Pressionado pela opinião
pública e pelo MP, o prefeito Toninho Branco se viu obrigado a vetar a Lei
10/07. Em 4/9/2008, a Câmara de Vereadores derruba o veto do prefeito por
6x3 (votaram contra: Fernando, Messias e Henrique). O estranho é que vereadores
da situação (Francisco, Uriel, Genilson, Evandro) votaram contra o prefeito,
enquanto vereadores de oposição (Fernando, Henrique e Messias) votaram a favor.
"Um verdadeiro samba de vereador doido" (OPM) ou "Olha o que a
especulação imobiliária faz com nossos vereadores". A nova LUOS recebe o
número 20. É a LC 20/08. Propõe a duplicação do número de casas que podem ser
construídas em condomínios. A nova lei oferece de bandeja a duplicação de
construções para os especuladores imobiliários multiplicando os problemas em
nossa cidade" ( IAB-Búzios, OPM, 24/07/2009).
No final de 2009, dia
15/12/2009, os vereadores (Joice, Joãozinho, Felipe, Walmir e Messias), em
regime de urgência, aprovaram a 5ª modificação da LUOS, revogando a Lei 20/08,
com a lei 02/09. Votaram contra: Leandro, Evandro, Genilson e Lorram. Estes
pediam audiência pública. O secretário Ruy Borba, que nunca antes pedira
audiência pública para a aprovação das leis 17 e 20, agora “defende a
realização de audiências públicas e participação popular para que a lei seja
alterada" (JPH, 18/12/2009). No dia 22/12/2009, votação do 2º turno: mesma
resultado da votação do 1º turno, 5
a 4.
O mesmo prefeito que
pedira a revogação imediata da Lei 17/07 ( Tribuna da Região, 29/08/2007)
veta a revogação da Lei 20/08, mostrando todo seu comprometimento com a
especulação imobiliária de Búzios. Perguntado sobre as alterações feitas na
LUOS (Lei 20), afirmou, na maior cara de pau: "confesso que essa
modificação foi feita na época da campanha e por isso não sentei ainda para
ler. Tem versões diferentes e não sei exatamente o que está por trás disso.
Conversei com algumas pessoas, até ligadas à questão ambiental, que disseram
que os vereadores que alteraram estavam certos" (Jornal Buziano,
10/10/2008).
Felizmente o veto do prefeito
é derrubado pelos vereadores em 2/3/2010. Aos vereadores que votaram a
favor da LC 02/09, que revogou a LC 20/08, se somou o vereador Genilson.
Resultado 6 a
3.
A revogação da Lei 20/08
provocou a ira do secretário dos pombais, senhor Ruy Borba, que passou a atacar
os vereadores do que ele passou a chamar, pejorativamente, de "grupo dos cinco". Primeiro acusou os
vereadores do grupo de incompetentes por que “não tiveram competência técnica
para elaborar um projeto bem feito. Varreram três anexos importantes porque
desconheciam que deveriam repristinar”. Teriam deixado a cidade sem lei “ao não
se darem conta de que revogavam os anexos com os padrões urbanísticos” (JPH,
2/4/2010).
Depois, como é do seu feitio, passou a insinuar que
os vereadores teriam levado vantagens para revogar a Lei 20:
"Temas importantes como
esse não podem ficar num ritmo de leilão - do quem dá mais, ou chamando um para
pagar o café; outro, para pagar o almoço, como já se ouve por aí" (Ruy
Borba, se referindo ao vereador Messias, JPH, 18/12/2009).
"De forma desatinada a câmara
aprovou as mudanças, sem avaliar as conseqüências daquele ato, segundo fontes,
embalada pelas urgências do grupo dos 5 em fechar as suas contas, sociais, de
final de ano" (JPH, 08/01/2010).
Finalmente, tentou denegrir a
imagem dos vereadores, o que provocou a ira do vereador Felipe Lopes que denunciou na sessão de 2 de março "as
mentiras veiculadas no JPH onde diz que os vereadores que derrubaram a Lei 20
são contra a construção de casas populares". Isto é uma grande mentira.
Somos contra a construção de casas pra gente de fora. "Querem ganhar
dinheiro vendendo casas e estão usando o jornal pra isso". Segundo ele,
haveria um "sórdido plano" da especulação imobiliária para tomar o
poder em Búzios. Com a Lei 20 tinham como "único objetivo
multiplicar o lucro de um grupo de especuladores que visava investir na
campanha política de um candidato que representasse os interesses deles".
Hoje, esse grupo conta com "representantes dentro do próprio
governo" (OPM, 6/3/2010).
Na verdade, a denúncia do
vereador Felipe Lopes estava defasada no tempo. A especulação imobiliária já
havia tomado o poder em Búzios. O vice-prefeito Alexandre Martins foi o grande
mentor das Leis 17 e 20. O secretário de planejamento, Ruy Borba, utilizou como
quis as páginas do seu ex-jornal para defender a Lei 20. Seu ex-jornal foi
premiado pela Península com páginas e mais páginas de anúncios. Páginas inteiras. É bom
recordar que a Península só passou a atuar em Búzios depois da Lei 17 com a
construção do Condomínio Laken Garden. Não precisam eleger um prefeito porque a
Península já tem o prefeito. Mirinho é o prefeito que defendeu a Lei 20/08, a
Lei da Península. Mirinho é o prefeito da Península.
O vereador Felipe Lopes
também se enganou quando acreditou que o plano da especulação foi frustrado com a
revogação da Lei 20, a
lei da Trompa. Com o fim da lei, sob o argumento de que existiria um vazio legal que impossibilitaria
o licenciamento de obras, o prefeito de Búzios decretou moratória para novos
licenciamentos por 90 dias até que um grupo de técnicos apresentasse estudos para
ordenar definitivamente as impropriedades e contradições surgidas pelas
seguidas e seriadas alterações na legislação urbanística (JPH, 15/01/2010). Bastaria
que o executivo enviasse em regime de urgência para a Câmara de vereadores um
projeto de Lei que restaurasse os anexos da LC 14/06 que hoje, segundo o
entendimento da área jurídica, não estariam mais vigentes após a derrubada da
Lei 20. Em vez disso, criou-se uma comissão de revisão das leis urbanísticas,
coordenada pelo arquiteto Chico Sales, também, como George Clark, oriundo do
ENARQ, a entidade dos construtores de Búzios. Mas, até agora, decorridos mais de dois anos, nada! Não foi o mesmo que aconteceu com a primeira
LUOS, a LC 02/00? Em seu segundo governo, o prefeito Mirinho Braga deixou nas
mãos do seu secretário de planejamento, George Clark, definido por Mauro Temer
como um “agente da construção civil, fortemente atuante”, a tarefa de revisar a
Lei do Uso e Ocupação do Solo. Não é meigo?
Nada foi feito até agora porque
a especulação imobiliária é a grande beneficiária da existência de dualidade, impropriedades,
contradições, dois pesos e duas medidas. Antes da emancipação, a
especulação imobiliária só ocupou irregularmente áreas públicas porque,
providencialmente, nestas áreas foram deixados imprecisos os seus limites e
localização. A nossa primeira LUOS, a Lei Complementar 02/00, depois de
emendada pelos vereadores, se tornou uma “lei repleta de erros e brechas” que
permitiu que “a especulação imobiliária continuasse a rifar o maior
patrimônio do município” (Alberto Bloch, Buziano, 15/09/2001). Poderosa, não é
difícil pra ela se tornar amiga do xerife de plantão. Com certeza, o xerife
usará uma medida para os amigos, e outra, mais pesada para quem não bajula, ou
não pertence à turma. A dualidade da Lei (LUOS x PD) sempre foi usada para
privilegiar alguns grupos particulares em detrimento dos interesses
coletivos. Para outros, seriam usados critérios mais restritivos, dependendo da
empatia social dos grupos. Ou seja, a especulação tira grande proveito da existência de leis confusas, com
várias incorreções, leis mal feitas e incompletas. Quanto mais desgoverno e
corrupção, melhor. A falta de governo
faz com que grupos diversos defendam seus interesses, sem mediações. E,
inevitavelmente, os mais fortes sempre levam a melhor.
Ver:
Esse é o MPF...As dunas de Tucuns e os tantos metros de areia ocupada por mansões são responsabilidade do MPF. Basta, né! Ao menos teríamos a beleza das praias..mas tiraram tudo... e ainda acham que é politicagem...
Imagina como ficaria o Mangue de Pedra se cuidado pelo "empreendedor"... só pode ser piada...
Local: Prefeitura de Armação dos Búzios
Data: 02/Maio'12
Hora: 10:00h
Ver: