Como político de esquerda, sou democrata radical. O socialismo ou é democrático ou não é socialismo. Sou democrático e radical, porque, como todo socialista que se preze, luto para mudar profundamente a estrutura social do país. Não se quer apenas obter mais liberdade- fundamental-, mas se luta também para diminuir as desigualdades, retirando milhões de pessoas da miséria, inserindo-as como participantes efetivos do processo econômico-social da nação.
Como democrata radical, sempre defendi que a vontade popular manifestada nas urnas deve ser respeitada, a menos que seja provado que o processo eleitoral foi fraudado. Em eleições limpas e democráticas, vale a soberania popular. Que o escolhido livremente pelo povo governe e realize o seu programa de governo durante o período de seu mandato, sempre em busca da melhoria de condições de vida do povo. E que, findo o governo, em novas eleições, o povo o julgue, dando um novo mandato ou escolhendo outro nome para governar a sua cidade.
Entretanto, tem um porém. Sempre tem um porém. E se o Prefeito resolver praticar malfeitos descaradamente, enriquecendo a si e aos seus mais próximos? E se, por causa desses malfeitos, faltar remédios nas unidades de Saúde, o único hospital da cidade ser fechado fazendo a taxa de mortalidade hospitalar disparar, faltar uniformes para as crianças, a merenda escolar oferecida ser de baixa qualidade nutritiva, faltar mobilidade urbana por pura omissão do governo, serem ofertados serviços públicos de péssima qualidade e não se resolver nenhum problema estrutural (segurança, saneamento, transporte, regularização fundiária, invasões de terras, meio ambiente, etc) do povo buziano? O que fazer?
Esperar a Justiça tomar a providência de afastá-lo do cargo? Ela, a Justiça, tem seu tempo próprio. A Justiça de Búzios já afastou Dr. André por três vezes. E não só ele. O atual Vice também foi afastado por duas vezes, quando exercia o mandato de Vereador. Mas tem uma "coisinha" que dificulta a ação da Justiça. Ambos, Prefeito, Vice, e os vereadores gozam do medieval foro privilegiado. Com o foro especial por prerrogativa de função, um possível julgamento do Prefeito será jogado lá pras calendas gregas. Com certeza, durará mais do que o tempo de seu mandato. Enquanto isso, o povo seguirá desgovernado rumo ao abismo social. A cidade será destruída, o povo agonizará na porta do hospital fechado, nas imensas filas da policlínica e os malfeitos serão repetidos impunemente. O que fazer? Ficar de braços cruzados e esperar a decisão dos Desembargadores?
Como se costuma dizer, os legisladores foram sábios prevendo medidas extremas para casos extremos. Em até 90 dias, o Prefeito poderá ser afastado definitivamente do cargo. Imaginem o quanto do sofrimento do povo de Cabo Frio poderia ter sido poupado, se o desgovernante anterior tivesse sido "impichado". Mas para que tal acontecesse um pré-requisito se fazia necessário: era necessário uma Câmara de Vereadores independente e fiscalizadora. A despeito do sofrimento do povo cabofriense, a "turma do amém" lhe deu as costas e sustentou politicamente o desgoverno por todo seu desmandato de caos e miséria. A que preço?
Em Búzios, felizmente, pela primeira vez na sua história, o pré-requisito existe. Nas últimas eleições, saiu das urnas um grupo político unido e comprometido com a fiscalização da cidade- o G5. Todos foram eleitos por coligações de oposição ao atual Prefeito. E assim permaneceram. Coisa rara, já que é costume o vereador ser cooptado pelo alcaide em nome da governabilidade, logo no início do mandato. (Foi o que aconteceu na legislatura passada. A coligação do prefeito elegeu apenas dois vereadores, mas concluiu seu mandato com sete vereadores lhe dando sustentação política). E todos sabem a que preço! Dá pra imaginar os mundos e fundos que o governo deve ter oferecido para que um deles do G-5- apenas um- se bandeasse para o lado do prefeito. Por que o Prefeito não conseguiu?
Não existe outra resposta. Não passaram para o lado do governo, apesar das propostas mirabolantes, porque ouviram o clamor do povo nas ruas, nas vans, nos bairros, por todos os cantos do município. Nunca na história de Búzios tivemos um prefeito (re) eleito com tão poucos votos e tão rejeitado. Pouco menos de um quarto dos eleitores votaram em André.
Para os vereadores do G-5 ficou claro que o desgoverno atual é muito ruim, não dialoga com ninguém, nem mesmo com os vereadores da sua base. Não ouve a ASFAB - entidade representativa dos funcionários públicos municipais. O desgoverno governa apenas para os seus. Para o povo, desgoverno. Conforme provado pela CPI do BO, o desgoverno, em início de mandato, fraudou mais de 20 licitações, gerando um prejuízo de aproximadamente 34 milhões de reais aos cofres públicos. Um desgoverno nestas condições não pode mais continuar desgovernando a cidade. O Prefeito precisa deixar sua cadeira para que a cidade não seja destruída e o povo buziano recupere a sua auto-estima. E volte a sorrir.
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Para os vereadores do G-5 ficou claro que o desgoverno atual é muito ruim, não dialoga com ninguém, nem mesmo com os vereadores da sua base. Não ouve a ASFAB - entidade representativa dos funcionários públicos municipais. O desgoverno governa apenas para os seus. Para o povo, desgoverno. Conforme provado pela CPI do BO, o desgoverno, em início de mandato, fraudou mais de 20 licitações, gerando um prejuízo de aproximadamente 34 milhões de reais aos cofres públicos. Um desgoverno nestas condições não pode mais continuar desgovernando a cidade. O Prefeito precisa deixar sua cadeira para que a cidade não seja destruída e o povo buziano recupere a sua auto-estima. E volte a sorrir.
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