segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Legislativo: a nossa “rosa de Hiroshima”

Por Cristina Pimentel*

“O Parlamentar corrompido abdica de seu poder de fiscalizar criticamente o poder”
Ministro Carlos Ayres Britto, Presidente do STF
TV Senado, 10/10/12




A reflexão do Ministro do Supremo, que abre este texto, merece nossa atenção, pela quantidade de reflexões que suscita no que se refere ao Legislativo e sua função maior: fiscalizar os atos do Poder Executivo. PENSEM no resultado das eleições para o Legislativo buziano que, louvando-se as exceções, acabou de consagrar o assistencialismo, o esquema de captação de votos em áreas de pobreza quase extrema, bem como a utilização da máquina pública para reconduzir parlamentares. Tal realidade somada às regras impostas pelas coligações deixou de fora do legislativo, por exemplo, o jovem João Carrilho Filho que, no último mandato, esteve mais afinado às reais atribuições de um vereador, pois grande parte dos pares do ex-vereador Joãozinho Carrilho, que custaram ao povo buziano perto de 20 milhões, em 4 anos, gastaram parte significativa de seus mandatos distribuindo medalhas de honra ao mérito ou servindo de despachantes de empreiteiras; outros, pendurados na carona do Executivo, beneficiaram-se da propaganda institucional (condenada pela justiça eleitoral) que promoveu a imagem de agentes públicos, veiculando ilusões (condenadas pelas urnas). Mesmo assim, essas práticas elegeram a maioria dos vereadores.

É certo que a constituição de 1988, pelo princípio da representação, tem como finalidade “garantir” a voz de diferentes segmentos sociais. No entanto, de 1988 para cá, o mundo mudou e o Brasil também. A complexidade do mundo contemporâneo, incluindo-se aí suas tecnologias, exige uma reforma política urgente, com o objetivo de que as instituições fiscalizadoras, em especial, o Legislativo comecem a cumprir, de fato, sua principal atribuição: fiscalizar o Executivo. Dessa forma, nenhum cidadão poderia ter acesso ao cargo eletivo se não tivesse, pelo menos, o 2º grau, e que, ao mesmo tempo, não tivesse passado por uma escola de políticas públicas, curso esse que deveria ser ministrado por instituições de nível superior. Minimamente, cada candidato, em potencial, deveria aprender a combater, em si mesmo, a cultura da corrupção e sair convicto de que o parlamentar está a serviço do povo e não o contrário. E servir ao povo não é lhe conseguir dentaduras nem laqueaduras, mas fiscalizar os atos e gastos públicos do Executivo.

Como, então, ser fiel a tal objetivo? A eleição do Legislativo jamais poderia estar vinculada à eleição do Chefe do Executivo. Mais do que isso, o candidato ao Legislativo deveria ser proibido de subir ao palanque com o candidato a Chefe do Executivo. Como é que um amigo vai fiscalizar o outro? Na verdade, a eleição para o Legislativo deveria estar desvinculada de partido e ser inclusive franqueada a candidatos sem partido. O princípio do fortalecimento dos partidos não pode, de forma alguma, enfraquecer nem as políticas públicas nem o povo brasileiro. O processo de eleição do Legislativo é promíscuo, e a realidade da conduta da imensa maioria dos parlamentares confirma esta revoltante realidade.

Se inúmeros partidos, invariavelmente, se coligam, para que tantos partidos? O pluripartidarismo no Brasil é um erro, um atraso, que tem servido única e exclusivamente não à democracia brasileira, não ao povo brasileiro, mas ao atendimento de interesses individuais e empresariais; negocia-se de tudo, nesse processo em que parlamentares atuam pelo contrário e fiscalizar os atos do poder executivo é um detalhe de pouca importância. Temos visto, com riqueza de detalhes, o relato da atuação de parlamentares levados ao banco dos réus, pelo “mensalão”, condenados, agora, pelo STF. Para se eleger, tudo se negocia: os serviços públicos, os empregos públicos, os assessores fantasmas, mensalões e mensalinhos, aluguéis de imóveis, de carros, empreiteiras, áreas de preservação para grandes empreendimentos, com o agravante de que candidatos com menos votos entram, em detrimento dos que tiveram mais votos.

Além do excessivo número de partidos, o financiamento de campanha, outro algoz da democracia brasileira. Num país em que o acesso aos cofres públicos virou caso de polícia, para se quitar dívidas de campanha ou engordar o caixa 2, é urgente o financiamento público de campanhas. Quanto custa, a cada candidato, os “funcionários” e materiais, os comícios, que sustentam sua propaganda e lhe dão visibilidade? É aviltante a fortuna gasta nas campanhas. Pensem nas eleições para vereador, deputado e senador. Que festa da democracia é esta, que soa quase como bullyng com os mais necessitados? Municípios, estados, o país inteiro com tantos desafios que exigem enfrentamento, mas dinheiro não falta a candidatos e partidos para esbanjar em propaganda eleitoral!!! “Pensem nas crianças...”. Sinceramente, por que candidatos e partidos empenham fortunas para ter acesso a uma vaga no legislativo? Será mesmo em prol do interesse público?

Por fim, mas sem concluir o debate, pois reforma política é um tema que precisa ser aberto e não concluído: acabar com todas as verbas extras e todos os assessores que parlamentares podem contratar. Em se tratando de Senadores e Deputados Federais, vender, inclusive, todos os apartamentos funcionais, de Brasília. O Legislativo é para servir ao povo, como já disse. Pensem, por exemplo, em nosso nababesco Senado, “rosa radioativa, estúpida, inválida”, custando-nos quase 3 bilhões, por ano! Nossa “rosa de Hiroshima” nunca nos será suficiente para mudar tal realidade? Enquanto não for, o legislativo brasileiro, o mais caro e corrupto do mundo, insensível, vem sendo sustentado por tamanha devastação.

*Cristina Pimentel é servidora pública estadual, é conselheira fiscal da ONG ATIVA BÚZIOS e diretora da AMOCA – Associação de Moradores e Caseiros do bairro da Ferradura.


Comentários:

  1. Parabéns pelo texto, Cristina! Faço minhas suas sábias palavras!


    Excelente texto.


    Pô! Cris, fiquei muito emocionada... é o que penso sobre os vereadores e o modelo político atual.. é isso ... obrigada pelas palavras.. tomara que muitos vejam e que muitos entendam... e tem mais, li ao som da Nona Sinfonia de Bethoven...(talvez seja o motivo de ter-me emocionado) não imaginas como combina! Parabéns!
    Sorte nossa que os ventos estão mudando e o que abriste pode rapidamente tornar-se uma realidade....

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Walter Piana BELISIMO ANALICE DDO LEGISLATIVO-É LER PARA COMPREEDER!

Dia do professor é dia de luto

Como o professor Chicão eu também gostaria de ver hoje no Jornal Nacional:


Fonte: http://josefranciscoartigos.blogspot.com.br/2012/10/o-que-eu-gostaria-de-ver-hoje-no-jornal.html

Como virar o jogo de 2 a 7 pra 7 a 2?

Foto do Facebook do Lorram
Como vereador gosta mesmo é de prefeito eleito não vai ser muito difícil para o Dr. André virar o placar adverso de 2 a 7 para uma goleada de 7 a 2 no controle do legislativo municipal, obtendo a tal da governabilidade. Ainda mais em cidade de interior. Eleitos, quase que por unanimidade, pelo voto das tradicionais famílias buzianas- e depois da eleição já trabalhando pela reeleição pois a vereança virou há muito tempo uma profissão muito rentável-, precisam mesmo é de muita máquina pública pra poder atender às demandas de seu eleitorado super carente em quase tudo- educação, renda e saúde pública. Não foi à toa que a coligação de apoio a Mirinho fez maioria esmagadora na Câmara de Vereadores. Sempre foi assim, menos em 2000, quando Mirinho se reelegeu com minoria na Casa. O problema é que a cooptação pode sair muito cara. Claro que não para o prefeito, mas para o povo. Como essas negociações são feitas às escondidas, boas coisas não devem ser. E não são mesmo. Pornografia pura (Tito Rosemberg).

Tentam esconder mas não tem jeito. Em cidade pequena tudo se sabe. Como em outras eleições, nesta já havia candidatos da coligação do prefeito pegando dindin pra campanha com o principal adversário. Os mais bem informados sabem muito bem quem eram. Como eram dois, pra fazer maioria, Dr. André  só precisa de  mais um, pois elegeu dois de safra própria. Como os membros daquela casa não têm ideologia nenhuma (com raríssimas exceções) oportunismo dos bons não vai faltar. Sempre pelo bem da cidade, claro! Ficar com Mirinho por quê? Como eles, Mirinho também não tem ideologia nenhuma. Nunca teve projeto de cidade. Como controla seu partido- o PDT- com mão de ferro, descumprindo o estatuto- e os outros partidos da coligação são bem piores em termos de funcionamento-, não vai conseguir impedir a debandada geral com a ameaça da infidelidade partidária. Foi assim com Joãozinho e Nobre. No final, quem paga a conta do convescote político é sempre o povo. 

Só conheci uma prefeita que não cooptou vereadores após ter sido eleita com minoria na Câmara. Foi Erundina em São Paulo. Em vez de ceder às chantagens dos vereadores, governou a cidade de São Paulo com a mobilização das entidades civis organizadas, que sempre enchiam a câmara municipal  assim que algum projeto de interesse das camadas populares eram votados.


Comentário:

  1. Temos que encher a Câmara quando o projeto for de nosso interesse!


    • Honey Piana Eu ouvi na noite do sábado, dia 06, um candidato da coligação do inho pedindo votos pro Dr. André ao meu vizinho!

Analisando as pesquisas: o GPP errou feio em Araruama

A última pesquisa (RJ-00189/2012) feita (30/09)  pelo GPP  em Araruama inverte a ordem de colocação dos candidatos nas urnas: o vencedor Miguel Jeovani fica em segundo lugar e o seu adversário, o prefeito André Mônica, derrotado nas urnas, é apontado como vitorioso. Com uma margem de erro de 4%,   a diferença entre o prognóstico (36,8%) e o resultado (49,65%) de Miguel Jeovani é de quase 13%, mais do que o triplo da margem de erro. A votação do terceiro colocado João Ribeiro, 6,97%, quase foi cravada pela pesquisa, 6,8%. 

O mesmo GPP também errou feio na pesquisa (RJ-00147-2012) anterior (23/09) que já apontava André Mônica na frente com 37,9% contra 35,2% de Miguel Jeovani. João Ribeiro obteve 10,8%.

Não podemos considerar como acerto a pesquisa (RJ-00084/2012) da PROMIDIA porque ela foi feita em 9 de setembro, quase um mês antes da eleição. Mas é curioso ver que ela dava a vitória a Jeovani com ampla vantagem para sobre Mônica, 44,2 a 22,3%. O resultado, não foi assim tão largo: 49,65 a 43,39%.

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Analisando as pesquisas: a PROMIDIA acertou em Cabo Frio

Na última pesquisa que realizou em Cabo Frio, a PROMIDIA acertou em cheio o resultado das urnas, levando-se em consideração a margem de erro de 5,15%. A pesquisa registrada- nº RJ-00206/2012- garantia que Alair Corrêa teria 57,6%, Jânio Mendes, 32,9 % e Cláudio Leitão, 8,0%. Considerando os votos obtidos por Alair, ainda sub-judice, o resultado no dia 7/10 foi: Alair,55,9%; Jânio, 38,9%; e Leitão, 5,08. 

As pesquisas anteriores- do IBOPE do dia 18/8 e da PROMIDIA de 4/9- não podem ser levadas em consideração por terem sido realizadas em datas muito distantes da data do pleito. Mesmo assim, ambas acertaram, dentro da margem de erro, as votações de Alair e de Leitão, o que demonstra que, ao longo da segunda quinzena de agosto e todo mês de setembro, Alair já tinha sua votação consolidada e que Jânio conquistou parcela majoritária dos indecisos.         

domingo, 14 de outubro de 2012

Plano de governo do Dr. André - Saúde

Atendendo ao pedido do leitor Vinicius Fernandes publicarei em capítulos o programa de governo apresentado pelo Dr. André durante a campanha eleitoral. É bom guardá-lo bem guardadinho para poder cobrar depois! Dizem pela cidade que a secretária responsável por aplicá-lo será Drª Luíza.




Ver: http://www.ipbuzios.blogspot.com.br/2012/10/plano-de-governo-do-dr-andre-educacao.html

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sábado, 13 de outubro de 2012

Cachorro Thor apareceu


  • Por volta de 1:00 hora da manhã do dia 13/10/2012:




    gente o Meu Thor acabou de aparecer, pbrigado a todos que se preocuparam junto comigo.....dormir muito feliz

Mirinho, eis a conta: 3.579 traíras

Se considerarmos os votos nominais nos candidatos a vereadores  e os votos de legenda de todos os partidos da coligação de apoio à reeleição de Mirinho e diminuirmos os votos que ele teve pra prefeito teremos o número de eleitores que o traíram.
1) PDT = 3.973
2) PTB = 2.004
3) PP = 1.636
4) PSDB = 1.565
5) PMDB = 1.115
6) PT do B = 783
7) PRB = 205
8) PSD = 179

Total de votos nominais e de legenda = 11.460

Total de votos de Mirinho = 7.881

Traíras = 3.579  

Observação: como curiosidade, fazendo os mesmos cálculos para Evandro obtemos 205 traíras.

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  • Maria Do Horto Moriconi kkkkkkkkkk..incrível... sempre tem mais uma informação... Já sei até quem são.. os 3.579..kkkk... continuo rindo... e lembrando quando começou a campanha para união da oposição... bem antes.. aquele lá de Araruama.. terrível, depois diziam que era o Evandro que estava em segundo... terrível... depois tinha se juntado ao inho... depois era mentira.. Foi difícil resolver o que fazer...mas prevaleceua idéia chega de inhos... Bom, aguardo as novas interpretações... essa foi ótima! Parabéns!


    Alessandri Adriano Este espirituoso cálculo parte da premissa de que deveria haver o voto ‘casado’, quando na teoria da separação dos poderes, deve ser o contrário. Então vejamos: pode ter havido a utopia de o eleitor honrar o sistema de peso e contra-peso? Ou ainda: pode ter havido o caso de vereadores, rejeitáveis em tese, terem, ao contrário de sua Santidade, revertido a tendência, pelo fato simples de serem eles os portadores-fim dos beneplácitos distribuídos (empregos, licitações miúdas, etc)? Noutra vertente, podemos alegar ter sido o Dr. André também traído! Afinal de contas o povo escreveu certo por linhas tortas (e dirão errado, qualitativamente): elegeu uma bancada para se opor ao novo prefeito... E pergunta seja feita: eles se oporão? Mas muito perspicaz, como sempre, a análise. Abç.


    Honey Piana Eu ouvi na noite do sábado, dia 06, um candidato da coligação do inho pedindo votos pro Dr. André ao meu vizinho!