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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

MPRJ ajuíza ações para demolição de pelo menos 98 construções irregulares em Arraial do Cabo

Arraial do Cabo, ACPs invasões


O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cabo Frio, ajuizou três ações civis públicas com pedido de desocupação imediata de três grandes invasões, ocorridas nos bairros de Monte Alto, Figueira e Parque das Garças, no interior do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), em Arraial do Cabo. O objetivo das ações é combater as invasões clandestinas e criminosas que dizimam a flora e a fauna do PECS.

As áreas ocupadas foram nitidamente identificadas em relatórios elaborados pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), pela chefia do PECS e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Arraial do Cabo. Só na Figueira foram detectadas pelo menos 18 construções, entre setembro e dezembro de 2018. Na área de Parque das Garças, foram 20 casas irregulares entre julho e dezembro do ano passado. Em Monte Alto, a situação foi ainda mais grave: imagens de satélite enviadas pela SEA, a pedido do MPRJ, demonstram que 60 construções foram erguidas entre julho e dezembro de 2018.

As ações alertam que a Unidade de Conservação está “enormemente ameaçada por um movimento planejado, organizado e criminoso de ocupações irregulares, precedidas de incêndios criminosos, mantidas por meio de ameaças à integridade física de fiscais ambientais”. Chama atenção o modus operandi dos invasores, que prejudica muito o trabalho da fiscalização. Isso porque as casas, em geral, têm tamanho inferior a 16 metros quadrados e sem qualquer instalação de água, energia e esgoto, são construídas no período noturno e em finais de semana, ficando prontas e habitadas em menos de 24 horas, “impedindo assim a ação demolitória dos agentes ambientais, ante a jurisprudência consolidada de nossos Tribunais Superiores no sentido de que residências habitadas só podem ser demolidas com ordem judicial”.

O MPRJ ressalta que a permanência dessas ocupações também é extremamente nociva ao ecossistema local. Isso porque as residências são desprovidas de todo e qualquer rede de saneamento básico e diariamente ocorrem despejos de inúmeros dejetos no Parque. Fora isso, também não há coleta de lixo no local, já sendo possível perceber a acumulação de resíduos sólidos ao redor das ocupações. Vale alertar para o fato de as casas terem promovido ligações clandestinas de água  e energia no local, o que além de caracterizar o crime de furto, põe em risco a segurança dos sistemas de luz e energia, bem como a própria integridade física dos invasores.

Nas ações, o MPRJ pede que os invasores sejam intimados a desocupar suas residências no prazo de 20 dias e, após o termino do prazo, pede que INEA, Prefeitura de Arraial do Cabo e Estado do Rio de Janeiro sejam autorizados a promover a desocupação forçada das residências, a demolição e posterior recuperação ambiental da área. As ações estão relacionadas ao esforço conjunto do MPRJ, Prefeitura de Arraial, INEA e Secretaria Estadual do Ambiente para combater invasões e queimadas que vêm dizimando a restinga de Massambaba.

Acesse aqui as ações relativas às invasões em FigueiraMonte Alto e Parque das Garças.

Fonte: "mprj"

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Por que não investigam a fábrica de invasões?

Jaílton Nogueira
Boa pergunta.
O Secretário de Meio Ambiente de Cabo Frio Jaílton Nogueira (que acumula mais duas pastas, a de Serviços Públicos e Ordem Pública), em entrevista ao jornal Folha dos Lagos, dirigiu essa pergunta aos vereadores de Cabo Frio. Bem que ela também poderia ser dirigida para os vereadores (e ex-vereadores) de Búzios. Vejam trechos da entrevista:    

Folha – O que acha das críticas na Câmara sobre uma suposta ‘Fábrica de Multas’ na cidade?


Jaílton – Há várias situações muito demagógicas. Um exemplo é a Upam (unidade de policiamento ambiental), um ganho extremo para a região. Quem não confia em uma instituição que combate crimes ambientais? Quem comete crimes ambientais ou se favorece disso direta e indiretamente. Existe a multa e o reboque. Quando se reboca um carro na saída da sua garagem, você vai aplaudir. Quem foi rebocado, vai reclamar. Claro que toda ação tem que ter uma adequação, uma correção. Os excessos serão revistos diante da defesa. Agora vender para a população como ‘indústria de multa’ é meio irresponsável, sem se verificar caso a caso.

Folha – Qual o maior desafio na área ambiental? A fiscalização insuficiente, as invasões...


Jaílton – A fiscalização continua a mesma. Quem trabalha no meio ambiente é porque gosta. A gente enfrenta bastante adversidade, como ameaças. Mexe-se com muitos interesses. Existe, por exemplo, uma indústria das invasões. Falam em indústria de multas mas eu queria ver os vereadores brigando por essa causa. Há pessoas que são bancadas só para invadir. Tem o ‘kit invasão’. De sábado para o domingo já tem um alicerce. Mas tem gente graúda por trás disso, financiando. Mas acho que o grande desafio mesmo é a conscientização, a educação e a participação da sociedade que está bastante omissa. Prefere ficar atrás de um Facebook reclamando, mas não participa das mudanças.


Foto: site oficial da Prefeitura de Cabo Frio