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sábado, 10 de novembro de 2018

Operação Capitu

Policiais federais carregam material apreendido durante Operação Capitu, em São Paulo, na última sexta-feira Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo


O ESQUEMA

Batizada de Capitu, a operação é um desdobramento da Lava Jato e feita em conjunto com a Receita Federal. A operação é baseada na delação do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB. Em sua delação, Funaro disse que a JBS deu, por intermédio de Eduardo Cunha, R$ 15 milhões ao MDB nacional e R$ 15 milhões ao MDB mineiro.

De acordo com as investigações, empresas doavam dinheiro irregularmente para políticos e partidos. Segundo as investigações, havia um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura para beneficiar políticos do MDB, que recebiam dinheiro da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Em troca, empresas do grupo eram beneficiadas.

Uma grande redes varejista de Minas Gerais , o Supermercados BH, atuava no esquema, por meio de seus controladores e diretores. As redes varejistas se aproveitavam do grande fluxo de caixa para lavar o dinheiro que era doado a partidos e políticos. O esquema operou entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015.

Quando era ministro, o vice-governador Antonio Andrade teria beneficiado a JBS ao determinar a regulamentação da exportação de despojos (parte do boi que não é consumível), a proibição do uso da ivermectina de longa duração – um antiparasita – e a federalização das inspeções de frigoríficos, segundo as investigações.

Em troca, o grupo empresarial Grupo JBS teria pago, além dos R$ 30 milhões, R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e R$ 5 milhões na proibição da ivermectina de longa duração.

Se indiciados, os envolvidos vão responder pelos crimes de constituição, participação em organização criminosa, obstrução de Justiça, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Fonte: "g1"

A OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA

Consta no Pedido de Prisão Preventiva que Ricardo Saud declarou em 20 de setembro de 2018, em documento enviado ao Delegado Mário Veloso, que “não tratou com o Ministro Neri Geller de assuntos relacionados ao presente inquérito referentes ao MAPA, como despojos, ivermectina e 'listão', sendo que acredita que tenha estado com o Ministro Neri Geller já na função de Ministro de Estado não mais do que uma vez” (grifo da juíza). Uma ligação telefônica de 12/12/2014 entre Ricardo Saud e o Ministro Neri Geller mostra a preocupação de Ricardo Saud com o possível boato de que o ministro iria revogar “o negócio lá que veio da Casa Civil de ivermectina”. Neri Geller disse que não iria revogar.

Nesse período da conversa, dezembro de 2014, a Casa Civil era chefiada por Aloísio Mercadante e, conforme declarado por Lucio Bolonha Funaro à Polícia Federal em 17/05/2018, “para ser liberada a portaria dos despojos dentro do MAPA foi necessária a intervenção de Joesley Batista junto ao Ministro da Casa Civil à época, Aloísio Mercadante; QUE se a intervenção do Ministro Chefe da Casa Civil não ocorreu na operação dos despojos, sua intervenção foi efetuada na operação de proibição da “ivermectina”; que o colaborador ressalta que tem certeza absoluta dessa intervenção devido a Rodrigo Figueiredo, funcionário do MAPA indicado por Eduardo Consentino Cunha, ter informado ao colaborador que tudo o que precisava ser feito no MAPA por ele (Rodrigo), pelo Ministro, por Antonio Andrade, e demais funcionários da hierarquia do MAPA, já estava pronto, faltando somente o aval da Casa Civil; que ficou sob responsabilidade de Joesley Baptista devido a grande proximidade do mesmo com membros do Partido dos Trabalhadores; QUE não sabe informar se houve alguma contrapartida financeira em troca dessa ajuda do Ministro Aloísio Mercadante a Joesley Batista; QUE, quanto ao uso de ivermectina, foi o mesmo modus operandi do caso dos despojos, ou seja, Joesley requisitava ao colaborador e o colaborador passava a requisição a Eduardo Consentino Cunha; QUE o deputado Eduardo Cunha, por sua vez, repassava a Rodrigo Figueiredo ou Antonio Andrade; que após a solicitação ter sido feita por Eduardo Consentino Cunha, quem tratava dos trâmites internos dentro do MAPA pelo grupo J&F era Ricardo Saud, visto que Ricardo Saud tinha grande conhecimento do funcionamento do Ministério, pois trabalhou como secretário no Ministério na gestão do ex-Ministro Wagner Rossi”
.
Joesley Batista, por sua vez, declarou à Polícia Federal em 03/05/2018 que “referente à Portaria proibindo a Ivermectina, não se lembra exatamente se Aloísio Mercadante teve que interferir no processo; QUE pode ter acontecido pois o declarante tinha um bom relacionamento com Mercadante; QUE se aconteceu, na visão do declarante, não seria relevante no presente caso, posto que Mercadante nunca pediu propina ao declarante e o declarante nunca lhe oefereu propina ou pagou”.

Tal declaração, entretanto, parece não corresponder ao que foi apurado na investigação policial, por meio dos diálogos interceptados na Operação O Quinto, nos quais se vê claramente que Ricardo Saud mantinha relacionamento de proximidade com o então Ministro Neri Geller e as negociações em torno da utilização da Ivermectina.

Acrescente-se que no dia 7 de janeiro de 2015, conforme os áudios da operação policial intitulada O Quinto, foi possível tomar conhecimento da possível eliminação de documentos na sede da J&F.

Nos diálogos, Ricardo Saud se mostra inicialmente surpreso com a notícia dada por sua secretária, Gisele, e depois fala como se soubesse o motivo pelo qual Joesley Mendonça Batista teria tomado tal atitude. Joesley e Demilton estão fazendo “uma limpeza na sala”, segundo a fala da secretária Gisele, o que desmente a afirmação feita por Joesley perante a autoridade policial.
Em outra fala, no dia seguinte, Demilton confirma ter dado, por ordens superiores, uma limpada geral e levado para o arquivo. Diz que vai ver se encontra o documento que Ricardo diz estar precisando. Ricardo diz que está assinado pelo Gavazoni, secretário de fazenda, e que estava esperando o Wesley assinar para o governador assinar e publicar. Demilton afirma que pode ter sido descartado. Ricardo, por sua vez, diz que se foi descartado foi só descartado 15 milhões por mês. Demilton confirma que agiu por ordem superior e vai ver se encontra o documento.

As declarações são, portanto, recentes, e não correspondem ao que foi até o momento apurado pela autoridade policial, revelando que os indiciados continuam a ocultar os fatos, muito embora se comportem, aparentemente, como se estivessem colaborando com a justiça ,assinando os acordos de colaboração premiada. Ao que parece, e à primeira vista, na verdade estão direcionado a autoridade policial e investigatória para aquilo que lhes interessa revelar, ocultando fatos relevantes para o esclarecimento da atividade criminosa que se instalou no âmbito da administração pública federal.

Em sua colaboração premiada Lucio Bolonha Funaro afirma que o então presidente do grupo J&F , Joesley Mendoça Batista, pessoalmente, juntamente com o gerente Administrativo-Financeiro da J&F , Demilton Antônio de Castroi, e do “entregador de malas de dinheiro da organização criminosa”, Florisvaldo Caetano de Oliveira, estariam retirando toda documentação, mídias e e computadores da sala do diretor de relações intitucionais da J&F Ricardo Saud, em razão de reportagem publicada no dia anterior no jornal O Estado de São Paulo, referentes a fatos relatados pelo delator na operação Lava-Jato, o ex-diretor de abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

domingo, 19 de março de 2017

Nove fatos horríveis descobertos pela Operação Carne Fraca

Cabeça de porco, foto gazetadopovo

"Utilização de cabeças de porco e de carne podre na fabricação de embutidos estão entre as primeiras barbaridades investigadas pela Polícia Federal.

Ainda não se sabe o tamanho do problema.

Alguns frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca forneciam para várias marcas e a trajetória das carnes adulteradas precisa ser descoberta.
A Polícia Federal não divulgou marcas nem lotes específicos que teriam sofrido adulteração – detalhes assim devem ser passados em breve para as autoridades sanitárias, que vão definir como proceder. Há a possibilidade, por exemplo, de se fazer recall dos produtos adulterados.
As investigações devem descobrir detalhes do esquema – e coisas difíceis de engolir serão divulgadas nos próximos dias –, mas já existem fatos horríveis que vieram à tona.

Quais são as marcas das empresas diretamente envolvidas na Operação Carne Fraca:

BRF - Marcas: Sadia, Perdigão e Chester


JBS - Marcas: Friboi, Seara, Big Frango, Swift e Maturatta


Além das duas gigantes, o Grupo Peccin e o Frigorífico Souza Ramos também citados diretamente nos despachos da ação.*

1. Mortadela ruim reprocessada

O gerente de relações institucionais e governamentais da BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), Roney Nogueira dos Santos, teria mandado reprocessar cerca de 700 quilos de mortadela considerados ruins para consumo.
Por “reprocessar”, entenda recolocar a carne inapropriada na cadeia de produção e vender ao público.

2. Carne liberada sem fiscalização

Fiscais do Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (Sipoa), do Ministério da Agricultura (MAPA), teriam assinado certificados para liberação de cargas para exportação sem qualquer procedimento prévio de fiscalização, em troca de produtos.

3. Carne com salmonela

Um dos casos mais graves descritos pelo delegado Maurício Moscardi Grillo, o responsável pelo caso, envolve sete contêineres de carnes contaminadas com salmonela, do Grupo BRF, que estavam a caminho da Europa, mas acabaram sendo barrados nos países de chegada.

4. Reaproveitamento de carnes podres, vencidas, doentes e mal estocadas

Citando os problemas da empresa Peccin, de Colombo (PR), o despacho cita conversas entre os proprietários da empresa sobre “diversas falcatruas perpetradas para não desperdiçar alimentos podres, vencidos, doentes e mal estocados”.
O frigorífico extrapolava os valores máximos permitidos para analito amido e nitrito/nitrato, além de usar aditivos não previstos pela legislação e não declarados nos rótulos dos produtos.

5. Restos de carcaças de animais

A sigla para “carne mecanicamente separada” aparece várias vezes no documento da Polícia Federal.
Um diálogo entre Idair Antônio Piccin e Normélio Peccin Filho, transcrito no despacho, mostra os dois conversando sobre a fórmula para fazer mortadela – usando 70% de CMS e “pouca coisa de carne de boi e miúdo de frango”.
CMS, observa o documento, “significa carne mecanicamente separada que, na prática, são restos de carcaças de animais”.
As adulterações das carnes eram feitas à noite, quando não havia fiscalização.
Em uma gravação, a PF destaca a normalidade com que Idair conversa com um funcionário sobre “a total ausência de refrigeração de uma carreta de CMS que estava no pátio e sobre a mistura suspeita de carnes para compor um toucinho”.

6. Cabeça de porco

Também envolvendo o frigorífico Peccin, é citado o uso de carne de cabeça de porco na composição de embutidos, algo proibido por lei.
Outra denúncia se refere a uso de presunto “mais ou menos” podre, mas que não tinha “cheiro de azedo, nada, nada, nada”.

7. Irregularidades em merenda escolar

Daniel Gouvêia Teixeira, fiscal do Ministério da Agricultura, apurou irregularidades no frigorífico Souza Ramos, que forneceu merendas escolares no Paraná.
A empresa teria processado salsicha contendo carne de frango quando deveria ser composta por carne de peru.

8. Carnes vencidas

O Frigorífico Larissa aparece nos despachos com várias acusações, as mais graves falam de venda de produtos vencidos com etiquetas de validade adulteradas e de carnes vencidas há mais de três meses usadas na produção de outros alimentos.*

9. Extorsão com o Madero

A extorsão sofrida pela rede de restaurantes Madero foi um dos fatos que mais repercutiram no noticiário sobre a Carne Fraca.
Os fiscais exigiam propina para não embaraçar o funcionamento da empresa e chegaram a pedir picanha, mignon e hambúrguer como pagamentos – eles carregavam os porta-malas dos carros com a carne.
Representantes do Madero fizeram a denúncia à PF".

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Sonia Pimenta Comemos até papelão...


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Primeiro, e único honesto, até agora, "delatado" na Operação Lava Jato

Flávio Turquino e Juliana Turquino, foto site  folha de londrina


"Não vou fazer. Tenho uma família, não preciso de dinheiro, eu prezo por fazer as coisas certo. Não quero estragar o nome da minha família" ( Flávio Turquino. )


"O empresário Alexandre Margotto, ligado a Lúcio Bolonha Funaro - apontado como operador financeiro de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e preso na Lava Jato - revelou em sua delação premiada mais detalhes da ligação do ex-ministro Geddel Vieira Lima com um suposto esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.

A delação do empresário, que foi homologada pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, foi obtida com exclusividade pelo Fantástico (veja no vídeo acima). O acordo de Margotto com a Justiça revela ainda o suposto envolvimento do empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, com as operações irregulares no banco federal. As defesas de Joesley e Geddel negam relação com Alexandre Margotto.

O depoimento do empresário revelou também uma surpresa pela 1ª vez: o delator conta que esse escândalo revelou ao menos uma pessoa honesta, um personagem que se recusou a praticar corrupção.

Caso de honestidade


Margotto também afirmou que Joesley Batista queria ter influência sobre o Departamento de 

Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, um cargo estratégico 

para seus negócios.


Segundo o delator, Joesley queria colocar um nome de confiança dentro do governo federal. Margotto, em negociação com Funaro e Eduardo Cunha, indicou Flávio Turquino. Isso foi em agosto de 2013 e houve protesto contra a nomeação política para um cargo sempre ocupado por técnicos do Ministério.

À primeira vista, a estratégia deu certo e Turquino foi nomeado. Mas, segundo Margotto, depois Turquino não aceitou as condições do esquema. E com menos de dois meses pediu demissão. É a primeira vez que uma delação revela que alguém foi honesto.


"Alguma operação que eu não sei te dizer, o Flávio ficou absurdado. Falou 'não vou fazer'. 'Tenho uma família, não preciso de dinheiro, eu prezo por fazer as coisas certo. Não quero estragar o nome da minha família'", disse Margotto, na delação premiada. O Ministério Público questiona: "Trocaram ele?". Alexandre Margotto responde que ele próprio pediu para sair".

Fonte: "g1"