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domingo, 28 de setembro de 2014

Construção Civil de Búzios em debate

Recebi dois e-mails do leitor Emmanuel Danilo Lemos a partir da publicação dos três posts abaixo:   
Construção Civil

Caro Luiz,

Vc está usando o velho raciocínio lógico básico Aristotélico, como bem o disserte para conclusões de ideias aleias. É obvio que a mão de obra formal não é parâmetro para avaliar o desempenho da construção civil em Búzios, não que não possa servir de parâmetro. Eu diria que 60 a 90 % da mão de obra empregada na construção civil em Búzios é informal, mas também não tenho como demonstrar, é do mesmo jeito que você faz em sua casa, contrata um pedreiro para fazer os serviços de reforma, pintura, encanamento, etc. Você faz o registro formal deste profissional, recolhe o INSS e o ISS?

Um indicador útil seria o ISS no aceite das obras, outro, seriam as licenças concedidas, outro seriam as obras em andamento. Não seria difícil uma pesquisa, amostral (mínimo 13), com pequenos construtores.

É importante saber também que os números de 2013 e 2014, ainda, são reflexo das licenças concedidas em 2012. O caminho pra frente já se mostra preocupante. Você pode ter razão, mas não se deve ter preconceito.

Um grande abraço e parabéns pelas iniciativas e coragem.

Ainda a construção civil

Caro Luiz,

Realmente vc faz um trabalho sério e extraordinário com dados e informações para orientar e conscientizar os munícipes sobre a situação da cidade. Eu vou me permitir uma visão um pouco diferente da sua, mas respeitando e admirando seu trabalho.

Com todo respeito é um engano achar que a Construção Civil não tem relevância para o município. Primeiro é preciso distinguir construção civil de especulação imobiliária. A construção civil é uma atividade nobre e de fundamental importância para a organização social do modo em que vivemos. A construção civil promove a organização dos espaços urbano, proporcionando a moradia, as instalações para todo os equipamentos urbano (hospitais, escolas, indústria, comércio, etc.), permite a integração territorial por meio de estradas, munidas de obras de arte corrente e especiais, constrói portos, aeroportos, barragens, instalações para saneamento básico, tratamento e fornecimento de água, pavimentação, drenagem, etc., etc.,etc.

Quanto a arrecadação municipal, a receita própria, se não me engano, representa apenas 25 % do orçamento do município e que, destes 25%, ~ 65% são provenientes dos ativos produzidos pela construção civil (IPTU + ITBI + ISS). Em suma o município vive nababescamente das transferências obrigatórias e dos generosos royalties do petróleo, pouco se importando ou se esforçando para as atividades econômicas da cidade. O governante, ainda, se vale de ser o empregador mais cobiçado da cidade e o maior, ou um dos maiores, contratante de serviços.

Danilo

Meu comentário

Realmente o dado “emprego formal” não é o melhor parâmetro para avaliar o desempenho da Construção Civil em Búzios. Você tem razão quando diz que o valor pago pelo ISS de obras seria o melhor critério. O problema é que não temos esse registro disponível no Portal da Transparência mês a mês, e ano a ano, para podermos estabelecer uma série contínua de comparação entre os vários períodos dos governos.

No Portal da Transparência da Prefeitura de Búzios só foram disponibilizados os dados do ano de 2013, e 2014 até o mês de junho. A inexistência de dados dos governos anteriores impede que se faça o estudo comparativo. E mesmo os dados divulgados referem-se à ISS QN de todos os prestadores de serviços, não discriminando os valores do ISS do setor da Construção Civil. No ano de 2014, a partir de março, encontramos valores para taxa de licença para execução de obra. Mas, como disse, a impossibilidade de se ter em mãos uma série histórica contendo grandes períodos impede o estudo.

No site do TCE encontramos disponibilizados nos “Estudos Socioeconômicos de Búzios”, de 2001 a 2013, informações sobre o PIB de Búzios no qual podemos ter um quadro da participação do setor na riqueza total municipal. Em 1999, a Construção Civil era o setor econômico que mais contribuía para a formação do PIB de Búzios, calculado a custo de fatores.  A Construção Civil contribuía com R$ 24,173 milhões (29,22%), quase um terço do PIB total de R$ 82,721 milhões. Era o tempo áureo da Construção Civil buziana. Também pudera. Construía-se à vontade pois não existia regramento algum. Ainda não tínhamos a Lei do Uso do Solo (LUOS) e o Plano Diretor (PD). O setor era tão importante que desbancava setores de destaque como o de “Serviços” (2º colocado, com 22,416 milhões), “Aluguéis” (3º colocado, com 21,850 milhões) e “Administração Pública” (4º colocado, com 13,206 milhões).

Com a edição de nossa primeira LUOS em 2000, o setor vê despencar a sua importância na Economia buziana. Nesse mesmo ano, a sua contribuição cai para 18%, percentual mantido em 2001, nova queda em 2002 para 13% e em 2003 para 10,3%. Volta aos patamares anteriores em  2004 (18,8%) e 2005 (20,5%), para novamente cair em 2006 para 11,7%, ano em que o município passa a ter um PD. Daí em diante não se consegue mais dados devido à mudança de metodologia do IBGE que passou a considerar apenas três setores econômicos: “agropecuária”, “Indústria”, “administração pública” e “serviços”. O setor da construção civil mistura-se a outros serviços.

A partir do ano 2000, o setor de serviços passa a ocupar o primeiro lugar na formação do PIB buziano. Para o PIB de 2006, de 264 milhões de reais, o setor contribuiu com quase 40%, ou seja 102,582 milhões de reais. Aluguéis, em segundo, com 34.800 milhões (13,1%). Em terceiro, Administração Pública, com 31,725 milhões de reais (11,8%). No período, o setor da Construção Civil despencou do 1º para o 4º lugar em importância na economia de Búzios. Acredito que desde então nunca mais se recuperou, pelo menos nos patamares anteriores.

Está correta a sua informação de que apenas 25% (26,4% em 2012) de nossa arrecadação municipal é constituída de recursos próprios. Mas dizer que 65% destes recursos sejam provenientes dos ativos produzidos pela Construção Civil é um exagero de quem parece estar puxando a brasa para a sua sardinha. Uma coisa são ativos outra, bem diferente, são receitas anuais.

Está mais do que claro que o setor que mais contribui para o incremento das receitas próprias municipais é o setor de serviços, setor mais importante da economia buziana desde o ano de 2000, destacando-se entre eles o setor de Alojamento e Alimentação. Mais de 53% (6.352 trabalhadores) dos empregos formais de Búzios vêm do setor. Somado ao setor Comércio (2.122 empregos), empregam mais de 70% dos trabalhadores buzianos. O “empregador mais cobiçado da Cidade” concluiu o ano de 2013 com 2.959 (24,7% da força de trabalho) empregados. A construção civil, com 357.

Grande abraço,

Luiz  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Por que Mirinho vai perder?

Última pesquisa IBOPE registrada no site do TSE traz algumas informações importantes sobre a intenção de voto do eleitorado buziano. Mesclando-se essas informações com os dados estatísticos elaborados pelo TRE-J a respeito desse mesmo eleitorado, podemos assegurar com pouquíssima margem de erro que Mirinho vai perder a próxima eleição porque a desaprovação da sua administração atual é:

1) maior entre os jovens de 16 a 29 anos (56%) e de 30 a 39 anos (57%)- faixas de idade onde se encontra a maioria do eleitorado de Búzios. 

2) maior (61%) entre os que têm ensino médio incompleto, ensino médio completo, superior incompleto e superior completo, que representam 11.822 eleitores- mais de 50% do eleitorado. 

O político do atraso que Mirinho é sempre foi eleito com os votos do eleitorado menos escolarizado. Pra seu azar, por mais que ele se esforce pra manter o povo de Búzios nas trevas da ignorância, o povo buziano insiste, teimosamente, em se educar, mesmo que não tenha um ensino de qualidade. Da última eleição (2008) pra cá (2012), diminuiu o número de eleitores analfabetos. Eram 692. Hoje, são 304. O número de eleitores que só sabiam ler e escrever diminuiu significativamente. Passou de 2.583 para 809. Finalmente, também houve redução, pequena, mas mesmo assim redução, no número dos que não concluíram o ensino fundamental completo. De 7.707 para 7.277. Pra azar ainda maior do prefeito-vanguarda-do-atraso aumentou o número de eleitores com ensino fundamental completo (1.495 para 1.741), ensino médio incompleto (2.971 para 3.329), ensino médio completo (2.656 para 5.089), superior incompleto (672 para 1.345) e superior completo (1.289 para 2.059). 

3) maior (56%) entre as mulheres (salve elas!) do que entre os homens (52%). Pra azar do nosso prefeitinho atrasado  elas são 11.348 eleitoras contra 10.605 eleitores.

Tendo em vista que o atual prefeitinho do atraso, bem ao feitio de quem tem pouca cultura- ressuscitou sua musiquinha xenófoba do Chá-Lá-Lá visando mobilizar seu eleitorado nativo contra os de fora, é importante que ele saiba que teremos em dado novo nestas eleições. Pela primeira vez, teremos uma eleição com a maioria do moradores não sendo nativos: 59 a 41%. O TRE-RJ não nos informa quantos eleitores nativos temos mas podemos fazer um cálculo aproximado. Em 2010, tínhamos 19.238 eleitores em 27.560 moradores. Ou seja, 69,80% da população de Búzios vota. Como temos hoje 21.953 eleitores (dados do TRE-RJ), podemos concluir, arredondando o índice acima para 70%, que temos hoje uma população de aproximadamente 31.361 pessoas (12.858 nativos e 18.502 não nativos). É claro que essa transformação na composição da população buziana é prejudicial aos planos de reeleição do nosso prefeitinho-do-atraso que sempre teve muito mais votos entre os "nativos" do que entre os "de fora". 

Outro dia conversando com um amigo, ele me disse que não acreditava que houvesse gente honesta e independente que votasse no atual prefeito. Estranhei a afirmação e pedi que ele me explicasse. Ele riu. E me falou que quase todo mundo estranha quando ele fala isso. Explicando: para ele existe gente honesta apoiando o atual prefeito, mas o que ele quis dizer é que não existe gente honesta e independente, ao mesmo tempo, apoiando-o. O "e" é inclusivo. 

A conversa me fez concluir que muita gente que hoje é dependente de emprego na prefeitura, como os contratados e comissionados, perderão seus cargos a medida que forem sendo chamados os aprovados no último concurso público. Declarações do ex-secretário Ruy Borba confirmam que todos os contratados e grande parte dos comissionado serão demitidos:

Foto do  facebook "AcordaBuzios"
  Finalmente, a questão da unidade das oposições. É claro que com a divisão é possível que o atual prefeito se reeleja contra a vontade da maioria da população buziana, com apenas 1/3 dos votos. Mas ,a cada dia, cada vez mais acredito que aquele que estiver em terceiro lugar- e todos sabem de quem falo- e teimar em não se unir, será atropelado pelo voto útil da população e vai minguar na praia com 3% dos votos.  E será responsabilizado politicamente por isso.

Observação: como dizem os numerólogos, os números não mentem jamais!


Comentário:

  1. Vou postar a fala completa do ex-secretário para que ninguém fique estragando seus olhinhos tentando ler aquele quadro...

    Ruy Borba
    Por favor, não confundir uma empresa industrial, com capital intensivo, e tecnologia de ponta com uma empresa de serviços. A produção, no caso da Prefeitura, é serviços a maior. Sobre contratados serão todos substituidos pelos concursados, que foram aprovados na seleção pública. Com o quadro completo, os comissionados serão 15% do total do quadro integral. Uma razoável relação (estranho que na Câmara esa relação seja de 98% de comissionados para 2% de efetivos, e nada se fale a respeito)
    16 de Setembro às 23:46