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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Os muquiranas estão chegando!



Nessa época do ano, quando tem eleição, os muquiranas começam a aparecer. Fazem reuniões exaustivas para a construção de uma nominata viável de candidatos a vereador. Por viável, entenda-se uma nominata que tenha chances de eleger pelo menos um vereador. Para isso se faz necessário recrutar muquiranas competitivos. Dez muquiranas com uma boa média de votos elege um vereador, também muquirana.

As nominatas em geral são um balaio de gatos, ou melhor, de muquiranas. Juntam-se nelas, muquiranas de todas as estirpes. E onde tem muito muquirana, boa coisa não pode sair. Quase sempre, em todas as eleições, se ouve relatos de muquiranas “dando volta” em muquiranas, rabo de arraia, rasteira e os escambau a quatro. Não se espere comportamento moral de nenhum deles. Os muquiranas não têm moral, ética ou qualquer coisa do gênero. Ideologia, muito menos. Tampouco estão preocupados se o prefeito que vão apoiar em conjunto é honesto ou não. Pouco importa se responde a processos de improbidade administrativa ou não. Se tem condenação ou não. A única coisa que importa é a chance de vitória eleitoral. Prefeito eleito ou vereador eleito, carguinho público  garantido.

Por isso não é raro ver muquirana apoiando candidato a prefeito de coligação diferente da sua. Basta tomar conhecimento de que seu candidato a prefeito não tem mais chance de vitória, que eles pulam do barco na maior cara limpa. Muquirana não tem princípios. Joga o jogo sujo que tem que ser jogado. Se for necessário, o muquirana pisa na cabeça da própria mãe. 

Obviamente que não vou citar nomes, mas conheço alguns muquiranas históricos aqui em Búzios. Conheço um muquirana que concorre à eleições desde a primeira eleição em Búzios, faltando a uma ou outra, das seis que tivemos até hoje. Não consegue mais de 100 votos, mas mesmo assim sempre consegue uma boquinha com prefeito, vereador, deputado estadual e federal. Claro que o muquirana consegue essas boquinhas, porque o prefeito, o vereador, o deputado estadual e o deputado federal também são muquiranas. Muquirana sabe muito bem o que muquirana precisa.

Depois da eleição de determinado ano, resolvi verificar quais muquiranas candidatos a vereador derrotados conseguiram emprego na prefeitura. Qual não foi meu espanto ao verificar que todos os muquiranas não eleitos foram empregados em cargos comissionados na prefeitura. Mais surpreso ainda fiquei ao constatar que os salários do muquiranas eram proporcionais aos seu votos. Ou seja, o prefeito muquirana de então estabeleceu um valor por cada voto que o muquirana recebeu. Estabeleceu-se uma precificação do voto muquirana. Só em Búzios mesmo.    

Os muquiranas são uma espécie de parasitas de cargos público. Parasitam boquinhas com votos. Os muquiranas no poder fazem o mesmo. Parasitam votos dos muquiranas com dinheiro público. Ambos, muquirana puro e muquirana agente político parasitam-se mutuamente, eleição após eleição.

Conheço outro muquirana que nunca trabalhou na vida, no verdadeiro sentido da palavra trabalho. Sempre “trabalhou” na prefeitura, na câmara, nos gabinetes de deputados estaduais e federais. Trabalho que não é bem um trabalho, já que quem negociou seus votos não quer perdê-los. Torna-se quase um “indemissível”. E afinal, o muquirana agente político não está nem aí para o que está gastando com o muquirana, pois não está gastando o seu (dele) dinheiro, mas o dindim da viúva, que é rica, muito rica. Dá pra sustentar centenas de muquiranas.

Normalmente os muquiranas são pessoas de baixa escolaridade. Mas muito espertos politicamente. Anos levando rasteiras dos mais experientes os transformam em verdadeiras águias políticas. São capazes de prever quais candidatos a vereador serão eleitos e normalmente não falham em seus previsões quanto ao prefeito. Muquirana bobo não sobrevive à primeira eleição. 

Com pouco estudos, os muquiranas viram na política a grande chance de subirem na vida, na escala social. E é verdade, todo muquirana, que nunca passaria em um concurso público, consegue um ótimo salário com a boquinha pública. Ganham com o cargo público, o que jamais ganhariam na iniciativa privada. 

Alô Povo de Búzios, os muquiranas estão chegando! Vamos ficar atentos aos seus movimentos!


Observação:

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

"Eu também quero”, ou a defesa envergonhada do candidato do governo João Carrilho



Em artigo (ver em "prensadebabelpublicado no jornal Prensa de Dedé (o dono do site foi funcionário do prefeito André Granado/Henrique Gomes, responsável pela Comunicação), Sandro Peixoto faz uma defesa envergonhada do candidato do prefeito André Granado. "Andrézista" de primeira hora, desde a eleição de 2012, Sandro deturpa completamente a história política recente de Búzios, para justificar seu apoio subreptício à Joãozinho Carrilho- o candidato do prefeito multiprocessado André Granado.

A farsa da análise do articulista da prensa do Dedé começa com a afirmação mentirosa de que foi André Granado “quem mais soube entender esses novos ventos de mudança” nas eleições de 2012. Quem acompanhou o processo eleitoral desse ano, sabe muito bem que quem contribuiu para a derrota de Mirinho Braga foi Chiquinho da Educação/Atacadão de Araruama (Sandro era contra ele de início, depois se rendeu aos seus encantos), que para cá veio com o objetivo de desconstruir a imagem do então prefeito, que por sinal fazia um governo desastroso. Seu trabalho foi tão bem feito- muito ajudado pelo fato de que o povo não aguentava mais a turma de Mirinho Braga- que qualquer candidato que Chiquinho apoiasse venceria a eleição. André Granado, o escolhido, era uma das últimas opções de Chiquinho. Portanto, André não entendeu nada dos novos ventos de mudança, como afirma Sandro. Foi pura obra do acaso.

O "andrézista" roxo Sandro Peixoto argumenta que a favor de André havia “apenas a lembrança de sua passagem pela secretaria de Saúde”, como se tivesse sido boa para o povo buziano essa sua passagem pelo governo Toninho Branco na qual, segundo o MPRJ, uma quadrilha assaltou os cofres da prefeitura de Búzios, desviando mais de 13 milhões de reais. Para o articulista Sandro, isso deve ser apenas "mero detalhe" (crédito para Robinho do Salão).

Escamoteação maior é afirmar que André “conseguiu a reeleição a duras penas” em 2016. Pelo amor de Deus, duras penas é acreditar que dois candidatos entre os três da oposição (Mirinho, Alexandre e Felipe) não se coligaram por puras divergências ideológicas, sem receber nenhum benefício particular para tanto. Sua argumentação parece-se com um conto do vigário, que só engana os incautos!

Sandro defende que para se candidatar a prefeito de Búzios, o pretendente precisa ter experiência administrativa. Para ele, Mirinho Braga tinha essa experiência, pois “além de ter tido a oportunidade de aprender administração pública ao ocupar o cargo de chefe de gabinete durante a gestão do prefeito de Cabo Frio, José Bonifacio, assumiu um município novo com alguns funcionários que já trabalhavam na administração do ex-distrito”. Mas, contraditoriamente, abre uma exceção para Toninho Branco, apesar de reconhecer que ele não tinha experiência administrativa alguma. Toninho prescindiria dela, por ser uma “águia política!”. Qualquer pessoa que tenha vivido em Búzios nessa época, e tenha um mínimo de discernimento, sabe muito bem que Toninho Branco não estava nem aí para administrar a prefeitura. Ele queria apenas se dar bem. A tarefa de “administrar” a cidade, ele delegou para os "experientes" Nanis, Otavinhos e Salvianos da vida.

O texto deturpa muito a história buziana recente. Sandro afirma, na maior cara limpa "dedéziana", que Mirinho, aquele que voltou ao poder em 2012, deu com os “burros n’água” porque “achava que a cidade ainda era aquela recém-emancipada”. Qualquer idiota que tenha passado por Búzios nesse período, sabe muito bem que o terceiro governo de Mirinho Braga deu com os burros n'água porque Mirinho vendeu a sua alma (política) ao diabo, para poder disputar as eleições, porque estava inelegível. Obviamente, que quem governou a cidade de 2009-2012 não foi Mirinho, mas o Diabo, aquele que obteve a sua elegibilidade. E, naturalmente, como qualquer Capeta fez suas maldades e ainda levou um troco.

A conclusão do artigo é despudoradamente antijornalística. Apenas as candidaturas do vice-prefeito Henrique Gomes, do ex-vereador e atual secretário de promoção social Joãozinho Carrilho e do ex-vice prefeito Alexandre Martins seriamnaturais”. Reparem que todos são ex-vereadores, mas apenas o seu candidato Joãozinho Carrilho recebe o título. Subliminarmente passa a ideia de que Joãozinho é o mais experiente. Só faltou atender o pedido de Joãozinho que não quer mais ser chamado de Joãozinho Carrilho, pois o diminuitivo não fica bem para um candidato a PREFEITO DE BÚZIOS.

Os outros postulantes, obviamente, seriam não naturais, isto é, artificiais. Ou seja, candidatos menores. Para Sandro, eles seriam candidatos do “mesmo”, seja lá o que isso signifique. A candidata Gladys, aquela que lidera em todas as pesquisas, para Sandro Peixoto tem “desejos maiores que as próprias probabilidades”. Vá entender o que ele quer dizer com isso. E sectariamente, o articulista "dedézista" cita que Gladys “no momento passa por um perrengue ante a Justiça Eleitoral por não ter feito uma correta prestação de contas”. Desonestamente não informa que isso não é irreversível, facilmente resolvível. Basta que Gladys apresente a prestação de contas e tudo está resolvido. O que não é o caso do candidato que considera “natural”, Henrique Gomes, que responde a três processos na Vara Criminal de Búzios, estando um deles concluso para decisão do desembargador, o que pode torná-lo inelegível, já que neste processo já foi condenado em primeira instância. Aí meu caro, não tem solução. Eleição, só depois que cumprir o prazo de 8 anos de inelegibilidade.

Finalizando a avaliação de Sandro sobre as possibilidades eleitorais de Gladys. Ele critica sua atuação como vereadora, afirmando em uma linguagem parecida com a língua portuguesa, que o “povo adora vereador de oposição que grita contra o prefeito, mas que não reelege (sic)” e cita as histórias de Adilson da RasaFelipe Lopes e Gugu de Nair. Todos que conhecem um pouco das atuações parlamentares destes três vereadores sabem que seus “gritos” tiveram resultados bem diferentes. Gugu de Nair não se reelegeu não foi porque "gritou" na CPI do BO contra a corrupção no governo André Granado (viu Sandro você apoiou e apoia um governo ímprobo). Ele não se reelegeu simplesmente por causa da sua nominata. Teve mais votos que Josué e Cacalho, e não se reelegeu! Adilson não se reelegeu não foi porque "gritou", mas porque fez muita besteira pessoal, inclusive agredindo mulher em público, com várias ocorrências policiais registradas. Felipe deu uns "gritinhos" na CPI do BO, mas não se reelegeu como vereador porque era candidato a prefeito. Nada a ver com a atuação da vereadora Gladys, que por sinal é muito diferente da atuação de todos eles. Gladys é um fenômeno novo em Búzios, que precisa de um estudo. Nunca antes na história desta cidade alguém fiscalizou o governo municipal de forma tão sistemática. Só não vê quem tem as travas do sectarismo nos olhos.

Ao analisar as chances da vereadora Joice Costa e do vereador Miguel Pereira, o articulista Sandro Peixoto se revela de vez como um grande "dedézista", ao afirmar que o atual prefeito “ao que tudo indica tem uma certa preferência pelo nome de Joãozinho Carrilho”. Quem escolhe é André ou o grupo político? Ou o grupo político se resume ao desgastado André? Coitado de todos eles, que terão que carregar um imenso piano de rejeição política nas costas.

Observação:
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Comentários no Facebook: 
Sandro Peixoto Será que vocês não podem me errar? Não sou político, não estou atrás de uma boquinha como muitos aqui, nunca tive cargo na prefeitura ( apesar de ter sido convidado por todos os governos que aqui passaram) não me envolvo com candidatos- apesar de preferência pelo João Carrilho e isso é um direito meu- não fico pedindo votos nem discuto política nas esquinas. Fui citado pelo Luiz porque ele é um.idiota e para que seu blog tenha três curtidas ele tem que usar terceiros pois suas ideias são toscas e sem sentido.
Eu trabalho todos os dias das oito da manhã até tarde da noite. Tenho duas lojas, 4 funcionários e inúmeros compromissos. Vocês que não têm o quê fazer procurem outro para perturbar. Mais respeito por favor!
Editado

Ip Buzios Você escreve tanta asneira e eu que sou idiota?
Sandro Peixoto Angelo da Verdade .deselegância é me citar sem motivo.



  • Ip Buzios Teve cargo público sim Sandro. Foi ADL da Benedita.
  • Ip Buzios O segundo blog mais lido da região dos lagos sem noticiar crimes/acidentes de trânsito ou publicar fofocas. E de um município pequeno.
  • Ip Buzios Armando da Parvati certa vez me disse que todo mundo lia meu blog mas não podia curtir. Sabe por que Sandro? Porque Búzios é a cidade dos rabos presos, dos que têm medo de represália dos prefeitos, principalmente aqueles empresários que atuam na ilegalidade sem alvará.
  • Ip Buzios Sandro Peixoto como citar sem motivo? Você escreve um texto sobre os pré-candidatos a prefeito de Búzios e não quer que ninguém comente? Qualé Xará?





  • Sandro Peixoto Angelo da Verdade .deselegância é me citar sem motivo.







  • Ip Buzios Teve cargo público sim Sandro. Foi ADL da Benedita.


  • Sandro Peixoto Quem é esse tal de Luiz????
    Thomas Sastre ESSE SENHOR AGORA QUER SER O " BIAL "DE BÚZIOS PUXAR O SACO DE SEU PATRÃO , FAZ QUALQUER COISA PARA SER ACEITO SOCIALMENTE EM O MEIO DA FARSA,POLITICA DA CIDADE ,, APRENDEU COM O EDITOR DO PERU É O FAMOSO AMIGO URSO ELE TE ABRAÇA E TE FODE TEM UMA CONVERSA FERINA UM FARSANTE DE MARCA MAIOR,ACREDITA QUE ES JORNALISTA E TEM PRESTIGIO ,, APENAS UM APANIGUADO DO POLITICO QUE ESTIVER EM EVIDENCIA,,JÁ FALOU HORRORES DESSA GENTE E AGORA SE FAZ DE FILOSOFO DE BOTEQUIM ,,ESSE TAL DE JOANZINHO PÉ DE FEIJÃO ,,NÃO SERVE NEM PARA ESPIAR,,,,QUANTO MAIS PARA GOVERNAR UMA CIDADE DE GENTE QUE ESTA CANSADA DE 171 ASSIM COMO SEU PAI QUE COMO CANDIDATO FEZ PESSOAS DE BEM ACREDITAR ,E APENAS ESTAVA DE FARSA PARA ARMAR EM CIMA DESSE JOGO SUJO QUE ELES ESTÃO ACOSTUMADOS A VIVER ,SÃO TODOS CRIAS DO LADRÃO POLITICO PAULO MELO ,REPAREM QUE EM O MEIO DA CANDIDATURA SEU PAI FEZ UM ACORDO SECRETO PARA COLOCAR SUA EX COMO SECRETARIA,,, IMPOR ESSE GAROTO COMO CANDIDATO É COISA DE RETARDADOS ,,A CIDADE ESTA CANSADA DESSA GENTE SERA QUE AINDA A PESSOAS CEGAS, QUE ACREDITA QUE ESTA CIDADE VAI CONTINUAR SAINDO EM AS PAGINAS POLICIAIS COMO ELES ESTÃO ACOSTUMADOS ,,FAZEM QUALQUER COISA POR UM PRATO DE ARROZ ,,,,O GENTE SEM PUDOR PARABÉNS LUIZ ASSIM SE FAZ DISSECAR,, E MOSTRAR QUE ESTAMOS CANSADOS DE GENTE CAFONA RETARDADAS E OPORTUNISTAS ,VIVEM DO LIXO ,GANHAM DO LIXO ,E ACREDITAM EM A BOCADA DO LIXO UNS TRAÍRAS DE MARCA MAIOR ,,COMO A CIDADE EM A ÉPOCA TINHA SONHADORES ESTA FAMÍLIA ENRIQUECEU RAPIDAMENTE ,,EM O MEIO DAS TREVAS POLITICAS ,SORTE QUE OS CIDADÃOS DO BEM JÁ ACORDARÃO DESSE PESADELO QUE APRESENTAM,, OS BABEL DA VIDA ,,


    Hozana Oliveira Quem é Sandro Peixoto? Eu conheço o Luis do Ip Búzios, mas quem é esse tal de Sandro?





    Thomas Sastre SANDRO E O FAMOSO QUEM ,,,PAREM DE CRITICAR ELE APENAS NÃO QUER PERDER A BOCADA ,,DEIXEM ELE ACREDITAR QUE E " FORMADOR DE OPINIÃO " LEMBREM QUE OPINIÃO E IGUAL A BUNDA CADA UM DA A SUA O HOMEM JÁ DEU A DELE



    Mônica Casarin Que elegância rapaziada.
    1

    Sandro Peixoto Poxa agora entrou o chato do Thomas na história. Thomas é aquele tipo que só me procura quando está passando fome

    segunda-feira, 19 de agosto de 2019

    Inspirações para Bolsonaro

    A Noite dos Cristais


    Criação de escolas militarizadas foi decisiva para infiltração do nazismo

    O governo Bolsonaro não tem a direcioná-lo uma doutrina, nem de arremedo, que lhe dê fisionomia como razão de ser e de propósito. O nível médio de ignorância entre os que o habitam não permitiria lidar com ideias, rasas que fossem, nem com noções de ordem cultural, simplistas embora.

    Ressentimento, interesses pessoais e de classe socioeconômica, racismo, preconceitos vários, décadas de orientação militar exterior, descaso pela comunidade planetária e seu ambiente e desprezo absoluto pelo outro induzem a alternância caótica de suas práticas. A similaridade delas com outras histórias ou atuais, no entanto, proporciona ao governo Bolsonaro a fisionomia que lhe falta em doutrina.

    O governo providencia, por exemplo, a criação de 108 escolas militarizadas, para início de ambicioso programa. O plano não é original, nem o era nas primeiras referências ainda na campanha eleitoral. Foi uma criação decisiva para a infiltração, ao longo dos anos 1930, do nazismo e do culto ao ditador na vida da Alemanha. O voluntariado de multidões jovens para a guerra simultânea do nazismo a dez países europeus, em 1939-40, foi obra do ensino militarizado.

    A hostilidade de Bolsonaro à cultura artística oficializou-se já na entrega do ministério próprio a um conservador radical e sem contato com o ramo.

    A anticultura mostrou-se toda na identificação do cinema nacional ao que Bolsonaro, seu ministro e seus pastores imaginam do filme “Bruna Surfistinha”, nem visto pelo primeiro. Esse combate à cultura artística é usual nos governos autoritários, e se volta em especial contra percepções sexuais quando o poder é militarizado ou de submissão religiosa. O combate ao que foi chamado de “arte degenerada”, na Alemanha hitlerista, também não começou pela censura explícita. Usou por bom tempo o arrocho financeiro e outras dificuldades, até dominar toda a arte. É o que começa aqui.

    As verbas federais destinadas aos estados estão submetidas por Bolsonaro a novo critério: “os do Nordeste não vão ter nada”. São de oposição a Bolsonaro.

    O critério depois abriu uma brecha, porém a depender de uma exigência: “Se eles quiserem receber (...), eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro”. “Eles” são os governadores, as vítimas são as populações. A condição punitiva e personalista, para o direito a verbas públicas, contraria a Constituição. E foi o primeiro recurso administrativo contra o oposicionismo regional na Alemanha e na Itália fascista, assim como é comum nos poderes que buscam o autoritarismo.

    Os ataques de retaliação à imprensa, a deportação sumária e sem tempo para defesa, a desmontagem da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos são, todos, repetição do primeiro estágio de ascensão ao poder ditatorial por nazistas e fascistas.

    A investida contra os índios, para a tomada exploratória de suas terras, tem semelhança com o extermínio dos ciganos dados como inúteis e viciosos pelos nazistas. Ensaio de extermínio, já anunciada por Bolsonaro as mortes de gente “como baratas”, por balas de impunidade assegurada. As similaridades vão longe, à disposição dos atentos. Mas é intransferível o registro de mais uma.

    A repetição por Bolsonaro, sob a dignidade da Presidência da República, da qualificação de “herói nacional” para um torturador e responsável por pelo menos 45 mortos e desaparecidos sob sua guarda, é um desacato à Constituição. No mínimo. O coronel Carlos Brilhante Ustra foi condenado pelo que o texto constitucional define como “crimes imprescritíveis”. A transgressão de Bolsonaro, dirigida também à Presidência, é, por si só, suficiente para tornar imoral a sua continuidade no cargo. No mínimo.

    Jânio de Freitas

    Fonte: "folha"

    terça-feira, 30 de abril de 2019

    O lumpesinato no poder - Bolsonaro,100 dias

    Morte de farda, Foto de Geiler Tod

    O principal representante do lumpesinato nas esferas do poder é o próprio presidente da República. Expulso do Exército por indisciplina, Jair Bolsonaro buscou a carreira parlamentar como meio de vida. Em 28 anos de Congresso, teve atuação apagada e agregou-se ao chamado baixo clero da instituição.
    Bolsonaro nunca representou um setor social específico, mas surfou em ondas de insatisfação difusas do eleitorado pobre do Rio de Janeiro e no corporativismo da massa militar. Seu mentor, Olavo de Carvalho, sujeito sem ocupação definida, é um lúmpen da intelectualidade, misto de astrólogo e guru de vasta legião conservadora. Damares fez sua carreira nas igrejas pentecostais e não se sabe de seus vínculos claros com o mundo formal do trabalho. O mesmo se dá com outro ativista pentecostal, Marcelo Álvaro Antônio, chefe da pasta do Turismo. Vélez Rodríguez, por sua vez, é um obscuro professor universitário, sem publicações relevantes e desconhecido em seu meio. Araújo expressa uma ínfima minoria no Itamaraty.
    O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, é um economista marginal, tanto na academia quanto no mercado. Pérsio Arida, um dos criadores do plano Cruzado (1986) e ex-presidente do BNDES e do Banco Central no governo FHC, tem opiniões arrasadoras sobre ele. Em setembro de 2018, Arida declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que “Paulo Guedes é um mitômano (…). Nunca escreveu um artigo acadêmico de relevo e tornou-se um pregador liberal. (…) Ele nunca dedicou um minuto à vida pública, não tem noção das dificuldades. Partiu para uma campanha de difamação que é de um grau de incivilidade que não se vê em outro assessor econômico”. Envolvido em acusações de fraudes em fundos de pensão, Guedes pode ser classificado sem erro como um lumpenfinancista.
    Entre os militares, o astronauta Marcos Pontes foi para a reserva após seu voo orbital em 2006. Tornou-se palestrante de autoajuda, vendedor de travesseiros e guia turístico na Flórida. Ou seja, passou a viver de expedientes que não deram muito certo até ser recolhido por Bolsonaro.
    O PSL, partido do presidente, por sua vez, é quase todo composto por aquilo que Marx classificou como lumpesinato no Dezoito brumário: “Rufiões decadentes, com meios de subsistência duvidosos (…), rebentos arruinados e aventurescos da burguesia (…) vagabundos, soldados exonerados (…), trapaceiros, (…) donos de bordel, (…) em suma, toda essa massa indefinida, desestruturada e jogada de um lado para outro, que os franceses denominam la bohème [a boemia]”.
    Qual o problema de um governo ser dirigido pelo lumpesinato de diversas classes?
    O lumpesinato, por característica inata, é avesso a qualquer projeto coletivo de longo prazo. Não é classe, não é coletivo, não forma grupos. Não há previsibilidade ou rotina possível em um conjunto de indivíduos para os quais vigoram as saídas individuais e a disputa de cada um contra todos.
    Pode-se afirmar que o lumpesinato vive no Estado de Natureza conceituado por Thomas Hobbes, em Leviatã (1651). Trata-se de uma situação anterior à criação do Estado, sem regras ou normas, em que “todo homem é inimigo de todo homem”.
    Nas palavras de Hobbes: “Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há cultivo da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”.
    Não há descrição mais apropriada para um mundo traçado por Jair Bolsonaro em discurso proferido para uma plateia de extrema direita em Washington, em março último: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa”.
    Não se trata de deslize de um improviso mal feito. Hamilton Mourão já havia declarado ao jornal Valor Econômico em fins de 2018 que o governo faria “um desmanche do Estado”.
    São frases-síntese de um governo lúmpen que se move por pequenos e grandes negócios de ocasião. Em geral, eles se dão por fora da política institucional e de suas regras e, não raro, apelando para situações de força. Uma administração de todos contra todos.
    *Gilberto Maringoni e Artur Araujo
    Especial da edição digital de Le Monde Diplomatique Brasil
    10 de Abril de 2019

    Meu comentário:
    Depois de muita besteira escrita pela esquerda lulo-petista enfim uma excelente análise do governo Bolsonaro.