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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

AS DIFICULDADES PARA RECRUTAR CANDIDATOS PARA AS ELEIÇÕES DE 2016


Todos os partidos políticos que estão se organizando para disputar as eleições municipais de 2016, têm tido dificuldades para encontrar nomes novos – gente que nunca disputou cargo eletivo – com um bom potencial de votos para poder formar as chapas dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador. 

Essa dificuldade deve-se a um desinteresse das chamadas “pessoas de bem”, em entrar para uma militância partidária, em função do grande desgaste vivido por ocupantes de cargos eletivos, diante de escândalos de corrupção e prisões das figuras consideradas como as lideranças importantes da política nacional, sobretudo as envolvidas em operações como a Lava-Jato.

O que se percebe é uma total desmotivação do cidadão comum em querer participar da vida pública, como uma consequência da descrença na política. Max Weber escreveu que a política deve ser praticada como uma vocação, como uma atividade nobre, em que os interesses coletivos devem ficar acima dos interesses individuais. Mas, isso hoje se inverteu. Para muitos, a política virou apenas uma profissão em que só predomina o interesse individual.

A militância política de base perdeu a sua força, porque nosso processo político eleitoral é baseado em um esquema de financiamento, a que nem todo mundo tem acesso. A pessoa tem que estar bem engajada em alguma estrutura de um grupo político, para participar de uma campanha com alguma competitividade. Quem não tem essa estrutura, está fora.

Diante da grave situação política atual restou a dúvida e, em todos os partidos, os políticos estão encontrando sérias dificuldades para formar as chapas de candidatos para 2016. A descrença no ideário coletivo, levou à baixa formação de novas lideranças e à uma baixa renovação das câmaras municipais.

Mas, mesmo com os atuais vereadores procurando manter as suas chances de conquistar um novo mandato no próximo ano, os eleitores agora estão bem mais atentos e buscarão examinar novas alternativas, para poder renovar os assentos de seus representantes públicos.

Os pré-candidatos terão que gastar muito dinheiro, para ter uma candidatura competitiva. Mas, como eles estão todos sem dinheiro algum, precisarão se encaixar em pelo menos uma destas quatro categorias:
 
1. Ser rico. - 2. Cair nas graças de um financiador poderoso. - 3. Ser escolhido pela cúpula do seu partido como a pessoa que ‘tem tudo para ser eleito’, caso em que os dirigentes repassariam os recursos necessários para a campanha. - 4. Ser famoso, caso em que se precisa ter menos dinheiro para ser 'lembrado'.

José Carlos Alcântara

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Deixe os mortos enterrarem seus mortos

Vladimir Safatle
A Nova República acabou. Qualquer análise honesta da situação brasileira atual deveria partir dessa constatação. O modelo de redemocratização brasileiro, que perdurou 30 anos, baseava-se em um certo equilíbrio produzido pelo imobilismo.

Desde o momento em que FHC se sentou com ACM e o PFL para estabelecer a "governabilidade", a sorte da Nova República estava selada. Frentes heteróclitas de partidos deveriam ser montadas acomodando antigos trânsfugas da ditadura e políticos vindos da oposição em um grande pacto movido por barganhas fisiológicas, loteamento de cargos e violência social brutal.

O resultado foi um sistema de freios que transformou os dois maiores grupos oposicionistas à ditadura (o PT e o núcleo mais consistente do PMDB, a saber, o que deu no PSDB) em gestores da inércia. Com uma "governabilidade" como essa, as promessas de mudanças só poderiam gerar resultados bem menores do que as expectativas produzidas.

Mas a Nova República tinha também um certo princípio de contenção por visibilidade. No auge da era FHC, José Arthur Giannotti cunhou a expressão "zona cinzenta de amoralidade" para falar do que ele entendia ser um espaço necessário de indeterminação das regras no interior da dita democracia com sua "gestão de recursos escassos".

Essa zona de amoralidade, mesmo tacitamente aceita, deveria saber respeitar uma certa "linha de tolerância", pressuposta na opinião pública. Havia coisas que não poderiam aparecer, sob pena de insuflar a indignação nacional.

Giannotti acreditava falar da essência da democracia, mas estava, na verdade, a fornecer involuntariamente o modo de funcionamento das misérias da Nova República: um acordo fundado sobre uma zona cinzenta de amoralidade resultante de disfunções estruturais e democratização limitada.

Mesmo isso, no entanto, é coisa do passado. O primeiro sintoma do fim da Nova República é a pura e simples gangsterização da política e a brutalização das relações sociais. Não há mais "linha de tolerância" a respeitar, pois não é mais necessário um "pacto pelo imobilismo".

Pacto pressupõe negociação entre atores que têm força e querem coisas distintas. Mas todos os principais atores políticos da Nova República já estão neutralizados em seu risco de mudança. Os que não querem a mesma coisa não têm mais como transformar seu desejo em ação.

Assim, como não há mais linha de tolerância a respeitar, o outrora impensável pode ser mostrado, desde que sirva para desestabilizar o governo de plantão.

Por exemplo, foi como um sindicato de gângsteres que o Congresso Nacional e seu presidente agiram na semana passada ao convocar, para uma CPI de fantasia, a advogada de defesa de denunciantes da Operação Lava Jato, a fim de intimidá-la.

De toda forma, só uma política gangsterizada pode aceitar que o presidente da Câmara seja um indiciado a usar seu cargo para, pura e simplesmente, intimidar a Justiça, como se estivesse na Chicago dos anos 1930.

Dilma acreditava ainda estar na Nova República ao rifar seu governo para economistas liberais. Seu cálculo era: "Se eu garantir que não haverá nenhuma mudança drástica de rota, serei preservada no governo". Esse raciocínio, no entanto, não serve mais.

Como é, atualmente, indiferente saber quem está no governo, pois todos sabem que nenhuma mudança drástica de rota virá, a rifa de Dilma não garantirá sua sobrevida.

Em um contexto de crise dessa natureza (e, antes de ser econômica, a crise brasileira é política, é a marca do fim de uma era política) a única solução realmente possível é caminhar ao que poderíamos chamar de "grau zero da representação".

Não há, hoje, mais atores políticos no Brasil. Os principais foram testados e falharam, e é desonestidade intelectual acreditar que uma simples troca de presidente mudará algo. Por isso, o poder instituinte precisa se apresentar diretamente, com o mínimo de representação possível. Ao apresentar-se enquanto tal, o poder instituinte pode impulsionar um processo de constituição de novos atores e novas formas.

O parlamentarismo tem a possibilidade de convocação de eleições em situações de crise. O presidencialismo brasileiro precisaria de tal flexibilidade para, no caso, convocar eleições gerais, tendo em vista, entre outros objetivos, a dissolução deste Congresso e a convocação de uma assembleia constituinte capaz de refundar a institucionalidade política nacional.

Assembleia para a qual poderiam se apresentar candidatos independentes, fora de partidos políticos, com controle estrito do poder econômico. A saída da crise não se dará por meio de conchavos de bastidores, mas pela radicalização da democracia. Como já se disse antes, há horas que você precisa deixar os mortos enterrarem seus mortos e seguir outro caminho.

07/08/2015

vladimir safatle

É professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo).


terça-feira, 26 de abril de 2011

Em Búzios a oposição está em frangalhos

A oposição feita pelo PMDB de Búzios ao Prefeito Mirinho Braga, que já estava perdendo força devido o caminho traçado nas eleições de 2010, quando a maioria de seus militantes e atuais vereadores, constituíram uma verdadeira salada de infidelidade partidária temperada pela ganancia do poder, ou seja, apoiando deputados que não era da base do PMDB, vereador como Evandro o mais bem votado nas eleições de 2008 pelo PMDB é um exemplo, não apoiou ninguém da base peemedebista e isso fortaleceu ao governador na visita a Búzios, ocasião da assinatura do Decreto da criação do Parque da Costa do Sol, a ignorá-lo como um líder peemedebista nesta cidade como aos demais que se diz oposição ao Prefeito, tudo com a colaboração do Presidente da Alerj Deputado Paulo Melo, que foi carregado em Búzios nas eleições passada pelo presidente do PMDB Salviano Leite. Esta visita do Cabral e do Paulo Melo, foi fundamental para as questões ambientais da cidade, mas pelo outro lado, uma humilhação política para os militantes do PMDB local e principalmente para os que estavam pretendendo encarar o atual Prefeito nas urnas sobre o manto sagrado do PMDB. Agora, resta saber se esses humilhados terão condições de trocarem de partidos e de atraírem seguidores, porque antes só confiavam nos tacos do Cabral e do Paulo Melo. Com a declaração do governador Cabral em apoiar o Prefeito Mirinho Braga na reeleição à prefeitura de Búzios, ficou cristalino que o PMDB, não lançará candidato em 2012 a prefeito. Com isso, a única chance palpável atualmente para os humilhados oposicionistas é seguir as orientações cabralista, apoiando o Mirinho Braga, ou do contrário a colocar a viola no saco, pois estão em frangalhos e em disputas fratricidas. Enfim, a vida dos humilhados não está fácil até o momento, mas muita água ainda vai rolar por baixo da ponte até o início de 2012. O fato é que o Mirinho é inteligente, aproveita a paixão de Cabral pelo seu governo, para continuar diminuindo os espaços da oposição. Oposição esta, que não soube ser oposição e sim bons aproveitadores, chegando ao ponto deles próprios perceberem que não conseguiriam mais se posicionarem, faltando-lhes argumentos e credibilidade, principalmente por falta de uma pessoa para assumir o papel de liderança política dentro desta oposição. Como aprendi que em política só há acordo entre quem tem força, não tenho receio de falar, que o encontro entre Mirinho e Cabral, testemunhado pelos deputados Jânio Mendes e Paulo Melo, lá em Manguinhos é que Búzios se fechou politicamente. Não havendo, espaço mais para oposição. Essa é a minha leitura política até o momento, pois não posso esquecer que política é uma nuvem – estando em uma posição e depois em outra – só que agora o céu esta completamente azul na cor do PDT.
Marreco
Ex-vereador
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Golpismo

Adilson da Rasa (*)
O prefeito de Búzios, Mirinho Braga, decidiu trilhar um caminho perigoso ao colocar o governo em rota de colisão com o Legislativo, após a histórica derrota na Câmara imposta por ex-aliados. O discurso do prefeito tem extrapolado a revolta contra o chamado G-5 e se transformado num ato contra o Legislativo que beira ao golpismo.
Mirinho governou a cidade, nos últimos dois anos, sem qualquer interferência da Câmara, ignorou a oposição e até os aliados mas, agora, quando os vereadores decidem fiscalizar as ações do governo o prefeito rompe o silêncio e mobiliza a tropa de choque do governo para acusar a Câmara e, principalmente, os vereadores que decidiram dar um basta nas pretensões do prefeito de governar sozinho.
Mirinho — parece querer se transformar numa espécie de ditador da república das bananas — tem revelado, com destempero, que não sabe governar com oposição e muito menos administrar crises. O prefeito deixa claro que não gosta de ser contrariado, por isso, se recusa a debater, abertamente, as questões mais preementes de Búzios que precisam ser discutidas. Ele se acha um gênio, acima do bem e do mal mas vive cercado por auliscistas que ele pensa ser aliados mas, na verdade, são aliados do poder... gente que amanhã vai posar, sorridente, para a foto ao lado do próximo prefeito, porque não se pode esperar muito de quem não tem coragem nem de sair do armário e se assumir.
O joguinho de Mirinho é colocar o povo contra a Câmara, é tentar ser a vítima do processo para esconder o governo desastroso e as relações perigosas que mantém com o secretário Rui Borba numa verdadeira "bacia das almas". Os vereadores da Câmara Municipal de Búzios, mais do que nunca, precisam estar atentos e dizer ao prefeito que a cidade precisa é de trabalho, de transparência, de seriedade e, principalmente, que o poder Legislativo não vai se curvar diante das intrigas golpistas de um prefeito prepotente e incompetente que não tem demonstrado compromisso com o povo buziano; que passou os últimos dois anos transformando a prefeitura de Búzios numa ação entre os amigos que financiaram a campanha.
A Câmara de Búzios e o G5 que o prefeito tenta ridicularizar devem ser uma trincheira do povo contra os desmandos do governo e contra a falta de transparência com o dinheiro público.
O povo buziano está diante de um novo momento de sua história, que vai além dos desejos e das pretensões pessoais dos políticos que tem se alternado no poder. A Câmara Municipal de Búzios tem, agora, a responsabilidade de capitanear a participação de todos para o processo de ampla discussão e busca de soluções para os principais problemas da cidade que não são poucos: saúde, educação, saneamento, transporte, segurança...
A Câmara de Búzios deu um basta na omissão e retomou a própria história, agora, precisa ampliar a participação popular que deve envolver todos os buzianos no processo de transformação e resgate da cidade. Búzios ainda pode ser salva, apesar dos aventureiros, dos mentirosos e dos golpistas.
(*) ex-vereador de Búzios

Texto publicado no Jornal Interpress de 14/02/2011

 

Comentários:

1) Julio Medeiros disse...
Grande Luiz!
Muito bom o texto, pena que perde a total credibilidade quando o autor se identifica como Adílson da Rasa que até alguns meses atrás defendia com unhas e dentes, não o governo, mas o Prefeito Mirinho Braga.
Abraço

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O águia político de asa quebrada

Após ficar inelegível por ter suas contas rejeitadas pela câmara de vereadores em 2006, Mirinho Braga conseguiu uma liminar na justiça para disputar as eleições de 2008. Para enfrentar a máquina da prefeitura nas mãos de Toninho Branco e fazer frente às enormes despesas judiciais que sua situação exigia, Mirinho foi obrigado a aceitar uma composição política ampla que abrangeu até mesmo adversários históricos como Alair Corrêa, Ruy Borba, etc. Como consequência  dessas alianças, teve que ceder ao grupo de Alexandre Martins-Ruy Borba (grupo AM-RB), a secretaria de saúde, a procuradoria-geral, a subsecretaria de cultura, a secretaria de ordem pública, a chefia do gabinete de planejamento, orçamento e gestão, e inúmeros cargos menores na prefeitura. 
Passados menos de dois anos, Mirinho vai retomando o controle do leme de seu governo. Na primeira oportunidade, demitiu o procurador geral Adilson. Em menos de um ano, retomou a secretaria de saúde das mãos do seu vice, Alexandre Martins. Deu-lhe a função da gestão de governo mas não acrescentou poder nenhum ao grupo AM-RB, pois a atribuição foi retirada da secretaria do Ruy. Fez o subsecretário Micheângelo voltar para as suas charges, não dando mais nenhum palpite sobre a cultura da cidade. Demitiu todos os coronéis da secretaria de Ordem Pública, deixando um como secretário decorativo, subordinado ao subsecretário Celso (só em Búzios mesmo: o secretário é subordinado ao sub-secretário). Aproveitando o desejo de agasalhar o amigo Jânio Mendes, esvaziou por completo a secretaria do Ruy Borba. Jânio passa a secretário de gestão, com o orçamento como uma subsecretaria. Ruy, que tinha o planejamento, orçamento e gestão, fica só com o planejamento, sem nenhum poder de execução.  
Mesmo tendo entrado no governo com a asa quebrada, parece que o águia político vai recuperando a capacidade de voar. Mesmo que use o dinheiro da viúva para manter essas pessoas em cargos decorativos. O único risco são processos antigos serem julgados por um colegiado. Aí o águia não se sustenta no ar.
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