|
Charge do Paixão, via 'Gazeta do Povo'. |
Em
decisão de oito páginas, o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira concordou com pedido da
Polícia Federal e manifestação da Procuradoria da República pela
prisão temporária de Pedro Ricardo Araújo Carvalho (o diretor da
Polícia do Senado), e de três de seus subordinados, Antonio Tavares
dos Santos Neto, Everton Elias Ferreira Taborda e Geraldo César de
Deus Oliveira.
Eles
montaram, segundo a PF, sofisticado esquema de contrainteligência em
trama para supostamente blindar os senadores Fernando Collor
(PTC/AL), Gleisi Hoffmann (PT/PR) e os ex-senadores Lobão Filho
(PMDB/MA) e José Sarney (PMDB/AP).
Ao
avaliar que ‘os fatos são gravíssimos’, o juiz Vallisney de
Souza Oliveira assinalou. “Há, pois, a imprescindibilidade de uma
atuação estatal mais repressiva, no intuito de viabilizar o sucesso
da investigação policial, bem como melhor formar o acervo probante
para a deflagração de uma eventual ação penal, estando presentes
os requisitos do pericuium in mora e do pericuium libertatis
necessários para o deferimento das medidas cautelares requeridas
pela autoridade policial.”
“Como
ressaltado pela autoridade policial, não se podem esquecer as
evidências de formação de associação criminosa”, observou o
magistrado. “O objetivo precípuo para a concessão da medida
extrema de encarceramento temporário é o resguardo da eficácia das
investigações, livrando-as de perturbação e tumulto,
precavendo-se de eventual desaparecimento de provas outras, havendo
fundadas razões de que, soltos, os referidos investigados poderão
nesse início de coleta de prova in loco criar embaraços, porquanto
treinados para detectar, identificar, avaliar, analisar e neutralizar
as ações adversas, nelas contemplando, por óbvio, aquelas que
os alcançam de maneira direta.”
A Operação Métis revelou que a Polícia Legislativa é a polícia mais cara do país. Cooptada pelo poder político é usada como 'guarda pretoriana' dos senadores. Segundo o site antagonista "cada um dos 120 policiais do Senado ganha, em média, R$ 17 mil, além de gratificações, auxílios e comissões. É mais que o dobro de um policial federal.
Eis os salários de cada um dos presos na Operação Métis, com base levantamento do Contas Abertas:
- Pedro Ricardo Araújo Carvalho, diretor da Secretaria de Polícia Legislativa, descrito pela Polícia Federal como líder da “organização criminosa”: R$ 23,3 mil;
- Geraldo Cesar de Deus Oliveira, chefe do Serviço de Suporte Judiciário e Correcional: R$ 17 mil;
- Everton Taborda, chefe de serviço na Coordenação de Polícia de Investigação: R$ 15,5 mil;
- Antonio Tavares, da Coordenação de Polícia de Investigação: R$ 13,5 mil.
Dois dos policiais do Senado presos hoje -- Geraldo Cesar de Deus e Antonio Tavares dos Santos Neto -- foram aos Estados Unidos para um "treinamento contra medidas de vigilância externa". A viagem custou aos cofres públicos mais de R$ 48 mil em diárias entre 30 de outubro e 22 de novembro de 2015.
Além disso, os agentes legislativos não estão expostos a risco e tampouco precisam cuidar de portarias e corredores - trabalho feito pela segurança terceirizada. Possuem viaturas, portam armas letais e pistolas de choque, podem fazer revistas e deter quem ameaça a ordem. Dispõem também de equipamentos para detecção de grampos e autonomia para rastrear e-mails - um poder, obviamente, desmesurado".
Se os policiais do Senado obstruíam a Justiça, retirando escutas ambientais autorizadas, seus mandantes (senadores) também cometeram o mesmo crime. A senadora Gleisi Hoffmann, em nota, admitiu ter pedido aos capangas do Senado a varredura de seus telefones. É ré confessa.
Gleisi Hoffmann apresentou o documento em que solicitou a varredura em sua residência de Curitiba - o documento foi endereçado a Renan Calheiros. Mesmo que o pedido tivesse sido feito à Polícia Legislativa ou à Secretaria Geral da Mesa, o presidente do Senado teria de dar o aval. Arapongas cumprem ordens. Renan tem de ser cassado ou renunciar.
Renan Calheiros autorizou a compra e o uso ilegal de maletas anti-grampo para rastrear equipamentos de interceptação da Polícia Federal autorizados judicialmente. É crime gravíssimo de obstrução da Justiça. Por isso deveria ser preso!
A Folha noticia que o Senado gastou pelo menos US$ 127,8 mil -- R$ 403 mil na cotação de hoje -- na compra das maletas usadas pela Polícia Legislativa para detectar escutas e grampos. A aquisição foi em janeiro de 2015, com dispensa de licitação.
A PF levou do Senado 12 maletas de grampos, conhecidas como Guardião, além de documentos e HDs. A compra de boa parte desses aparelhos coincide com o início da Lava Jato.
O site antagonista obteve depoimentos em que foram narradas algumas VARREDURAS REALIZADAS:
1) VARREDURA PARA GENRO DE LOBÃO
O policial legislativo Geraldo César, que já foi liberado pela Polícia Federal, admitiu que fazia frequentes varreduras contra grampos a pedido de parlamentares em gabinetes, residências oficiais e particulares das autoridades.
Disse ainda que, para "proteção pessoal" de Renan Calheiros, sempre faz "varreduras onde quer que ele vá ter reuniões". César revelou que uma das primeiras que fez, a pedido do chefe Pedro Ricardo, foi na casa de Marcos Regada, genro de Edison Lobão.
Regada lhe disse que a varredura era por causa da campanha eleitoral de Edison Lobão Filho. O agente contou ainda que ficou com medo de ser flagrado com a maleta antigrampo no aeroporto.
2) VARREDURA NA 'CASA DA DINDA' para COLLOR APÓS LAVA JATO
No mesmo depoimento, o policial legislativo Geraldo César admite que fez varredura na casa de Fernando Collor, "logo depois da operação da Polícia Federal" que aprendeu seus carros de luxo - usados, segundo a PGR, para lavar propina da BR Distribuidora.
César conta que o "pedido de varredura foi feito para o gabinete, a residência oficial e para a 'Casa da Dinda'. Um assessor de Collor disse que o senador "estava inseguro de retornar para casa pois seus ambientes tinham sido devassados pela Polícia Federal".
Após o episódio, o policial diz que passou a questionar as ordens de Pedro Ricardo, como a que determinou varredura na residência de José Sarney, já sem mandato.
3) VARREDURA NA RESIDÊNCIA GLEISI EM CURITIBA
Gleisi Hoffmann também utilizou os serviços de detecção de grampos da Polícia do Senado, em sua residência, porque "se sentia insegura de voltar para casa", pois "não estava lá no dia da busca e não sabia quem tinha entrado na casa", contou à PF o policial legislativo Geraldo César.
No depoimento ele alega que questionou a ordem, pois temia "dar aparência de que a Polícia do Senado estaria protegendo parlamentar" e que "desconfiava muito do real interesse nas ordens recebidas".
César disse ainda que entrou em contato com o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete de Rodrigo Janot. Ele teria dito: "Que eu saiba a Polícia Federal não usa esse tipo de dispositivo. Podem ir que vocês não vão achar nada."
4) VARREDURA PARA LOBÃO PAI E LOBÃO FILHO
O primeiro fato investigado no inquérito da Operação Métis trata do uso dos policiais legislativos para a busca de escutas ambientais e interceptações telefônicas em endereços particulares de Lobão Filho e de seu pai Edison Lobão, logo que viraram alvo de operações da Polícia Federal.
5) VARREDURA ATÉ EM ESCRITÓRIO PARTICULAR DE SARNEY
O inquérito registra também pedido de José Sarney para que a Polícia do Senado fizesse varredura até em seu "escritório particular" no Setor Hoteleiro Norte.
"À época, José Sarney já não era mais ocupante do cargo efetivo de senador da República, tampouco desempenhava quaisquer atividades parlamentares."
A PF registra a devoção de Pedro Ricardo por Sarney e sua mulher, dona Marly. "Era apenas um técnico legislativo com formação em contabilidade. Até que, em 2005, foi promovido ao posto de diretor da Polícia do Senado".
Newton Souza Rodrigues, policial do Senado ouvido como testemunha no inquérito da Operação Métis, contou que o "entra e sai" com maletas de varreduras se intensifica sempre que há notícia de investigação da Polícia Federal contra senadores. "Ocorre até hoje", diz.