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Arte de Ricardo Mvg |
O prefeito quer acabar com o Ensino Médio municipal porque não tem mais recursos para
sustentar o seu modelo de gestão clientelista e patrimonialista.
Como não pode confessar isso abertamente, inventa como desculpa que está sendo pressionado pelo Ministério Público Estadual (MPE) a cuidar apenas daquilo que é responsabilidade sua, o ensino infantil e fundamental. Realmente, o MPE cobra dos municípios que eles atendam à demanda por vagas em creches antes de aventurarem-se em outros níveis educacionais, que não são de suas responsabilidades. Todo município que possua escola municipal de ensino médio deve repassá-la ao estado, enquanto este município não der conta do ensino infantil e fundamental. Mas, o MPE não é irresponsável a ponto de desconhecer a realidade atual do falido Estado do Rio de Janeiro. Faz-se necessário um período de transição, até que o Estado saia de sua situação de falência, e possa assumir a prestação de um ensino médio de qualidade. Ou quem sabe, o município deixe de ser irresponsável e crie vagas suficientes em creches para atender a demanda municipal. Assim, poderá dar algo mais, como um bom ensino médio.
O modelo de gestão clientelista e patrimonialista adotado pelo Prefeito esgotou-se. Búzios
atualmente tem uma dívida de 36 milhões de reais. Deve 26 milhões
de reais ao INSS, dívida que renegociou e está pagando
parceladamente, e 10 milhões ao FUNPREV. Por não conseguir romper
com o modelo, Dr. André viu-se obrigado a pedir autorização à
Câmara de Vereadores para buscar, junto à rede bancária,
empréstimo de 25 milhões de reais. Está no fio da navalha. Para manter os privilégios de sua turma vai querer mexer em direitos coletivos, com o direito dos estudantes secundaristas de Búzios.
O
clientelismo político o obriga consumir praticamente a metade de
suas receitas totais com a folha de pagamento. Para este ano de 2018,
com receitas totais de 239,1 milhões de reais, estima-se que vá
gastar 112,9 milhões de reais apenas com pessoal. Calcula-se que
cada vereador da sua base tenha "ganho" mais ou menos 40
cargos de presente para garantir voto favorável na Casa legislativa
às matérias de interesse do Prefeito. Só aí lá se vão 280
cargos públicos. E, obviamente, estes "servidores"
públicos, muitos deles parentes ou cabos eleitorais dos edis, não
estão na função para servir ao povo buziano. Desnecessários ao
serviço público, não devem nem mesmo aparecer em seus locais de
"trabalho".
Na AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Processo No 0002399-69.2014.8.19.0078) em que Mirinho Braga foi condenado por práticas reiteradas de contratação de servidores temporários em substituição de servidores públicos ocupantes de cargos de provimento efetivo, encontramos alguns exemplos da prática de clientelismo na Educação Buziana, prática da qual a "Turma do Amém" atual usa e abusa:
1) "na contratação de JAQUELINE DOS SANTOS OLIVEIRA para o cargo de
professora no âmbito da Secretaria Municipal de Educação e Ciência
da Prefeitura de Armação dos Búzios, na ficha de
cadastro para contrato temporário desta senhora, consta no campo
indicado para ‘observação’ a seguinte anotação: “INDICAÇÃO
DO VEREADOR LEANDRO”. Instando salientar que o parlamentar
apontado foi Vereador da Câmara Municipal de Armação
dos Búzios, a saber, o Vereador LEANDRO PEREIRA, que já
foi Presidente daquela Casa Legislativa e que tem como incumbência o
controle e a fiscalização do Poder Executivo Municipal, da
Administração Pública Municipal e da execução dos orçamentos
públicos municipais".
2) "da contratação temporária de JOANA GUIMARÃES SILVA, para
cargo de professora do pré-escolar, cuja indigitada ficha de
inscrição fora subscrita não pela contratada, mas pelo então
candidato ao cargo de Vereador da Câmara de Armação dos Búzios,
nos anos de 2008 e 2012, “NILTINHO
BRAGA”, primo do então PREFEITO MUNICIPAL, DELMIRES DE OLIVEIRA
BRAGA". Hoje, Niltinho é vereador. Foi eleito em 2016.
Segundo
os "Estudos Socioeconômicos do TCE-RJ" de 2016, Búzios
possuía em 2015 3.311 funcionários públicos, dos quais apenas
1.914 são concursados. O que dá uma média de 110 funcionários por
1.000 habitantes, a 7ª maior média do estado.
Se
a folha de pessoal consome aproximadamente 50% das receitas
municipais, o patrimonialismo ajuda a consumir o resto,
sobrando muito pouco para investimento em melhorias que beneficiem
realmente o povo buziano. As terceirizações, muitas delas caras e
desnecessárias, é outro ralo por onde escoa boa parte dos recursos
públicos municipais.
Das
21 licitações fraudadas apontadas pela CPI do BO em 2014 e que
atualmente são objeto de uma Ação Civil Pública na 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de
Búzios, seis delas eram de responsabilidade da Secretaria de
Educação, cujo gestor, à época, era o Sr. Cláudio Mendonça. São
elas:
1) Aquisição
de material de limpeza das unidades escolares da rede municipal
Empresa
vencedora: CMF
da Silva Mattos EPP.
2)
Manutenção de escolas.
Empresa
vencedora: R
S Brasil Construtora Ltda. Valor Anualizado (VA): R$
892.080,00.
3)
Aquisição de material de papelaria para as escolas da rede.
Empresa
vencedora: Casa do Educador Com e
Serv Ltda. Valor Anualizado (VA): R$ 931.353,78.
4)
Aquisição de uniformes escolares para a rede.
Empresa
vencedora Hawai 2010 Comercial
Ltda.
5)
Aquisição de móveis escolares para a rede.
Empresa
vencedora: Casa do Educador Com e
Serv Ltda.
6)
Aquisição de gêneros alimentícios para as escolas da rede
municipal.
Empresa
vencedora: Comercial Milano Brasil
Ltda.
Analisando-se o orçamento de 2018 da Educação, e comparando-o com o do
ano passado, fica claro que o Ensino Médio Municipal precisava ser
sacrificado para salvar o modelo clientelista-patrimonialista posto
em prática pelo prefeito André.
O Orçamento da SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, ESPORTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA deste ano é de 64,0 milhões de reais. Considerando apenas a Educação, sem "Esporte"e "Ciência e Tecnologia", temos R$ 60.097.933,47, R$ 5,953,8 milhões a mais que no ano passado. Este "plus", de acordo com o modelo patrimonialista, é usado para praticamente dobrar a dotação para a Merenda Escolar, que salta de R$ 1.653.570,63, em 2017, para R$ 3.165.070,63 em 2018. O restante é distribuído para serviços de manutenção predial das unidades escolares, entregues a empresários amigos por meio de licitações fraudadas como mostrou a CPI do BO em seu relatório final.
Desse modo, com base em uma suposta pressão do Ministério Público Estadual, Dr. André, Prefeito de Búzios, sustentado no cargo por três liminares, vai acabando com turmas de Ensino Médio dos Colégios Paulo Freire e INEFI para poupar recursos para sustentar seu modelo de gestão que beneficia apenas uma minoria. A insensibilidade é tanta que se está acabando com turmas do horário noturno, compostas por alunos que fazem um esforço enorme para estudar depois de uma jornada de trabalho de no mínimo oito horas.