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terça-feira, 13 de junho de 2017

Ainda sobre a enganação dos recadastramentos da Saúde de Búzios

Hospital Municipal Rodolpho Perissé

E teve gente que não acreditou nos números. Não sabem que eles não mentem jamais. Então apresento mais um levantamento de dados que podem ser encontrados no excelente site do DATASUS do Ministério da Saúde. Trata do levantamento mensal dos "dias de permanência" e da "média de dias de permanência" dos internados no Hospital Municipal Rodolpho Perissé. Ora, se temos muita gente de fora usando nosso sistema de saúde como se fossem moradores da cidade, necessariamente o número de dias de internação deveria aumentar substancialmente. E, obviamente, também deveria aumentar a média dos dias em que pacientes ficaram internados. Mesmo não tendo os dados após o fechamento do hospital, providencialmente sonegados pelo governo, podemos concluir que não houve grandes alterações nesses quesitos ao longo do ano de 2016, do anos do mandato de André e de Mirinho.      

Vejam os dados:
Mês -         Ano –      Internações –    Dias de permanência -  Média de dias de permanência 
Janeiro       2016               84                         478                              5,7
Fevereiro   2016               84                         310                              3,7
Março        2016               73                         409                              5,6
Abril          2016               81                         309                              3,8
Maio          2016               63                         301                              4,8
Junho         2016               65                         262                              4,0
Julho          2016               85                         354                              4,2
Agosto       2016               85                         483                              5,7
Setembro   2016               90                         356                              4,0

A média de dias de permanência dos pacientes internados no hospital municipal gira em torno de 4,5. Em 2013, foi de 4,6. Caiu um pouco em 2014, para 4,3. Aumentou um pouco em 2015, para 4,8. E voltou a 4,6, no ano passado. Reparem que houve grande aumento nessa média em janeiro e agosto de 2016. No governo anterior, de Mirinho, em 2011, a média manteve-se em 2011, em 4,6. No ano seguinte, 2012, disparou para 5,9, maior que a média citada dos meses de 2016 (5,7). Muito provavelmente, devido a algum fenômeno sazonal típico de cidade que vive de turismo.  

Portanto, não dá pra acreditar nos motivos alegados para o fechamento do hospital. Feito sem que se apresentasse previamente um estudo financeiro  dos custos que se pretendia reduzir, como bem alertou o vereador Dida na Tribuna da Câmara. E, também, sem consulta alguma ao Conselho Municipal de Saúde. O Prefeito decidiu fechá-lo e pronto. E ficou por isso mesmo!

Na postagem anterior mostrei que cada governo faz o recadastramento do jeito que quer e a hora que quer. E parece que leva o prontuário pra casa quando acaba o governo. Em nove anos, a Saúde de Búzios passou por três recadastramentos e nenhum resultado foi obtido. Nenhum não. Parece que serve muito bem para justificar a má gestão crônica da Saúde de Búzios. Nossos gestores municipais dizem não têm culpa alguma. Os gestores da Saúde dos municípios vizinhos é que são os responsáveis por não termos remédios, pela demora na realização dos exames e pela nossa alta taxa de mortalidade hospital. Nossa Saúde é tão boa que atrai moradores de cidades próximas servidas por péssimos sistemas de Saúde. Como eles vêm em massa, estragam nossa Saúde. Nada pode ser feito a não ser enxotá-los de Búzios com recadastramentos. Mesmo depois de três "enxotamentos" continuamos, segundo o governo, com nossos cadastros inchados! Aguardem o próximo recadastramento ...

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Blanca Larocca

3 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
objetivo ! como na terra do forasteiro   o hosp. continua fechado ? 
 
 · 
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Só continua fechado porque o povo omisso não se manifesta.



Joel Silva

3 dias atrás  -  Compartilhada publicamente
Parabens Luiz pelo trabalho, acho que todos estão esperançosos pela saida e punição desse governo, 
 
 · 
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Valeu Joel. Grato. Sim, estamos muito esperançosos.

sábado, 10 de junho de 2017

Recadastramento ou enganação?

Logo do DATASUS


Em menos de 10 anos tivemos três recadastramentos na Saúde de Búzios. O primeiro, realizado durante o governo Toninho, ocorreu entre setembro e novembro de 2006. O segundo, durante o 3º governo Mirinho, no mês de agosto de 2010. E, o terceiro, no 1º governo André, iniciou em 11 de agosto de 2014 e terminou no dia 31 de maio de 2015.

Partindo-se da premissa de que há um inchaço no cadastro de usuários da Saúde do município, porque pessoas egressas de municípios vizinhos estariam usando nossos serviços de saúde, o governo justifica a realização do recadastramento como forma de colocar um freio nesse uso para que apenas os residentes da cidade tenham atendimento ambulatorial e de exames. Como o atendimento de risco (emergência) não pode ser negado a ninguém, morador ou não, ele continua ocorrendo apenas no hospital.

Uma suposta superlotação das unidades de saúde municipais estaria impossibilitando a prestação à população local um atendimento de qualidade. Por esse motivo estariam faltando remédios, o atendimento médico seria deficiente e a realização dos exames demoraria mais tempo do que o necessário.

1º Recadastramento

Para justificar o primeiro recadastramento, o Sr. Oto Vieira, administrador da Policlínica, declarou à repórter do jornal Primeira Hora Maria Fernanda Quintela que foram “contabilizados 24 mil prontuários de família, o que aponta que atendemos cerca de 70 a 80 mil pessoas, quando nosso município possui em média 25 mil habitantes” (JPH, 28/10/2006). Mesmo que, em outra declaração à imprensa, a diretora da Policlínica, Daniela Alvarez, fale em outros números, eles não foram questionados. Em matéria do jornal O Perú Molhado (OPM), a diretora Daniela afirma que “no cadastro disponível, que é do tempo em que o município ainda não havia se emancipado, constariam 15 mil famílias” (OPM, 22/09/2006). Note-se que há uma diferença entre os números apresentados pelo Sr. Oto e a Drª Daniela de 9 mil famílias, com certeza mais de 27 mil pessoas, levando-se em conta, por baixo, que cada família é constituída por três pessoas.

Mesmo aceitando-se os números apresentados pela diretora Daniela de que 15 mil famílias estavam cadastradas no sistema de Saúde de Búzios, chegaríamos ao estratosférico número de 45 mil pessoas cadastradas.

Exibido estes números absurdos, não se sabe tirados de onde, fica fácil jogar nas costas dos outros a responsabilidade pela má gestão da Saúde Pública municipal:

Estamos atendendo famílias inteiras de outros municípios com gastos enormes para nosso orçamento... Não podemos ser responsabilizados pela má gestão de outros municípios, cada um que faça sua parte e não sobrecarregue nossa cidade” (Daniela Alvarez, OPM, 28/07/2006).

2º Recadastramento

No governo seguinte, de Mirinho, menos de quatro anos depois, novo recadastramento é feito. A responsável por ele, Drª Luíza Andrade, garante que há mais de 32.000 pessoas cadastradas na Policlínica, para uma população estimada pelo IBGE de 27 mil moradores. Considerando que nem todos os buzianos foram cadastrados, teríamos mais de cinco mil pessoas de outros municípios usando nossos serviços de saúde.

Aceitando-se como verdadeiros os números apresentados pela diretora Daniela e Drª Luiza, o 1º recadastramento conseguiu reduzir o cadastro de 45 mil para 32 mil pessoas. Mesmo assim ainda continuaríamos com um excesso de pelo menos 5 mil pessoas de fora do município. O que demonstra que a diretora Daniela não comprovou os domicílios declarados no recadastramento como prometera. 

Como a responsável pelo recadastramento anterior, Drª Luiza também exime a gestão municipal pela qualidade da Saúde oferecida à população buziana:

Há muitas pessoas que não são do município, mas vêm utilizando os serviços da saúde municipal, o que provoca superlotação e impede um atendimento a contento da população local”. Segundo a médica, muitos pacientes que não são do município têm conseguido aqui exames de alta complexidade e assistência mais rápido do que nos municípios de origem. Usam endereços falsos”. (Tribuna dos Municípios, 12/08/2010) .

Para Drª Luíza, o recadastramento anterior feito na Policlínica não conseguiu eliminar os não moradores do cadastro da Saúde de Búzios porque “quando damos um determinado local para cadastramento, qualquer pessoa pode ir dando um endereço e na verdade não ser morador de Búzios” (Drª Luíza Andrade, Secretária Adjunta da Secretaria Municipal de Saúde de Búzios, Jornal O Pescador, 27/04/2009).

Justificou assim um novo recadastramento em que profissionais de saúde irão de casa em casa fazer os cadastros, verificando se realmente as pessoas moram no município. “Através de visitas domiciliares que serão realizadas pelos agentes comunitários em todos os bairros da cidade, pelo Programa Saúde de Família -PSF- a secretaria de Saúde pretende cadastrar cada cidadão buziano. Cerca de trinta agentes comunitários de saúde farão as entrevistas e a expectativa é de que em 90 dias todos os buzianos tenham sido ouvidos" (Publicado em 11/08/2010, Comunica Búzios). Segundo a secretária adjunta “essa foi a melhor forma que encontramos para que possamos realmente atender apenas nossos moradores” (idem).

Como até então a cidade não tinha um prontuário único, não se sabe por que, a secretária afirmou que vai aproveitar o recadastramento para unificar o cadastro de todas as unidades de saúde do município.

3º Recadastramento

Se forem verdadeiras as informações do atual secretário de Saúde Drº Waknin, o 2º recadastramento realizado na gestão anterior pela Drª Luíza foi um fracasso total, pois o número de pessoas cadastradas no sistema de saúde de Búzios deu um salto de 32 mil (em 2010) para 42 mil (em 2014).

Em depoimento à Câmara de Vereadores no dia 7 de março de 2017, disse que “de acordo com o último senso (sic) realizado pelo IBGE Búzios tem 32 mil habitantes. Só que temos 42 mil pessoas cadastradas  nos sistema da prefeitura, o que mostra que ainda tem pessoas que não são de Búzios usando irregularmente o sistema de saúde dos buzianos”. (Site prensadebabel).

Com esse números que ninguém sabe de onde vieram, justifica-se um novo recadastramento iniciado em 11 de agosto de 2014. Abandona-se o formato anterior em que se ia de casa em casa cadastrando os moradores e volta-se ao formato antigo com os moradores se deslocando a um local determinado para fazer o recadastramento. Os moradores dos bairros que possuem PSFs (São José, José Gonçalves, Cem Braças, Baía Formosa, Brava, Vila Verde, Capão e Rasa) fizeram o recadastramento nos próprios PSFs. Aqueles residentes em bairros que não possuem PSFs - Manguinhos, Ferradura, Tartaruga, Geribá e Marina- fizeram seu recadastramento na Policlínica. Não se sabe se o prontuário único prometido pela Drª Luíza está sendo aproveitado. Não se sabe nem mesmo se ele ficou pronto. Nada é público.

No atual governo parece que o recadastramento também não surtiu seus efeitos pois, sob o mesmo pretexto de barrar o uso de nosso sistema de saúde por moradores de muncípios vizinhos, o hospital foi fechado em 22/10/2016 para atendimento de urgência. Segundo Drº Waknin “o objetivo da medida era e ainda é frear o número de atendimento de moradores de outras cidades com comprovante de residência fraudado, e ainda ressaltou que atendimentos de risco não tem necessidade de recadastramento por se tratar de atendimento de emergência, que ocorre no hospital, onde não se pode negar atendimento”.

O pronto atendimento (urgência), segundo a Prefeitura, passou a ser feito somente no Posto de Urgência (PU) da Policlínica de Manguinhos.

Conclusão

Curioso como eu só, e desconfiado desses números exibidos pelos sucessivos governos municipais, resolvi dar uma navegada pelo excelente DATASUS, site do Ministério da Saúde. No Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) estão disponíveis o número de pessoas e de famílias cadastradas no sistema de Saúde de Búzios. Os dados são recolhidos das unidades de saúde de família nos bairros (PSFs).

Em 2006, tínhamos 17.416 pessoas (5.086 famílias) cadastradas nos PSFs dos bairros. Como os bairros de Geribá e Manguinhos- os que contam com o maior contigente populacional do município- não possuem PSFs, deve-se acrescer a estes números mais ou menos 30% correspondentes à sua população: 5.224 moradores (1.525 famílias). Considerando que estas pessoas/famílias estivessem cadastradas na Policlínica teríamos um total de 22.640 pessoas (6.611 famílias). Por sinal, número bem próximo da população estimada pelo IBGE para o ano de 2006: 23.874 moradores.

Não dá para aceitar os números, tirados não se sabe de onde, do Sr. Oto e da Drª Daniela, 24 mil e 15 mil famílias, respectivamente.

Em 2010, segundo dados do SIAB, tínhamos 20.662 pessoas (6.278 famílias) cadastradas nos PSFs. Acrescidos os trinta por cento da população de Manguinhos/Geribá também chegaríamos bem próximo da população estimada pelo IBGE para esse ano: 27.538 moradores.

Em 2015, tínhamos 21.106 pessoas cadastradas nos PSFs. Se o cadastro foi unificado, como garantiu a Drª Luíza, já estaria incluído nele os 30% oriundos de Manguinhos/Geribá.

PELA REABERTURA IMEDIATA DO HOSPITAL

Nada justifica o fechamento do hospital. Nem mesmo os números. Segundo dados extraídos dos PROCEDIMENTOS HOSPITALARES DO SUS, até setembro de 2016, um mês antes do hospital ter sido fechado, não houve, de forma alguma, uso excessivo da urgência do hospital por parte de moradores de municípios vizinhos, que justificasse seu fechamento. Vejam os dados:
Mês -         Ano –      Internações –    Urgência -   Eletivos
Janeiro       2016               84                   68               16
Fevereiro   2016               84                   66               18
Março        2016               73                   54               19
Abril          2016               81                   60               21
Maio          2016               63                   47               16
Junho         2016               65                  44                21
Julho          2016               85                  52                33
Agosto       2016               85                  55                30
Setembro   2016               90                  56                34

Em todo ano de 2016 (9 meses) foram internadas no hospital 710 pessoas (78,8 por mês, em média) com 502 casos de urgência (55,8 por mês, em média) e 208 casos eletivos. No ano anterior, 2015, a média de internações foi de 75,6 por mês, muito próxima da média de 2016. Em 2015, a média das internações por urgência de 58,4 por mês é superior à média de 55,8 pelo mesmo motivo no ano passado. Se fosse o caso de fechar o hospital, ele deveria ter sido fechado no ano de 2014 em que se iniciou o recadastramento, quando se bateu o recorde de internações: 1.081 (90,1/mês): e de internações/urgência: 767 (64,0/mês).

Então porque o hospital foi fechado? Os números que levantei do DATASUS me permite lançar uma hipótese. A taxa de mortalidade hospitalar do Hospital Rodolpho Perissé pode ser calculada dividindo-se o número de internações pelo número de óbitos e multiplicando-se o resultado por 100. Assim, a taxa de mortalidade hospitalar anual de 2016 (9 meses, até setembro) pode ser obtida dividindo-se o número de óbitos de 2016 (50) pelo número de internações (710) e multiplicando-se o resultado por 100, o que dá a taxa de 7,04. Ou seja, de cada 100 pessoas internadas no nosso hospital em 2016, 7 morreram. Essa taxa vem aumentando desde 2012: de 2,64 passou para 3,88 (2013), 3,89 (2014) e 5,73 (2015).

No ano passado (2016) morreram 5 pessoas por mês em média no nosso Hospital. Em 2015, 4. Em 2014 e 2013, 3. Em 2012, 2. E ,em 2011, 3.

Agora, se calcularmos a taxa de mortalidade hospitalar do Hospital Rodolpho Perissé mensalmente no ano de 2016 até o mês de setembro poderemos compreender os motivos que levaram o governo municipal a fechá-lo. Vejamos.
Janeiro: 2,38 (óbitos: 2)
Fevereiro:  10,71 (óbitos: 9) (explica-se pelo carnaval)
Março:  9,59 (óbitos: 7)
Abril: 6,17 (óbitos: 5)
Maio: 7,94 (óbitos: 5)
Junho:  7,69 (óbitos: 5)
Julho:  3,53 (óbitos: 3)
Agosto: 4,71 (óbitos: 4)
Setembro:  11,11 (óbitos: 10)

Reparem que a média do ano (5) dobrou no mês de setembro (10), mês anterior ao fechamento do hospital. Essa taxa de 11 mortos para cada 100 internados é inaceitável em qualquer país civilizado do mundo. Todos os municípios, nossos vizinhos, apresentaram taxas abaixo de 7, próximas às médias estaduais e nacional. Cabo Frio, teve taxa de 4,27. Arraial do Cabo, de 5,45.

A coisa era tão escandalosa que o município parou de enviar seus dados para o DATASUS a partir desse mês de setembro. Não se sabe o que ocorreu a partir de outubro de 2016, mês em que o Hospital Rodolpho Perissé foi fechado. Boa coisa não deve ser.  Arraial do Cabo, Araruama, Cabo Frio e Rio das Ostras continuaram enviando seus dados normalmente até o mês de abril de 2017. 

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Joel Silva

16 horas atrás  -  Compartilhada publicamente

Alarmante!!! Esses dados mostram um grande embrolio com numeros ficticios de todas as secretarias de Saude desde primeiro governo pós emancipação, esse Wakimim e o mas perdido de todos, resultando uma população desassistida e sofrida com esse sistema de Saude debilitado.
* OS NUMEROS MOSTRAM QUE FECHAMENTO DO HOSPITAL NÃO FOI POR MOTIVO ADMINISTRATIVO.
Grande abraço a todos.

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Givago Vargas Cria uma Fan Page Luiz Carlos


Ernesto Medeiros É no mínimo duvidoso, as informações. Mas, quem mais perdeu neste ultimo foi os servidores, que segundo relato, pela primeira vez, tiveram cerceados de acesso à policlínica municipal, segundo sindicato informou em tribuna livre da Câmara, há algum tempo. Inadmissível, ser estes administrados por um médico, numa administração que parece fechar os olhos para o jargão : " Mais vale uma grama de prevenção , do que kg de tratamentos.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Minha participação na Audiência Pública de prestação de contas da Saúde

Na quinta-feira (23) participei da Audiência Pública de prestação de contas da Saúde na Câmara de Vereadores. Em minha intervenção, tentei mostrar porque  nossa Saúde é tão ruim apesar de dispormos de tantos recursos financeiros. Antes disso, tive que reafirmar postagem do blog em que dizia que a taxa de mortalidade hospitalar cresceu 177% durante os quatro anos (2013-2016) da gestão anterior do prefeito André. Isso porque o Secretário de Saúde Fábio Vanick, em resposta à uma colocação da vereadora Gladys, que usara dados do blog, garantiu que a taxa de mortalidade de Búzios é uma das mais baixas entre os municípios de Região dos Lagos. 

Na verdade, Dr. Fábio confunde taxa de mortalidade hospitalar com taxa mortalidade geral, municipal. O que eu publiquei (ver link: "ipbuzios 1") foi a taxa de mortalidade hospitalar, calculada dividindo-se o número de óbitos ocorridos no Hospital em determinado ano pelo número de Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) do mesmo período. Para o ano de 2016, atualizado até junho de 2016, tivemos 33 óbitos no Hospital, o que dá uma taxa anualizada de 7,33. Isso quer dizer que de cada 100 pessoas internadas no Hospital Municipal Rodolfo Perissê, 7 morrem. Como a taxa em 2012, último ano do governo Mirinho, era 2,64, podemos concluir que ela cresceu 177% durante a gestão passada de André. Basta dividir 7,33 por 2,64. 

Estranho um secretário de saúde não saber disso. O Datasus, um dos bancos de dados mais completos do governo federal, traz até as causas mortis, sexo, idade, cor/raça desses 33 óbitos (ver link "ipbuzios 2"). Só falta mostrar o endereço deles, de tão completo que é. 

Feito estes esclarecimentos iniciais, abordei a questão financeira objeto da Audiência, procurando explicar porque temos uma Saúde com qualidade não condizente com a riqueza do município- o sétimo mais rico entre os 92 municípios do estado. 

Como pode um município que dispõe de uma dotação orçamentária de 57,083 milhões de reais para a pasta ter um Sistema de Saúde onde faltam remédios, onde se tem longa espera para realização de exames, onde temos Hospital fechado e  a maior taxa de mortalidade hospitalar da Região. E agora, depois da revelação da subsecretária Vera, um PU "escondido". 

Desde o ano 2000 (os levantamentos de dados do DATASUS disponíveis iniciaram-se neste ano), Búzios é o município da Região dos Lagos que mais gasta per capita com Saúde (ver link: "ipbuzios 3"). Para este ano, de 2017, estão previstos gastos de R$ 1.802,00 por habitante/ano (Cálculo: 57,083 milhões dividido pela população estimada de 2016). Para efeitos comparativos, em 2015 gastamos R$ 1.714,49 por habitante/ano. O município da Região dos Lagos que mais se aproximou de Búzios em termos de gasto per capita com Saúde foi Cabo Frio com R$ 1.206,60, trinta por cento a menos que nós.

O gasto per capita de R$ 1.802,00 por ano dá R$150 de gasto por mês por habitante com Saúde. Como temos aproximadamente 33 mil habitantes, qual o plano de saúde privado que não gostaria de cuidar da população buziana por esses valores? Se fechássemos todas as unidades de saúde municipais, acabássemos com a Secretaria de Saúde e colocássemos R$ 1.802,00/ano na mão de cada morador da cidade, aposto que teríamos uma saúde bem melhor. Ou não?

Se é assim, porque então nossa Saúde vai tão mal? Com tantos recursos financeiros disponíveis, a única explicação possível é má gestão e/ou corrupção, ou as duas coisas ao mesmo tempo. 

Verificando-se como são gastos os vultosos recursos podemos encontrar uma razão. Além de ser o campeão em gastos per capita, Búzios também lidera, na maioria dos anos, desde o ano 2000, em participação percentual da despesa com serviços terceirizados na despesa total. Sempre gastamos mais de 20% com terceirizações. Em 2015, gastamos 23,71%. Ou seja, de um orçamento de 52 milhões de reais, gastamos quase 12 milhões de reais com terceirizações para alegria das empresas de Saúde de Búzios e da Região dos Lagos. Em 2007, gastamos 35,25%. Não por acaso, o secretário de Saúde de Búzios, na ocasião , era Dr. André. E deu no que deu com as terceirizadas ONEP, Instituto Mens Sana e INPP. Treze milhões de reais foram desviados por esse ralo. 

Pelo que se vê, essa farra com as terceirizações não contribui em nada para a melhora da Saúde em Búzios. Pelo contrário, é por esse ralo, como em 2007, que muitos recursos se perdem. Não é por acaso que a CPI do BO, em seu relatório final, identificou 6 das 20 licitações fraudadas na área da Saúde. Recentemente, o TCE-RJ notificou a Prefeitura de Búzios para que enviasse para eles todos os processos das licitações abaixo: 

1) Aquisição de fraldas descartáveis para as unidades de Saúde.
PP: 020/2013. PA: 5381/2013. Empresa vencedora: Difarmaco Distribuidora. de Medicamentos EPP. BO 595, de 15/08/2013.

2) Locação de ambulância UTI móvel.
PP: 029/2013. PA: 4874/2013. Empresa vencedora: E A C Daier Ltda. BO 595, de 15/08/2013.
Valor: R$ 83.500,00 mensais. Valor anualizado: R$ 1.002.000,00

3) Limpeza das unidades de saúde.
PP 030/2013. PA: 2528/2013. Contrato: 057/2013. Empresa vencedora: Rótulo Empreendimentos Comerciais e Serviços Ltda. BO: 595, de 15/08/2013.
Valor: R$ 2.280.000,00. Período: 12 meses. Valor anualizado: R$ 2.280.000,00
    
Reparem que estas licitações fraudadas foram realizadas em 2013. De lá pra cá, muitas delas vêm sendo prorrogadas. Se houve fraude na primeira licitação, a prorrogação também é uma fraude. O ex-vereador Flávio Machado tem calculado o gasto acumulado com cada uma delas. Os vereadores do G-5, se forem mesmo um G-5 de verdade, têm a obrigação moral de instalar a CPI das Licitações para investigar estas contratações de serviços na área da Saúde, e as outras em diversas áreas. Se não foram publicados os Avisos de Licitação, algumas prestadoras de serviços de Saúde foram beneficiadas. Sendo assim, muito provavelmente os preços dos serviços foram superfaturados. A CPI calcularia o a quanto monta o desvio. O secretário de Saúde que chega, Dr. Fábio Vanick, apesar de não ter responsabilidade alguma sobre as fraudes iniciais, poderá ser responsabilizado pelas prorrogações futuras, já que ele é o atual ordenador de despesas na área da Saúde.


Eu
  




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Milton Da Silva Pinheiro Filho É por isso que sou radical quanto as terceirizações.Isto não presta para a população.Só serve para encher os bolsos de malandros.A PMAB tem que ser desprivatizada.Porque não licita e compra as ambulâncias que como bem dominical fica muito mais barato?Porque a cozinha do hospital que já é um bem dominical tem que ser usada por terceiros?Todos os serviços públicos prestados por Búzios podem ficar filé,se extirparem este modelo pernicioso de lesa viúva.
Comentários
Eduardo Moulin Parabéns Professor uma hora os vereadores terão que reagir senão se tornarão coniventes!

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Búzios é o município que mais gasta per capita com Saúde na Região dos Lagos

Logo do DATASUS


Das receitas totais estimadas em 220,815 milhões de reais este ano, estão previstos gastos de 57,083 milhões de reais com Saúde em Búzios. Se essas despesas realmente forem realizadas, e considerando-se a população de Búzios de 31.674 pessoas em 2016 (estimativa do IBGE), teremos um gasto per capita de R$ 1.802,00 com Saúde no ano corrente. 

Segundo dados do DATASUS de 2015, último ano para o qual o órgão apresenta dados de todos os municípios da Região dos Lagos, Búzios é o município que mais gasta com Saúde por habitante. 

Despesa total com Saúde por habitante em 2015: 
1º) Armação dos Búzios - R$ 1.714,49
2º) Cabo Frio - R$ 1.206,60
3º) Arraial do Cabo - R$ 1.154,00
4º) Rio das Ostras - R$ 1.086,43
5º) Iguaba Grande - R$ 859,19
6º) Araruama - R$ 589,65
7º) São Pedro da Aldeia - R$ 531,11

Observação: Rio das Ostras não pertence à Região dos Lagos, mas sempre o incluo em minhas pesquisas pela proximidade e por algumas características particulares que servem de referência para mim. 

Essa liderança de Búzios não vem de hoje. Desde 2000 o município gasta mais com Saúde per capita que qualquer outro município da Região dos Lagos. Se é assim, porque então nossa Saúde vai tão mal, com falta de remédios, longa espera para a realização de exames, hospital fechado e com o município liderando em mortalidade hospitalar? Com tantos recursos financeiros disponíveis, a única explicação possível é má gestão e/ou corrupção. 

Um fator pode explicar porque se tem um sistema de Saúde tão ruim apesar de gastos tão elevados. Além de ser o campeão em gastos per capita, Búzios também lidera na maioria dos anos desde 2000 em participação percentual da despesa com serviços terceirizados na despesa total. Em 2015, perdemos para São Pedro da Aldeia e Cabo Frio, mas lideramos em 2011 (24,46%), 2012 (21,20%), 2013 (23,14%) e 2014 (24,86%). Em 2007, chegamos a gastar 35,25% com terceirizações na Saúde.

% de participação da despesa com serviços terceirizados na despesa total em 2015:
1º) São Pedro da Aldeia - 34,80%
2º) Cabo Frio - 23,96%
3º) Armação dos Búzios - 23,71%
4º) Araruama - 19,82%
5º) Rio das Ostras - 19,06%
6º) Iguaba Grande - 7,92%
7º) Arraial do Cabo - 6,87%

Das despesas orçadas na Saúde em 59,694 milhões de reais, foram realizados gastos de 42,538 milhões de reais em 2015. Desse total, 11,272 milhões de reais foram dispendidos com Serviços de Terceiros Pessoa Jurídica e 157,586 mil com Serviços de Terceiros Pessoa Física. Pelo que se vê, essa farra com as terceirizações não contribuiu em nada para a melhora da Saúde em Búzios. Pelo contrário, é por esse ralo que muitos recursos se perdem. Não é por acaso que a CPI do BO, em seu relatório final, identificou 6 das 20 licitações fraudadas na área da Saúde: 

1) Aquisição de fraldas descartáveis para as unidades de Saúde (PP: 020/2013. PA: 5381/2013). 
2) Confecção de material gráfico para as unidades de saúde (PP: 025/2013. PA: 7076/2013). 
3) Locação de ambulância UTI móvel (PP: 029/2013. PA: 4874/2013). 
4) Limpeza das unidades de saúde (PP 030/2013. PA: 2528/2013. Contrato: 057/2013). 
5) Aquisição de medicamentos (PP: 038/2013. PA: 9497/2013). 
6) Aquisição de material hospitalar (PP: 040/2013. PA: 9849/2013).

Onde PP é Pregão Presencial e PA processo Administrativo. 

Nas condições atuais, seria muito melhor se nós, moradores de Búzios, fechássemos todas as unidades de saúde do município, incluindo o Hospital, e pegássemos os R$ 1.802,00 que gastamos por habitante para contratar um bom plano de saúde privado. Ou não?

Fonte: DATASUS

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Ernesto Medeiros compartilhou a sua publicação.
12 h
Professor, não sei se te falaram. Mas, há inclusive, um grupo de fora desta conta, o que viabilizaria mais economia. Desde 2015, ultimo recadastramento, os servidores efetivos, não residentes na municipalidade, ficaram de fora, foram cerceado de acesso à procedimentos de saúde básica preventiva de Búzios, como sempre tiveram, até porque é lá na policlínica que fica a medicina do trabalho, certo? ou estou enganado? Procure o sindicato dos servidores, que saberás mais detalhes. Excelentes matérias, professor , Ip Ip Buzios , Asfab Búzios Rio de Janeiro , Flávio Machado , #Gladys . #Buzios ao que parece ainda trata mal seus servidores, por serem de fora ?

Ip Buzios Valeu Ernesto. Grato.