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terça-feira, 23 de outubro de 2018

Empresa espanhola vai instalar fazenda de maricultura no Peró em Cabo Frio

Mexilhao fêmea (acima) e macho (abaixo)


A empresa hispano-brasileira Mexilhões Sudeste do Brasil – MSB – especializada na produção e venda de moluscos bivalves (mexilhões e vieiras) está em negociações com a prefeitura de Cabo Frio para a implantação de uma fazenda de maricultura para o cultivo de mexilhões no canto esquerdo da Praia do Peró. O projeto já tem licenciamento ambiental do Inea e está em fase de final de tratativas com a Prefeitura de Cabo Frio e a Marinha do Brasil.

Junto com a MSB, a fazenda trará para a região a MSB Inovação Ambiental, braço do grupo que trata do desenvolvimento, importação e representação comercial exclusiva no Brasil de tecnologias relacionadas com a aquicultura, sustentabilidade, energia renovável, monitorização marinha e processo de resíduos. Sua instalação na região implica na criação total de um novo setor estratégico na economia brasileira, com a oportunidade de converter o Brasil em uma referência mundial na aquicultura ecológica, exportando a plataforma a outras áreas costeiras e outros tipos de espécies.

Segundo o coordenador de Meio Ambiente da Secretaria de Desenvolvimento, Mario Flavio Moreira, finalmente chegou-se a uma situação em que todos foram ouvidos. “Anteriormente, a intenção da empresa seria instalar a fazenda na região da Praia do Foguete, mas era complicado por se tratar de zona de transição de pescados e ficar ao lado da reserva extrativista de Arraial do Cabo. O Inea avaliou muito bem a questão dos impactos ambientais e não tivemos resistência por parte das colônias de pesca que atuam no local. O projeto é muito bem estruturado e pode alavancar a geração de empregos, com a capacitação de moradores locais tanto para o manejo quanto para o beneficiamento dos mexilhões”, afirmou.

A previsão da MSB é que sejam criados 500 empregos diretos e outros 1.500 indiretos, além do impacto direto sobre a economia local e fomento da indústria de turismo, com a formação de recursos humanos necessários para a implementação do plano tanto a nível técnico/universitário como em nível de operacional, com convênios com universidades e escolas.

A empresa intenciona a criação de um selo, o  “Mexilhão de Cabo Frio”, que certificará o mexilhão produzido, processado e elaborado em Cabo Frio com os controles de qualidade total mencionados, regulada na legislação brasileira sobre Denominações de Origem Protegida (DOP), e que permite ao consumidor identificar instantaneamente um produto seguro e de alta qualidade

Ciclo de produção

O ciclo inicia-se com a seleção de sementes tanto de produtores locais como da própria empresa, onde se incubam as larvas até que estão em condições de ser encordoadas no mar. O mexilhão adere-se a cordas “long-line” – uma rede de cordas de cultivo lastradas por blocos de concreto (2m x 2m x 1,5 m) e dispostas em um total de 36 “polígonos”.

A partir desse momento, o mexilhão cresce por vias totalmente naturais – alimentando-se dos nutrientes trazidos pelas correntes de ressurgência sem nenhum tipo de aditivo.  Quando atinge a idade comercial, os polígonos são colhidos e (crucialmente para a segurança alimentar) procede-se a depuração o mexilhão com água do mar, graças a suas próprias propriedades filtrantes. O mexilhão é, então, embalado e expedido para que chegue fresco (vivo) ao destino em ótimas condições de consumo. A MSB aguarda apenas as últimas licenças para iniciar a implantação da fazenda.

Fonte: "Prefeitura de Cabo Frio"

Praia do Peró, foto Ernesto galioto

Segundo o "Jornal folha dos Lagos" o anúncio do projeto pegou de surpresa moradores do Peró e participantes de grupos ambientais. A empresária Marta Rocha, por exemplo, acredita que o projeto deveria ter sido explicado antes aos moradores.
Existe certa preocupação porque ainda não temos garantias de como será o impacto ambiental. Acho que a primeira coisa a ser avaliada é que tipo de impacto será gerado na praia. O Peró é um bairro carente de estrutura e estamos vendo muitos projetos sendo anunciados sem que as melhorias prometidas para o bairro sejam feitas. Com certeza vamos buscar especialistas para avaliar melhor esse impacto – disse ela.

Comentários no Facebook:
Paulo Bayer Não queremos a implantação do projeto aqui na praia do Pontal. Não vejo com bons olhos essa possibilidade. Isso ainda terá que ter uma ampla discussão e total aprovação por parte dos moradores daqui.
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Responder3 h
Olívia Santos Desistiram de Búzios? Fui em uma reunião na praia das Caravelas onde estavam apresentando o projeto. Mencionaram que o empreendimento ficaria entre a praia do Peró e a praia das Caravelas e que pegariam os dois municípios.
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Luiz Carlos Gomes É preciso ver corretamente a localização. acho que é essa mesma. A Bina sabe
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Ricardo Guterres Ótima ideia... não poluente e ecológica.....

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Grupo espanhol quer instalar fazenda de maricultura próximo as praias do Peró, Conchas e Caravelas


Entidades ambientais querem discussão mais ampla e resistem à ideia

"O interesse de investidores espanhóis e brasileiros em instalar uma fazenda marinha de 200 hectares em Cabo Frio está mais vivo do que nunca. Só que após a resistência de pescadores e do ICMBio para conseguir concretizar o investimento na Praia do Foguete, já nas proximidades de Arraial do Cabo, os empresários agora voltam as atenções para uma área que fica a 3 Km da costa, na região limítrofe entre as praias do Peró, Conchas e Caravelas, esta já em Búzios. Segundo a reportagem apurou, o novo local foi sugerido pela Colônia de Pescadores de Cabo Frio, uma vez que o Foguete é um local de migração de pescado, o que traria impactos negativos para a atividade pesqueira. O licenciamento do megaempreendimento está nas mãos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Contudo, apesar da mudança de local, a polêmica persiste. Ambientalistas querem ampliar o debate sobre o assunto, com basicamente a mesma alegação que resultou no veto do ICMBio: a incerteza quanto ao descarte dos resíduos do processo industrial da fazenda. Segundo a ambientalista Ana Roberta Mehdi, do grupo SOS Dunas do Peró, o empreendimento ocuparia a área marinha da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pau Brasil, que está perto de ter o seu Conselho reativado, após encerrar as atividades no fim de 2012. Ela afirma que o grupo está se articulando com outras entidades civis e com o Ministério Público para, pelo menos, exigir que o projeto seja exaustivamente discutido.
A gente ficou muito assustado porque a região tem os mares com águas mais limpas do Brasil. Escrevemos uma carta para o MP e o MPF sobre essa questão porque é uma produção industrial e é importante saber onde vai ser o descarte das conchas. Escolheram um lugar em que o mar é muito agitado para ajudar na dispersão de biomassa (as fezes dos mexilhões), mas isso obviamente ainda vai impactar a qualidade desses mares. Fora isso, pode afetar a geologia costeira. Estamos entrando em contato com pesquisadores para darem seus pareceres e vamos provocar uma audiência publica. Isso pega duas áreas ambientais – argumenta Ana Roberta, destacando que a APA não tem um Plano de Manejo.
Para o presidente da Colônia de Pescadores Z-23 (Búzios), Amarildo de Sá Silva, o Chita, a fazenda marinha pode trazer benefícios para os trabalhadores em poucos meses por causa da atração que os mariscos e microorganismos podem exercer no pescado. Entretanto, Chita admite que o assunto carece de mais discussão e de garantias que os pescadores e maricultores locais serão inseridos na cadeia econômica gerada com a instalação da fazenda.
Para a gente não impacta em nada, pelo contrário, vai ser um atrativo pesqueiro. O que falta é resolver alguns detalhes. Tem o pessoal da maricultura de José Gonçalves. Tem que haver alguns acordos para beneficiar os pescadores de Tucuns, José Gonçalves e Baía Formosa. Tem os quilombolas da Rasa. O que a gente quer é participar. É um grupo da Espanha e a gente vai ficar olhando? A gente quer inserir os pescadores mais pobres. Tem que gerar emprego e renda – avisa.
O coordenador municipal de Meio Ambiente de Cabo Frio, Mário Flávio Moreira, tem uma postura cautelosa sobre o assunto. Como biólogo, Mário Flávio já escreveu artigo sobre os benefícios da maricultura, mas ele diz que os impactos ambientais da atividade tem que ser bem avaliados.
O licenciamento é do Inea. Estamos aguardando para poder oficialmente falar, mas a proposta é excelente. No local anterior (Foguete), era complicado por se tratar de zona de exclusão dos pescadores, ao lado da reserva extrativista de Arraial. Na região do Peró, ambientalmente não tem esse problema (migração de pescado). Mas os impactos ambientais têm que ser bem avaliados – pondera.  
A reportagem entrou em contato com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Marinha do Brasil para se manifestarem sobre os prazos do licenciamento, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. O presidente da Colônia Z4 (Cabo Frio), Alexandre Marques, não foi localizado para falar oficialmente pela entidade.
A empresa interessada em se instalar na cidade é a Mexilhões Sudeste Brasil (MSB), conforme a Folha noticiou em primeira mão, em abril deste ano. No seu site, o grupo apresenta-se como detentora de experiência em aquicultura 360º e diz que pretende gerar cerca de 2 mil empregos (500 diretos e 1.500 indiretos) com o empreendimento de Cabo Frio".
Rodrigo Branco