quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Por uma nova forma de fazer política em Búzios 2



Depois da derrota do impeachment na câmara de vereadores confesso que fiquei desanimado em continuar fazendo política em Búzios. Pensei em sair da cidade. Viajar. Sair do país, até. Talvez para Portugal- terra dos meus ancestrais. Cansei de fazer política pensando sempre em medir os passos possíveis que poderiam ser dados em consonância com o baixo nível de consciência política da maioria da população de Búzios. 

O impeachment retratava muito bem essa estratégia. Tirava-se André do cargo- motivos não faltavam para isso- e colocava-se Henrique Gomes em seu lugar. Apesar de aparentemente se trocar 6 por ½ dúzia, poderia ser um avanço, se o G-6, mantido unido, passasse a governar a cidade. Se Henrique persistisse na velha política buziana, da qual é um grande representante, o G-6 poderia fazer com ele o mesmo que tentou fazer com André. O grupo governaria a cidade preparando-a para a transição da velha para a nova política. Com uma transição bem feita, muito provavelmente o novo prefeito a ser eleito em 2020 sairia do G-6, ou alguém apoiado pelo grupo. Um novo prefeito, com uma nova forma de fazer política, com um novo modelo de gestão, poderia iniciar a reconstrução da cidade destruída pelos três prefeitos que tivemos.

Infelizmente dois vereadores- representantes do que há de pior na política de Búzios- botaram tudo a perder. Mais uma vez os interesses do povo buziano foram deixados de lado em prol dos interesses pessoais e mesquinhos de dois “representantes” do povo. Dane-se que os problemas fundamentais da cidade continuem se agravando- colocando em risco seu futuro como destino turístico-, o importante para eles- como sempre na política buziana- é se dar bem pessoalmente, usar a política como trampolim para ascenderem socialmente.

Desfeito o sonho do impeachment, um novo sonho pode ser sonhado: novas eleições em Búzios. Tudo indica que a decisão unânime do TRE-RJ de cassar a chapa André-Henrique seja mantida pelo TSE, levando a que se realize eleição suplementar em Búzios no ano que vem. Se o sonho sonhado se realizar, o que fazer?

A malograda experiência do impeachment me fez ver que não dá mais para ser tolerante com a velha política praticada em Búzios desde a emancipação. Cansei de praticar o voto útil que venho fazendo desde 2004. Escolhe-se aquele que se acredita o menos pior para tirar o pior do poder e, no cargo, o que se considerava o menos pior, se revela pior do que o que se derrotou. Acredito que, como eu, muitos formadores de opinião de Búzios, por falta de opção, também tenham quebrado a cara votando (in)utilmente.

Com essas preliminares, proponho a criação de um grupo político que reúna todos os formadores de opinião da cidade, para que possamos encontrar um nome de consenso como pré-candidato a prefeito de Búzios na próxima eleição -a suplementar ou a de 2020- a ser realizada no município. Não dá mais para fazer voto útil votando em um representante da velha política buziana para derrotar um outro representante da velha política buziana- o candidato de André. Possivelmente, teremos como candidato nas próximas eleições, suplementar ou não, Joice ou Joãozinho como candidato do governo, e pela oposição, Alexandre Martins, Felipe Lopes e Mirinho. Todos dignos representantes da velha política buziana que precisa ser combatida com todas as nossas forças, pois ela está destruindo a passos largos a cidade.


Em breve lançarei dois grupos no Facebook, um fechado e outro aberto, para discutir soluções para os problemas fundamentais da cidade (Trabalho e Renda, Saúde, Educação, Meio Ambiente, Segurança, Mobilidade Urbana, Regularização Fundiária, Etc). O blog IPBUZIOS estará à disposição dentro de seu ideário de contribuir para mobilizar, organizar e conscientizar os moradores de Búzios em prol de uma nova forma de fazer política em Búzios. 
  

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Por uma nova forma de fazer política em Búzios

Por
uma
nova
forma
de
fazer
política
em

Búzios

PGJ emite nota sobre possível retorno de presos federais para o Rio de Janeiro


A medida adotada pela Defensoria Pública da União é um despropósito e está totalmente dissociada da atual realidade em que estamos vivendo. Certamente, decorre do desconhecimento da estrutura e da forma de atuação das organizações criminosas no Estado do Rio de Janeiro. 
Não estamos lidando com presos comuns. Estamos falando de líderes de organizações criminosas, de altíssima periculosidade, que geram uma verdadeira desordem urbana, comprometendo a segurança e a paz social. 
Temos que agir de forma responsável e razoável, priorizando o interesse público e da sociedade em geral. 
Líderes de facções criminosas não podem ser tratados da mesma forma que criminosos comuns, do mesmo modo que estes não podem usufruir do tratamento dado ao cidadão de bem. Nas palavras de Aristóteles, “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades".
Eduardo Gussem
Procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: "mprj"

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Os 10 melhores sites e blogs da Região dos Lagos em 2 de outubro de 2017, segundo o Alexa

Logo do site Alexa


1º) - PORTAL RC24H - 11.322º
http://www.rc24h.com.br/


2º) - FIQUE BEM INFORMADO - 17.683º
http://reportereduandersilva.blogspot.com.br/


3º)  - IPBUZIOS – 26.254º
http://ipbuzios.blogspot.com.br/


4º) - JORNAL DE SÁBADO – 28.479º
http://jornaldesabado.net/


5º) - FOLHA DOS LAGOS - 30.411º
http://www.folhadoslagos.com/


6º) - PRENSA DE BABEL – 31.992º
http://prensadebabel.com.br/


7º) – BOM DIA BÚZIOS – 40.704º
http://bomdiabuzios.blogspot.com.br/

8º) - HISTÓRIA, MÚSICA E SOCIEDADE - 51.450º


9º) - JORNAL FOLHA DE BÚZIOS – 55.558º

10º) - JORNAL DO TOTONHO - 58.155º
http://www.jornaldototonho.com.br/


A culpa dos constantes apagões é dos ventos e da maresia, diz ENEL

Em matéria do jornal Folha dos Lagos de hoje (2) sobre os apagões em diversos municípios da Região dos Lagos a concessionária ENEL "culpou os ventos e a maresia pela situação" ("folhadoslagos"). É muita falta de respeito com a população vir com uma desculpa dessa. Ora, se todo ano, nesses meses de setembro e outubro, venta muito por aqui, como é que nos anos anteriores não passamos por esse problema de apagão quase diário. 

O problema é que essas empresas terceirizadas (energia, saneamento, transporte) pelo estado deitam e rolam nos municípios porque os prefeitos são omissos e incompetentes. Lavam as mãos, como se não tivessem nada com isso, como se fosse um problema apenas do governador. Quando não estabelecem relações nada republicanas com essas concessionárias de serviços públicos. 

As agências reguladoras, situadas na distante capital, em geral, não funcionam. Tornaram-se cabides de bons empregos e muito dóceis com as empresas que deveriam fiscalizar. A única exceção, acredito, é a ANATEL. Mas muitas das multas aplicadas por ela, são perdoadas por iniciativa de parlamentares amigos dos dirigentes dessas empresas. 

A única solução é fazer o que o valoroso povo da Rasa fez, ocupando as ruas para ser ouvido. Ou então protestar em frente à prefeitura cobrando atitude do prefeito. Não tem jeito!  

Comentários no Google+:
Primariamente até é.... mas não vejo, há muito tempo, o caminhão que lavava os isoladores retirando a maresia que se acumula neles na nossa região....falta de planejamento, contenção de despesas e diminuição das equipes de emergência: essas são as verdadeiras causas dos apagões por aqui!  



domingo, 1 de outubro de 2017

Dr. André Granado, prefeito de Búzios, promete tirar a ENEL do município

Foto do "prensadebabel"
Uma sucessão de erros do desgoverno municipal. 

Primeiro, a forma escolhida de comunicação com a população. O prefeito usa o Whatsapp para falar das constantes interrupções do fornecimento de  energia no município se dirigindo apenas aos "prezados amigos", aí incluindo o site Prensa de Babel" (depois reclamam que eu chame o site de prensa de dedé), quando deveria ter usado o site oficial da prefeitura para dar uma satisfação à população como um todo.

Segundo, por que o prefeito demorou tanto para dar uma satisfação ao povo buziano? Será que saiu do seu mutismo irresponsável apenas por causa do protesto do valoroso povo da Rasa no dia de hoje (1º)? 

Terceiro, que providências políticas são essas? As medidas jurídicas são óbvias. Cabe à prefeitura denunciar a concessionária à agência reguladora do sistema elétrico brasileiro (ANEEL) para que sejam aplicadas multas severas "na" empresa. Será que o prefeito desconhece a existência da agência? 

Quarto, o absurdo dos absurdos! Demagogia pura.  Em um ambiente de monopólio, concessão estadual, o prefeito promete iniciar "uma discussão para buscarmos a substituição da concessionária em Búzios". Vai fazer o quê? Vai trazer a Eletropaulo ou a Cemig pra Búzios? 

Quinto, o site chapa branca, em mais uma comunicação privada e exclusiva, entrega que o prefeito apenas se mexeu porque o povo fechou a entrada da cidade na Rasa. As interrupções no fornecimento vem ocorrendo há mais de uma semana e o prefeito não estava nem aí. Só procurou a ENEL hoje (às 15h:55). 

"Já tive o retorno dos representantes da empresa ENEL, que informaram que o que ocasionou a interrupção hoje (na Rasa) teria sido a quebra de um cabo de energia, e que o conserto já esta sendo realizado e que ficará resolvido em uma hora e meia, vamos acompanhar e confirmar.

Comentários no Facebook:


Ricardo Guterres Blá..blá...blá.....

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1
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Laci Coutinho Ele contradiz os vereadores que não acharam nada de anormal na Enel! Kkkkk

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Laci Coutinho Quero ver tirar Prolagos junto! Kkkk

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Sandro Paula Se ele prometeu então é verdade e além disso ainda está na internet para comprovar a veracidade da informação.

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Sonia Pimenta A Ampla, depois de péssimo serviço, caiu fora, deixando pra trás uma rede em péssimas condições, sem manutenções ao longo do período que serviu a população. Entra a eneel,e aproveita a sucata deixada pela Ampla. Estourou. Agora temos apagões semsnais. Isso na entrada do verão! .Esperamos que o dr. Retire essa empresa, que como a grande maioria, suga o que pode. enche os cofres de dinheiro e sai deixando pra trás tudo sucateado.
Milton Da Silva Pinheiro Filho Esta merda toda é o resultado das privatizações do safado já falecido Marcello Alencar.E tinha e tem um monte de pobre besta que defende privatização de serviço de prestação continuada.Em quase vinte anos da privatização não cumpriram com nada do que prometeram para convencer a opinião pública à época.E,detalhe.Vão entregar em breve para o Estado só o osso,aguardem,estes apagões não são destes dias e não é só aquí na nossa região.Tenho informações de acontecido em vários pontos do Estado,até mesmo em áreas da Light que também é do mesmo pacote.Tuuuudooo pilantras

Julio Medeiros Se é a empresa ENEL que está errada e errando, pq alguns vereadores votaram contra o requerimento da vereadora Gladys ? Cabe alguma explicação?

Claudio A. Agualusa Uma comédia pastelão de péssima categoria. A prefeitura e a enel devem ser sócias nesse circo dos horrores contra a cidade e sua população!!!


Todo apoio ao povo catalão: Defender a democracia sempre valerá a pena

A Polícia Nacional espanhola impede que as pessoas entrem em um escola para votar em Barcelona
Fonte: CNN
O povo da Catalunha participa hoje (1º) do referendo da independência da Espanha, que o Tribunal Constitucional espanhol declarou ilegal. A policia nacional espanhola invadiu os locais de votação entrando em confronto com os eleitores. A CNN noticiou que "a polícia disparou balas de borracha em direção das pessoas que tentavam votar". Trinta e oito pessoas foram atendidas por serviços de emergência na parte da manhã, declararam as autoridades regionais. O presidente da província Catalã, Carles Puigdemont, condenou a "agressão indiscriminada" contra as pessoas que tentam votar pacificamente. Ele e outras autoridades catalães estão sendo impedidas de votar. Charles não pode votar em Girona, onde estava inscrito. Teve que votar em uma vila próxima. A ministra da Educação, Clara Ponsati i Obiols, foi removida com uso de força policial de sua mesa de votação.


Mapa da Catalunha, arte da CNN

O porta-voz do governo regional, Jordi Turull, disse em uma conferência de imprensa em Barcelona, ​​duas horas depois que a votação começou, apesar dos esforços do governo espanhol, que 73% dos locais de votação (4.666) funcionaram normalmente. Ele acusou Madrid de ser responsável por "uma violência estatal desconhecida da Espanha desde a época de Franco", referindo-se ao ex-ditador militar Francisco Franco, que governou o país com punho de ferro por 36 anos até 1975. Turull acrescentou que "a violação dos direitos fundamentais na Catalunha não é apenas um problema interno da Espanha, mas também um problema interno da UE, porque os catalães são cidadãos da UE". Quando perguntado por um repórter se tudo valeu a pena, respondeu: "Defender a democracia sempre valerá a pena".
O governo separatista da Catalunha permaneceu inflexível quanto ao prosseguimento da referendo sobre a independência. Muitas escolas escolhidas para a realização da votação foram ocupadas durante a noite na tentativa de mantê-las abertas no dia de hoje. Multidões protestaram em toda a região.
No início da votação, as autoridades espanholas recolheram as cédulas, as listas  de eleitores e o material da campanha. Milhares de policiais adicionais foram enviados para a região. Autoridades catalãs de alto escalão envolvidas na organização do referendo foram presas. E nos últimos dias, as autoridades espanholas bloquearam o uso de um aplicativo de localização de votação e apreenderam o software de contagem de votos.


Um homem coberto de sangue com a camisa rasgada é acompanhado por agentes da polícia, foto dailymail

Puigdemont, que convocou o referendo em junho, pediu aos eleitores que se dirijam aos locais de votação, apesar da oposição de Madri.
Os 5,3 milhões de eleitores do cadastro eleitoral foram convidados a responder sim ou não à pergunta: "Você quer que a Catalunha seja um estado independente, sob a forma de uma República?"
Os locais de votação devem fechar às 20 horas, hora local, de hoje. Os resultados são esperados em torno de 10 horas depois da votação.

Por que o referendo está ocorrendo?


A Catalunha, uma região rica no nordeste da Espanha, tem seu próprio governo regional - ou Generalitat - que já conta com independência considerável ​​em relação à administração da  saúde, educação e cobrança de impostos. Mas os nacionalistas catalães querem mais, argumentando que são uma nação separada com história , cultura e linguagem própria e que deveriam ter mais  independência fiscal. A região paga impostos a Madri e políticos pró-independência argumentam que as receitas tributárias são distribuídas de forma injusta em áreas mais ricas, demonstrando claramente que as receitas catalãs estão subsidiando outras partes da Espanha. 


Manifestantes fazem saudação fascista durante uma manifestação em Barcelona contra o referendo catalão no domingo, Os manifestantes fizeram uma saudação fascista durante uma manifestação em Barcelona por grupos de extrema direita contra o referendo catalão no domingo. CréditoPau Barrena / Agence France-Presse - Getty Images
Crédito
A campanha da Catalunha para a independência vem ganhando impulso desde 2010, quando a economia espanhola mergulhou em grande a crise financeira. Em 2014, foi realizada uma pesquisa simbólica na qual 80% dos eleitores apoiaram a separação completa.
A grande questão que está posta é esta: o que fará o governo catalão em caso de vitória do voto "sim".
Por Hilary Clarke, Laura Smith-Spark , Vasco Cotovio e Isa Soares , CNN

Fonte: "cnn"

sábado, 30 de setembro de 2017

Kim e Trump: o porquê da briga

De de John Cuneo, do pinterest, publicado no jornaldototonho

Meu comentário:
Espero que a vereadora não considere a charge (arte) obscena. Recomendo que ela leia o excelente artigo "Obscena é a fome" escrito pelas professoras Luisa Barbosa e Martha Pessoa, publicado pelo jornal "publicoalvo"

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Alunos de Búzios farão ato nesta sexta (29/09) para debater “Escola Sem Partido”

Banner de convocação 

Os alunos da Rede Municipal de Educação de Armação dos Búzios se reunirão nesta sexta, 29/09, a partir das 16h 30min, na Praça Santos Dumont para debater o “Programa Escola Sem Partido”que, segundo os opositores da proposta, é uma forma de impedir os professores de promoverem o desenvolvimento do senso crítico nos alunos.

Em Búzios, o movimento de contestação ao programa ganhou novo fôlego após a aprovação do Projeto de Lei 25/2017, de autoria da Vereadora Joice Costa, que proíbe a divulgação ou acesso de crianças e adolescentes a imagens, músicas, textos “pornográficos” ou obscenos em materiais didáticos, cartilhas e outros produtos divulgados pelo poder público municipal, especialmente os sistemas de saúde, direitos humanos, assistência social e de Ensino Infantil e Fundamental. ( Saiba mais)

Os críticos da Projeto de Lei da vereadora, questionam qual seria o critério para  considerar se um material é ou não obsceno, diante da subjetividade do conceito e das diversas interpretações do mesmo.

O ato está sendo promovido pela União Municipal dos Estudantes de Armação dos Búzios.
Entenda o Programa Escola Sem Partido:
O programa, que tem ganhado defensores e críticos nos últimos tempos, existe desde 2004 e foi criado por membros da sociedade civil. Segundo Miguel Nagib, advogado e coordenador da organização, a ideia surgiu como uma reação contra práticas no ensino brasileiro que eles consideram ilegais. “De um lado, a doutrinação política e ideológica em sala de aula, e de outro, a usurpação do direito dos pais dos alunos sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos”, explica. Para Nagib, todas as escolas têm essas características atualmente.

A proposta do movimento é de que seja afixado na parede das salas de aula de todas as escolas do país um cartaz, onde estarão escritos os deveres do professor.

De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem o objetivo de informar os estudantes sobre o direito que eles têm de “não serem doutrinados”. Na contramão dessa ideia, estudiosos especialistas em educação criticam o programa afirmando que nada na sociedade é isento de ideologia, e que o Escola Sem Partido, na verdade, é uma proposta carregada de conservadorismo, autoritarismo e fundamentalismo cristão.

Além de não assumir sua mensagem conservadora, camuflada em suposto pluralismo, o Escola Sem Partido quer evitar um pensamento crítico. Quer uma escola medíocre. Afirma uma ideologia pautada em um fundamentalismo cristão evitado até pelo Papa Francisco, diante das possibilidades de um papado que sucedeu o ultraconservador Bento XVI”, afirma Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

Os integrantes do Escola Sem Partido elaboraram um anteprojeto de lei que prevê a fixação do cartaz com os deveres do professor nas salas de aula.

Segundo Nagib, os estudantes são prejudicados por serem obrigados a permanecer em sala de aula, enquanto por outro lado, professores se beneficiam dessa condição: “A partir do momento em que o professor se aproveita dessa circunstância não para falar de forma parcial equilibrada, mas para promover as suas próprias preferências, ele está violando a liberdade de consciência e de crença dos alunos”, explica o coordenador do movimento.

A doutora em educação e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Sandra Unbehaum afirma que apesar do discurso de neutralidade, o Escola Sem Partido defende uma escola sem espaço para discussão da cidadania, garantia estabelecida na Lei de Diretrizes de Bases da Educação (9.394/96). “Como é que se desenvolve um pensamento crítico se não discutindo política, filosofia, sociologia, história? Você não vai discutir política partidária, mas vai discutir num sentido amplo, de organização e composição da sociedade”, argumenta.

O advogado Miguel Nagib afirma que o Escola Sem Partido não tem e não quer impor pontos de vista morais. “Em matéria de educação religiosa e moral, vale o princípio: meus filhos, minhas regras. Nós não queremos impor a nenhuma família uma maneira de agir em relação a seus filhos. Mas também não aceitamos que a escola venha fazer isso”, afirma.

Daniel Cara, por sua vez, reconhece a família como uma esfera fundamental da sociedade, mas afirma que os pais não têm direito absoluto sobre seus filhos e que, portanto, a educação moral não é prerrogativa exclusiva da família.

Toda criança e adolescente tem direito a se apropriar da cultura e a ler o mundo de forma crítica. A educação escolar é uma atribuição do Estado brasileiro. E o cidadão brasileiro tem o direito de aprender o evolucionismo de Darwin, a história das grandes guerras, a luta pela abolição da escravatura no Brasil, a desigualdade entre as classes sociais”, argumenta. Segundo Cara, para conseguir lecionar sobre cada um desses temas, o professor escolherá uma narrativa ou forma de explicar o conteúdo, por meio de um conjunto de ideias. “Portanto, fará uma escolha ideológica – e isso deve ficar claro aos alunos, é uma questão de honestidade intelectual”, diz.

Repercussão nacional

Com a visibilidade que o Escola Sem Partido tem ganhado, muitas propostas inspiradas nas ideias do movimento têm sido apresentadas no âmbito legislativo de todo o país. Em 26 de abril deste ano, os deputados da Assembleia Legislativa de Alagoas derrubaram o veto do governador Renan Filho (PMDB) ao Projeto Escola Livre e, com isso, o estado se tornou o primeiro no Brasil a ter uma lei (7.800/2016) que exige neutralidade do professor.


Seguindo o mesmo caminho, pelo menos 19 estados brasileiros têm projetos de lei semelhantes segundo levantamento feito pelo portal Educação e Participação. A questão subestima o papel dos estudantes na educação e prejudica o trabalho do professor, segundo afirma Daniel Cara: “O aluno não é o elo mais frágil no processo de ensino-aprendizagem. Só diz isso quem não conhece escola e, especialmente, quem não conhece a escola do século XXI”, diz.

O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação afirma que ao considerar essas propostas, o país segue na contramão do recesso do mundo: “Não se pode criar um protocolo didático. Nenhum país que tem bons sistemas de ensino faz isso, aliás, em nenhum deles há leis absurdas como essas propostas pelo Escola Sem Partido. A escola é um espaço heterogêneo e deve estar conectada com a sociedade”, sustenta". (Fonte: EBC)

Rogério Carvalho