Em
5/8/2005, em entrevista ao jornal O Perú Molhado, o ex-prefeito
Mirinho Braga afirmou que o “lobby da
construção civil é muito poderoso em Búzios”.
Citou que ficou muito preocupado com a atuação do lobby junto aos
vereadores quando enviou, ao final de seu segundo mandato
(2001-2004), o anteprojeto de lei do Plano diretor à Casa
Legislativa. Temia que o grupo atuasse para a não aprovação do
Plano, que ele considerava “preservacionista”.
-Já
tive denúncia de vereador da oposição que “está se armando um
grupo político ligado à construção civil, disposta a financiar a
não aprovação do Plano diretor” (Jornal Armação dos
Búzios, 17/07/2004).
Antes,
havia afirmado que poderiam ocorrer “emendas no legislativo de
empresários interessados em alterar a identidade preservacionista do
Plano” (Jornal Armação dos Búzios, abril, 2004).
Na
verdade, empresários não fazem emendas. Quem faz emendas são os
vereadores. O que Mirinho diz, na sua usual forma oblíqua de dizer,
é que existiam, na 2ª legislatura, vereadores corruptos
financiados pela especulação imobiliária para legislar pra eles. E
que esse comportamento não era novidade, pois já acontecera na
legislatura anterior, quando surgiram “algumas emendas estranhas”
na Lei do Uso do Solo (LUOS). (Jornal Armação dos Búzios,
23/04/2004).
Apesar
da gravíssima denúncia, Mirinho não veio a público para
identificar os agentes da corrupção. Tampouco deu o nome do
vereador que lhe trouxe a informação. E não fez nenhuma denúncia
ao MP.
Mesmo
com as “emendas estranhas”, Mirinho não vetou a LUOS aprovada,
sob o tosco argumento de que o legislativo era independente.
Segundo
Mirinho, o perigo do lobby da construção civil está no fato de
“herdarmos costumes de vantagens para vereadores … É uma
política perversa praticada na maioria dos municípios da Região
dos Lagos”. Isso transforma o prefeito em “refém dos
vereadores”. (jornal O Perú Molhado, 5/8/2005).
Na
legislatura seguinte, (2005-2008), a pequena especulação
imobiliária conseguiu aprovar a famigerada Lei 17 (Lei dos Pombais),
que fez proliferar casas geminadas por toda península, por
iniciativa do vereador Alexandre Martins – representante político
do setor. Alexandre contou com os votos de alguns membros do primeiro
G-5 criado na Câmara de Vereadores.
No
legislatura seguinte (2009-2012), Mirinho, como se houvesse tornado
refém não dos vereadores, mas da própria pequena especulação imobiliária, deixou de lado o tosco
argumento de 1999 da independência do legislativo, e vetou a
revogação da Lei dos Pombais. Felizmente, a pequena especulação
imobiliária foi derrotada. O veto do Prefeito foi derrubado e a revogação da lei foi mantida. Um segundo G-5 foi criado no 2º biênio dessa
legislatura.
Noticia-se
agora que a pequena especulação imobiliária novamente estaria fazendo lobby
junto ao terceiro G-5 criado nesta legislatura (2017-2020). O objetivo seria retomar o Poder, tornando o prefeito, nas palavras de Mirinho, "refém dos vereadores". Se for verdade, é muito
preocupante, porque estamos nos aproximando da prevista revisão do
Plano Diretor, depois de 10 anos de sua aprovação.
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