políticos entenderem o que a nova geração está propondo para a
cidade.
É preciso votar com
consciência social, discernindo o que é melhor para o município,
mas sobretudo votar com o coração, com a sensibilidade e com o
senso de justiça, para enxergar o sofrimento dos pobres que mais
precisam do serviço público. Este é um direito e uma obrigação
dos jovens que começam a participar da política. Não apenas das
eleições, mas também da organização de grupos para debater sobre
o futuro que queremos, com um coração novo e jovem na política de
Búzios.
José Carlos Alcântara
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