A Praia do Peró, em Cabo Frio, maior cidade da região, figura desde 2014 entre as com pior taxa de homicídios do estado do Rio. Foto: Bárbara Lopes 27.01.2016 |
"Famosa
pelo turismo e pelas belas praias, a Região dos Lagos também se
destacou, em 2017, por uma característica nada atraente. Quatro das
sete cidades da chamada Costa do Sol figuraram entre as dez com
piores taxas de homicídio do estado, como mostra um levantamento
feito pelo EXTRA com base em números do Instituto de Segurança
Pública (ISP). A escalada na violência é tanta que, pelo terceiro
ano consecutivo, a região registrou mais assassinatos para cada cem
mil habitantes do que a Baixada Fluminense, tida como uma das áreas
mais inseguras do Rio.
Em
2016, 2015 e 2014, até onde é possível chegar com os dados mais
antigos separados por município disponibilizados pelo ISP, apenas
duas cidades da Região dos Lagos apareceram nesse indesejado top 10:
Cabo Frio, todas as vezes, acompanhada em duas ocasiões por Araruama
e, em uma, por Búzios. No ano passado, considerando as estatísticas
até novembro, o trio ganhou a companhia de Arraial do Cabo, terceira
colocada de todo o estado no quesito taxa de homicídios — veja
mais detalhes no infográfico abaixo.
— É
inegável que a segurança é um dos principais fatores que geram
impactos diretos no turismo. Já tivemos épocas em que hoteleiros e
comerciantes tiveram grandes problemas por causa da violência, e
isso acaba gerando demissões — afirma Maria Inês Oliveros,
presidente do Convention & Visitors Bureau de Cabo Frio, maior
cidade da Região dos Lagos, que inclui ainda, além dos municípios
já citados, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema.
- Mas isso faz parte de um passado que estamos trabalhando para que não volte a acontecer. E 2017, inclusive, foi um ano relativamente tranquilo. Tivemos um dos réveillons mais calmos dos últimos anos — acrescenta Maria Inês.
Ação
do tráfico impulsiona assassinatos
Os
sete municípios da Região dos Lagos são atendidos por uma única
unidade da PM: o 25º BPM (Cabo Frio). Comandante do batalhão há
exatos dois anos, o coronel André Henrique Oliveira da Silva credita
sobretudo à disputa entre facções rivais o número de homicídios
em sua área de atuação.
— Por
isso, temos feito um trabalho forte no combate ao tráfico, no
sentido de retirar armas desses criminosos. Viramos o segundo
semestre do ano passado com 31 casos a menos de letalidade violenta
do que a meta de 194 diante de 2016 — diz.
Outra
medida que pode ajudar a melhorar os índices na região é a
inauguração de uma Delegacia de Homicídios com sede em Macaé, no
Norte Fluminense, prometida para até o fim do ano. A unidade vai
atender ao todo dez municípios, onde atualmente os casos são
investigados por delegacias distritais.
De
acordo com a Polícia Civil, cerca de 50% dos assassinatos ocorridos
no interior do estado são registrados na área a ser atendida pela
nova DH. O previsto, porém, é que a especializada abranja apenas
três cidades da Costa do Sol: Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios,
que somadas correspondem a pouco mais de 45% da população total da
Região dos Lagos.
Uma
arma por dia
Estatísticas
internas do 25º BPM apontam que, entre armas e simulacros, o
batalhão fez mais de uma apreensão diária no ano passado. Foram
276 armamentos reais, incluindo dois fuzis, e 99 réplicas
recuperadas no período.
Duas
mil detenções
A
soma de prisões e apreensões de adolescentes, mais de cinco por
dia, também impressiona. O batalhão colocou atrás das grades, em
2017, 1.580 adultos e 447 menores. Além disso, foram apreendidos 635
quilos de droga ao longo do ano.
Veja,
abaixo, a íntegra da resposta enviada pela Polícia Militar
“A
elevação das taxas de homicídios em cidades da Região dos Lagos,
assim como em outras áreas turísticas do estado, está relacionada
à estruturação do tráfico de drogas. Qualquer ocupação de
território para prática ilícita ocorre de forma violenta,
resultando em mortes.
De
acordo com o Comandante do 25º BPM (Cabo Frio), Coronel André
Henrique de Oliveira Silva, mais de 90% dos homicídios ocorridos nas
cidades sob sua jurisdição têm relação com a disputa por pontos
de venda de drogas. Hoje, na região, há duas facções criminosas
disputando território. Para ilustrar o cenário, vale lembrar que em
2017 foram aprendidas 276 armas de fogo, entre as quais dois fuzis, e
foram efetuadas 1580 prisões de criminosos e 447 apreensões de
menores envolvidos em atos violentos.
Apesar
dessa constatação – cuja reversão não depende apenas da Polícia
Militar – houve uma queda na taxa de homicídios entre 2016 e 2017
de 16% na AISP 25. A redução dos indicadores de letalidade violenta
é reflexo do trabalho contínuo e cada vez mais integrado com a
Polícia Civil.”
Fonte: "extra"
Nenhum comentário:
Postar um comentário