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Jornal O Peru Molhado, 10/04/2014 |
Na semana passada empresários do comércio de produtos da
construção civil- Denis da Arcturo,
Ângelo da Engeluz e Ivair da Madereira Ita- abriram o berreiro no jornal
porta-voz da especulação imobiliária O Perú Molhado de 10/04/2014 reclamando de
uma suposta crise econômica pela qual passa o setor em Búzios. Segundo o
jornal, fazem coro com eles muitos arquitetos, engenheiros, empresários da
construção civil e empreiteiros da Cidade. Até a pouco representativa e
dividida Associação Comercial e Empresarial de Búzios (ACEB) se junta ao
protesto.
Todos os entrevistados apregoam que os negócios no setor vão
de mal a pior, que as receitas caíram e que terão que demitir funcionários.
Para eles, Búzios estaria passando "por uma das maiores crises econômicas
dos últimos cinco anos" e responsabilizam a Secretaria de Planejamento
pela situação. Denis, da Arcturo, chega ao ponto de afirmar que a crise se
agravou desde o início do novo governo. Segundo eles, a secretaria estaria
dificultando a aprovação de projetos e levando muito tempo (em alguns casos
mais de um ano) para aprová-los, o que estaria fazendo com que a cidade
parasse, não crescesse.
Como vivemos em uma Península até então dominada pela
especulação imobiliária (tanto a grande, como a pequena dos pombais) que sempre
deitou e rolou com nossos Prefeitos e a grande maioria dos vereadores,
aprovando, ao seu bel prazer, as alterações que almejassem nas nossas leis do
Uso do Solo, todos são unânimes em alertar que não se pretende resolver a dita
crise com nada ilegal burlando a lei atual. Ou seja, não se pretende com o
choro nenhum jeitinho usado anteriormente por alguns para resolver a dita
crise. Pedem simplesmente que a secretária Alice Passeri acabe com a burocracia
existente no setor de licenciamento de sua pasta agilizando a liberação das
licenças.
Em Búzios, como eu sempre digo, é preciso que verifique
qualquer afirmação. Nada pode ser aceito como verdade sem que se faça uma
verificação, mesmo que determinadas afirmações pareçam ser tão verdadeiras como
dois e dois são quatro. Parece que existe uma crise no setor de construção
civil de Búzios? Parece, né!
Acontece que não existe recessão alguma. Se houvesse uma
retração geral na atividade econômica como se apregoa haveria também um aumento
do desemprego. E os números- e eles não mentem jamais- apresentados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não deixam margem a dúvida. Não existe
recessão nenhuma no setor da construção civil de Búzios. Tudo mentira. Muito
provavelmente os interesses são outros. Talvez a cabeça de alguém. Ou a volta
dos mal feitos da gestão passada como as licenças irregulares liberadas que
estão sob investigação do Ministério Público Estadual.
Ao contrário do afirmado tivemos mais contratações do que
desligamentos de empregados no ano passado. Segundo o MTE, em 2013 (de 1/1/2013 a 31/12/2013) a economia
buziana admitiu 5.204 trabalhadores e desligou 4.885, portanto, com um saldo
positivo de 319 empregos. O setor da construção civil que estaria, segundo os comerciantes,
passando por uma profunda recessão, contribuiu com um saldo de 21 empregos
formais para esse total. Iniciou o ano com 201 trabalhadores e terminou com
222. Como isso pode ocorrer em um setor em crise?
E não é só nesta questão que os reclamantes não têm razão.
Além de não passarmos por recessão alguma em 2013, ainda conseguimos superar a
crise econômica do setor no governo Mirinho, que terminou o ano de 2012 com um
saldo negativo de 43 empregos na construção civil. No governo anterior,
ocorreram mais demissões do que admissões nos anos de 2009 (-8) e 2011 (-2). O
único ano que apresentou saldo positivo foi 2010 (+12), quase a metade do saldo
conseguido o ano passado.
Observação:
Ivair da Madereira Ita ainda acredita que a construção civil
é o "carro chefe do PIB de nossa Cidade". Não é mais há muito tempo!
Já foi nos primeiros anos de existência
do município em 1997, 1998 e 1999. Contribuía em 1999 com 21,6% (24,1 milhões
de reais) para o PIB de Búzios (de 111,3 milhões de reais). Já em 2000, o setor
foi desbancado da 2ª posição pelo setor "aluguéis". E em 2002, perdeu
a 3ª colocação para "administração pública". Com o Plano Diretor de
2006, como não poderia deixar de ser, a sua participação no PIB despencou dos
21,6% de 1999 para 11,7%. Reparem que estávamos no governo Toninho Branco do
qual participava o atual presidente da ACEB, Senhor Salviano, um dos que
reclamam da atual secretária.