Mostrando postagens com marcador desigualdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desigualdade. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Piketty propõe um novo imposto redistributivo

Thomas Piketty. Foto: outras palavras


"Oferecer a cada ser humano, aos 25 anos, o equivalente a R$ 500 mil. Para tanto, tributar pesadamente os bilionários. Economista sustenta: medida democratizaria acesso à riqueza e às decisões de poder".

Thomas Piketty, professor da Escola de Economia de Paris. Autor de “O Capital no Século XXI” e “Capital e Ideologia”.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Banco Mundial alerta para desigualdades de renda no Brasil

Infográfico retratar desfile de desigualdades na Sapucaí. Imagem: Banco Mundial
Em 1971, o economista holandês Jan Pen publicou um tratado sobre a distribuição de renda no Reino Unido, no qual descreveu um desfile reunindo das pessoas mais pobres, na abertura, às mais ricas, no fim. Neste mês, um estudo do Banco Mundial propôs o mesmo exercício para o Brasil, colocando na Sapucaí “o desfile mais estranho da história”.

Favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Agência Brasil/Tomaz Silva

Em 1971, o economista holandês Jan Pen publicou um célebre tratado sobre a distribuição de renda no Reino Unido, no qual descreveu um desfile reunindo das pessoas mais pobres, na abertura, às mais ricas, no fim. Daí surgiu o termo “O Desfile de Pen”. Neste mês, um estudo do Banco Mundial para a América Latina e Caribe propôs o mesmo exercício para o Brasil, colocando na Sapucaí “o desfile mais estranho da história”.

Por muito tempo, só se veriam pessoas incrivelmente pequenas (apenas alguns centímetros de altura), um incrível desfile de anões. Levaria mais de 45 minutos para os participantes alcançarem a mesma altura que os espectadores. Nos minutos finais, gigantes incríveis, mais altos do que montanhas, apareceriam”, descreve o relatório, produzido pelo Gabinete do Economista-Chefe da regional do Banco Mundial.

O encerramento seria feito pelos milionários brasileiros, que teriam dois terços de seus corpos a 100km acima do nível do mar.

No mês em que a comunidade internacional lembra o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, 17 de outubro, o Banco Mundial divulgou um infográfico que retrata esse desfile na Sapucaí.

Dados do Banco Mundial mostram que a contração da economia brasileira em 2015 e 2016 freou uma década de redução continuada da pobreza. Entre 2003 e 2014, a parcela da população brasileira vivendo com menos de 5,50 dólares por dia (na paridade do poder de compra de 2011) caiu de 41,7% para 17,9%. Essa tendência se reverteu em 2015, quando a pobreza aumentou para 19,4%.

As crescentes taxas de pobreza do Brasil têm sido acompanhadas por um salto na taxa de desemprego, que cresceu quase seis pontos percentuais do primeiro trimestre de 2015 e chegou a 13,7% da população no primeiro trimestre de 2017”, aponta o organismo financeiro.

Em 2018, como o crescimento econômico deve ser abaixo do esperado – ficando em 1,2% –, as taxas de pobreza devem se manter altas.

A miséria se distribui de forma desigual pelo país: afeta 6,1% dos cidadãos no Rio Grande do Sul, mas chega a 44,9% no Amapá. O problema é mais grave na zona rural, onde mais de um terço (38,1%) da população vive em pobreza, comparado a menos de um quinto (17,6%) nas áreas urbanas.

Já a desigualdade social, depois de diminuir 8,5% entre 2001 e 2014, voltou a aumentar com a crise econômica a partir de 2015. O índice de Gini, que tinha caído de 59,4 para 51,5 no período, foi a 53,1 em 2016, tornando o desfile carnavalesco das classes sociais brasileiras cada vez mais estranho.

Na Região dos Lagos, dados de 2010, indicam que Arraial do Cabo é o município menos desigual com índice de Gini igual a 47,0, seguido de São Pedro da Aldeia com 50,0. Em terceiro, temos Armação dos Búzios, 51,0.Em quarto, Rio das Ostras, com 53,0. Empatados, em quinto, temos Cabo Frio e Araruama, com índice 54,0. E Iguaba Grande, como o município mais desigual da Região dos Lagos, com índice de Gini igual a 56,0  

Para a elaboração do infográfico, o Banco Mundial utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2017, do Conselho Nacional de Justiça e do relatório do Banco Mundial Dos Riscos Desconhecidos aos Cisnes Negros: como Gerenciar o Risco na América Latina e Caribe.


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A obscenidade no Brasil que vai às urnas

Foto: Folha de São Paulo

Oxfam mostra que o país está a anos-luz da civilização

O Brasil que vai eleger novo presidente no dia 28 é uma tremenda vergonha, como se pode ver em dados recolhidos pela Oxfam, uma valiosa organização não-governamental.

Basta citá-los, com um ou outro comentário de contextualização:
1 -No ritmo em que o Brasil vem reduzindo a desigualdade, levará 75 anos para alcançar os níveis atuais de desigualdade do Reino Unido. E 60 anos para chegar ao ponto em que está hoje a Espanha nesse quesito.

Mesmo na comparação com os vizinhos, o país está 35 anos atrasado em relação ao Uruguai e um pouco menos (30 anos) na comparação com a Argentina.

Detalhe relevante: a Oxfam acredita que o Brasil reduziu a desigualdade nos últimos anos. É “fake news", conforme comprovou relatório do Banco de Dados da Renda e Riqueza Mundial, centro pilotado pelo economista francês Thomas Piketty.

Nele se vê que na primeira década deste século, os 10% mais ricos viram sua fatia da riqueza nacional subir de já opulentos 54% para 55%. Os 10% mais pobres também ganharam um ponto (de 11% para 12%), mas ainda assim tem-se a obscenidade de 10% levarem para casa cinco vezes mais riqueza que 50%.

2 - Diz a Oxfam que 28 milhões saíram da pobreza nos últimos 15 anos, “mas os ricos continuaram a ser beneficiar mais: entre 2001 e 2015, os 10% mais ricos representaram 61% do crescimento econômico".

Outro detalhe relevante: os anos 2001 e 2015 são, predominantemente, os anos do PT no governo. Logo, os ricos não deveriam ter razão para odiar o partido. Ganharam com ele.

3 - Quem ganha salário mínimo teria de trabalhar 19 anos para fazer a mesma quantidade de dinheiro que um brasileiro que fique entre os 10% mais ricos ganharia em apenas um mês.

4 - Os seis homens mais ricos do Brasil têm riqueza idêntica à dos 50% mais pobres (cerca de 100 milhões de pessoas). Os 5% mais ricos têm a mesma renda que os restantes 95%.

5 - Se os seis homens mais ricos do Brasil juntassem sua riqueza e gastassem 1 milhão de reais por dia, levariam 36 anos para empregá-la todinha. “Enquanto isso —diz a Oxfam —  16 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza".

Detalhe final: há várias maneiras de estabelecer uma linha de pobreza. A que me parece mais adequada é a que se pode comprovar no cadastro do Bolsa Família do Ministério do Desenvolvimento Social: ao terminar 2015, o último ano completo de governos do PT, havia 73 milhões de brasileiros vivendo com até meio salário mínimo. Em janeiro deste ano, já eram 77 milhões.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A riqueza dos 85 mais ricos é igual à dos 3,5 bilhões de mais pobres!

Página de Russell McLendon 


"A riqueza das 85 pessoas mais ricas é igual à da metade da população do mundo". A afirmação foi feita pela instituição de caridade Oxfam. Segundo relatório divulgado pela organização, a "desigualdade global tem aumentado na medida em que a riqueza dos 85 mais ricos é igual à dos 3,5 bilhões pessoas mais pobres (metade da população do mundo)".

O relatório tem o sugestivo título "Trabalhar para poucos". Apesar do título, ingenuamente a organização de caridade acredita que a "desigualdade crescente tem sido impulsionado por uma "tomada de poder" pelas elites ricas, que cooptaram o processo político para fraudar as regras do sistema econômico em seu favor". 

O "mal"- a desigualdade- não seria intrínseco ao próprio desenvolvimento do capitalismo, mas causado pelos governos que estariam atendendo às demandas dos mais ricos. Por isso, a Oxfam pediu que os participantes nesta semana do Fórum Econômico Mundial (WEF) , que reúne políticos e líderes empresariais na Suíça, na estância de esqui de Davos, firmassem "um compromisso pessoal para resolver o problema, aceitando a criação de novos impostos e evitando usar a riqueza para buscar favores políticos".

Pesquisas feitas para embasar o relatório constataram que as pessoas em países ao redor do mundo - incluindo dois terços dos inquiridos na Grã-Bretanha - acreditam que os ricos têm muita influência sobre a os governantes de seus países.

O presidente-executivo da Oxfam Winnie Byanyima disse: "É impressionante que, no século 21, metade da população do mundo - que é três e meio bilhões de pessoas - possuam o mesmo que uma pequena elite cujo número de membros cabe confortavelmente em um ônibus de dois andares.

"Nós não podemos ganhar a luta contra a pobreza sem combater a desigualdade. O alargamento da desigualdade está criando um círculo vicioso em que a riqueza e o poder estão cada vez mais concentrados nas mãos de poucos, deixando para o resto de nós lutar por migalhas da mesa superior".

"Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, estamos cada vez mais vivendo em um mundo onde as taxas de imposto mais baixas, a melhor saúde e educação e a oportunidade de influência está sendo dada não só para os ricos, mas também para os seus filhos.

"Sem um esforço concertado para combater a desigualdade, a cascata de privilégio e de desvantagem continuará ao longo das gerações. Em breve, viveremos em um mundo onde a igualdade de oportunidades será apenas um sonho. Em muitos países, pode-se dizer que os mais ricos estão levando todo o resultado do crescimento econômico. Os ricos estão tendo "lucros extraordinários", como se o "vencedor pudesse levar tudo". 

O relatório da Oxfam revelou que ao longo dos últimas décadas, os ricos têm exercido com sucesso influência política para distorcer políticas em seu favor em questões que vão desde a desregulamentação financeira, os paraísos fiscais, práticas comerciais anti-competitivas para reduzir as taxas de imposto sobre os rendimentos elevados e cortes dos gastos em serviços públicos para a maioria da população. Desde o final de 1970, as taxas de impostos para os mais ricos caíram em 29 dos 30 países para os quais existem dados disponíveis, segundo o relatório.

Este "captura de oportunidades" pelos ricos à custa dos pobres e das classes médias levou a uma situação em que 70% da população mundial vive em países onde a desigualdade aumentou desde a década de 1980 e 1% das famílias possuem 46% da mundial riqueza.

As pesquisas de opinião na Espanha, Brasil, Índia , África do Sul, os EUA, Reino Unido e Holanda descobriram que uma maioria em cada país acredita que as pessoas ricas exercem muita influência. A preocupação foi mais forte na Espanha, seguido por Brasil e Índia e menos marcante na Holanda.

No Reino Unido, cerca de 67% concordaram que "os ricos têm muita influência sobre o lugar para onde o país está caminhando" - 37% dizem que eles concordaram "fortemente" com a afirmação - contra apenas 10% que discordaram, 2% deles fortemente.

Estudos de Riscos Globais fez o WEF reportar recentemente que o aumento das disparidades de renda é uma das maiores ameaças para a comunidade mundial.

Oxfam está convocando todos os participantes do WEF a se comprometerem em apoiar a "tributação progressiva", impedir os ricos de usarem sua riqueza para buscar favores políticos minando a vontade democrática dos seus concidadãos, direcionar todos os investimentos para empresas e fundos, beneficiando a maioria da população de cada país, fazer com os governos utilizem as receitas fiscais para fornecer cuidados de saúde universal, educação e proteção social, exigir um salário digno em todas as empresas em que detenha ou controle e convocar outros membros da elite econômica para se juntar a eles nessas promessas.

Fonte: http://www.belfasttelegraph.co.uk/news/local-national/uk/oxfam-combined-wealth-of-the-85-richest-people-is-equal-to-that-of-poorest-35-billion-29931690.html


Meu comentário:

Não é difícil provar que os governos da Região dos Lagos governam para 1% da população. Em Búzios, esse número corresponde a 275 beneficiários dos governos que tivemos. E na sua cidade (Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Araruama, Iguaba Grande e Arraial do Cabo)? Em nenhuma delas a população discute como vão ser alocados os recursos orçamentários. Se não discute, quem decide onde os impostos arrecadados vão ser aplicados? A resposta só pode ser uma: a elite política-econômica local (1% da população).